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capa tech 126.

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a revista do engenheiro civil


téchne 126 setembro 2007


www.revistatechne.com.br

techne
ARTIGO
Pontes
apoio madeira-
IPT concreto
Edição 126 ano 15 setembro de 2007 R$ 23,00
■ Rodoanel Mário Covas ■ Projeto de rodovias ■ Arco Metropolitano do Rio ■ Drenagem ■ Pavimento ecológico ■ Pontes de madeira

ESPECIAL RODOVIAS
 Planejamento e projeto
 Como manter a pista seca
 Arco Rodoviário do Rio
 Pavimento com entulho
e asfalto-borracha
 Entrevista: diretor da Dersa

Mauá (Grande
São Paulo)
00126

Trecho Sul
9 77 0 1 04 1 0 50 0 0
ISSN 0104-1053

do Rodoanel
Obra na Grande São Paulo terá ponte de 1,8 km
com vãos de 100 m sobre a represa Guarapiranga
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SUMÁRIO
CAPA
38 Ligação rodoviária
Obras do segundo trecho do Rodoanel já
começaram. Rio de Janeiro também
ganha projeto de um Arco Viário

64 ARTIGO
Aumento da capacidade de carga
Fotos: Marcelo Scandaroli

de pontes de madeira
Pesquisadores mostram técnica que
combina reforço com madeira
e concreto

78 COMO CONSTRUIR
Pavimento ecológico
32 PROJETO Uma nova técnica permite utilizar
Rota planejada entulho e pneus velhos para fazer
Saiba tudo que é preciso fazer antes de pavimentos
executar uma rodovia

46 DRENAGEM SEÇÕES
Pista seca Editorial 4

22 Os métodos e sistemas para escoar a água


e manter as estradas em bom estado
Web
Área Construída
Índices
8
10
14
ENTREVISTA 52 ACÚSTICA IPT Responde 15
Desenvolvimento viário Ruído barrado Carreira 16
Diretor da Dersa fala sobre o papel Como funcionam as barreiras acústicas Melhores Práticas 18
do Rodoanel paulista para das rodovias da Europa, Japão e Técnica e Ambiente 28
interligar os sistemas de Estados Unidos P&T 69
transporte do País Obra Aberta 74
58 PISOS Agenda 75
30 SEMINÁRIO Revestimento certo
Soluções estruturais Uma matriz de decisão para escolha Capa
Evento anual do SindusCon-SP destaca do material mais adequado para Layout: Lucia Lopes
obras no Rio e em São Paulo cada ambiente Foto: Marcelo Scandaroli

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É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver
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EDITORIAL
Alternativas aos impasses ambientais
VEJA EM AU
telejornal de maior audiência do País, o Jornal Nacional,
O trazia uma imagem inusitada há cerca de um ano. O
repórter Renato Biazzi agachava-se para facilmente arrancar,
com as mãos, pedaços de asfalto de uma rodovia no interior do
Mato Grosso. Uma série de reportagens da Rede Globo
apresentava o estado de algumas estradas recentemente  Casa Pouso Alto
recapeadas. Tratava-se de uma crítica ao plano de recuperação  Lei Cidade Limpa (SP)
 João Walter Toscano
de rodovias federais, que ficou conhecido como Operação Tapa-  Swiss Residence
Buracos e classificado por muitos como uma ação eleitoreira às
vésperas do pleito presidencial. Esta edição mostra o quão VEJA EM
CONSTRUÇÃO MERCADO
complexo se constitui um projeto de rodovia – o traçado, o
sistema de drenagem, as questões ambientais, a segurança e a
manutenção. Apresenta também um exemplo real de tal
complexidade: o Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, na
Grande São Paulo. Com 61,4 km de extensão, deve consumir
investimentos da ordem de R$ 3,5 bilhões, o que inclui, além da
construção da rodovia, desapropriações, reassentamentos e
 Norma de Desempenho
compensações ambientais. Neste aspecto, evidencia como é  Patrimônio Afetação x SPE
intrincada a legislação que, acertadamente ou não, tem barrado  Oportunidades imobiliárias
 Super Simples
importantes obras de infra-estrutura. Cabe aqui um alerta: é
hora de oferecer respostas rápidas, como foi o caso da pista de VEJA EM EQUIPE DE OBRA
descida da rodovia dos Imigrantes que, apesar de cruzar a Serra
do Mar, teve um impacto 40 vezes menor do que o da primeira
pista. Considerando que parte significativa do Programa de
Aceleração do Crescimento (11,5%) é destinada a investimentos
em transportes, o meio técnico deve lutar para que tais obras
não emperrem por falta de alternativas aos impasses ambientais.
Entretanto, deve-se criticar "remendos", o uso de materiais de  Telhas de concreto
má qualidade, pressa eleitoral e toda solução que não leve em  Pisos vinílicos
 Reparo de trincas e fissuras
conta a durabilidade e, mais do que nunca, a sustentabilidade.  Consumo de tintas

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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Revestimentos de piso
Veja na versão online da reportagem "Revestimento certo", sobre especificação de
Fórum Téchne
revestimentos de piso, as seguintes tabelas complementares: absorção de água, Os softwares de cálculo
resistência mecânica e classes de resistência ao manchamento de pisos cerâmicos; banalizaram os projetos de
cargas mínimas de ruptura e principais tipos de pedras naturais. estruturas e prejudicaram
profissionais experientes?
Natália Yudenich/Shutterstock

Os softwares, bem como outros


recursos da informática, têm
possibilitado grande ajuda e avanços nos
trabalhos do engenheiro. No entanto,
concordo com a opinião de alguns
colegas que ressaltaram o pouco valor
que se tem atribuído à remuneração
desses mesmos trabalhos. A rapidez e
eficiência possibilitadas pela informática
não eximem o engenheiro da
responsabilidade, conhecimentos e
experiência necessários para o
desempenho do seu ofício.
Moacir Magalhães Fonseca
07/08/2007 15:28

O recebimento de comissão para


a especificação de materiais
(reserva técnica) é um
Marcelo Scandaroli

Rodoanel procedimento correto?


É altamente antiético. Precisamos lutar
Confira nos extras da reportagem do
por uma dignificação e valorização das
Rodoanel, em São Paulo, tabela-resumo
nossas profissões (engenheiros e
com os principais números da obra,
arquitetos), e não é aceitando propina
separados de acordo com os cinco lotes
que iremos fazê-lo.
licitados, e relação dos desvios de tráfego
Murilo Cardoso de Freitas
planejados entre março e dezembro de
25/07/2007 15:53
2008. Também estão disponíveis dados da
área verde afetada pelas obras e dos
Técnicos de edificações e
parques e áreas de preservação criados
tecnólogos devem coordenar
para compensação do impacto ambiental.
obras?
Vou postar minha opinião em forma de
pergunta. Deve o enfermeiro ou
Elieni Strufaldi/IPT

Barreiras acústicas auxiliar de enfermagem realizar um


Acesse nos extras da procedimento cirúrgico? Acredito que o
reportagem "Ruído barrado" problema não é poder ou não, e sim
uma série de fotos de barreiras que todos tenham o devido
acústicas de rodovias no mundo reconhecimento do importante papel
todo e conheça algumas das que exerce dentro do contexto geral.
principais composições e David Américo Fortuna Oliveira
desenhos desses sistemas. 22/05/2007 06:43

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ÁREA CONSTRUÍDA
Seminário discute informática em cálculo estrutural
A PINI promoveu em agosto uma pa- jeto pelo engenheiro estrutural são por exemplo, que, se o vento aplicar
lestra sobre a aplicação de sistemas in- fundamentais", lembra Nelson Covas, uma força F sobre uma estrutura, ela
formáticos no cálculo de estruturas de da TQS Informática. Para Alio Ernesto sofrerá uma deformação D. No entan-
concreto armado. Além de mostrar a Kimura – autor do livro "Informática to, uma ação 2F não implica uma de-
evolução histórica das ferramentas aplicada em estruturas de concreto ar- formação 2D. Além disso, essa defor-
dos engenheiros estruturais – das ré- mado – Cálculo de edifícios com o uso mação acarreta mudanças no equilí-
guas de cálculos aos modernos com- de sistemas computacionais", editado brio estático do edifício.É a isso que ele
putadores – nas últimas duas décadas, pela PINI –, os engenheiros devem deve estar atento", lembra Kimura. A
o evento mostrou o enxugamento dos ficar atentos aos detalhes de projeto palestra ocorreu durante o Concrete
escritórios, com a extinção de cargos e apresentados pelas máquinas. "A Show 2007,realizado pela primeira vez
a concentração de tarefas nos profis- maior parte dos erros de projeto se dá no Brasil, em São Paulo.A feira contou
sionais restantes. Entre os palestran- por distração na verificação de erros com a participação de 165 expositores
tes,existe o consenso de que os softwa- de grandeza", explica Kimura. Para ele, e foi visitada por dez mil profissionais
res de cálculo estrutural não substi- é preciso que os profissionais saiam ligados à construção civil brasileira. A
tuem o trabalho de engenharia. "Ele só das escolas de engenharia entendendo organização do evento estima que os
realiza relatórios, cálculos, e faz um os conceitos envolvidos nos cálculos negócios iniciados na feira gerem o
desenho parecido com o projeto final. de estrutura, a parte matemática fica valor relativo a até cinco meses de fatu-
Mas a verificação e adequação do pro- para o computador. "Ele deve saber, ramento das empresas expositoras.
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Resíduos de produção de aço em pavimentos


Uma parceria entre o DNIT (Departa- Jabour Chequer, essa é a primeira pes-
mento Nacional de Infra-Estrutura de quisa no País que trata do produto de
Transportes) e a siderúrgica Arcelor aciaria em pavimentações. As pesquisas
Mittal Tubarão permitiu o desenvolvi- contam ainda com o apoio da Finep
mento de pesquisas para aproveitamen- (Financiadora de Estudos e Projetos) e

Arcelor Mittal
to de escória de aciaria – utilizada no do IBS (Instituto Brasileiro de Siderur-
processo de produção do aço – em base gia). Segundo o DNIT, está em curso
e sub-base de rodovias. A técnica trará uma parceria semelhante com uma si-
vantagens principalmente em locais derúrgica no Estado de São Paulo, e os quisas com a escória estarem em curso
próximos às usinas siderúrgicas, dimi- estudos devem começar nos próximos apenas agora no Brasil, os Estados Uni-
nuindo os custos das obras. Reduzirá, meses.No entanto,para ser aproveitado dos, segundo o IPR, reutilizam cerca de
também, a necessidade de exploração em larga escala na pavimentação das ro- 7,5 milhões de t/ano de escória. Na Eu-
de pedreiras nessas regiões. Segundo o dovias, o produto deve ser aprovado ropa, são 12 milhões de t/ano e, no
coordenador do IPR (Instituto de Pes- pelo colegiado técnico do DNIT e ser Japão, o uso da escória já está normati-
quisas Rodoviárias do DNIT), Chequer especificado pelo IPR.Apesar de as pes- zado desde 1979.

Brasil tem Conselho de Construção Sustentável


Uma entidade sem fins lucrativos cujo Serão publicados boletins direcionados começa suas atividades com 90 associa-
objetivo é disseminar conhecimento às empresas e órgãos governamentais e dos – entre empresas e profissionais – e
sobre desenvolvimento sustentável na criado um centro de documentação. será presidida por Marcelo Vespoli Ta-
construção – o Conselho Brasileiro de Num próximo passo, o CBCS pretende kaoka. Para obter informações e filiar-
Construção Sustentável nasceu em oferecer ao público um ramal de con- se, o interessado deverá procurar o link
agosto e reúne líderes de ONGs, acadê- sulta sobre empresas comprometidas para adesão no site www.cbcs.org.br.
micos, construtores, representantes do com a sustentabilidade e informações Para solicitar material explicativo,escre-
setor financeiro e social, entre outros. sobre produtos cadastrados. A entidade va para filiese@cbcs.org.br.
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ÁREA CONSTRUÍDA

"Crea e Confea não podem representar a categoria"


O Confea (Conselho Federal de Enge- tetura está estruturada em, pratica-
nharia, Arquitetura e Agronomia), mente, todos os Estados brasileiros
junto com o Crea-RJ (Conselho Re- dentro dos Creas. Com a separação,
gional de Engenharia, Arquitetura e haverá um tempo muito grande de
Agronomia) realizaram a 64a SOEAA desestruturação para poder haver a
(Semana Oficial da Engenharia, da reestruturação. É uma questão que
Arquitetura e da Agronomia) entre os deve ser analisada pelos arquitetos e
dias 13 e 15 de agosto no Rio de Janei- suas organizações por meio de uma
ro. A organização do evento registrou ação que conscientize sobre os proje-
2.011 visitantes que circularam entre tos, as vantagens e desvantagens da si-
fóruns, palestras, conferências, deba- Divulgação: Confea tuação e uma pesquisa que caracterize
tes, audiência pública, cursos, apre- os desejos dos profissionais.
sentações de trabalhos técnicos e ro-
dada de negócios. O tema deste ano, Discutiu-se muito sobre
"Pensar o Brasil: Educar & Inovar: profissionais despreparados no
Marcos Túlio de Melo, do Confea
Responsabilidade Social", esteve pre- transcorrer da SOEAA. Quais são as
sente na maioria dessas atividades. O ações que o Confea planeja?
presidente do Confea, o engenheiro não são representativos de categoria Há uma articulação para realizar mu-
mineiro Marcos Túlio de Melo, con- ou corporativo na sua origem. Eles danças na legislação brasileira, princi-
versou com a Téchne sobre a qualida- possuem objetivos definidos em lei palmente nas questões de atribuições,
de da educação brasileira, uma possí- que é fazer a fiscalização dos exercí- de fiscalização do exercício profissio-
vel certificação de instituições de ensi- cios das atividades profissionais, a nal e do ensino. Isso provoca impacto
no ou exame para obtenção do regis- normatização do exercício profissio- em várias áreas, inclusive um controle
tro da categoria e o projeto de lei que nal e ser tribunal ético. Há dois pro- do registro profissional. O nível da
cria um conselho próprio para os ar- blemas que a pesquisa indica, o siste- qualidade e da formação profissional
quitetos proposto por organizações ma não atende ainda com eficácia as em todos esses segmentos têm deixa-
ligadas a esses profissionais. necessidades para a qual ele foi cria- do muito a desejar.
do e ele nunca poderá atender a ex-
Em uma recente enquete no site pectativa de representatividade. Rea- Quais são as propostas
www.construcaomercado.com.br, lizamos um estudo com mais de dois consideradas pelo órgão no âmbito
43% dos usuários consideraram mil profissionais em todo o País com educacional?
péssima a atuação do sistema índice de confiabilidade em torno de Ainda não há uma proposta consoli-
Confea/Crea e 38% responderam 3% de erro. A pesquisa indica que a dada, apenas a discussão conceitual.
"Que atuação?". Como isso é visto categoria não vê outra organização Os exames feitos pelo MEC são uma
pelo sistema? com maior capacidade de represen- das formas de certificar universida-
São 30 anos sem investimento neste tação do que o Confea. des com padrões de qualidade que
país, havia apenas a especulação fi- possamos assegurar. A questão de
nanceira. Isso gerou uma estagnação Tramita no Senado um projeto para você certificar é uma das alternativas.
muito grande no mercado, baixa va- separar a arquitetura do Confea Há vários exemplos no mundo todo.
lorização profissional e a fragilização proposto por organizações desses Há o próprio modelo brasileiro da
de sindicatos. A categoria fragilizada profissionais. Qual a posição do órgão? Universidade Nova, que discute a ne-
criou expectativas e transferiu-as Eu considero isso um processo não cessidade do nível de bacharelado
para o Crea e Confea. Precisamos for- desejável. Hoje há uma expectativa de para adquirir o título de profissional
talecer as organizações de classe, ins- que ter um conselho próprio dará pleno. O Confea está discutindo a
titutos, entidade, clube e representa- outra tônica para a arquitetura. A vi- realização de exames, a exemplo de
ção de categoria. Reforçar as federa- sualização direta é que o Confea seria outros conselhos e ordens, como a
ções sindicais no que é papel delas, um entrave para o desenvolvimento OAB. O sistema profissional pode e
resgatar isso como um processo de da arquitetura. É como se a evolução deve exigir parâmetros além daque-
organização como uma categoria do profissional fosse atrelada a um les obtidos automaticamente com
profissional que não pode ser feita conselho ou resolvida por ele. Para en- um diploma de graduação ou técni-
pelo Crea e Confea. Há uma falta de frentar o atual processo econômico, co. Talvez isso apenas indique a falên-
comunicação. O Crea e o Confea haverá mais capacidade de enfrenta- cia do sistema de ensino, pois se hou-
nunca poderão representar a catego- mento quanto mais estruturado e for- vesse uma formação mais eficaz não
ria. Os dois são órgãos da sociedade, talecido estiver um conjunto. A arqui- haveria essa discussão.

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ÍNDICES
Preços sob Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
controle 35
Alta acumulada em 12 meses é inferior à IPCE materiais
do IGP-M 30 IPCE global
IPCE mão-de-obra
IPCE (Índice PINI de Custos de
O Edificações da Região Metropoli-
tana de São Paulo), que mede a variação
25

20
do custo global de construção, encerrou
o mês de agosto com alta de 0,12%. A
15
inflação registrada pelo IGP-M foi bem
além: 0,98% segundo a Fundação Ge-
túlio Vargas. 10 8,48 8
8 8 7
Entre os produtos que sofreram 7,24 7 7 7 7 6 6 6 6 6
5 5 5
5 6,12 6 6 6 6 6 6 6 4 5,82
alta, destaca-se o cimento. O saco de 6 5 5 5 3 3
5 3,41
50 kg do CP II passou de R$ 13,15 para 1 1
0,82
R$ 13,53, o equivalente a 2,81%. Alta 0
Ago/06 Out Dez Fev Abr Jun Ago/07
ainda maior foi registrada nos preços
da areia média lavada (4,73%) e do la-
Data-base: mar/86 dez/92 = 100
vatório de louça (6,23%). O metro cú-
Mês e Ano IPCE – São Paulo
bico de areia, antes vendido a R$
global materiais mão-de-obra
51,36, pulou para R$ 53,79; a unidade
Ago/06 110.432,28 53.241,52 57.190,76
do lavatório de louça passou de R$
set 110.443,36 53.252,61 57.190,76
30,84 para R$ 32,76.
out 110.677,85 53.487,10 57.190,76
Os preços da chapa compensada
nov 110.937,11 53.746,35 57.190,76
resinada e da porta lisa de madeira
dez 111.010,59 53.819,83 57.190,76
apresentaram discreta variação; os da
jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76
cal hidratada e da pedra britada per-
fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76
maneceram estáveis. A maior deflação
mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76
foi registrada no preço do tubo soldá-
abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76
vel de cobre, cujo metro era vendido
mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13
em julho a R$ 16,01, passando em
jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13
agosto para R$ 15,08 (5,81%). Apesar
jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71
das altas, a variação do IPCE nos últi-
Ago/07 114.197,13 53.679,42 60.517,71
mos 12 meses foi de 3,41%, contra
Variações % referente ao último mês
4,63% registrado pelo IGP-M.
mês 0,12 0,25 0,00
acumulado no ano 2,87 -0,26 5,82
acumulado em 12 meses 3,41 0,82 5,82
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
pesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com
pesquisa na última semana do mês de referência.
Fonte: PINI

Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com

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ipt responde 126.qxd 5/9/2007 11:29 Page 15

IPT RESPONDE
Envie sua pergunta para a Téchne.
Utilize o cartão-resposta encartado
na revista.

Sifões
O projetista hidráulico responsável  Devem ter uma altura de fecho hí-
pelas instalações da obra da minha drico mínima de 50 mm
residência informou-me que foi abolido  Devem possuir um ponto acessível
o uso de sifão nas pias de banheiro. para sua limpeza
Isso é verdade? Vocês poderiam Divulgação Amanco Indicamos, entre outros, os seguin-
indicar-me um manual sobre hidráulica tes manuais para instalações prediais
residencial básica, para que eu não de esgoto:
tenha transtornos no futuro? Instalações Prediais Hidráulico Sani-
Cidnéia Azevedo tárias, de Ruth Silveira Borges, Edito-
por e-mail ra PINI
Instalações Hidráulicas Prediais, de
A dispensa de uso de sifões em pias e Manoel Henrique Campos Botelho,
demais aparelhos sanitários de ba- Editora Siciliano
nheiros, cozinhas, áreas de serviço e Manual de Hidráulica, de Azevedo
outros ambientes dos edifícios ainda Neto, Edgard Blücher Editora
não foi normalizada nem admitida apresentam odor desagradável. Os si- Instalações Hidráulicas e Sanitárias,
nos códigos sanitários nacionais. Os fões adequados para esse fim devem de Macintyre, LTC Livros Técnicos e
sifões são necessários para impedir possuir as seguintes características: Cientificos Ltda.
que haja retorno de gases existentes  Sejam autolimpantes (self-cleaning) Adilson Lourenço Rocha
nas tubulações das instalações pre-  Possuam superfícies interiores lisas Laboratório de Instalações Prediais e Saneamento
diais de esgoto, que usualmente  Não devem apresentar partes móveis Cetac (Centro Tecnológico do Ambiente Construído)

Vedação de ralos
Como eliminar o mau cheiro que sobe acima das testeiras das janelas mais gases gerados nos esgotos e, quando
dos ralos e encanamentos? elevadas de um edifício. Para que fi- não, até a baratas. Para evitar tal in-
Jeferson Roque quem contidos nas instalações infe- conveniente, recomenda-se vedar
São Paulo riores (tubulações enterradas etc.), adequadamente (com tampas apro-
por e-mail deve-se selar adequadamente tam- priadas ou panos sob contrapesos)
pas de caixas de inspeção, caixas de ralos de pias, ralos nos pisos, saídas
Os gases com mau odor gerados nos gordura e outras. Os ralos dos ra- de bacias sanitárias etc. Finalmente,
esgotos (gás sulfídrico), devem ser mais de esgoto devem apresentar por falha no projeto de instalação, o
contidos nas próprias tubulações de desconectores (sifões), com fecho selo hídrico pode ser removido por re-
esgoto ou serem lançados na atmos- hídrico nunca inferior a 5 cm. No trossifonagem, o que também viria a
fera em grandes alturas. Assim, as caso da falta de uso prolongado das causar mau cheiro.
saídas das tubulações de ventilação instalações, férias escolares por Ercio Thomaz
dos esgotos devem situar-se acima exemplo, a água do fecho hídrico Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
dos telhados e, no mínimo 1 m pode evaporar, dando passagem aos Construído)

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CARREIRA

Antônio de Queiroz e Silva


Ex-secretário municipal de vias públicas e de obras e infra-estrutura
de São Paulo orgulha-se do seu trabalho na implantação da linha 1
do Metrô e de suas soluções geotécnicas
ssessor do prefeito da maior ci- participar de grandes obras, como
A dade da América Latina, partici-
pando da solução de problemas que
pontes e estradas, mas também pelas
habilidades com exatas e, como é
envolvem principalmente as vias pú- comum aos profissionais da mesma
blicas, como drenagem, despoluição época, pela falta de opções de carreira
de córregos, pavimentação, obras- a seguir. No entanto, assegura: "opta-
de-arte e edificações, o engenheiro ria novamente pela engenharia, não
Antônio Arnaldo de Queiroz e Silva me arrependo da escolha".
tem um trabalho que exige profundo Dentre os alunos da Poli contem-
conhecimento técnico e dos assuntos porâneos a Antônio Arnaldo, destaca
Jussara Marton

que envolvem a metrópole paulista- os que se tornaram prefeitos e gover-


na. Monteazulense de nascimento, nadores, como Mário Covas, Paulo
aos dez anos veio para a capital cur- Maluf e Reinaldo de Barros. Com o
sar o ginásio. curso em tempo integral, um "regi-
PERFIL
Desde então, criou vínculos tais me muito puxado", os alunos eram
Nome: Antônio Arnaldo de Queiroz com a cidade que é impossível saber mais próximos e a vida acadêmica
e Silva se a conhece a fundo em decorrência muito mais intensa, com grande
Idade: 73 anos do trabalho sempre voltado às suas competitividade entre escolas e
Graduação: Engenharia civil, em particularidades ou se a busca por maior força política aos estudantes.
1956, pela Escola Politécnica da soluções para seus problemas é que o "Hoje não se faz idéia do que era a
Universidade de São Paulo tornou grande conhecedor dela. De vida estudantil universitária em São
Empresas em que trabalhou: qualquer maneira, é natural a Antô- Paulo. Não é exagero dizer que todos
Companhia Siderúrgica Nacional, nio Arnaldo, ao contar sobre sua tra- os alunos se conheciam."
Cobrasma, Cinasa, Indústrias Villares, jetória profissional, contextualizar o A plenitude do curso propiciou
Sharp, Companhia do Metropolitano de momento histórico do País, reme- ao então estudante a chance de par-
São Paulo, Prefeitura do Município de tendo ao papel da engenharia no que ticipar da construção da Casa do Po-
São Paulo, Governo do Estado de São tange às questões políticas e sociais. litécnico, um edifício de nove anda-
Paulo e Ductor Implantação de Projetos Foi aluno interno do Colégio res que tinha a finalidade de abrigar
Cargos exercidos: gerente geral de São Bento até os 16 anos, quando o estudantes do interior que não tives-
planejamento e diretor de operações do pai comprou uma casa, contratou sem recursos. O grande desafio en-
Metrô paulistano, na década de 70, uma empregada e mandou três ir- frentado pelas turmas que participa-
secretário municipal de vias públicas, mãos mais novos morarem com ele. ram do projeto era angariar doações
entre 1984 e 1985, e secretário de infra- Posteriormente eles cursaram Ar- de projetos, materiais e instalações
estrutura e obras, entre 2005 e 2006, da quitetura no Mackenzie, Medicina para a obra, que foi feita sem nenhu-
Prefeitura do Município de São Paulo, na USP, e engenharia na Poli. ma verba. Construída ao longo de
secretário de Estado do Abastecimento Formado, deixou o Largo de São cinco anos, foi concluída e entregue
do Governo do Estado de São Paulo, Bento para ingressar na Escola Politéc- em 1956 pela turma de Silva, que era
entre 1987 e 1988, dentre outros nica da USP, motivado pela vontade de diretor da Casa na ocasião.

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A especialização profissional de
Antônio Arnaldo veio na prática,
Dez perguntas para Antônio de Queiroz conforme conta, ao participar da
1 Obras marcantes das quais 6 Melhor instituição de ensino construção da Linha 1 do Metrô, por
participou: Linha 1 do Metrô da engenharia: Escola ele considerada seu curso de pós-
paulistano, gerenciamento de mais Politécnica da Universidade graduação em Engenharia. "Passa-
de 100 mil unidades habitacionais, de São Paulo mos na rua Boa Vista com dois tú-
Canal do Trabalhador, no Ceará e, neis de 6 m de diâmetro cada, um
recentemente, da ponte estaiada da 7 Conselho ao jovem sobre o outro, a poucos metros de
Marginal Pinheiros profissional: estudar sempre, fundações de edifícios antigos, com
mas ficar menos no carpete e no os conhecimentos e equipamentos
2 Obras significativas da computador. O engenheiro que de 35 anos atrás", conta.
engenharia brasileira: as usinas pretende ser completo não pode Também foi significativo o
hidrelétricas, os metrôs e as deixar de ir ao campo, amassar acompanhamento semanal, in loco,
grandes rodovias, além da barro, para acompanhar as obras, do então prefeito da cidade, José
industrialização ocorrida em todo e também viver os nossos Carlos de Figueiredo Ferraz. A equi-
o País nos últimos 50 anos problemas sociais pe da qual participou permaneceu
por três gestões, tendo ele participa-
3 Realização profissional: sou um 8 Principal avanço tecnológico do, juntamente com outros seis cole-
profissional privilegiado pelas recente: os da informática, com gas e liderados por Plínio Assmann,
oportunidades que apareceram um instrumental que nem da escolha do local para implantação
durante toda minha carreira imaginávamos há 50 anos, quando do Pátio Itaquera onde antes havia
usávamos réguas de cálculo e uma área de 100 alqueires e hoje há o
4 Mestres: os ‘monstros sagrados’ da máquinas de calcular à manivela Centro Novo de Itaquera.
Poli, entre eles os professores Luis De 1979, ano que deixou o
Cintra do Prado, Telêmaco H. M. V. 9 Indicação de livro: A Capital da Metrô, até 1984, voltou à indústria,
Langendonck, José Octávio de Solidão, de Roberto Pompeu de num cenário bastante diferente do
Camargo, Moacir Cruz e Augusto Toledo, sobre a história da cidade vivenciado da primeira vez, para
Carlos de Vasconcelos, hoje com 84 de São Paulo, que merece ser exercer as funções na área de Recur-
anos, ainda ativo, querido paraninfo conhecida por quem mora e sos Humanos. "Em 20 anos a indús-
da nossa turma trabalha aqui tria brasileira evoluiu muito", atesta.
Em 1975 participou de um grupo de
5 Por que escolheu ser 10 Um mal da engenharia: 40 pessoas, a maioria engenheiros
engenheiro: facilidade com as encarar a profissão como com experiência em gerenciamento
ciências exatas no colégio, vontade meramente técnica, enquanto o de empreendimentos, da fundação
de participar de grandes obras e profissional tem a oportunidade da Ductor Implantação de Projetos.
pouco interesse pelas outras opções de interferir na qualidade de A empresa executou mais de 200
de carreira existentes na época vida das pessoas contratos. Outro feito significativo
foi o gerenciamento da construção
do Canal do Trabalhador, que leva
Bastante próximo de Covas – joga- A passagem por diversas indústrias água do rio Jaguaribe para Fortaleza.
vam futebol no mesmo time da facul- reflete o contexto político e econômi- Com 100 km de extensão e desnível
dade – foi convidado para ser secretário co. "Quando saí da faculdade o Brasil total de apenas 6 m – 60 cm a cada 10
municipal de vias públicas entre 1984 e passava por uma grande mudança", km – foi executado em 90 dias, com
1985, quando o primeiro foi prefeito. explica. "A sede por profissionais era apoio do Governo do Ceará e das
Com funções semelhantes às exercidas tão grande que minha geração foi Forças Armadas, e evitou que faltasse
atualmente, respondia também pela muito privilegiada. Tanto que a maio- água naquela capital.
iluminação pública. Nesse período ria de nós nunca ficou desempregada", Desse exemplo extrai os aspectos
foram pavimentadas quatro mil ruas, conta ao falar da formação de um país da profissão que extrapolam a técni-
10% do total da cidade à época. Para industrializado e da construção de ca, influenciando diretamente ques-
acumular competências necessárias ao Brasília que nos permitiu sair da faixa tões sociais e urbanas. "Vivemos num
cargo trabalhou antes na CSN (Com- litorânea e ocupar todo o País. O cená- contexto político amplo em que o en-
panhia Siderúrgica Nacional), na Co- rio levou vários colegas de turma pelo genheiro tem cada vez mais que cola-
brasma, na Cinasa (Construção Indus- mesmo caminho, mesmo porque fal- borar", pontua comentando aborda-
trializada Nacional), no Metrô, nas In- tava um curso específico para forma- gens mais restritas e corriqueiras.
dústrias Villares e na Sharp. ção de engenheiros industriais. Bruno Loturco

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MELHORES PRÁTICAS
Ar-condicionado central
A correta instalação garante não apenas a eficiência energética, mas a durabilidade
de componentes próximos, como instalações elétricas e forros de gesso

Redes de dutos Soldas


A utilização de redes de dutos com
As soldas em tubulações frigoríficas
construção flangeada confere agilidade
devem ser executadas criteriosamente,
na montagem, além de minimizar
para prevenir vazamentos do gás
o vazamento de ar entre as seções.
refrigerante. A aplicação deve ser
O isolamento térmico dessas redes deve
uniforme em todo o perímetro da
ser cuidadosamente executado, de forma
tubulação para se evitar vazamentos.
a não permitir espaços vazios que
Tubulações extensas podem apresentar
propiciem a condensação de água.
milhares de pontos de solda, o que pode
dificultar a posterior identificação dos
pontos problemáticos.

Isolamento térmico
O isolamento térmico das tubulações
frigoríficas deverá abranger toda a sua
extensão, não deixando trechos aparentes,
de forma a evitar perdas energéticas.
Fotos: Marcelo Scandaroli

Também é possível que, em torno da


tubulação desprotegida, a umidade se
condense e se precipite sobre forros e
eletrocalhas, danificando-os.

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Alinhamento
Redes de dutos e tubulações
deverão ser montadas alinhadas,
distribuindo-se uniformemente
sua carga entre os suportes, de
forma a evitar torções e esforços
adicionais, quando em operação.

Amortecimento
Os equipamentos deverão ser

Colarinhos montados sobre amortecedores para


não transmitirem vibrações à estrutura
Colarinhos e demais dispositivos de rosqueadas, deve-se prestar atenção do edifício. A quantidade de
distribuição de ar deverão estar bem ao correto encaixe entre a peça e o amortecedores deve ser dimensionada
ajustados à rede de dutos, de forma a duto. Pode-se aplicar selante para de acordo com as recomendações dos
evitar vazamentos de ar. Como são garantia da vedação. fornecedores dos equipamentos.

Colaboração: Abrava; Engenheiro Osvaldo Alves Junior, da Masterplan Engenharia Associados; Servtec

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ENTREVISTA
Desenvolvimento viário
Diretor da Dersa diz que trecho Sul do Rodoanel é estratégico para
o desenvolvimento nacional, por isso dificuldades extrapolam
campo da engenharia

Marcelo Scandaroli
PAULO VIEIRA DE SOUZA
Sob sua responsabilidade está a
execução de todo o Trecho Sul do
Rodoanel Mário Covas, em São Paulo.
É diretor de Engenharia da Dersa
(Desenvolvimento Rodoviário S.A.) e
coordenador do Grupo Executivo da
Secretaria de Estado dos Transportes.
Tendo participado dos convênios e
modelagens envolvendo o Complexo
Viário Jacu–Pêssego, as avenidas dos
Bandeirantes e Roberto Marinho, o
Corredor Expresso Tiradentes e as
Marginais Pinheiros e Tietê, foi
também Diretor de Custo e
inda em fase de terraplenagem – as da licença ambiental Prioridade "A",
Planejamento Executivo da
Companhia do Metropolitano de São
Paulo e Coordenador do Grupo
A frentes de obra partiram apenas no
último dia 28 de maio – o Trecho Sul do
que representa uma extensão pouco
significativa em relação às Prioridades
Executivo da Secretaria de Estado Rodoanel se estende por 61,4 km, atra- "B", recém-emitida, e "C", em anda-
dos Transportes Metropolitanos. vessa sete municípios, cruza duas re- mento. Atualmente, envolta por um re-
Graduado em Matemática e presas e tem um orçamento de R$ 3,6 novado espírito empreendedor e com
Engenharia Civil pela Universidade bilhões. Ainda assim, de acordo com o foco no prazo, a Dersa (Desenvolvi-
Municipal de Taubaté, foi sócio e próprio diretor de engenharia respon- mento Rodoviário S.A.) se volta à exe-
diretor da BRR – Engenharia e sável por todo o empreendimento, o cução dessa obra, ponto vital do siste-
Construções e da Souza Millen – maior desafio da obra não é técnico. ma interligado de transporte não só do
Gerenciamento, Planejamento, Obviamente, há complicações severas Município ou do Estado, mas de todo o
Engenharia e Construções. principalmente no trecho de serra, nos País, por facilitar a ligação do Centro-
trevos de acesso às rodovias dos Imi- Oeste com o litoral. Para tanto, toda a
grantes e Anchieta, mas nada que bom empresa foi reestruturada para otimi-
planejamento, com eficaz gerencia- zar a administração, integrar departa-
mento de projetos, e execução compe- mentos e compatibilizar processos de
tente não resolvam. E é justamente nos decisão entre as mais variadas esferas.
aspectos logísticos e de gerenciamento Paulo Vieira de Souza fala sobre ques-
que o Rodoanel revela suas complexi- tões de engenharia que extrapolam a
dades. Antes de se tornar prioridade técnica, o posicionamento estratégico
dos governos estadual e federal, o tre- da Dersa e a necessária sinergia entre
cho esperou por quatro anos a emissão departamentos e profissionais.

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Qual é a função desse trecho E qual é a dinâmica da obra do


do Rodoanel? Rodoanel Sul dentro da Dersa?
Enquanto sistema de transporte inter-
"Nosso foco são as Ainda não era diretor de engenharia
ligando o Oeste, o Sul e futuramente o obras, e quem se quando o projeto começou, mas o
Leste, o Rodoanel não desafoga em presidente da empresa, Thomaz de
nada o tráfego da Marginal Tietê, que
opuser à execução Aquino, avaliou que os técnicos deti-
continua com os problemas que tem, está fora, seja quem nham as informações isoladamente e
mas alivia 43% do problema da Mar- determinou a criação de um grupo
ginal Pinheiros. Também estamos in-
for. E o Rodoanel gestor que opera de forma matricial
terligando esta à rodovia dos Imigran- é o carro-chefe da com a estrutura de gerentes de cada
tes por meio das avenidas Bandeiran- área da Dersa. O grupo é coordenado
tes e Roberto Marinho, num sistema
Dersa, do Estado, do pelo diretor de engenharia, produzin-
integrado que faz parte do grande anel Município e do Brasil do uma dinâmica interdisciplinar si-
que é o Rodoanel e que promove a in- nérgica, denominada MAI-CADER
terligação com ferrovias, o Ferroanel.
em termos de obra" (Planejamento, Projeto, Interferência,
Meio Ambiente, Cadastro, Avaliação,
O Ferroanel é parte do projeto Desapropriação, Negociação de Áreas,
do Rodoanel? sagem, é muito elevado. Dentro dessa Reassentamento, Obras, Institucio-
Ele integra o corredor de exportação li- equação, o papel da Dersa é de execu- nais e Comunicação Social).
gando os portos de Santos e São Sebas- tora de obras nos convênios.
tião e passando pelo Rodoanel. Há um Como são negociadas as
estudo de modelagem que deixa uma Principalmente em grandes obras? desapropriações?
plataforma de 30 m para o Ferroanel, e A Dersa tem atuado em estradas de São trabalhadas judicial ou adminis-
estamos estudando sua integração ao grande porte, deixando as demais, trativamente. Em ambos os casos,
sistema de transporte estratégico. como as vicinais, para o DER (Depar- temos cadastro com planta dos imó-
tamento de Estradas de Rodagem). É veis com ou sem benfeitorias e avalia-
Qual a estratégia desse sistema? estratégico, primeiro porque tem um ção, resultando em um laudo admi-
Obras do município, mas que aten- corpo técnico capacitado. Depois, por nistrativo em que consta, dentre ou-
dem ao Brasil todo, como a Marginal uma coincidência feliz que deveria tros documentos, a matrícula ou certi-
Tietê, serão executadas em convênio valer para todo o Brasil, o governo mu- dão vintenária. São 14 equipes de ne-
com o Estado, pela Dersa, num volu- nicipal trabalha alinhado ao estadual. gociação compostas por advogados e
me total de R$ 3,6 bilhões. Isso sem Há reuniões conjuntas de modelagem administradores, sendo dez fixas no
considerar as desapropriações que, em que o Estado coordena grupos exe- escritório e quatro itinerantes que vão
dentro do Município, alcançam valo- cutivos, com presença de todos os ór- ao núcleo habitacional.
res iguais ou superiores ao da própria gãos, inclusive Meio Ambiente.
obra, como na avenida Roberto Mari- De que maneira?
nho, onde há 40 mil pessoas num tre- E o que determinou essa alteração na No caso de Desapropriação Judicial,
cho de 4,5 km. Com cada unidade da concepção? distribuímos os processos, aguarda-
CDHU a aproximadamente R$ 50 A população admite cada vez menos o mos laudo pericial e depositamos em
mil, são R$ 500 milhões para reassen- discurso fora da realidade e quer a obra juízo o valor correspondente, aguar-
tar dez mil famílias. Quando o gover- pronta. A necessidade e a integração dando a imissão na posse, cujo prazo
no executa uma obra viária dessas, dos governantes possibilitaram os con- médio para cada processo gira em
executa outra social. vênios com tarefas e recursos mútuos. torno de 60 dias. Para a Desapropria-
ção Administrativa – Extrajudicial,
Essa é a função da Dersa? Os órgãos responsáveis pelo meio reunimos com os proprietários, verifi-
A Dersa tem como objetivo – e essa é ambiente participam efetivamente? camos a matrícula, negociamos o pa-
sua expertise – executar obras viárias. O papel do meio ambiente é impor- gamento parcelado, elaboramos um
No entanto, quando um município tante e fundamental, mas eficaz no contrato, e obtemos a imissão na posse
apresenta tamanho desenvolvimento, momento em que é pró-ativo, não im- imediatamente, a qual será encami-
não há como governá-lo dissociado pondo contrapartidas, reivindicações e nhada para homologação em juízo.
do Estado, porque toda obra munici- solicitações impraticáveis. Tem que ser
pal também é de interesse do Estado. um facilitador para que o projeto co- Qual o volume de desapropriações na
Havendo convênio de execução a obra mece adequadamente, e a única ma- obra do Rodoanel?
acontece, pois o custo de uma obra neira de fazer isso é no anteprojeto, na Hoje temos em torno de 1.451 imó-
como a Marginal Tietê, com 45% do modelagem, como acontece hoje no veis, mas no último levantamento
tráfego representado por carga de pas- Governo do Estado. eram 1.300 porque nem todos esta-

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ENTREVISTA

vam cadastrados. Levantamos as des de atendimentos, são elaborados


áreas, mas, no local, verificamos que cadastro social, avaliação das benfeito-
há cinco imóveis com donos diferen-
"Prometemos ao rias e laudo administrativo.
tes. As equipes já realizaram 728 nego- governador que
ciações administrativas, 451 com De que maneira?
imissão na posse, e pela via judicial
faríamos a obra em São trabalhados de duas formas. A pri-
temos tramitando 60 ações com oito 1.035 dias. Hoje todo meira é pela oferta de unidades habita-
imissões na posse. cionais. Nesse caso elaboramos ações
funcionário tem certeza de comunicação para oferta de unida-
Ou seja, o prazo do Judiciário é que no dia 27 de abril des da CDHU. Essas ações informam
incompatível com o da obra? as famílias não só em relação ao tipo,
Posso afirmar com certeza que não fa-
de 2010 o Rodoanel planta, metragem e material utilizado
ríamos o Rodoanel em 33 meses devi- estará pronto" na construção do imóvel, mas também
do aos prazos legais com relação à Lei sobre o que existe ao redor do em-
de Desapropriação. De acordo com O total de área a ser desapropriada preendimento, como transporte, cre-
essa lei, os processos possuem prazo corresponde a 11,2 milhões de m2, a ches, postos de saúde etc. Nesses mol-
de liberação em torno de 60 dias cada, obra está em execução porque temos des foram disponibilizadas 300 unida-
além da possibilidade do expropriado 40% de frentes de obra em todos os des com custo de R$ 15 mil cada, o que
sustar, por meio de liminar, a imissão lotes, perfazendo um total de 4,5 mi- corresponde a 58% do total. Outra
na posse, como já ocorrido. lhões de m2 de áreas já desapropriadas. maneira é o pagamento em valores,
com preparação e acompanhamento
Das áreas negociadas, há o risco de Qual o volume de custos dessa total das remoções das famílias duran-
haver reivindicações de posse? etapa? te o período de transição e pagamento
As áreas negociadas têm um decreto O valor total previsto será de R$ 450 dos valores. Esse modelo foi adotado
de desapropriação, que, após desapro- milhões dos quais já temos compro- com 391 famílias, com custo de R$ 12
priação judicial ou amigável, devida- metidos R$ 150 mi com pagamentos mil, correspondente a 48% do total.
mente homologada em juízo, o que parcelados em até 15 vezes. São, em
pode ocorrer é uma solicitação de re- média, R$ 2 milhões diários, cujos Podemos afirmar que imperava um
visão de valores, cujo resultado espe- custos apresentam até o momento problema de organização?
ramos ser inócuo. uma economia de R$ 50 milhões, Todo esse trabalho foi desenvolvido
valor esse que possibilita a aplicação devido ao compromisso com a entrega
O que viabilizou essa dinâmica? de recursos em obras. É a maior imo- da obra no prazo comprometido. A
A metodologia. Hoje temos um siste- biliária do País. necessidade leva a uma postura profis-
ma integrado que fornece online e em sional com estruturação, organização,
tempo real dados que estabelecem E para as interferências? metodologia, eficácia e sinergia entre
uma visão completa e geral das desa- Até hoje temos um total de 185 inter- os envolvidos. O foco principal da
propriações a respeito de todos os ele- ferências com as diversas concessioná- Dersa são as obras, e o Rodoanel é
mentos necessários ao processo com- rias, perfazendo um total estimado de nosso carro-chefe.
pleto de negociação. recursos de R$ 50 milhões, dos quais
já temos comprometidos R$ 7,5 mi- Está dizendo que essa evolução
Como são controladas? lhões. Esperamos, como no caso das decorre de uma redefinição de
Para definir as prioridades e ações ne- desapropriações, reduzir esses valores prioridades?
cessárias, utilizamos a simbologia das em 20%. Quando temos um objetivo pré-
cores de sinais de trânsito, que não é definido, vamos atrás dele. Ao termi-
nada inovadora, mas é simples e inteli- Qual o volume de reassentamento na narmos a negociação com as empresas
gente, pois está no inconsciente de obra do Rodoanel? dos consórcios contratadas para a exe-
todos. Mesmo parecendo banal, até De um total de 1.348 famílias a cução da obra, prometemos ao gover-
chegar a essa conclusão cada docu- serem removidas já realizamos a re- nador que faríamos à obra em 1.065
mento era de um jeito. O caos é quan- moção de 691, equivalente a 51% do dias, divulgando isso em toda a estru-
do não se sabe nem o que deveria total, tendo um comprometimento tura de obras e da empresa. Hoje todos
saber ou que há um problema a resol- de custo no valor de R$ 27 milhões os envolvidos nesse empreendimento
ver. Esse era o nosso problema.A gente até o momento. têm a certeza que até o dia 27 de abril
nem sabia o que não sabia. de 2010 o Rodoanel Trecho Sul estará
Como são realizados? concluído. Esse comprometimento faz
Qual é a situação atual das Após reuniões com as comunidades, com que as pessoas façam o que preci-
desapropriações? para esclarecimentos das possibilida- sa ser feito.

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Além de processos, é importante propriação e Reassentamento) [grupo ções conjuntas por profissionais da
gerenciar bem as pessoas para que que reúne as diretorias envolvidas] é iti- empresa, promovendo a convergência
uma obra desse porte se realize? nerante para ir à obra, ver problemas, de idéias divulgando todas as decisões,
É uma postura da direção com relação receber reclamações e dar soluções. sendo cada profissional responsável
a um objetivo único, pois o otimista pela solução final de cada assunto.
torce e espera que os problemas sejam O Rodoanel parece mais complexo sob Dessa forma funcionam as reuniões
resolvidos, enquanto o entusiasta vai qualquer outro ponto de vista do que intituladas MAI-CADER, na qual a
atrás das soluções e resolve os proble- do da engenharia, da execução em si. ausência de um profissional resulta em
mas. Uma das formas de criar o entu- O Brasil é expert em obras-de-arte. A problemas para a sinergia. A liberação
siasmo entre os profissionais envolvi- Dersa já fez quilômetros e mais quilô- da execução é que é o pulo do gato,
dos é levá-los ao canteiro. O dinheiro metros de estradas com a participação nada acontece até lá.
mais bem gasto pela companhia é o das melhores empresas nacionais que
que faz com que os profissionais co- participam de obras internacionais. Pode ser um gargalo para a execução
nheçam o empreendimento do qual Nunca ninguém duvidou que a enge- e o prazo?
participam. Não só o Rodoanel, mas a nharia seria feita. A possibilidade de li- O andamento físico e financeiro da
Bandeirantes, a Jacu–Pêssego. Mesmo berar frentes de obra em um prazo exí- obra é avaliado contratualmente a
os governantes têm dificuldade de ver guo é que é novidade. Por isso quem cada três meses, e equacionado dentro
uma planta, mas quando vão à obra gerencia é a Dersa e não uma empresa dos resultados com ampliação ou re-
passam a entender. contratada, pois haveria dificuldades dução dos valores a serem pagos, como
em reconhecimento, por parte dos já ocorrido. Nessa fase inicial do em-
Os diretores também vão ao canteiro? profissionais, de uma liderança impos- preendimento, tivemos um ritmo in-
Tanto a diretoria da empresa, como ta e não reconhecida a partir da dedica- tenso de trabalho com todos os envol-
todos os funcionários nos diversos ní- ção ao mesmo objetivo comum. vidos, muita presteza e eficácia, pois
veis hierárquicos, participam de visitas todos sabemos que trabalhando de
quinzenais aos canteiros de obras. O A gestão dos processos e pessoas forma correta e transparente tudo dará
MAI-CADER (Meio Ambiente, Inter- merece atenção especial, então? certo com relação à qualidade de exe-
ferências, Cadastro, Avaliação, Desa- O que fazemos é divulgar as informa- cução e o prazo de entrega.
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ENTREVISTA

A partir de quando a obra se voltará Os dirigentes do setor público podem


à engenharia, com bom e devem dialogar com o setor privado,
encaminhamento das liberações
"As grandes obras pois os objetivos de governo a serem
ambientais e de área? nacionais são atingidos dependem da transparência,
O objetivo dessa estratégia foi liberar respeitando interesses comuns com
frentes de obra dentro dos prazos pre-
caríssimas porque do postura honesta e ética aos propósitos.
vistos em cronograma, o que ocorre lado do governo falta
desde junho. Com relação ao meio O que foi estabelecido?
ambiente, hoje temos 80% liberados,
gestão técnica e Ficou a cargo da Dersa assumir assun-
com previsão de conclusão em outu- financeira. Aqui estava tos relacionados ao meio ambiente,
bro. Para as desapropriações e reas- projeto, interferência, cadastro, avalia-
sentamentos que resultam em frente
tudo planejado e ção, negociação, desapropriação, imis-
de obras, temos 40% e 51% liberados, previsto, mas não são na posse, reassentamento, geren-
respectivamente, com previsão de ciamento social, supervisão de obras e
conclusão em dezembro.
havia sinergia de gerenciamento geral. Eles fazem pro-
comunicação" jeto alternativo, nós aprovamos, eles
As equipes envolvidas nesses executam. Nós fiscalizamos e eles re-
processos serão alocadas em cebem em dia. Cada um cumpre sua
outras obras? No caso do Rodoanel é permitida parte e a coisa funciona.
Supondo que não houvesse nenhum a apresentação de projeto alternativo
problema judicial com relação ao para execução? Qual a influência A Dersa ainda investe em
Rodoanel, ainda temos o maior volu- da Dersa? desenvolvimento e pesquisa
me de obras a iniciar do Brasil. Devi- Sim, a critério único e exclusivo de de engenharia?
do ao volume de obras a serem con- aprovação da Dersa, devendo ser res- É uma preocupação do presidente da
tratadas em convênio com a Prefeitu- guardados a qualidade, a estética, a re- Dersa e sua diretoria manter inter-
ra de São Paulo, todos os profissio- sistência e o prazo de execução. Caso câmbio de técnicos e tecnologias. Ao
nais que realizam trabalhos de cadas- contrário permanece o projeto execu- transformar o projeto a preço global,
tro, avaliação, desapropriação e reas- tivo existente. uma das prerrogativas era que as em-
sentamento serão fundamentais para presas pudessem apresentar projeto
as soluções dos problemas inerentes a E a sinergia é obtida como? alternativo. Quando visamos preço
essas obras. Hoje a empresa toda acredita na unitário, o alternativo quase sempre
obra porque mostramos dados. apresenta custo e prazo maiores. Mas
Quais as próximas prioridades? Mando os documentos e não faço quando é preço global, normalmente
A Dersa possui convênio com a Prefei- disso uma caixa-preta. Nada é sigilo- o alternativo, desde que resguardada a
tura de São Paulo para execução das so. Todos acompanham o andamen- qualidade pelo órgão, é mais econô-
seguintes obras: Jacu–Pêssego Sul, to do processo e são responsáveis mico, mais moderno tecnologicamen-
sendo que a Jacu–Pêssego Norte já pelos resultados. te e mais rápido.
está em andamento, avenidas dos
Bandeirantes e Roberto Marinho, Um dos trunfos da gestão é tornar os E qual a influência da Dersa sobre o
Marginal Tietê. A vantagem é que uti- processos transparentes? projeto alternativo?
lizaremos a estrutura, metodologia e Uma falha, não da engenharia, mas da A gestão e a aprovação são nossas.
sinergia já consolidadas. parceria em geral é ela não ser de fato, Sempre resguardando a qualidade, a
mas de símbolo, título. Esta só existe estética, a resistência e o prazo. Se o
Qual o papel de um órgão como a quando se abrem as informações. prazo for maior ou se reduzir vãos
Dersa nesse aspecto? Todas as informações são transmitidas para ficar mais barato, não aprovo. Se
Toda obra de governo poderia, sem- por relatórios informatizados, pois, for mais robusto que minha ponte,
pre que possível, adotar o critério de por sermos uma empresa que trata de também não passa. Tem que apresen-
preço global, com projeto executivo obras públicas, temos o dever de infor- tar tecnologia, metodologia, sistema-
concluído e recursos definidos, mas mar sistematicamente de forma clara e tização para alcançar prazo e custo
possibilitando alternativas que apre- transparente as ações realizadas. menores e qualidade melhor. Senão
sentem tecnologia, metodologia e sis- vai o projeto que já tenho, que foi estu-
tematização para alcançar melhor Mesmo que em parceria com dado. No entanto, a empresa privada,
qualidade, prazos e custos menores. empresas privadas? pelo próprio trabalho dela, com obras
As grandes obras nacionais teriam A parceria tem que ser transparente e no exterior, tem uma simbiose, uma
menor custo, havendo uma melhor convergente. Tenho que falar sobre o permuta de inovação.
gestão técnica e financeira. que é melhor para o empreendimento. Bruno Loturco

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TÉCNICA E AMBIENTE
Asfalto com pneus
Adição de borracha ao ligante asfáltico otimiza desempenho do pavimento

or enfrentar o tráfego diário de mais gante asfáltico, com alto grau de resis- seja, a quantidade de borracha utiliza-
P de 1.500 ônibus, além de milhares
de automóveis, o pavimento asfáltico da
tência e elasticidade, revestimentos dre-
nantes, camadas intermediárias de ab-
da é de cerca de 28 kg/m3 de CBUQ.
Antes de alcançar as proporções
Cidade Universitária da Ilha do Fundão, sorção de tensões, camadas anti-re- ideais para cada situação, os pesquisa-
no Rio de Janeiro, estava apresentando flexão de trincas, dentre outros. É tam- dores da Coppe testaram em torno de
patologias, principalmente trincas em bém ambientalmente interessante pelo 20 misturas diferentes.A definição pelo
excesso. Para resolver o problema, o pa- fato de que 95% do volume de uma mis- tipo de mistura para cada trecho obe-
vimento foi substituído, em maio últi- tura asfáltica é constituído por pedra, deceu ao fluxo de veículos do local, e o
mo, por outro com maior resistência à com os demais 5% representados pelo processamento do asfalto se deu na
intensidade de tráfego.A propriedade foi asfalto extraído do petróleo. usina da Craft, parceira da Coppe no
alcançada com o aumento da flexibilida- Apesar dos ganhos já citados e dos desenvolvimento de novas técnicas de
de do asfalto por meio da adição de polí- inúmeros ensaios realizados em labo- pavimentação. Para a usinagem, em
meros e borracha ao ligante, o que tam- ratório, havia dúvidas com relação ao temperatura superior à do asfalto con-
bém alongou sua vida útil. comportamento do material quando vencional, foi utilizado tanque de ar-
Na prática, foi adicionado pó de submetido a condições reais de solici- mazenamento dotado de agitador,
borracha de pneus moídos no traço do tação. A massa asfáltica, fornecida para que não ocorresse sedimentação
asfalto aplicado nas vias. "A idéia tem pela Petrobras, apresenta um teor de das partículas no fundo, com segrega-
caráter ambiental, pois resolve parte do ligante de 5,5%, equilibrando o risco ção do ligante.
passivo ambiental, e também caráter de fissuramento com o de exsudação Quando da aplicação, embora reali-
técnico", explica Demétrio Perez Jú- por excesso de ligante, conforme ex- zada com maquinário e metodologia
nior, da Craft Engenharia, responsável plica o engenheiro Marcos Antonio semelhantes às dos asfaltos convencio-
pela execução dos trabalhos. A afirma- Fritzen, da Coppe (Coordenação dos nais, foi necessário cuidado maior
ção diz respeito aos benefícios da adi- Programas de Pós-graduação de En- quanto à temperatura de aplicação, pois
ção de látex e outros componentes, genharia da Universidade Federal do esse tipo de mistura esfria mais rapida-
como polímeros, ao CBUQ (Concreto Rio de Janeiro). mente que a convencional. A manuten-
Betuminoso Usinado a Quente). O traço de asfalto utilizado é simi- ção do pavimento acabado se deu da
As vantagens do asfalto-borracha lar ao convencional acrescido de apro- mesma maneira que a de pavimentos
são visíveis nos casos em que é necessá- ximadamente 20% de borracha prove- convencionais.De acordo com a empre-
rio obter desempenho superior do li- niente de pneus no ligante (CAP). Ou sa executora, a solução pode ser adotada
em qualquer tipo de pavimento em
CBUQ, dependendo apenas do dimen-
Craft Engenharia

sionamento às solicitações da via.


Com cinco meses desde a aplicação,
o pavimento não apresenta alterações
ou patologias. Fritzen, da Coppe, conta
que outras soluções ambientais menos
convencionais estão sendo estudadas
pela empresa. Exemplo é a utilização de
garrafas PETs, escória de aciaria ou ar-
gila calcinada em substituição ao agre-
gado na mistura asfáltica.
Bruno Loturco

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SEMINÁRIO

Soluções estruturais
Seminário Tecnologias de Estruturas apresenta as soluções encontradas para
os desafios em obras do Rio de Janeiro e de São Paulo

omplexidade é o que não falta às


C

Divulgação SindusCon-SP
estruturas de algumas das obras
executadas no País recentemente. Só
no Rio de Janeiro dois desafios foram
postos à prova dos engenheiros estru-
turais. Na Tijuca, próximo ao estádio
do Maracanã, a ampliação de um
Shopping Center subsolo abaixo pre-
cisou ser realizada com as lojas fun-
cionando, em operação que envolveu
ainda o reforço do alicerce já existen-
te. Na Ilha do Fundão, o novo Centro
de Pesquisas da Petrobras, projetado
pelo arquiteto Siegbert Zanettini,
exige fiscalização rigorosa das peças
metálicas produzidas na indústria. Ao
chegar ao canteiro, as peças serão ape-
nas montadas, de forma a se conse-
guir a construção "limpa" pretendida
pela contratante. Na obra dos viadu- dinâmica das Construções) da dicato da Indústria da Construção
tos estaiados do Complexo Viário Jor- UFRGS (Universidade Federal do Rio Civil do Estado de São Paulo), realiza-
nalista Roberto Marinho, modelos Grande do Sul). Os cases foram apre- do em setembro no Concrete Show,
foram levados para ensaios aerodinâ- sentados no 9o Seminário Tecnologia em São Paulo.
micos no LAC (Laboratório de Aero- de Estruturas do SindusCon-SP (Sin- Renato Faria

Crescendo para baixo


Quando os proprietários do Shopping Tijuca, existência de três torres de escritórios Maracanã, em região alagável na qual o
no Rio de Janeiro, pensaram em ampliar as comerciais "cravadas" no edifício principal lençol freático encontrava-se apenas 4,5 m
instalações do estabelecimento, do shopping inviabilizava sua expansão abaixo do nível da rua. Como as atividades
enfrentaram de início alguns obstáculos: vertical. A solução era a ampliação para do shopping não podiam parar, seguiu-se
rodeado de edifícios consolidados, o baixo. A tarefa não era fácil, já que o centro uma série de soluções de engenharia. Nas
complexo não podia crescer para os lados; a de compras está às margens do rio fundações, uma série de problemas. Quase
65% das estacas Franki do edifício
Fotos: divulgação Consultrix

construído em 1972 já suportavam carga


superior à que haviam sido projetadas.
"Havia estaca que já suportava mais de 100%
da carga prevista", explica Eduardo Couso
Jr., engenheiro da Consultrix. Algumas delas

30 TÉCHNE 126 | SETEMBRO DE 2007


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Menos vibrações

Divulgação LAC-UFRGS
Imagens: Zanettini arquitetura

escolhido em função da flexibilidade para


mudanças rápidas de layout que o material
confere. "Trata-se de um centro de pesquisas
com diversos laboratórios. Se necessário,
com equipamentos leves – que carregam
500 kg, 700 kg – é possível desmontar

Divulgação LAC-UFRGS
e transportar parte da estrutura e ampliar
o espaço de trabalho", explica Zanettini.
O concreto foi empregado apenas em alguns
Estrutura versátil pilares de apoio, canaletas e nas fundações.
A Petrobras contratou o escritório do O emprego do aço permitirá, também,
arquiteto Siegbert Zanettini para coordenar a manutenção da limpeza do canteiro, que
a ampliação de seu Cenpes (Centro de é concebido desde o início como um local
Pesquisas) na Ilha do Fundão, na cidade do apenas de montagem da estrutura, não de
Rio de Janeiro. O complexo terá um bloco construção. Exemplo disso é a execução da
de auditórios, salas de reuniões, estrutura do CRV (Centro de Realidade
lanchonetes; um eixo central com módulos Virtual), uma geodésica a ser executada com Para assegurar a estabilidade estrutural
que abrigarão laboratórios de pesquisa; chapas metálicas recobertas com fibra de do complexo de viadutos estaiados que
restaurante e um centro de realidade vidro. "As peças metálicas são fabricadas e liga a avenida Jornalista Roberto Marinho
virtual, entre outros. O edifício principal, transportadas para a fábrica de fibra de à Marginal Pinheiros, em São Paulo, a
que se estende na direção norte-sul, possui vidro, onde as peças são fundidas. Dali, são construtora OAS recorreu a testes no
cobertura projetada em formato de arco, transportadas pré-montadas para o canteiro, moderno túnel de vento do Laboratório de
com abertura voltada para o mar. Isso onde finalmente são fixadas", explica Aerodinâmica das Construções da UFRGS.
permitirá o aproveitamento da ventilação Zanettini. "A execução no canteiro seria Os ensaios foram aplicados a cada
de forma a melhorar o desempenho muito difícil, ela deve ser feita na indústria. elemento separadamente – ao mastro
térmico e reduzir o consumo com ar- Portanto, nosso maior trabalho não é tanto principal, que suporta os estais, e ao
condicionado no interior do edifício. fiscalizar a obra, mas os protótipos criados tabuleiro por onde circularão os
A estrutura é predominantemente em aço, na indústria." automóveis – e ao conjunto todo,
simulando as condições reais de serviço.
Segundo o diretor do laboratório, o
professor Acir Mércio Loredo-Souza, os
ensaios verificaram as forças e pressões
eram muito curtas, seus comprimentos que dispensa a injeção de água, que poderia exercidas pela ação do vento sobre os
chegavam a apenas 9,4 m do nível da rua – danificar a fundação já existente. Feito isso, elementos e a velocidade crítica para
a criação de um novo pavimento exigia rebaixaram o lençol freático, concretaram as desprendimento de vórtices e flutter –
escavações até o nível 7,0 m. Cientes disso, cortinas atirantadas da periferia e revestiram ressonância entre as freqüências de
os engenheiros deram início ao primeiro parte das estacas Franki expostas. Com o vibração da ponte e do vento. Loredo-
lance de escavações, até a cota -4,5 m, nível ambiente seguro, partiram para o novo lance Souza conta que, para reduzir esses
do lençol freático.Ali, modelaram blocos de escavações, até o nível -7,0 m.Ali foram efeitos, molas amortecedoras podem
de reforço para as estacas mais curtas e moldados os últimos blocos e cravadas as ser embutidas no tabuleiro e dispositivos
cravaram novas estacas, até a cota -21,0 m, últimas estacas Hollow-Auger.A laje do aerodinâmicos fixados em suas laterais
pelo processo Hollow-Auger. Trata-se de último nível – dimensionado de forma a para facilitar o fluxo do vento incidente
uma espécie de estaca-raiz, que pode ser suportar a pressão negativa exercida pela na ponte e garantir a segurança
usada em locais com baixo pé-direito, mas água – foi armada e concretada. estrutural do conjunto.

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PROJETO

Rota planejada
Teoria e tecnologia aliadas garantem a construção de rodovias duráveis e mais
seguras. Veja as soluções disponíveis para a construção de estradas

ais do que a abertura de novas es-


M tradas, o grande desafio para o
País é modernizar a malha rodoviária já
existente. Dos mais de 1,7 milhão de
quilômetros de rodovias brasileiras,não
chega a 200 mil km a extensão pavi-
mentada. E o pior é que dessa pequena
fatia, poucos trechos estão adequados
ao tráfego.Avaliação da CNT (Confede-
ração Nacional dos Transportes), em
2006, de 85 mil km de estradas pavi-
mentadas conclui que mais da metade
(54,5%) tem o pavimento em estado re-
gular, ruim, ou péssimo; 40% não pos-
suem acostamento e outros 40% não
têm placas com limites de velocidade.
Quando se fala em modernização
de rodovias existentes, o primeiro passo
do processo de construção – a escolha
básica das localidades a serem ligadas –
já foi dado.Também muitas vezes já está
definido o esboço geral do traçado, ou
seja, as cidades por onde a nova estrada
deve passar.Ainda assim são necessários
estudos na chamada etapa de explora-
ção do terreno,com a avaliação da topo-
grafia e das condicionantes de traçados.
Regra geral, as condicionantes,
tanto para modernização como cons-
trução de novas rodovias, são de dois
tipos: as físicas (por exemplo,a existên-
cia de rios, áreas de preservação am-
biental e relevo acidentado), que ten-
dem a afastar a estrada da singulari-
dade, e as socioeconômicas (existência
de propriedades rurais,cidades e vilas e
rotas ferroviárias ou hidroviárias), que
Marcelo Scandaroli

tendem a atraí-la. No projeto de novas


rodovias, esses fatores desempenham
papel fundamental; em obras de dupli-

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Esperando licença ambiental


Confira os principais trechos com BR-135 BR-319
obras rodoviárias paralisadas em
São Luís
função de pendências ambientais. Manaus
Com exceção da BR-116, os status
constam do primeiro relatório de BR BR
acompanhamento das obras do PAC 135 319
(Programa de Aceleração do
Crescimento) feito pelo Ministério Humaitá
dos Transportes.
Formosa do Rio Preto Porto Velho
BR-116 Barreiras
Serviço: execução de 711 km de extensão
Montalvânia
Conclusão prevista: 2011
Montes Trecho: Rio Tupanã (AM) – Humaitá (AM)
Claros O que precisa ser feito: entendimento
Fortaleza entre Ibama e DNIT quanto à liberação de
obras no subtrecho Rio Tupanã (entre o
Belo Horizonte
km 166 e o km 370) e elaboração do EIA-
Rima pela Ufam (Universidade Federal do
Serviço: execução de 452 km
Amazonas) entre o km 370 e o km 656.
BR de extensão
116 Conclusão prevista: 2010
BR-163
Vitória da Trecho: Divisa Piauí-Bahia – Divisa
Conquista Bahia-Minas Gerais
O que precisa ser feito: no lote 2, Tirios
Governador entre o km 207 e o km 267, elaboração
Valadares de estudos em atendimento a termos
de referência definidos pelo Iphan
Santarém
(Instituto do Patrimônio Histórico e
Teresópolis Artístico Nacional), relacionados às
Barra Mansa cavernas existentes no segmento.
São Paulo
Guarantã
Curitiba
BR-392 do Norte
Porto Alegre BR
Pelotas 163
Jaguarão Rondonópolis
Porto
Serviço: duplicação de 30 km Xavier
BR
de extensão 392
Conclusão prevista: 2011 Dourados
Trecho: Miracatu (SP) – Juquitiba Santa Maria
(SP), na Serra do Cafezal Cascavel
O que precisa ser feito: por Itapiranga
mais de uma década, a duplicação Pelotas Rio Grande
do trecho ficou travada por Serviço: pavimentação de 1.024 km
questões ambientais, já que a de extensão
rodovia passa por área de Serviço: duplicação de 66 km Conclusão prevista: 2010
preservação da Mata Atlântica. de extensão Trecho: Santarém (PA) – Guarantã (MT)
O grupo vencedor da licitação Conclusão prevista: 2010 O que precisa ser feito: autorização
de concessão da rodovia entre Trecho: Pelotas (RS) – Rio Grande (RS) para exploração de jazidas de piçarras
São Paulo e Curitiba, em outubro, O que precisa ser feito: retirada do lindeiras à rodovia; elaboração de um
será obrigado a duplicar embargo à obra pelo TCU (Tribunal de programa de monitoramento de
o trecho mais perigoso da Contas da União) com a entrega do EIA- surgimento de estradas vicinais;
Régis Bittencourt. Rima e projeto executivo do trecho. programa de apoio indígena.

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PROJETO

Defeitos de traçado
Os manuais dos órgãos responsáveis pelas As ilustrações abaixo mostram os erros
Início da curva horizontal
estradas de rodagem federais e estaduais a serem evitados nos traçados da rodovia,
na área convexa
trazem uma série de recomendações para segundo manual do DER-SC
a concepção geométrica das vias. (Departamento de Estradas de Rodagem). Em planta
Mergulho em tangente Salto
Em planta Em planta Em perfil

Em perfil
Em perfil
Em perspectiva

Em perspectiva Em perspectiva
Ondulações na curva

Em planta
Mergulho profundo Mergulho em curva

Em planta Em planta
Em perfil

Em perfil
Em perfil

Em perspectiva
Em perspectiva
Em perspectiva

Manual do DER (Departamento de Estradas de Rodagem)

cação, concorrem ainda com a condi- diminuição da velocidade média dos do Departamento de Engenharia de
cionante principal do projeto: a neces- veículos ao passarem pelo trecho", afir- Produção e Transportes da UFRGS
sidade de que a segunda pista esteja ma César Augusto Santos, supervisor (Universidade Federal do Rio Grande
próxima da pista original. de estudos, projetos e meio ambiente do Sul). Passando essa fase, pode-se
Na duplicação da BR-101 Sul,entre do DNIT-SC.Com isso,de acordo com proceder aos estudos mais detalhados
Florianópolis e Osório (RS), um dos o engenheiro, deve haver economia do da via, à solicitação das licenças prévia e
trechos originais passa por uma região consumo de combustível pelos veícu- de instalação, ao EIA-Rima (Estudo de
montanhosa conhecida como Morro los da ordem de 13%. Impacto Ambiental e Relatório de Im-
dos Cavalos,de fauna e flora exuberan- pacto Ambiental) e, posteriormente, à
tes e habitada por índios guaranis. O Projeto final construção da rodovia propriamente
projeto apresentado pelo DNIT (De- Com a diretriz do traçado definida, dita. É quando as diversas equipes de
partamento Nacional de Infra-Estru- parte-se para o anteprojeto, etapa em projetos (terraplenagem, pavimenta-
tura de Transportes) em 1999 procu- que serão esboçados a geometria da via, ção, sinalização) começam a atuar.
rou minimizar a intervenção na região as curvas, os projetos de drenagem. "É Na pavimentação da via, os fatores
com a construção de um túnel para quando se levantam os quantitativos da principais que vão nortear a escolha da
abrigar a nova pista. "Se a construísse- obra e se faz a estimativa de custo, para tecnologia a ser empregada, segundo
mos morro acima, o impacto ambien- apresentar às autoridades e verificar se Liedi Bariani Bernucci, professora do
tal seria muito forte. Haveria também o empreendimento é viável ou não", Departamento de Transportes da Esco-
impacto no tráfego da rodovia, com a explica João Fortini Albano, professor la Politécnica da USP, são o volume de

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Sinalização
Sinalizações plásticas aplicadas a frio A espessura seca média é de 0,25 mm. Plástico a frio
e pré-fabricadas fazem companhia Após a pintura, a liberação do tráfego
à sinalização tradicional com pode ocorrer em dez minutos. Apresenta
termoplásticos e tintas acrílicas. As novas melhor resistência à ação de chuva e
tecnologias permitem a aplicação em neblina, e apresenta boa retenção de cor
relevo, funcionando também como e brilho. Apresenta vida útil superior à das
sinalização sonora para veículos. tintas acrílicas à base de solvente.

Divulgação Hot Line Tintas


"Camadas de 7 mm de espessura já são Resistente a tráfegos mais intensos (entre
suficientes para provocar ruído quando seis mil e dez mil veículos por dia).
o veículo passar sobre as faixas e acordar
um motorista sonolento", explica a Termoplásticos
química Áurea Rangel. Na sinalização
vertical, depois dos faróis os painéis Bicomponente composto por resina
luminosos passam a receber LEDs (em reativa à base de metilmetacrilato e
português, diodo de emissão de luz), agente endurecedor que proporciona
que apresentam maior eficiência a aplicação do produto a frio. Apresenta
energética e maior índice de espessura de até 2 mm e é aplicável a
luminosidade que lâmpadas comuns. vias de tráfego intenso (acima de dez mil
veículos por dia). Quando aplicado, pode
Divulgação Sinasc

Acrílicas à base de solvente ser liberado ao tráfego em dez minutos.

Sinalização luminosa
Aplicados a quente – entre 180ºC e 200ºC
– por extrusão ou aspersão (também
conhecido como Hot Spray) com 3 mm
e 1,5 mm de espessura, respectivamente.
A via é liberada para o tráfego cinco
minutos após a execução. Utilizados em
Divulgação Sinasc

pistas com tráfego pesado (acima de dez


Divulgação Oswaldo Sanchez Jr.

mil veículos por dia).

As tintas com as resinas acrílicas à base Faixas pré-fabricadas


de solvente apresentam espessura seca
de 0,21 mm e tempo de secagem de
aproximadamente 20 minutos. As tintas A popularização do uso de LEDs
brancas têm maior tendência ao aconteceu primeiro na sinalização
amarelecimento, com a diminuição do semafórica. Segundo Oswaldo
contraste entre sinalização e pavimento. Sanchez Jr., do IPT, Com o
Adequado para vias de tráfego médio desenvolvimento de LEDs mais
(dois mil a seis mil veículos por dia). intensos e mais baratos, a tecnologia
Divulgação Sinacon

foi migrando para as placas, tachas


Acrílicas puras à base de água e painéis de mensagens variáveis
(PMVs) – que podem ser controlados
Os laminados elastoplásticos são remotamente e emitir seqüência
fornecidos como faixas prontas ou em de símbolos com diversas opções
rolos de larguras variadas e são de intensidade, cor, duração e layout.
adesivados ao pavimento, que deve estar A utilização dos painéis demanda ainda
limpo e em perfeitas condições. Isso planejamento do conteúdo e da forma
Divulgação Hot Line Tintas

deve ocorrer em temperaturas entre 10ºC da mensagem e do local onde


e 40ºC. O material apresenta espessura a mensagem é veiculada. Dessa forma,
média de 1,5 mm e é resistente a a escolha adequada do sistema que
tráfegos intensos (acima de dez mil controla seu funcionamento é de
veículos por dia). importância estratégica.

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PROJETO

Pavimentos
CONCRETO ainda em fase de estudos no Brasil. rejuvenescimento, possui consistência
Diferentemente do Whitetopping fluida e é aplicado normalmente em duas
convencional, a espessura da camada de camadas com espessura variando entre
concreto fica entre 5 cm e 10 cm 1,2 cm e 1,5 cm.
(ultradelgado) e até 20 cm (delgado). O
Divulgação ABCP

pavimento de asfalto antigo é fresado e Asfalto-borracha: revestimento de CBQU


lavado com jato d'água, para garantir a (Concreto Betuminoso Usinado a Quente)
aderência da nova camada. Ainda assim, com adição de pó de borracha de pneus
A competitividade da pavimentação de tem apresentado problemas de usados. Suas propriedades físicas mais
concreto cresce conforme a demanda de descolamento das camadas pela ação da relevantes são a maior resistência a
carregamento da pista. Seu custo inicial de água. O concreto utilizado é de alta deformações permanentes, à fadiga e ao
construção ainda é superior ao do asfalto resistência inicial e dimensionado com envelhecimento, com o conseqüente
convencional, mas de maneira geral resistências à tração por flexão um pouco aumento da vida útil do pavimento. O
apresenta menores custos de manutenção. maiores, em torno de 6 MPa. consumo médio é de mil pneus/quilômetro
asfaltado, para uma espessura de
Pavimento de concreto simples: ASFALTO revestimento de cerca de 4 cm.
composto por camadas de base e de
revestimento. Apenas o concreto recebe CBUQ modificado por polímeros: o
os carregamentos, sem armaduras ligante propicia melhor desempenho ao
estruturais. Pode ou não ter barras de pavimento, que resiste mais ao
transferência de carga nas juntas trincamento térmico, ao envelhecimento
Marcelo Scandaroli

transversais – no Brasil, a colocação e à fadiga. Os polímeros mais utilizados


dessas peças é a prática mais comum. nas misturas asfálticas são os
elastoméricos (SBS, SBR) e os
Whitetopping convencional: tecnologia Para vias de tráfego leve, o asfalto atende plastoméricos (EVA e derivados).
dominada no País, consiste na execução com folga às solicitações de esforços. No
de pavimentação de concreto sobre uma entanto, de acordo com a professora Liedi CPA (Camada Porosa de Atrito):
via já existente e pavimentada com asfalto. Bariani Bernucci, da USP, desde a década a mistura apresenta alto índice de vazios
A espessura mínima normalmente gira em de 1990 os brasileiros já têm domínio das (18% a 25%), o que contribui para sua
torno de 15 cm, e não é necessária a tecnologias de pavimentos flexíveis função drenante e para a redução do efeito
aderência entre as camadas asfáltica e de modificadas – seja pela adição de spray. É essencial que a CPA seja aplicada
concreto. Na maioria dos casos, não exige borracha, seja pela adição de polímeros – sobre uma camada asfáltica em perfeitas
o tratamento da superfície antiga – apenas para atender às exigências por condições, sem trincas ou fadiga.
quando o leito ou o subleito apresenta durabilidade em vias de tráfego pesado.
deterioração em função de saturação por SMA (Stone Mastiq Asphalt):
água. A resistência à tração por flexão é Microrrevestimento a frio: o material usualmente é aplicado a quente em
normalmente dimensionada para 4,5 MPa. apresenta alto coeficiente de atrito, e é espessuras delgadas, de 20 mm a 40 mm,
uma mistura de agregado britado, fíler, sendo ideal para pistas de tráfego pesado
Whitetopping ultradelgado e emulsão asfáltica com polímeros e água. e intenso. Proporciona maior aderência
delgado: destinado a vias de tráfego Aplicado como camada selante, do pneu à pista e maior resistência à
leve, é pouco aplicado no mundo e está impermeabilizante, de regularização e deformação plástica.

tráfego, a disponibilidade de materiais elasticidade e durabilidade. De outro, o ver pesagem e controle adequados dos
na região da obra,além do relevo e clima concreto, pavimentação rígida que veículos pesados que nele trafegam.
locais. "Há regiões em que não existem tende a exigir, no longo prazo, menos Liedi dá um exemplo simples: a carga
pedreiras próximas ou onde o forneci- intervenções para manutenção. "Nós máxima legal por eixo simples de um
mento de cimento não é tão simples", temos, no Brasil, uma cultura de pavi- caminhão é de 10 t.Se ele excede esse li-
lembra a professora. Para tráfego leve, mentação asfáltica. Nossos engenheiros mite em apenas 3 t, o dano causado ao
asfalto é a solução corriqueira; em vias saem das faculdades sabendo projetar pavimento é quase três vezes maior. "A
de tráfego pesado, as alternativas são apenas com esse material", afirma o en- relação não é diretamente proporcio-
duas. De um lado, os asfaltos ganharam genheiro Wlastermiler de Senço. nal, é exponencial", complementa Al-
novos aditivos – como as borrachas e os Mas de nada adianta dimensionar bano, da UFRGS.
polímeros – que lhes garantem maior corretamente o pavimento se não hou- Renato Faria

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CAPA

Ligação
rodoviária
Complexo e gigante sob qualquer aspecto,

Fotos: Marcelo Scandaroli


Trecho Sul do Rodoanel demanda amplo
trabalho de engenharia, mas também de
gestão e coordenação de projeto e execução

mbora só esteja tomando forma Trecho Oeste permite acesso às cinco Ayrton Senna e Dutra. Além de Mauá,
E agora, o Rodoanel é fruto de uma
idéia surgida nos anos 1950, quando a
primeiras, além do Trevo Padroeira e
da avenida Raimundo Pereira de Ma-
os municípios de Ribeirão Pires,
Santo André, São Bernardo do
frota automobilística nacional come- galhães. Passa por São Paulo, Embu, Campo, Itapecerica da Serra, Embu e
çou a se formar efetivamente e a tomar Cotia, Barueri, Carapicuíba, Osasco e São Paulo, em seu extremo sul, serão
as vias da cidade de São Paulo. O con- Santana do Parnaíba. cortados pelo trecho. No total, serão
ceito de anel viário resultou na cons- Baseado em conceitos modernos,o 61.460,42 m de vias.
trução das avenidas marginais dos rios projeto do Rodoanel Mário Covas visa Com custo previsto de R$ 3,6 bi-
Pinheiros e Tietê, do Minianel viário e à segurança, com implantação com- lhões,sendo R$ 2,58 bi referentes à obra
do Anel Metropolitano. Devido à sa- pulsória de dispositivos e procedimen- física e o restante a ser destinado a desa-
turação das primeiras e da desconti- tos operacionais que minimizem con- propriações, reassentamentos e com-
nuidade das obras para os anéis, as seqüências de acidentes, especialmente pensações ambientais, o Trecho Sul foi
funções originais acabaram perdidas. com cargas perigosas. Conta com mo- projetado a partir de uma velocidade
Apenas em 1992 surgiu o projeto nitoramento em tempo real por câme- diretriz de 100 km/h. A rampa máxima
embrionário do Rodoanel, em mol- ras de TV e comunicação com os usuá- é de 4% e o raio mínimo é de 375 m
des semelhantes ao atual, com a cons- rios por meio de painéis de mensagens. para as pistas,que,duplas,contarão três
trução do Trecho Oeste iniciada em Rodovias Classe 0 – de elevado padrão e quatro faixas de rolamento por senti-
1998 e finalizada em 2002. O princi- técnico e controle total de acesso – do, a depender do trecho. As faixas
pal objetivo desse grande anel viário é como o Rodoanel apresentam em terão 3,6 m de largura, faixa de segu-
livrar a cidade do tráfego de passa- média índice de acidentes 70% menor rança de 1 m, acostamento de 3 m e
gem, deixando as vias livres para o em relação à Classe I. canteiro central gramado com 11 m de
transporte coletivo e individual. O Trecho Sul, que se conecta ao largura. Está prevista a construção de
Distante entre 20 e 40 km a partir Oeste na altura da Régis Bittencourt, 131 obras-de-arte, entre pontes, viadu-
do marco zero da capital, acompanha a terá 57 km de extensão, passando por tos, passagens superiores e inferiores.
mancha urbana e, finalizado, terá 170 Imigrantes e Anchieta e chegando à Coordenada pela Secretaria de Es-
km de extensão interligando as seguin- avenida Papa João XXIII, em Mauá. tado de Transportes, a obra está sob a
tes rodovias: Régis Bittencourt,Raposo Esta, graças a outros 4,4 km de vias e à responsabilidade da Dersa (Desenvol-
Tavares, Castello Branco, Anhangüera, extensão da Jacu–Pêssego, fará as vimento Rodoviário S.A.). Os consór-
Bandeirantes,Fernão Dias,Dutra,Ayr- vezes de Trecho Leste, promovendo cios construtores dos Lotes 1 a 5, como
ton Senna, Anchieta e Imigrantes. O conexão também com as rodovias está dividida a execução, são formados

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Com execução iniciada em fins de maio,


frentes de obra ainda estão em fase de
troca de solo e terraplenagem, como
nesse trecho da interligação em Mauá.
Equipamentos pesados, como tratores e
motoscrapers realizam o carregamento
e espalhamento de terra e nivelamento
do terreno

por, respectivamente, Andrade Gu- que autorizou o início das obras. Nesse Adotar a Avaliação Ambiental Es-
tierrez e Galvão Engenharia, Ode- período a Dersa buscou adequar as tratégica, comum na Europa, possibi-
brecht e Constran, Queiroz Galvão e exigências ambientais à viabilidade litou desmembrar o licenciamento.
CR Almeida, Camargo Corrêa e Ser- técnica. Assim, conseguiu, junto ao "Desenvolvemos estudos sinérgicos e
veng Civilsan, OAS e Mendes Júnior. Consema (Conselho Estadual do Meio cumulativos na área de mananciais,
Ambiente), que as licenças fossem pois o Trecho Sul é o mais complica-
Prática viabilizada emitidas por trechos. Nos moldes do do", conta o assessor de meio ambien-
Devido à magnitude e por atraves- Conselho todos os trechos do Rodoa- te da obra, o administrador José Fer-
sar a região de abastecimento de água nel seriam liberados ao mesmo tempo. nando Bruno. Tanto que o pagamen-
da RMSP (Região Metropolitana de No entanto, a validade das licenças é de to aos consórcios só é liberado após
São Paulo), foram cerca de quatro anos cinco anos. Maior, portanto, que o aprovação mensal por parte da super-
desde o pedido até a emissão da licença prazo de execução da obra. visão ambiental. Por isso, os emprei-

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CAPA

Desvio do tráfego do trevo da Imigrantes

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teiros foram treinados de modo a to- RODOANEL MÁRIO COVAS – TRECHO SUL
marem conhecimento dos procedi- Principais números
mentos necessários. "Caso haja algum Classe Descrição unidade Total
problema, devem resolver e arcar com Extensão total m 61.460,42
os custos", salienta Bruno. OAE Pontes/Viadutos quantidade 131
Dentre os cuidados está o de evitar Área m2 323.000
desmatar mais do que o necessário para Terraplenagem Escavação m3 34.900.000
a passagem da estrada, mesmo haven- Compactação m3 24.300.000
do autorização para ocupar uma faixa Solo Mole m3 2.560.000
de 130 m. Serão removidos 212 ha de Pavimentação Betuminoso m3 277.000
vegetação, mas o plantio compensató- Concreto m3 375.000
rio de árvores nativas atingirá 1.016 ha. Total m3 652.000
Antes de iniciar a supressão vegetal, o
Instituto de Botânica levanta as espé-
cies existentes na região que suscitam ambientais de grande porte em detri-
interesse científico. O mesmo faz o Ins- mento dos menores.
tituto de Zoologia com relação à fauna. O segundo ponto explica-se pelo
Os espécimes vegetais são levados fato de haver uma tendência natural de
para um viveiro existente no próprio deterioração de até 100 m de mata a
canteiro, onde ficam em quarentena, partir do ponto em que passa a estrada.
podendo voltar para as laterais da Nesses casos, afirma Bruno, é preferível
pista na região de onde foram tirados sacrificar nesgas menores a prejudicar
ou serem levados para estudo no Insti- o desenvolvimento das maiores.
tuto. Já os animais são espantados O traçado também considerou a

Marcelo Scandaroli
pelos veterinários no dia anterior ao expansão da cidade, especialmente na
desmatamento. Caso algum não fuja, é região de mananciais."O Rodoanel não
levado para cativeiro, onde é analisa- é barreira para os bairros que existem,
do, tratado e posteriormente solto no mas congela o crescimento", afirma. O
O projeto do Trecho Sul do Rodoanel
meio. Embora tenham encontrado motivo é que impossibilita a constru-
limita a rampa máxima a 4%, com raio
um bicho-preguiça com filhotes na re- ção de novas vias e ligações e não conta
mínimo de 375 m. Embora a velocidade
gião de Parelheiros, "é baixa a incidên- com nenhum acesso às avenidas e ruas
diretriz de projeto seja de 100 km/h,
cia de animais, a maioria são cachor- da região. Também promoverá a cria-
a velocidade da via pode ser menor
ros", conta Bruno afirmando que ção de novos parques e a ampliação e
desde o início das obras não houve ne- revitalização de áreas de preservação já
nhum acidente. existentes, além de atuar como barreira
Com duas tribos indígenas – Kru- à ocupação desordenada e à consecuti- contenção localizadas em pontos es-
kutu e Barragem – situadas a 8,5 km va degradação do manancial que abas- tratégicos. Com capacidade para com-
de distância da pista, foi realizado um tece a região do ABCD. portar todo o conteúdo de um cami-
inédito estudo etnoecológico para A travessia da represa de Guarapi- nhão, armazenam líquidos perigosos
avaliar o impacto da obra na organi- ranga ocorrerá num ponto em que a evitando que atinjam os lagos. "Exis-
zação e cotidiano dos índios. Mesmo, distância entre os lados é de apenas tem no Trecho Oeste, onde funciona-
de acordo com Bruno, não havendo 90 m. No caso da Billings, aproveitará a ram muito bem em testes com água",
impacto algum, a Dersa optou por de- existência de uma ilha que servirá de ilustra o assessor. Pequenos vazamen-
sapropriar e doar 100 ha de terras do apoio para os pilares da ponte de 1.800 m tos nos caminhões-tanque podem ser
entorno para cada tribo, resultando de extensão e 14 m de altura. Diferente- controlados nas baias de transbordo,
em áreas de 125 ha. mente do projeto-padrão da Dersa que com capacidade para 5 mil l – a mesma
prevê distância entre pilares de 40 m vi- de cada compartimento dos veículos.
Desviando de obstáculos sando o melhor custo–benefício,a pon- Em paralelo, há ganhos ambien-
Além das questões técnicas, a defi- te contará com vãos de 100 m para mini- tais indiretos. "O Rodoanel completo
nição do traçado considerou aspectos mizar o impacto no fundo da represa, permitirá a redução de 6% da polui-
socioambientais, o que aumentou em repleto de lodo proveniente do bom- ção atmosférica da RMSP", afirma
4 km a extensão do trecho. Foram beamento do rio Pinheiros. Bruno. Apenas o Trecho Sul deve pro-
considerados, para tanto, o "efeito de O risco de contaminação dos ma- piciar uma redução de 43% no fluxo
borda" e a conectividade e organiza- nanciais, decorrente de eventuais aci- de caminhões das marginais do rio
ção social. Ou seja, evitou-se cortar dentes com cargas perigosas, foi con- Pinheiros e de 37% para a avenida
bairros ao meio e impactar maciços tornado com a criação de caixas de dos Bandeirantes.

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CAPA

Fotos: Marcelo Scandaroli


Presentes em todos os canteiros, os Resultantes de uma nova medida O controle sobre a vegetação retirada
viveiros recebem os espécimes vegetais ambiental adotada pela Dersa, diques permite a elaboração de relatórios
encontrados durante o desmatamento provisórios ou definitivos evitam o emitidos aos órgãos competentes e
e que apresentam interesse científico. carreamento de material para a represa também a obtenção de recursos por meio
Depois vão ao Instituto de Botânica do leilão da madeira
ou voltam ao meio

Meio ambiente
Exigências evitam que produtos perigosos vãos de 100 m, minimizando o impacto
 Traçado: discutido entre as áreas de atinjam o entorno da rodovia no caso de ambiental no fundo da represa
meio ambiente e projetos, equilibra acidentes. Tanto as caixas quanto os Benefícios
determinações técnicas e cuidados pontos de instalação são aprovados pela  Qualidade do ar: além de afastar os
ambientais com a área de mananciais. Cetesb (Companhia de Tecnologia de caminhões da mancha urbana,
Como exemplo, dentre dois possíveis Saneamento Ambiental) desconcentrando a emissão de carga
traçados para determinado trecho optou-se  Baias de reposição e transbordo: poluente, também propicia que trafeguem
por aquele próximo à nesga de vegetação destinada a drenar vazamentos acidentais em velocidade constante, otimizando a
menor. Isso porque devido ao "efeito de em caminhões, têm capacidade para 5 mil l queima de combustível
borda", apenas áreas com mais de 50 ha – volume de cada tanque de um caminhão  Recursos hídricos: para reverter a
resistem ao processo de ocupação, – e possibilitam que o motorista aguarde degradação da várzea do Embu-Mirim, nos
enquanto nesgas menores próximas à pista socorro sem que haja contaminação municípios de Embu das Artes e
tendem a desaparecer com o tempo do entorno Itapecerica da Serra, há duas aberturas
 Caixas de contenção: localizadas em  Método construtivo: o projeto padrão entre as pistas que impedem o acesso ao
pontos estratégicos, como áreas de da Dersa para pontes prevê vãos de 40 m, rio Embu-Mirim, principal contribuinte da
mananciais ou densamente povoadas, mas a da travessia da represa Billings terá represa de Guarapiranga

Engenharia logística Divisão de Obras da Dersa, o enge- das famílias existentes na região.
A princípio o licenciamento am- nheiro Pedro Silva. "É providencial O exemplo – ou pelo menos a lição
biental havia sido dividido de acordo quando uma obra fomenta recursos – vem do Trecho Oeste, onde, no
com prioridades, sendo A, B e C. para o meio ambiente, e isso ocorre campo do meio ambiente,ainda há tra-
Assim, grosso modo, primeiro seriam desde que haja bom senso e os fins balhos de compensação e, sob o aspec-
liberadas frentes de obra em locais sejam úteis e produtivos", comenta to social, 60% das famílias optaram por
onde houvesse baixo impacto am- sobre a inevitabilidade da compen- ser indenizadas em dinheiro. Isso por
biental e facilidade de acesso – Priori- sação ambiental. "É razoável nos não acreditarem à época da construção
dade A. Locais com alguma complexi- reunirmos com os ambientalistas que as unidades seriam entregues. "Se
dade, mas onde fosse possível avançar para saber o que deve ser feito, tudo correr bem no Sul, será mais fácil
sem necessidade de reassentamentos temos que nos envolver." viabilizar o Leste", aposta Silva.
receberam classificação B – trechos Para ele, o custo da obra parada Com as questões socioambientais
esses que tiveram licença emitida em foi maior tanto financeiramente – R$ encaminhadas, existem ainda os desa-
3 de agosto último. A prioridade C, 2 bilhões/ano – quanto ambiental- fios para a engenharia. O mais eviden-
com expectativa de emissão de licença mente, pois alega que o Rodoanel te, pelo menos em termos de prazo, é
até fim de outubro, classifica locais teria evitado em grande monta a ocu- a ponte de 1.800 m sobre a represa Bil-
que exigem reassentamento. pação irregular das regiões de manan- lings, que representa 60% do contrato
A impressão de que o meio am- ciais. Atuaria como uma barreira à do lote. A ser construída em balanços
biente é um fator agravante à execu- ocupação e também, como vem fa- sucessivos e com fundações em esta-
ção é desmentida pelo gerente da zendo, promoveria o reassentamento cas pré-moldadas, apresenta ciclos de

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Peculiaridades de cada lote


Comentadas pelo gerente da Divisão de Obras da Dersa, o engenheiro Pedro Silva

Lote 1 (Av. Papa João XXIII até o Trevo chove demora muito para que o material distribuídos em 17.761,75 m de
da Anchieta): como 80% dos terrenos possa ser trabalhado", comenta Silva. extensão". Diferencia-se por atravessar
eram de um único proprietário e tinham Apesar de curto, são 6,9 km de extensão, quatro unidades de conservação, com
prioridade A de licenciamento ambiental, tem acesso e logística complicados, intervenção muito mais complexa
está adiantado em relação aos demais. além de um grande número de ambientalmente. Também conta com
Por estar em região de represa, em interferências com concessionárias. uma ponte de 700 m cruzando a Billings.
seus 12.460 m de extensão há 21 Lote 3 (Trevo da Imigrantes até término "Por ser mais curta, o problema também
obras-de-arte a fim de evitar aterros da ponte sobre a Billings): o mais curto, é menor", pondera Silva.
e, conseqüentemente, carreamento mas mais complicado tecnicamente. Dos Lote 5 (Término da ponte da
de material. Também é o trecho onde 5,76 km, 1,8 km são representados pela Guarapiranga até trevo da Régis
está a ligação de 4,4 km com a avenida ponte que atravessa a represa Billings, Bittencourt): com 18.580 m, é o mais
Papa João XXIII. o gargalo da execução em termos de extenso e acumula a função de proteger
Lote 2 (Trevo da Anchieta até início do prazo. Além disso, enfrenta problemas a várzea do Embu-Mirim, que alimenta
Trevo da Imigrantes): concentra o maior semelhantes – embora em menor escala a represa de Guarapiranga. O faz com
desafio operacional do projeto, o trevo – ao Lote 2 por abrigar o trevo de a criação, por meio de abertura entre as
da Anchieta. Boa parte dos 9,7 milhões interligação com a Imigrantes. pistas, de dois parques. Ao isolar essas
de m3 a serem escavados está em região Lote 4 (Término da ponte da Billings até áreas, evita a ocupação e a degradação
de fundo de vale, limitando os trabalhos término da ponte da Guarapiranga): ambiental. A conexão com a Régis
aos seis meses secos do ano – um total apresenta volume de movimentação de Bittencourt e com o Trecho Oeste será
de 18 meses até a entrega. "Quando terra semelhante ao Lote 2, "mas "tranqüila, pois já está preparada".

execução incompatíveis com a veloci- Os trevos de interligação do Ro- tráfego, principalmente da Imigrantes.
dade esperada. "Se perdermos prazos doanel com Imigrantes e Anchieta A escolha pela pavimentação obe-
em outros trechos, é possível recupe- também são problemáticos. Ambos dece a critérios técnicos de cada re-
rar; na ponte não", alerta Silva. Por em região de serra, com solo ruim e gião. Como regra, será aplicado pavi-
isso, à época da apuração, consórcio e clima desfavorável, exigem movimen- mento rígido e semi-rígido na exten-
Dersa buscavam autorização para im- tação de grandes volumes de terra e es- são da pista, com adoção do flexível
plantar um pátio de fabricação de quemas especiais de desvio de tráfego. nos trevos e na extensão até a avenida
aduelas pré-moldadas e, assim, au- Além disso, o período de verão que se Papa João XXIII, em Mauá.
mentar a produtividade. aproxima incrementará o volume de Bruno Loturco

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CAPA

Rio terá arco sul–norte


Arco Metropolitano do Rio de Janeiro receberá investimentos de R$ 800 milhões
O Arco Metropolitano do Rio de Maricá no futuro. Dessa forma você
Janeiro sairá do papel após 33 anos de vai de mar a mar", revela Vicente de Segmento A
expectativas. O projeto é uma das prio- Paula Loureiro, subsecretário de Esta- O projeto da BR-493 (Rodovia de
ridades do PAC (Programa de Acelera- do de Projetos de Urbanismo Regional Contorno da Baía de Guanabara),
ção do Crescimento) no estado flumi- e Metropolitano do Rio de Janeiro. com extensão de 25 km, está em
nense e interligará as cidades de Itabo- O projeto, de classe 0, prevê vias andamento e sob responsabilidade
raí, de Itaguaí e os principais eixos ro- planas e curvas abertas para os veícu- do Governo Federal e do DNIT. O
doviários. O objetivo é diminuir o los de carga, além de canteiros cen- trecho sofrerá duplicação da pista
fluxo na malha urbana da capital, trais generosos para futuras expan- entre BR-101 (Norte) e BR-116
como a avenida Brasil e a Ponte sões. Serão 182 obras de engenharia (Norte)/Rodovia Rio–Teresópolis.
Rio–Niterói, ampliar a acessibilidade entre viadutos, pontes, trevos, vãos di- Segmento B
aos Portos de Itaguaí (antigo Porto de mensionados para evitar a interven- O Governo Federal e o DNIT também
Sepetiba) e do Rio de Janeiro e incenti- ção de corpos d'água e intersecções. são responsáveis pela duplicação da
var investimentos privados na região. Estudos determinaram os lugares BR-101 (Sul)/Rodovia Rio–Santos.
O projeto do Arco possui 132 km adequados para pavimentos flexíveis A obra, já contratada pelo DNIT,
de extensão e custo estimado em R$ e rígidos. "É a primeira estrada do Rio duplicará 22 km de rodovias entre
800 milhões, segundo a Seobras (Secre- de Janeiro projetada para ser de car- Itacuruçá e a Avenida Brasil e o
taria de Obras Públicas do Estado do gas", diz Loureiro. O Arco também acesso ao Porto de Itaguaí.
Rio de Janeiro). As rodovias atravessa- oferecerá serviços como pátio de ma- Segmento D
rão oito municípios: Itaboraí, Guapi- nobra para carga perigosa, equipa- O traçado coincide com a BR-116
mirim, Magé, Duque de Caxias, Nova mentos modernos de sinalização, sis- (Norte)/Rio–Teresópolis, no trecho
Iguaçu, Japeri, Seropédica e Itaguaí. tema de monitoramento e veículos entre a BR-493 e a BR-040/Rodovia
O Arco foi dividido em quatro seg- para remoção de acidentes. Presidente Washington Luiz. A rodovia
mentos. O destaque é a construção da O PRE (Plano Rodoviário Esta- federal pedagiada e de pista dupla é
interligação de pista dupla com 72 km dual) de 1974 iniciou o embrião do operada pela concessionária CRT.
entre a rodovia BR-040 (Rio–Juiz de atual Arco Metropolitano. "O DER e Segmento C
Fora) e a BR-101 (Rio–Santos). As ro- a antiga Fundação de Desenvolvi- A BR-493/RJ-109 é o trecho
dovias BR-493, BR-101 e BR-116 com- mento da Região Metropolitana de- totalmente novo do projeto e
põem os outros três trechos, sendo senvolveram estudos para implanta- interligará as rodovias BR-040
que as duas primeiras serão duplica- ção", diz o subsecretário. No primeiro (Rio–Juiz de Fora) e a BR-101
das e todas terão seus acessos às outras momento, o modelo do DER que (Sul)/Rodovia Rio–Santos. A licitação
vias adaptadas. "O DER (Departa- cortava o Estado foi aceito e por in- dos 72 km da obra deverá ocorrer em
mento de Estradas de Rodagem) estu- constâncias políticas e econômicas novembro e a homologação no início
da um prolongamento de Manilha até nunca executado. O assunto foi reto- de 2008.
Seobras–RJ (Secretaria de Estado de Obras)
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mado com força pela Firjan (Federa- essa estrada traria para o mercado de da área de logística. "Em um trecho da
ção das Indústrias do Rio de Janeiro) cargas, de logística, do custo operacio- BR-493, há um paralelismo com o
na década de 90 e chamou a atenção nal das cargas do porto, seriam perdi- ramal ferroviário de cargas da MRS
do governo estadual que repassou re- das com essa tarifa", diz Loureiro. Para Logística", aponta Loureiro. Dessa
cursos para uma atualização do pro- impedir a utilização de rotas de fuga forma, há dois modais para facilitar a
jeto. O estudo revelou inviável a exe- dos pedágios, o projeto previa uma es- logística, além do fato de um deles se
cução do projeto inicial e um novo trada fechada e isolada das demais vias, articular com as principais rodovias
traçado básico foi elaborado. "No go- como uma linha expressa. Com a en- do País e dois portos fluminenses.
verno passado, a Firjan retomou o as- trada do Arco Metropolitano no PAC, A expectativa de investimentos
sunto e a sociedade pressionou", re- reformulou-se o desenho que passou a privados na área de influência do Arco
vela o subsecretário. A licitação para se integrar com as demais vias, mais é de US$ 16 bilhões nos próximos
recursos complementares do novo larga e canteiro central maior. cinco anos. Além do Comperj, CSN
traçado ocorreu com a aproximação A instalação do Comperj (Com- (Companhia Siderúrgica Nacional) e
dos governos estaduais e federais e a plexo Petroquímico do Rio de Janeiro) Porto de Itaguaí são apontados pelo
federalização da RJ-109. "O Governo é um exemplo de que o Arco Metropo- Governo Estadual como os responsá-
Federal entendeu que era um arco litano provocará modificações socioe- veis pelos investimentos. As empresas
que interligava várias BRs e a região conômicas em torno de si. Segundo o devem iniciar suas obras até 2008 e es-
metropolitana", afirma Loureiro. Em subsecretário, a montagem do com- tima-se que 58.200 empregos sejam
2007, a implantação do Arco Metro- plexo está atrelada com a construção gerados durante as obras e 10.800 pos-
politano foi inserida no PAC (Plano do arco com acesso ainda que em terra tos de trabalho criados com o início
de Aceleração do Crescimento). para o transporte de equipamentos das operações dessas empresas. Por
Na atualização dos estudos, há desembarcados no porto. Projeta-se esses motivos, o governo elabora um
concepção de realizar uma PPP (Parce- que as vias de acesso permitirão a ins- plano diretor estratégico de desenvol-
ria Público Privada) para viabilizar o talação de empresas na periferia da re- vimento sustentável para a região.
Arco. "As vantagens competitivas que gião metropolitana, principalmente Rafael Frank
drenagemxxX.qxd 5/9/2007 14:45 Page 46

DRENAGEM

Pista
seca
Bom funcionamento do
sistema de escoamento
Acervo Planservi

de águas pluviais
preserva o pavimento e
Fontes de água na estrutura do pavimento
evita acidentes
Infiltração pelas trincas e juntas

uando Tresaguet, Metcalf, Tel-


Q ford e McAdam – pioneiros das
técnicas de pavimentação – desco-
Pavimento
Subleito
Infiltração
pelas bordas
briram a necessidade de se manter os l
ra
leitos viários secos, surgiram os pri- Infiltração Elevação do
ão late
lençol freático olaç
meiros fundamentos que balizam até pelas bordas Perc
hoje a drenagem de rodovias. A água
Vapor

Vapor

Vapor
– a infiltração dela no pavimento –
sempre se soube ser a principal causa
Lençol freático
de deterioração precoce do pavi-
mento, demandando, desde então,
Drenagem – seção transversal
cuidados específicos de projeto.
Valeta de proteção
A drenagem consiste no conjunto
de corte
de operações e instalações destinadas
Talude de corte
a remover os excessos de água das su-
perfícies e do subleito da estrada. Visa Plataforma da rodovia
coletar, conduzir e lançar, o mais rápi- 1,0
do possível – e em local adequado – 1,0
Sarjeta Pista Pista
toda água que se origina, percorre ou
atravessa a plataforma viária, "que
possa comprometer a segurança do 1,5
Sarjeta de corte 1,0
usuário, a estabilidade geotécnica do Talude de aterro
maciço ou a vida útil do pavimento",
Dreno
descreve o engenheiro civil Carlos Encosta
profundo Sarjeta
Yukio Suzuki, professor doutor da i > 10%
Poli-USP, diretor técnico da Planser- Valeta de
vi, empresa especializada em projeto e Fonte: Planservi
proteção de aterro
consultoria. A drenagem evita a de-
gradação da plataforma viária, pro- onde as chuvas intensas ocorrem com talvegues, ou mesmo sob a forma de
longa a vida útil do pavimento, reduz freqüência, o Brasil registra muitos lençol freático", destaca o engenheiro
os custos operacionais dos veículos e problemas de drenagem do pavimen- Gabriel de Lucena Stuckert, responsá-
dos usuários, os índices de acidentes e to. "A ação prejudicial da água pode vel por normas e treinamentos do IPR
preserva as propriedades lindeiras. ocorrer por meio de precipitações, das (Instituto de Pesquisas Rodoviárias),
Por se tratar de um país tropical, infiltrações, da condução através de do DNIT (Departamento Nacional de

46 TÉCHNE 126 | SETEMBRO DE 2007


drenagemxxX.qxd 5/9/2007 14:45 Page 47

Dispositivos de drenagem Sistema de drenagem subsuperficial em curvas


g Pavimento Tran
1 s
Camada drenante Sc = ição
2 5 Filtro drenante 0 Sc
3 6 g
Tubo perfurado
4 7 Detalhe do g
8 dreno transversal
rvi
se

Sc
lan
:P
nte
Fo

Drenos transversais
1 Valeta de proteção de corte S Dreno longitudinal
2 Escalonamento
3 Sarjeta de corte
4 Caixa do canteiro central Tubos de saída
5 Talude de aterro Transiç
ão
6 Descida d'água Sc = 0 Pavimento Legenda
7 Dissipador
8 Bueiro ou ponte Trajeto do fluxo d'água
g Camada
Se Sc Declividade transversal
drenante g Inclinação longitudinal
Infra-estrutura de Transportes), do (greide)
Fonte: Planservi
Ministério dos Transportes.
Os pavimentos bem drenados exi-
gem gastos menores com manuten-
ção e recuperação e resultam em uma
SP-70 – Rodovia Ayrton Senna
Saída lateral de dreno subsuperficial e valeta no canteiro central
maior vida útil que suas contraparti-
das não drenadas. "São mais econô- Trecho: São Paulo–Guararema
micos ao longo do tempo", ressalta Cliente: Dersa
José Leomar Fernandes Júnior, pro- Projeto: Planservi
fessor doutor do Departamento de Data: anos 80
Transportes, da Escola de Engenharia Pavimento: tipo asfáltico semi-rígido
de São Carlos. Escopo: drenagem da água livre, proveniente

Acervo Planservi
de infiltração pelas trincas superficiais, através
Riscos da umidade de dispositivos de drenagem superficial,
A infiltração de água na estrutura profunda e subsuperficial.
do pavimento e a manutenção de níveis
elevados de umidade no seu interior são
causas importantes relacionadas ao de-
SP-348 – Rodovia dos Bandeirantes
Saída de dreno subsuperficial em valeta lateral (em posições e ângulos distintos)
sempenho insatisfatório do pavimento.
"O resultado da exposição contínua à Trecho: Campinas–Limeira
umidade tem como principais conse- Pavimento: tipo asfáltico invertido
qüências a perda de rigidez das camadas Cliente:AutoBAn
de fundação com a saturação e a degra- Projeto: Planservi
dação da qualidade dos materiais pela Data: anos 90
interação com a umidade, culminando
Acervo Planservi

Escopo: drenagem da água livre infiltrada pelas


com a progressão dos defeitos de pavi- bordas do pavimento, por meio de dispositivos de
mento, em especial o trincamento do drenagem superficial, profunda e subsuperficial.
revestimento (tanto asfáltico quanto
concreto de cimento Portland) e o au-
mento da irregularidade longitudinal recorrência das precipitações pluvio- falha de um projeto é o dimensiona-
com o tempo", justifica o engenheiro métricas medidas no local, estabelecer mento hidráulico inadequado dos dis-
Marcos Dutra de Carvalho, especialista corretamente os seus tempos de con- positivos de drenagem selecionados,
em pavimentos, da ABCP (Associação centração, e selecionar conveniente- incompatível com as descargas de pro-
Brasileira de Cimento Portland). mente os dispositivos de drenagem a jetos calculadas para os mesmos".
serem implantados são os principais
Cuidados cuidados a serem tomados ao se proje- Dimensionamento
Correlacionar adequadamente a tar o sistema de drenagem. Para Stuc- O projeto adequado de um sistema
intensidade, a duração e o tempo de kert, engenheiro do IPR, "a principal de drenagem subsuperficial de pavi-

47
drenagemxxX.qxd 5/9/2007 14:45 Page 48

DRENAGEM

Sistemas
Drenagem superficial natureza e a categoria da rodovia. alvenaria de tijolo ou pedra, pedra
Realizada por valetas de proteção, de Para a escolha do revestimento – arrumada ou vegetação, de acordo com
bermas e canteiro central, sarjetas de concreto de cimento ou betuminoso a velocidade do escoamento e conforme
pé, entre outros, evita e remove as (figura); solo, solo betume ou solo a natureza do material do solo.
águas que descem as encostas e cimento –, considera-se a velocidade
taludes e atingem a estrada, além de limite de erosão do material, Drenagem subsuperficial ou
controlar a erosão dos taludes de corte a classe da rodovia e os do pavimento
e de aterro. Esse tipo é idêntico tanto condicionantes econômicos. Composta por camada drenante,
para o pavimento de concreto quanto drenos rasos, laterais de base e
para o de asfalto. Valetas de aterro transversais, remove a água infiltrada
As valetas de proteção de aterros e existente eventualmente no interior
Sarjeta de corte interceptam as águas que correm pelo da estrutura do pavimento e trata as
A sarjeta de corte capta as águas que terreno a montante, impedindo-as de águas provenientes das chuvas que
se precipitam sobre a plataforma atingir o pé do talude de aterro. ali se infiltram. Preserva a capacidade
e taludes de corte, conduzindo-as, Também recebem as águas das sarjetas de suporte do subleito e a resistência
longitudinalmente à rodovia, até e valetas de corte, conduzindo-as ao dos materiais constituintes da base
o ponto de transição entre o corte dispositivo de transposição de e sub-base, prolongando a vida
e o aterro. A seção pode ser triangular, talvegues. As seções podem ser útil do pavimento (veja mais detalhe
trapezoidal ou retangular (figura). trapezoidais (figura) ou retangulares. no boxe “Contra a infiltração”).
E o revestimento, de alvenaria de tijolo E o revestimento, de concreto,
ou de pedra argamassada; pedra alvenaria de tijolo ou pedra, pedra Drenos profundos
arrumada ou arrumada revestida arrumada, vegetação (figura), de Os drenos profundos interceptam
ou revestimento vegetal, em função acordo com a velocidade do o fluxo da água subterrânea pelo
do risco de erosão, e o aspecto escoamento, natureza do solo e fatores rebaixamento do lençol freático,
técnico-econômico. de ordem econômica e estética. impedindo-o de atingir o subleito,
Talude de corte Talude de aterro e são formados por três tipos de
Grama materiais: filtrantes (areia, agregados
Meio-fio Solo escavado apiloado britados, geotêxtil, etc.), drenantes
1
Sarjeta a Escavação (britas, cascalho grosso lavado etc.),
Acostamento e condutores (tubos de concreto,
1 30 1 cerâmicos, de fibrocimento,
“H” 1 1
Variável 100 100 de plásticos e metálicos). Quando
Terreno natural não são colocados tubos no
Fonte: "Manual de drenagem", do DNIT
a montante interior dos drenos chamam-se
Fonte: "Álbum de projetos-tipo de dispositivos de drenagem", do DNIT drenos cegos.
Sarjeta triangular de concreto
A sarjeta de aterro capta as águas 1
Valetas de corte
precipitadas sobre a plataforma,
As valetas de proteção de cortes 2
impedindo que provoquem erosões na
interceptam as águas que escorrem 3 4
borda do acostamento e/ou no talude
pelo terreno natural a montante,
do aterro, conduzindo-as ao local de 5
impedindo-as de atingir o talude de
deságüe seguro. A seção transversal
corte. Podem ser trapezoidais (figura), 6
pode ser triangular (figura), trapezoidal
retangulares ou triangulares. E
ou retangular, de acordo com a 7
revestidas de concreto (figura), 1 Eixo 8
Acostamento Aterro compactado
2 Semipista
30 50 com material resultante
3 Acostamento
Nível de escavação
4 Dreno longitudinal profundo
5 Sarjeta
30

8 6 Saída de água da sarjeta


30
7 Saída de água do dreno
60
Talude de corte
8 Escavação eventual
Solo local Pavimento
Fonte: "Álbum de projetos-tipo de dispositivos de drenagem", do DNIT Fonte: "Álbum de projetos–tipo de dispositivos de drenagem", do DNIT Fonte: "Manual de drenagem", do DNIT

48 TÉCHNE 126 | SETEMBRO DE 2007


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mentos deve cumprir as seguintes eta- Movimentação de água


pas: determinação do volume de água Pavimento de concreto de
Acostamento que infiltra na estrutura; dimensiona- cimento Portland não carregado
CA ou CCP Base e/ou sub-base mento hidráulico da camada drenante Pavimento de CCP
(determinação da espessura e do coefi- Base de agregados (saturada)
ciente de permeabilidade do material Solo do subleito (saturado)
Saída empregado); dimensionamento dos
Camada Preenchimento drenos longitudinais subsuperficiais Pavimento de concreto de
drenante Tubo coletor coletores, incluindo a definição do es- cimento Portland carregado
paçamento entre as saídas d'água. Sentido de deslocamento
Drenagem profunda ou
A vazão prevista, decorrente da
subterrânea
infiltração pelo revestimento, deverá
Drenos profundos, horizontais
percolar através da camada drenante,
profundos, verticais de areia e em
de forma que não seja atingida a satu-
espinha de peixe, camadas drenantes,
ração, e ser coletada pelos dispositivos Pressão hidrostática
valetões laterais entre outros esgotam ou Jato d'água
adequados (drenos longitudinais de
as águas que se infiltram na plataforma,
borda ou transversais). Para que isso
drenando o líquido acumulado na base e
ocorra, é necessário o controle das ca- Sentido de deslocamento
na sub-base. Impede que as águas
racterísticas geométricas e geotécni-
subterrâneas saturem os aterros ou
cas de cada camada, garantindo-se o
atinjam os pavimentos, mediante
escoamento através do conceito da hi-
rebaixamento do lençol freático e
dráulica dos meios porosos.
controle de percolação de nascentes.
A atribuição de um sistema de dre- A água é violentamente
Os dispositivos mantêm a umidade
nagem subsuperficial adequado tem in- deslocada, carregando finos
de equilíbrio compatível com as
fluência significativa na determinação
condições de tráfego e desempenho
da espessura necessária para a estrutura Pavimento de cimento asfáltico
estrutural previstos no projeto de
de pavimento. "No entanto, o método não carregado
pavimentação. Segundo Stuckert,
do DNER/DNIT não faz nenhuma Trincas total ou parcialmente
engenheiro do IPR, esse tipo não é
menção direta acerca da influência da cheias d'água
usual em pavimentos de concreto.
umidade excessiva no dimensionamen- Pavimento asfáltico (flexível)
to do pavimento, apenas observando Base de agregados (saturada)
Drenagem de talvegue
quanto ao posicionamento do lençol Solo do subleito (saturado)
Bueiros, pontilhões ou pontes fazem
freático, que deve estar rebaixado a pelo
a transposição de um vale ou de um
menos 1,5 m do topo do subleito pela Pavimento de cimento asfáltico
curso d'água.
instalação de drenos profundos", diz carregado
Carvalho, engenheiro da ABCP. Sentido de deslocamento
Bueiros
Conforme Angela Martins Azeve-
Os bueiros permitem a passagem livre
do, mestranda na Poli-USP e enge- 4 4
das águas que escoam pelas estradas.
nheira da Planservi Engenharia, "aná-
Podem ser tubulares (figura), celulares,
lises de desempenho desenvolvidas 1 2
elípticas ou ovóides. Em concreto
com o modelo apresentado no método
simples ou armado (figura), chapa 3
da AASHTO/1993 indicam a sensibili- 4 4
metálica corrugada ou polietileno de
dade quanto aos efeitos deletérios da
alta densidade, PEAD, além do PRFV – 1 Cunha de água Livre
drenagem". De acordo com o método,
plástico reforçado de fibra de vidro. 2 Deflexão da base de agregados
para o dimensionamento do pavimen-
3 Deflexão do subleito
to é necessária a atribuição de um coe-
4 Pressão hidrostática
ficiente associado ao desempenho pre-
Fonte: Planservi
visto do sistema de drenagem subsu-
perficial. Normalmente, adota-se que cançar a camada drenante/dreno sub-
esse será "bom" ou "muito bom". No superficial. O desempenho do siste-
entanto, ela enfatiza, caso não seja veri- ma, portanto, não será aquele espera-
ficada a compatibilidade entre os ma- do no dimensionamento.
teriais (suscetibilidade à água, granu- Para pavimentos asfálticos, a varia-
lometria e permeabilidade), corre-se o ção da vida útil estimada pode ser da
risco de não haver continuidade para ordem de 50%,caso o sistema de drena-
Fonte: "Manual de drenagem", do DNIT
o escoamento da água e desta não al- gem subsuperficial não trabalhe de

49
drenagemxxX.qxd 5/9/2007 14:46 Page 50

DRENAGEM

Contra a infiltração Revestimento Revestimento


Dreno profundo
A pavimentação deve apresentar uma
estrutura robusta o suficiente para suportar
Tubo dreno
as cargas de tráfego, proporcionando um
Sub-base ou base Tubo dreno
nível de conforto ao rolamento aceitável ao
Base de graduação aberta Sub-base ou base
longo do período determinado pelo projeto. Fonte: "Manual de drenagem", do DNIT
Base de graduação aberta
Uma vez que a água livre no interior da Fonte: "Manual de drenagem", do DNIT
estrutura afeta diretamente a resistência dos Camada drenante
materiais, a sua remoção através de fluxos Feita de material granular e colocada logo
Camada drenante
vertical ou lateral por drenos subsuperficiais abaixo do revestimento, seja ele asfáltico
dreno profundo
deve ser parte integrante do processo de ou de concreto de cimento Portland, a
O modelo é utilizado nos casos em
dimensionamento estrutural de pavimentos. camada drenante transfere as águas
que é possível conectar com os
A drenagem subsuperficial é uma das formas infiltradas para fora da pista de rolamento.
drenos profundos existentes.
de controle e redução da ação da água sobre Sua espessura varia de acordo com as
o pavimento, pois ajuda a manter a base, condições pluviométricas das regiões
Disposição dos drenos
sub-base, subleito e outras camadas livres onde se situam e são fixadas pelas
subsuperficiais
de saturação, ou pouco expostas à umidade. necessidades hidráulicas de drenagem das
Os drenos subsuperficiais podem ser
O sistema retira a umidade do pavimento rodovias. De um modo geral, os materiais
rasos longitudinais (figura), laterais
antes que a degradação se inicie. usados nas bases drenantes são agregados
de base, ou transversais (figura) –
O projeto do sistema de drenagem de rocha sadia, britados ou não.
bastante usados nas restaurações de
subsuperficial do pavimento consiste na
rodovias, onde houver, abaixo do
determinação do balanceamento entre Drenos subsuperficiais
revestimento, uma base drenante
permeabilidade e estabilidade da estrutura Os drenos subsuperficiais recebem as
sem o necessário deságüe.
do pavimento e na coleta e remoção rápida águas drenadas pela base drenante,
da água que infiltra no pavimento. Algumas conduzindo-as longitudinalmente até o 30
características importantes são a escolha do local de deságüe. Os materiais usados 1 3

40
material de base, a indicação de uma terão, no mínimo, a mesma condutividade 2 4
camada de filtro para evitar a infiltração de hidráulica da camada drenante.
água do subleito para a base e um sistema 40 40
de coleta.
30
O avanço da técnica da drenagem dos
3
pavimentos tem sido grande nas últimas Em cortes Em aterros 1
40

décadas e os técnicos vêm reconhecendo 4


A – Como drenos longitudinais rasos
cada vez mais a sua importância. De um 2
modo geral, essa drenagem se faz necessária,
40 40
Pista Acostamento
no Brasil, nas regiões onde anualmente se
verifica uma altura pluviométrica maior do
1 Material filtrante
que 1.500 mm e nas estradas com um TMD
2 Tubo de concreto ou PEAD
mínima 1% corrugado (ø10 a 15)
(Trânsito Médio Diário) de 500 veículos
comerciais, segundo recomenda o "Manual B – Como drenos transversais rasos 3 Manta geotêxtil
de drenagem", do DNIT. Fonte: "Álbum de projetos-tipo de dispositivos de drenagem",
4 Material drenante
do DNIT

forma adequada. Podem ser obtidas, Caso o sistema de drenagem sub- nagem esperadas pelo projeto", afir-
ainda, variações mais significativas da superficial seja ineficaz, o desempe- ma o engenheiro Suzuki, professor da
vida útil, entre 75% e 90%, em análises nho da estrutura de pavimento fica Poli-USP. Segundo ele, o dimensiona-
considerando péssimo funcionamento comprometido. Dessa forma, não mento de sistema de drenagem sub-
dos dispositivos de drenagem subsu- basta apenas dotar o pavimento do superficial deve considerar as caracte-
perficial, provocado, por exemplo, pela sistema de drenagem subsuperficial e rísticas físicas e hidráulicas dos mate-
incompatibilidade hidráulica dos mate- atribuir um coeficiente supostamente riais previstos e verificar a continui-
riais constituintes,tanto da estrutura do adequado ao dimensionamento para dade hidráulica do sistema, com o ob-
pavimento quanto da drenagem (res- que ele seja considerado drenante. jetivo de estabelecer de forma racional
tringindo o escoamento da água no in- "Uma análise hidráulica do sistema os coeficientes a serem utilizados no
terior do pavimento de forma que esta proposto agrega à estrutura que será projeto de pavimentação.
fique acumulada). implantada as características de dre- Silvana Maria Rosso

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outras capas126.qxd 10/9/2007 17:21 Page 5
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ACÚSTICA

Ruído barrado
Conheça as experiências internacionais e os principais cuidados de projeto
de barreiras para minimização de ruídos de rodovias
Ulf Sandberg

Barreira acústica instalada em rodovia que liga a cidade de Hanover, na Alemanha, a seu aeroporto

omuns na Europa, Estados Uni- parte porque as rodovias brasileiras que a implantação das barreiras é mais
C dos, Austrália e leste asiático –
principalmente no Japão e em Hong
são, na maioria, anteriores à preocupa-
ção ambiental relacionada a elas. E tais
econômica durante a construção da
rodovia.
Kong –, as barreiras acústicas estão soluções exigem estudos prévios e pro- "Realmente são soluções caras,
presentes ao longo das rodovias que jetos detalhados antes da instalação. principalmente se pensarmos nas ro-
cortam áreas residenciais. Por aqui, Além dos fatores culturais, o custo, dovias existentes com grande ocupa-
com exceção de raras iniciativas, a ins- geralmente expressivo, é mais uma das ção no seu entorno", observa Nilo
talação desses sistemas custa a se dis- razões apontadas por consultores para Horn, gestor de meio ambiente da
seminar como solução efetiva para explicar tal fenômeno. É consenso Autoban. Ele lembra que a falta de le-
barrar os ruídos das estradas. Em entre as concessionárias e especialistas gislação específica permitiu a ocupa-

52 TÉCHNE 126 | SETEMBRO DE 2007


materia.qxd 5/9/2007 17:48 Page 53

ção desordenada das áreas no entorno


das rodovias tornando muito difícil a
mitigação do ruído do tráfego, tendo
em vista o conforto acústico desejável.
De fato, a construção de uma ro-
dovia ou uma via expressa de tráfego
pesado, cortando áreas urbanizadas,
ocasiona dano permanente nessas re-

Elieni Strufaldi, IPT


giões, causando problemas à popula-
ção vizinha e muitas vezes descarac-
terizando-as totalmente. A realização
de estudos prévios de impactos am- Túnel falso em Osaka, Japão, usado para proteger o prédio à direita, evitando que a
bientais por ruído de tráfego antes da implantação de barreiras muito altas causassem grande impacto visual
sua execução é, portanto, a forma
mais eficaz para a melhor concepção
do traçado da estrada. Mas, quando de ruído gerado de uma rodovia pelo a região, conforme zoneamento da
necessário, o uso de soluções como tráfego de veículos. prefeitura local. Na prática, o grau
barreiras acústicas e pavimentos "si- De acordo com o consultor em de eficiência da barreira instalada
lenciosos", combinados à redução do engenharia e meio ambiente Eduardo variará de acordo com a composi-
limite de velocidade dos veículos, são Murgel, quando devidamente dimen- ção dos efeitos da transmissão so-
maneiras de evitar ou minimizar os sionadas e construídas com materiais nora, da refração e perda da re-
impactos sobre a vizinhança. adequados, podem promover a redu- flexão do som.
ção do nível sonoro de 6 a 20 dBA, de- O correto dimensionamento das
Projeto pendendo das posições relativas da barreiras deve considerar esses efei-
As barreiras acústicas são eficien- fonte, da barreira e do receptor. tos separadamente, já que a atenua-
tes quando conseguem produzir Em geral, o projeto da barreira ção por transmissão direta, sem a
uma proteção entre a fonte de ruído acústica deve levar em consideração barreira, muito mais elevada do que
– um caminhão ou carro, por exem- o tipo de fonte geradora do ruído, o a que é obtida pelo desvio da onda
plo – e as pessoas expostas ao baru- nível de ruído que chega ao recep- sonora pode significar, por exem-
lho, reduzindo, desse modo, o nível tor e o nível máximo de ruído para plo, um superdimensionamento do

Estudo no Rodoanel
Com o objetivo de propor soluções para Técnicas), normas para análise, cálculo e problemas de segurança viária.
minimizar o impacto acústico nas regiões proposta de mitigação de ruído móvel no Para tentar solucionar o problema, o
lindeiras do Rodoanel, capital paulista, a País", explica José Fernando Bruno, pavimento de concreto de cimento
Dersa, em parceria com o IPT (Instituto assessor de Meio Ambiente da Dersa. Portland será revestido com CPA
de Pesquisas Tecnológicas do Estado de Entre as propostas sugeridas para (camada porosa de atrito), um tipo de
São Paulo), vem monitorando o nível de mitigar o ruído na região estava, a mistura asfáltica. A idéia é reduzir de 4
ruído na região do conjunto Tamboré. princípio, o uso isolado das barreiras a 9 dB, minimizando o barulho do atrito
A iniciativa, acompanhada pela Cetesb, acústicas. No entanto, estudos dos pneus na pista de rolamento.
órgão técnico da Secretaria Estadual do constataram que para atingir a meta de "A partir disso, as barreiras acústicas
Meio Ambiente, faz parte de uma série de redução estipulada pela norma e devido serão dimensionadas para complementar
ações para mitigar o problema ao longo à topografia da região, a execução a necessidade de redução de ruído
do traçado e é considerada inédita no desses elementos exigiria construções restante", explica Márcia Aps, diretora
Brasil. "Não existe, por meio da ABNT altas implicando custos elevados, interina do Centro de Tecnologia de
(Associação Brasileira de Normas grande impacto visual e eventuais Obras de Infra-estrutura do IPT.

53
materia.qxd 5/9/2007 17:49 Page 54

ACÚSTICA

Tipologias
Conheça alguns tipos de barreiras
adotadas em rodovias
Fotos: Samuel Branco

Barreira de concreto ondulada, Barreira curva em concreto e Barreira metálica, localizada em estrada
parcialmente absorvente acrílico, na Suíça entre Pádua e Veneza, na Itália

Barreira acústica metálica, instalada Base de concreto e material Barreira mista executada em concreto
próxima a Zurique, na Suíça transparente, na Suíça e acrílico

Contribuições das várias fontes para o ruído na rodovia ao fogo, às intempéries e facilidade
85 de manutenção.
eral Vale ressaltar que o princípio bá-
80 Ruído g sico das barreiras é proporcionar um
Fonte: Donavan, 2004 apud Bernhard; Wayson, 2005

o pneu obstáculo isolante da propagação de


75 Ruído d
ondas sonoras que, ao se chocarem,
Leq (dBA)

também possam ser parcialmente ab-


a
70 o sistem sorvidas. Os materiais empregados
Ruído d
na sua construção terão, portanto, re-
65 c o
âmi lação direta com a parcela de som a
ro din
ae ser absorvida. Quanto maior a sua
60 do
Ruí densidade superficial, maior será a
55
perda de transmissão sonora. O
50 60 70 80 90 100 110 120 130 índice de redução sonora de uma
Velocidade (km/h) barreira, segundo a NBR 14.313, deve
ser no mínimo 25 dBA.
Fonte: Donavan, 2004 apud Bernhard; Wayson, 2005
Segundo Ulf Sandberg, professor-
adjunto do Swedish National Road and
material utilizado. "Sem acarretar 14.313 (Barreiras Acústicas para Transport Research Institute (VIT) e da
necessariamente uma melhoria da Vias de Tráfego – Características Chalmers University of Technology
eficiência global da barreira", con- Construtivas), que especifica, entre (Suécia), o ideal é usar materiais densos
clui Murgel. outros aspectos, as principais carac- como concreto, aço, madeira e até ma-
A escolha dos materiais deve ser terísticas construtivas que devem teriais transparentes."Mas o material
pautada pela norma brasileira NBR ter, tais como resistência estrutural, não é um aspecto tão crítico como são a

54 TÉCHNE 126 | SETEMBRO DE 2007


materia.qxd 5/9/2007 17:49 Page 55

Elieni Strufaldi, IPT

Elieni Strufaldi, IPT


Detalhe de barreira com dois tipos de material: na parte superior, o CPA; na inferior, o Painel utilizado em barreiras acústicas
concreto convencional com material que absorve o som

bastante comum, em países como


Normas Japão, Estados Unidos e na Europa, a
execução de barreiras que se 'curvem'
Em geral, a reação pública a uma fonte de Conforto da Comunidade para ruídos
sobre a rodovia, limitando o espaço
ruído ocorre quando ultrapassado de três a emitidos em decorrência de quaisquer
aberto sobre esta", explica Sandberg.
cinco pontos o limite normalizado pela atividades industriais, comerciais, sociais ou
Para que seja eficiente, no entanto,
legislação de níveis de ruído. A Resolução recreativas que considera recomendável,
é imprescindível que a barreira seja
Conama 1/90 determina que sejam para conforto acústico, os níveis máximos
mais longa do que o trecho a ser pro-
respeitados os padrões estipulados pela mostrados abaixo. Entretanto, não se deve
tegido. A proteção de um lindeiro
ABNT, conforme a NBR 10.151 – Avaliação elegê-la para proteção de ocupação lindeira
junto à rodovia de 100 m de compri-
do Ruído em Áreas Habitadas Visando o das rodovias.
mento, por exemplo, exigirá a cons-
trução de uma barreira de 200 m, pre-
LIMITES DE RUÍDO CONFORME NBR 10.151 (dB) vendo aproximadamente 50 m a mais
Tipos de áreas Diurno Noturno de cada lado.
Área mista, predominantemente residencial 55 50 Outro detalhe importante é tratar
Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55 acusticamente o lado da barreira pró-
Área mista, com vocação recreacional 65 55 ximo à fonte de ruído com materiais
Área predominantemente industrial 70 60 que absorvam o som, tais como lã mi-
Obs.: caso o nível de ruído preexistente no local seja superior aos relacionados na neral ou materiais porosos especiais
tabela, então esse será o limite. para esse fim. Desse modo, é possível
minimizar a reflexão do som para o
lado oposto da rodovia, assim como
evitar reflexões sucessivas entre os
altura, o comprimento e a distância da pleta Murgel. O projeto deve conside- veículos e a barreira.
fonte de ruído", observa. rar também as ações do vento e o tipo
A atenuação do ruído devido ao de solo onde serão executadas. Quan- Alternativas
desvio da onda sonora relaciona-se di- to mais próximas da fonte ou do re- Solução de grande impacto visual
retamente com a geometria e dimen- ceptor, menores serão a altura ne- e, sobretudo, custosa, a implantação
sões da barreira e dos agentes emisso- cessária das barreiras, dependendo da de barreiras, como medida isolada,
res e receptores do ruído. A atenuação cota em que se encontram ambas. nem sempre é considerada a melhor
do nível de ruído depende, sobretudo, Em geral, as alturas típicas de bar- alternativa para a mitigação de ruídos
da altura da barreira e seu posiciona- reiras acústicas variam de 2,5 m a 8 m. em rodovias públicas. Em certas si-
mento, mas sempre se apresentam em Mas podem, em situações críticas de tuações, podem até mesmo ser total-
valores bastante abaixo do índice de exposição ao barulho – como em ro- mente ineficientes. Maria de Fátima
redução sonora da barreira, indepen- dovias que atravessam cidades, por Ferreira Neto, física do Laboratório de
dendo do material empregado", com- exemplo – serem maiores que 8 m. "É Conforto Ambiental e Sustentabilida-

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ACÚSTICA

Cuidados necessários
Qual o grau de eficiência das lado oposto, é necessário colocar um
barreiras acústicas implantadas material que absorva o som na superfície
em rodovias? da barreira próxima à fonte.
A barreira só é eficaz quando encobre a
paisagem visual da fonte geradora de ruído. Quais são as recomendações quanto
Caso o indivíduo possa enxergar a fonte do aos aspectos visual e ambiental?
ruído por sobre a barreira, ela será O aspecto visual das barreiras é muito
totalmente ineficaz. Isso também importante. Em geral, na Europa, Japão e

Acervo pessoal
acontecerá se a barreira for apenas Estados Unidos, partes ou até mesmo
ligeiramente maior que a linha de visão do toda a barreira são construídas com
receptor. Em geral, não são soluções muito materiais transparentes, apesar de
Ulf Sandberg, professor-adjunto do
eficientes quando instaladas a longas altamente refletoras. Um ponto relevante
Swedish National Road and Transport
distâncias, como por exemplo a 200 m ou é que as autoridades rodoviárias devem
Research Institute (VIT) e da Chalmers
mais da fonte de ruído. Entretanto, a 100 m sempre informar os moradores e ouvir
University of Technology (Suécia) e autor
ou mais perto e com alturas satisfatórias, as seus pontos de vista antes de as
do livro Tyre/Road Noise Reference Book
barreiras podem produzir uma redução de instalarem. Há muita psicologia envolvida
(www.informex.info)
barulho de 5 dB a 20 dB. na implantação desse elemento. Há casos
onde elas tiveram de ser retiradas depois
Que detalhes devem ser observados de algum tempo em função dos protestos
na execução da barreira? dos moradores, representando uma Recentemente, tem se tornado popular
É importante que a barreira receba tremenda perda de dinheiro. combinar essa solução com pavimentos
absorção acústica na face voltada para a que reduzem o som proveniente da
estrada, evitando a reflexão do som para o Além das barreiras, quais são as interação pneu-pavimento. Em alguns
outro lado da pista, o que causaria um medidas adotadas nesses países casos, um pavimento silencioso pode ser
aumento do barulho nessa região. Se não para solucionar o problema de mais efetivo para reduzir o barulho do
for possível tolerar o aumento do ruído no ruído em rodovias? tráfego do que as barreiras.

de dos Edifícios do IPT (Instituto de mento de Engenharia do Transporte


Pesquisas Técnológicas do Estado de e coordenadora do Laboratório de
São Paulo) lembra que as barreiras Tecnologia de Pavimentação da Poli-
têm limite teórico de 24 dB de atenua- USP, entre as novas tecnologias para
ção de ruído e limite prático de 15 dB pavimentos destaca-se a CPA (cama-
a 18 dB. Portanto, se a idéia for ate- da porosa de atrito), mistura asfáltica
nuar 30 dB, a barreira por si só não é a que, depois de aplicada, apresenta
solução mais eficaz. Nos países onde uma grande quantidade de vazios de
seu uso é mais disseminado, é prática pequenas dimensões em compara-
comum a especificação de soluções ção ao concreto asfáltico convencio-
integradas envolvendo a combinação nal, além de possuir uma textura
de pavimentos especiais e barreiras aberta, conferindo excelentes carac-
acústicas, tal como deverá acontecer terísticas acústicas.
no Rodoanel (leia boxe). "Quando a intervenção no pavi-
Especialistas afirmam que 90% do mento não é uma solução suficiente
ruído gerado pelo tráfego é causado para mitigar o ruído até níveis aceitá-
Elieni Strufaldi/IPT

pela interação pneu-pavimento. Por- veis, as barreiras são soluções comple-


tanto, em alguns casos, a aplicação de mentares eficientes para atingir a re-
um pavimento "silencioso" que absor- dução final desejada", ressalta a mes-
va de 5 dB a 15 dB pode ser uma alter- Em teste: barreira em Kobe, Japão, com tre em Engenheira Civil Elieni Gui-
nativa mais barata, de fácil execução e microfone que capta o ruído e retorna, marães Barbosa Strufaldi, do Institu-
manutenção e com menor impacto vi- por meio de auto-falantes, uma onda to de Pesquisas Tecnológicas do Esta-
sual à implantação de barreiras. igual, mas com fase inversa. Assim, uma do de São Paulo.
De acordo com a professora Liedi onda anula a outra, aumentando a Gisele Cichinelli
Bariani Bernucci, chefe do Departa- eficiência da barreira Colaborou: Fernando Henrique Aidar, consultor

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PISOS

Revestimento certo
Propriedades mecânicas, instalação e manutenção: conheça
esses e outros critérios para especificação de pisos

dade que será desenvolvida no espa-


ço e as exigências quanto ao rigor es-
tético e limpeza/manutenção que o
local exigirá. Respondidas essas
questões, o profissional pode partir
para uma avaliação dos produtos
disponíveis por meio da análise das
características técnicas, como resis-
tências à abrasão, ao manchamento e
a ataques químicos, resistência me-
cânica, e níveis de absorção de água.
De acordo com a arquiteta Ales-
sandra Abdala, o conhecimento das
características intrínsecas de cada
material é imprescindível na hora de
escolher revestimentos para áreas
externas e internas, sejam secas ou
molháveis. "A má escolha pode levar
a problemas de manutenção futuros
e perda da beleza do ambiente", ex-
plica Alessandra. No caso de revesti-
mentos produzidos mecanicamen-
te, como laminados, cerâmicos e vi-
Natália Yudenich/Shutterstock

nílicos, também devem ser analisa-


dos o tipo de fabricação, a confor-
mação com as normas existentes, e o
histórico e confiabilidade do fabri-
cante. Já a escolha por pisos de pe-
dras naturais e madeira natural
Associar resistência e facilidade de manutenção aos pisos pétreos é um exemplo
também engloba a origem e tipo do
de avaliação subjetiva. Algumas pedras são inadequadas para uso externo por
material, a análise da superfície e
absorverem muita água e mancharem com facilidade
cor, e a resistência mecânica. Depois
de escolhido o material de acaba-
variada gama de revestimentos desvantagens. A comparação entre as mento adequado, o sucesso do siste-
A de piso disponíveis no mercado
exige bastante atenção no momento
principais opções por meio de crité-
rios técnicos bem definidos pode ser
ma de piso ainda depende de uma
boa preparação do contrapiso e cor-
da especificação. Todos os tipos de trabalhosa, mas é compensadora. reta aplicação do material, com ar-
pisos, sem exceção, devem ser aplica- Antes da escolha, o responsável gamassas e rejuntes específicos para
dos em locais que otimizem suas ca- deve saber qual o orçamento destina- cada produto.
racterísticas positivas e minimizem do aos revestimentos de piso, a ativi- Simone Sayegh

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MATRIZ DE ESPECIFICAÇÃO – RECOMENDAÇÕES BÁSICAS DE USO


Piso Modelo Uso residencial Uso comercial/escritórios Uso industrial/hospitalar
(Alto tráfego) (Alto tráfego)
Cerâmica lisa Áreas internas: secas Uso livre, conforme Uso em halls e consultórios (evitar
e molháveis padrão estético áreas que exijam grande limpeza
devido ao grande número de juntas)
rugosa Áreas externas Áreas externas e internas Áreas externas e halls de
(conforme padrão estético, entrada e consultórios (conforme
mas dificulta manutenção) padrão estético)
Rochas polida Áreas internas: áreas Uso livre, conforme padrão Uso livre, verificar segurança contra
secas e molháveis estético (verificar índice quedas, ataque de produtos químicos
(verificar índice de absorção de água e e resistência mecânica (mais utilizada
de absorção de água) resistência mecânica) em halls e consultórios)
rugosa Áreas externas: verificar Áreas externas. Não Áreas externas
cores e índice de recomendado para áreas
absorção de água internas: difícil manutenção
Vinílicos placas Área internas secas Áreas internas secas – Áreas internas secas – alto tráfego
e longe do sol (evitar alto tráfego
móveis pontiagudos)
mantas Áreas internas secas Áreas internas secas – Áreas internas secas – alto tráfego
e longe do sol (evitar alto tráfego
móveis pontiagudos)
Madeira Área internas secas e Áreas internas secas – Não recomendado: (acumula pó,
natural externas (decks tratados) prever proteção superficial não aceita umidade, resistência a
reforça da alto tráfego máquinas pesadas, etc.)
Laminados Áreas internas secas Áreas internas secas Não recomendado: máximo
e carpetes consultórios e halls de entrada
de madeira

Vinílicos
Os pisos vinílicos são formados por um recomendados apenas para uso interno, comerciais, como lojas e supermercados.
composto de policloreto de vinila (PVC) pois perdem a cor com a exposição "As juntas fechadas desses pisos recebem
misturado a aditivos específicos que ao sol e não resistem a chuvas e água bem os carrinhos com rodas de poliuretano,
conferem maleabilidade e resistência. constante, que provocam seu e o material tem grande capacidade de
Estão disponíveis em placas e mantas. descolamento. Para evitar a descoloração absorção acústica, além de ter manutenção
De acordo com Miguel Bahiense, diretor em pisos expostos, próximos a janelas simples", explica Cristina Kanaciro,
do Instituto do PVC, características como e grandes aberturas, recomenda-se pesquisadora do IPT que participou da
resistência ao atrito, capacidade de a adição de aditivos antiUV à composição. elaboração da norma NBR 7374 editada
isolamento termoacústico e variedade de A escolha por mantas ou placas depende do em 2006, que define requisitos de
cores e padrões tornam-os apropriados orçamento reservado. As mantas, com resistência, métodos de classificação
para os mais diversos ambientes larguras entre 0,6 m e 2 m, são ideais para e usos específicos, e tipos de ensaios.
internos, incluindo escritórios, comércios locais onde a limpeza é imprescindível, pois A correta especificação do piso vinílico
e instalações hospitalares. Grande parte formam um conjunto monolítico, que inclui depende de um contrapiso perfeitamente
dos pisos disponíveis no mercado são o rodapé. Por não apresentar emendas, nivelado, pois qualquer pequena
evita o acúmulo de poeira, condição de deformação é revelada na superfície
Marcelo Scandaroli

limpeza necessária a instalações externa da placa ou manta. Pela mesma


hospitalares e laboratórios. Já as versões razão, até modelos destinados a alto
em placas podem ser encontradas em tráfego são facilmente riscados por
diferentes medidas e formatos. Uma de objetos pontiagudos, sendo necessária
suas principais vantagens é a facilidade de a utilização de protetores de feltro em
substituir partes danificadas sem afetar todos os pés de mobílias frequentemente
o restante do revestimento. Além do uso deslocadas. Além disso, o piso vinílico
industrial e hospitalar, os pisos vinílicos não aceita areia ou terra, que pode
também são muito utilizados em espaços marcar sua superfície.

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PISOS

Cerâmicos
Conhecidos como pisos frios, devido
à rápida difusão de calor, os produtos
disponíveis no mercado podem ser
classificados com relação ao
recebimento de esmalte, método de
fabricação, absorção de água, classes
de resistência à abrasão superficial,
ao manchamento e a ataques químicos,
e ao aspecto superficial, de acordo com
as normas de terminologia, classificação
e especificação NBR 13816, NBR 13817
e NBR 13818. As peças esmaltadas
(glazed) são classificadas segundo a
sigla em inglês PEI (Porcelain Enamel
Institute), instituição que desenvolveu
o método de ensaio para avaliar a
resistência à abrasão em placas
cerâmicas. A classificação varia de

Divulgação: CCB
1 a 5, e quanto maior o índice, maior
é a resistência à abrasão.
No caso do porcelanato, peça também
formada de argila e composições como
RESISTÊNCIA AO DESGASTE SUPERFICIAL
feldspato e corantes, é queimado a mais
Grupo Resistência à abrasão Recomendações de uso
de 1.250ºC e submetido a pressões de
Grupo 0 Baixíssima Paredes
compactação acima das utilizadas pelas
Grupo 1/PEI-1 Baixa Banheiros residenciais
cerâmicas convencionais. Sua versão
Grupo 2/PEI-2 Média Ambientes residenciais sem porta
tradicional é sem esmaltação, com
para o exterior
massa apresentando características
Grupo 3/PEI-3 Média alta Ambientes residenciais com porta
homogêneas. Apresenta alta resistência
para o exterior
à abrasão profunda, ao gelo, aos ácidos
Grupo 4/PEI-4 Alta Ambientes públicos sem porta
e álcalis, alta impermeabilidade e
para o exterior
uniformidade de cores. A norma de
Grupo 5/PEI-5 Altíssima e Ambientes públicos com porta
fabricação de porcelanato, a NBR
sem encardido para o exterior
15.463, editada este ano, fixa
Fonte: CCB
parâmetros técnicos de absorção de
água. O porcelanato não esmaltado evitar quedas, já em ambientes extensões, onde são necessárias juntas
deve apresentar índice de absorção de internos, onde a limpeza é sempre de movimentação, e ambientes com
água igual ou menor que 0,1, e o realizada de maneira manual, peças água estancada, como piscinas. É muito
esmaltado deve ter índice de absorção polidas garantem maior brilho, beleza comum o uso de argamassas colantes,
de água igual ou menor que 0,5%, com e facilidade de manutenção. conhecidas como cimentos colantes ou
resistência à abrasão superficial O engenheiro Marcelo Dias, do Centro argamassas adesivas, pois apresentam
indicada pela classificação PEI. Entre Cerâmico do Brasil, recomenda que a maior facilidade no preparo e aplicação
outras características do produto, a escolha de argamassas e rejuntes em relação às argamassas tradicionais
norma ainda determina que a obedeça à norma NBR 14992/2004 que preparadas em obra.
resistência ao manchamento seja da divide os rejuntamentos em tipo 1, A norma NBR 13753 trata dos
classe 3 ou superior. destinado a aplicações em locais de procedimentos ideais para o revestimento
Na escolha de qualquer das peças trânsito não intenso, com placas de piso interno ou externo com placas
cerâmicas é importante conhecer os cerâmicas de absorção de água acima de cerâmicas, e com utilização de argamassa
níveis de resistência recomendáveis 3% e aplicação em locais cuja área não colante. Já o porcelanato requer a
para cada uso e escolher peças com ultrapasse a 20 m²; e do tipo 2, utilização de uma argamassa com maior
superfícies adequadas a cada ambiente. destinado a locais de trânsito intenso, aderência, com um produto específico às
Em ambientes externos, peças com com placas de absorção de água inferior suas características, com o argamassa
superfícies mais rugosas são ideais para a 3%, e para ambientes com grandes colante aditivada com polímeros.

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Madeira e laminados
Os pisos de madeira podem ser maciços equivalente ao da peroba-rosa, que
(madeira natural) ou feitos a partir de absorvem menos água. A pesquisadora
painéis de madeira prensados com indica o ipê, o pau-marfim, o cumaru
acabamento com folha de madeira natural e o jatobá como espécies adequadas para
(carpete de madeira), ou resina aplicação em pisos, que apresentam
melamínica (laminados). Os maciços densidades elevadas. Outra propriedade
dividem-se em assoalhos, tacos e mecânica importante é a Dureza Janka,

Marcelo Scandaroli
parquetes, e na hora da escolha devem ser que determina a resistência à introdução
considerados fatores estéticos e funcionais, de uma semi-esfera de metal na madeira.
como resistência e durabilidade. Pisos de Em ambientes externos, como varandas
madeira maciça geralmente são resistentes e ao redor de piscinas, são indicados os
à abrasão e ao desgaste causado pelo chamados decks, produzidos de forma resina melamínica de alta resistência
tráfego, seja ele baixo ou intenso, e diferenciada com madeira de alta (lâmina decorativa protegida por filme
permitem recuperação com o lixamento e resistência e estabilidade dimensional, transparente). Os carpetes de madeira
a aplicação de novo filme de acabamento como o ipê e o cumaru. Já os pisos também podem apresentar miolo em MDF
da superfície. Antes da aquisição do piso o destinados a ambientes internos não e aglomerado, ou ainda em compensado, e
comprador deve verificar se o fornecedor devem ser adotados em locais sujeitos recebem como acabamento uma finíssima
comercializa madeiras que tenham origem à alta incidência de umidade. folha de madeira natural com verniz apenas
em florestas com planos de manejo A ANPM (Associação Nacional dos na face superior. O acabamento superior
florestal. A escolha também deve levar em Produtores de Pisos de Madeira) está credita ao piso laminado uma vida útil
conta a estabilidade dimensional, a desenvolvendo um "Manual de Instalação muito superior ao do carpete de madeira.
interação com o contrapiso e com o verniz de Pisos de Madeira" com informações O piso laminado é normatizado pela NBR
de acabamento, além de fatores sobre o assunto. 14.833/2002 e NBR 14.833/2003. Entre
ambientais, tais como exposição ao sol e Entre os pisos prensados a escolha deve outros aspectos, as normas definem o tipo
ao ar-condicionado. Segundo Fabíola levar em conta principalmente a de produto adequado ao uso conforme a
Zambrano, pesquisadora do IPT, uma boa durabilidade. Os laminados possuem miolo resistência necessária a impactos, abrasão
maneira de balizar a escolha é procurar em MDF ou aglomerado e acabamento das ou manchas e ainda indicam os materiais
madeiras com grau de dureza superior ou faces superior e inferior com filme de de limpeza que podem ser utilizados.

TIPOS DE PISOS DE MADEIRA


Tipo Características Instalação Dicas
Assoalho Réguas de madeira maciça com Diretamente sobre contrapiso por Durabilidade e acabamento.
comprimento, espessura e larguras barroteamento (pequenas réguas de A colocação pode ser feita
variáveis. Permitem lixamento e madeira embutidas no contrapiso também em diagonal. É
aplicação de novo filme de onde as peças são fixadas). necessário observar se a
acabamento para recuperação Lateralmente, as peças são encaixadas espessura das réguas não vai
colocar piso e portas em desnível
Carpetes Lâminas de madeira natural com Tipo flutuante (as lâminas são Podem ser instalados sobre pisos
de madeira base de compensado com cerca assentadas sobre manta plástica já existentes. Podem riscar com
de 7 mm de espessura e e fixadas lateralmente por colagem) facilidade, não sendo indicados
dimensões variáveis para áreas de circulação intensa.
Laminados Réguas de material composto Réguas fixadas entre si por colagem Possui encaixe lateral entre
de chapas de fibra de madeira, e apoiadas no piso. Quando instalado as peças e pode também ser
com cerca de 8 mm de espessura, em diagonal, a perda do piso é de instalado sobre pisos já existentes.
prensados e resinados, reproduzindo, até 12%. Se instalado no sentido A aparência, por vezes, é artificial
na superfície, padrões de madeira longitudinal e transversal, a perda
e revestidos com papel é de até 8%
decorativo ou overlay
Tacos e Tacos: pequenas placas de madeira Colagem sobre o contrapiso Atualmente, colas especiais
parquetes maciça com tamanhos variáveis. tornaram a fixação mais
Parquetes: placas compostas por resistente, diminuindo o risco
pequenos tacos rejuntados, das peças descolarem
formando mosaicos

61
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PISOS

Pedras naturais
O uso de pedras naturais como
revestimento de piso muitas vezes está
associado à idéia de força e segurança.
Muitos profissionais acreditam,
erroneamente, que ao escolherem pedras
estarão resolvendo o problema da
resistência e manutenção. "Esse é um
perigoso engano, pois muitas pedras
mancham e são inapropriadas para uso
externo ou locais com muita umidade",
garante a arquiteta Alessandra Abdala.
A escolha da pedra deve ser o resultado
da integração da estética com as
propriedades tecnológicas e solicitações
no uso previsto, com vistas à melhor
relação custo-benefício. De acordo com a
especialista em rochas ornamentais Eloísa
Frasca, do IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo), os
critérios básicos para a escolha da rocha
também variam conforme os ambientes
internos (domésticos e comerciais) e
externos, e levam em conta todas as
características técnicas básicas como
absorção de água, desgaste superficial
e resistência mecânica (veja tabela).
O desgaste abrasivo, cuja primeira
evidência é a perda de brilho nas rochas
polidas, é importante parâmetro para a
Marcos Lima

escolha do material para revestimento


de pisos sujeitos a alto tráfego. Deve-se
evitar paginações com o uso de
materiais com resistências abrasivas No revestimento de pisos em exteriores o que facilita a troca de placas.
muito diversificadas, para que não ou áreas freqüentemente molhadas, o O coeficiente de dilatação térmica
ocorram desgastes diferenciais. "Os acabamento rústico ou com rugosidade definirá a espessura/largura mínima das
granitos pretos tendem a perder brilho é recomendado para evitar quedas. Em juntas, principalmente em revestimentos
mais rapidamente que os granitos locais sujeitos a tráfego intenso, como externos, onde a insolação e
vermelhos e cinzas", exemplifica Eloísa. shoppings centers, e principalmente conseqüente aquecimento diurno
A escolha pelo acabamento superficial em declividades ou escadas, também e resfriamento noturno promovem
certo também garante o sucesso do é praticamente obrigatório o uso de movimentos de dilatação e contração.
conjunto. Ele pode ser polido ou material rochoso com acabamento A resistência mecânica é um parâmetro
rústico (levigado, flameado, rústico. As rochas ainda podem a ser especialmente enfocado em locais
apicoado, jateado e muitos outros). compor pisos elevados de escritórios, onde, além de pedestres, também
transitam veículos. Rochas com
CRITÉRIOS DE ESCOLHA resistências mais baixas deverão ser
Características Exteriores Interiores utilizadas com espessuras maiores.
Doméstico Comercial A norma EN 1341:2001: "Slabs of
Absorção de água X X X natural stone for external paving.
Desgaste abrasivo X O X Requirements and test methods",
Resistência mecânica X O # da CEN (Comissão Européia de
Dilatação térmica X O O Normalização) estabelece diferentes
Acabamento superficial X # X classes de uso em pisos e sugere
X = obrigatória; O = muito importante; # = importante. as cargas mínimas de rupturas.

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Envie artigo para: techne@pini.com.br.


O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

Aumento da capacidade de
carga de pontes de madeira
s pontes de madeira têm suma im- por um tabuleiro de concreto faz com
A portância no desenvolvimento
econômico e social dos municípios do
Victor Marcuz de Moraes
Faculdade de Engenharia
que não somente as vigas que estão
sob o rodeiro, mas sim todas as peças
de Ilha Solteira – Unesp
Brasil,especialmente daqueles cuja eco- da seção, inclusive o concreto, resis-
mmvictor5@hotmail.com
nomia se baseia em atividades agrícolas. tam aos esforços solicitantes. Isso gera
Essas estruturas possibilitam a entrada um aumento na capacidade de carga
José Antônio Matthiesen
de insumos nas propriedades, o escoa- das pontes existentes.Além disso,o ta-
doutor em estruturas
mento da produção e o livre desloca- buleiro de concreto protege as peças
matth@dec.feis.unesp.br
mento das populações do meio rural. de madeira das intempéries e da ação
Entretanto, a maioria das pontes abrasiva do tráfego, que são as princi-
Claudionicio Ribeiro de Souza
de madeira no Brasil não é projetada e pais causas de deterioração da supe-
mestre em Engenharia Civil
construída por técnicos e construtores restrutura das pontes de madeira.
crsouza@dec.feis.unesp.br
especializados em madeiras. Isso resul- Para que a seção mista funcione
ta em estruturas caras, inseguras e de eficientemente, é necessário que haja
baixa durabilidade.Além disso, muitas Esses fatos indicam a urgente ne- um sistema de conexão entre os mate-
das estruturas que se encontram em cessidade de adequação dessas estru- riais madeira e concreto capaz de
uso não foram projetadas para as car- turas, tornando-as mais resistentes e transmitir os esforços entre eles. Esse
gas às quais estão sujeitas atualmente e, mais duráveis. Uma alternativa para a sistema pode ser composto por conec-
ainda, não têm recebido a manutenção solução desses problemas está na com- tores contínuos, tais como adesivos
adequada.A figura 1 mostra um exem- posição de seções mistas madeira– estruturais, chapas metálicas cravadas
plo de ponte cuja superestrutura en- concreto. A substituição dos tradicio- na madeira e imersas no concreto; ou
contra-se deteriorada. nais assoalhos e rodeiros de madeira por conectores discretos, tais como

Guia de roda
Rodeiro
Assoalho
Guarda-corpo

Figura 1 – Ponte convencional de Longarinas


madeira com tabuleiro deteriorado Figura 2 – Superestrutura convencional de ponte de madeira em viga simples

64 TÉCHNE 126 | SETEMBRO DE 2007


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pregos, parafusos ou barras de aço cra- bc = 106,25 cm sc sm,c


vadas ou coladas na madeira. Pesquisas 14,5
recentes têm mostrado que os conecto- 0,5hc = 12,5 cm
res discretos, principalmente os de bar-
ras de aço coladas à madeira, pela sua ac = 18,58 cm 4,9
facilidade de aplicação e boa eficiência, 10,5
são os mais indicados. aw = 8,92 cm

23,92 cm
A rigidez da conexão é quantifica-

h
da pelo seu módulo de deslizamento, 0,5hw = 15 cm
que pode ser definido como a força pa-
19,1
ralela à superfície de interação entre os bw = 25 cm k = 406,5 kN/cm sm,w sw
materiais necessária para provocar um
deslocamento relativo unitário entre Figura 3 – Distribuição de tensões (MPa) dadas pelo Eurocode
eles. Esse parâmetro normalmente é
medido em ensaios do tipo push-out,
onde aplica-se forças cisalhantes em
uma conexão e mede-se os desloca-
mentos correspondentes.
Como método construtivo para o
tipo de estrutura proposta,pode-se utili-
zar painéis treliçados autoportantes
como pré-lajes, que são colocados justa-
postos na direção transversal da ponte,
ligando uma viga à outra. Em seguida,
colocam-se os conectores de cisalha- Figura 4 – Montagem do tabuleiro com Figura 5 – Concretagem na laje
mento e a armadura adicional, mon- painéis treliçados autoportantes
tam-se as fôrmas laterais para contenção
do concreto e procede-se à concretagem das para cargas de aproximadamente mista de seção T, com alma de ma-
final da laje. Esse sistema evita a necessi- 12 t. O tráfego atual mudou conside- deira e mesa de concreto conectados
dade de execução de fôrmas e cimbra- ravelmente. Hoje, trafegam por essas por pinos de cisalhamento. As carac-
mentos, tornando a construção ou re- pontes caminhões com capacidade de terísticas dos materiais consideradas
forma mais rápida e menos onerosa. carga de até 60 t, ficando as cargas nessa verificação foram:
mais freqüentes entre 20 t e 30 t.
Metodologia Com a utilização do tabuleiro de Madeira
O presente trabalho visa compro- concreto, busca-se a readequação des- Classe 60 (de acordo com NBR
var a eficiência do sistema estrutural sas pontes, na tentativa de qualificá- 7190/97)
proposto, tentando demonstrar o las como pontes classe 30, segundo a Seção das vigas: 25 cm x 30 cm
ganho de rigidez e de resistência NBR 7188/84. Para isso, foram reali- Distância entre vigas (eixos): 106,25 cm
dado pelo tabuleiro de concreto que zados cálculos a partir do método
vem em substituição ao assoalho e proposto pelo Eurocode 5/93, que Concreto
rodeiro de madeira. versa sobre seções compostas de ma- Resistência à compressão: fck = 30 MPa
Para alcançar esse objetivo, foi rea- deira unidas por conectores discretos. Módulo de elasticidade: Ec = 30672 MPa
lizado um estudo de caso. Tomou-se Também foi construído um modelo Peso específico: gc = 24,0 kN/m3
como objeto de estudo a superestru- físico reduzido, na escala 1:2, da ponte Altura da laje: hc = 25 cm
tura de uma ponte formada por cinco em estudo.
vigas longitudinais, igualmente espa- O processo construtivo emprega- Conectores
çadas, com vão livre de 6 m (conforme do na confecção do modelo seguiu as Barras de aço CA-50
figura 2). Essa estrutura foi escolhida mesmas etapas que seriam realizadas Diâmetro: d = 20 mm
por ser muito comum em estradas vi- na recuperação de uma ponte já exis- Espaçamento: s = 15 cm
cinais no interior do Brasil. Somente o tente, com exceção, é claro, da etapa
Estado do Mato Grosso do Sul, por de retirada do assoalho deteriorado. Não foi considerada no cálculo a
exemplo, conta com 964 pontes de distribuição transversal das cargas de
madeira em viga simples, sendo 391 Método de cálculo adaptado do roda do veículo-tipo que atuam sobre
com extensão menor que 10 m. Eurocode 5/93 o tabuleiro, ou seja, toda a carga do
Muitas dessas pontes foram cons- O elemento estrutural utilizado veículo-tipo é suportada por apenas
truídas há décadas, tendo sido projeta- nesse dimensionamento é uma viga duas vigas mistas. As solicitações de

65
artigo126.qxd 5/9/2007 15:01 Page 66

ARTIGO

cálculo, calculadas de acordo com a yc = 1+ π2EcAcs = 0,108; onde V é o valor do esforço cor-
NBR 8681/04, que atuam na viga kL
2 tante atuante na seção.
mista a ser verificada são: Md = 330,0 Dessa forma, como a resistência
kN.m e Vd = 219,0 kN. de cálculo ao cisalhamento é fv0,d = 2,5
 aw: distância do CG da peça de ma-
O método proposto pelo Euroco- MPa, a viga mista suporta a solicita-
deira à linha neutra do sistema:
de 5/93 determina as tensões normais, ção cisalhante imposta.
tangenciais e a força que atua nos co- aw = ycEcAc(hc+hw) = 8,92 cm
nectores de cisalhamento por um 2[ycEcAc+ywEwAw] Verificação dos conectores
produto de rigidez efetivo, (EI)ef, que A força de cisalhamento atuante
 ac: distância do CG da peça de con-
leva em consideração, além das carac- em cada conector, na seção de conta-
creto à linha neutra do sistema:
terísticas dos materiais e da seção to entre a madeira e o concreto, deve
transversal, o módulo de deslizamen- ac = (hc+hw) - aw = 18,58 cm ser tomada como:
2
to da conexão.
F1 = ycEcAcacsV = 53,1 kN
Cálculo da rigidez efetiva: (EI)ef
Determinação da rigidez efetiva
Para determinação da rigidez efe- (EI)cf = EcIc+ycEcAca2c+EwIw+ Para a verificação dos conectores,
tiva (EI)ef, segue-se o seguinte roteiro ywEwAwaw2 = 1.012.687.867 kN.cm2 Ceccotti (1995) propõe que a resis-
de cálculo: tência de cada conector deve ser to-
mada como o menor valor encontra-
Verificação das tensões normais
Cálculo do módulo de deslizamento do pelas expressões abaixo:
As tensões normais que atuam na
da conexão:  Efeito de compressão localizada
seção mista são dadas por:
Primeiramente calcula-se a densi- no concreto:
dade característica do material, que, σc = ycEcac M = 2,01 MPa
para a seção mista em questão, fica: (EI)ef R1, d = 0,23d fck Ec = 78,9 kN
γc
ρk = ρk,c ρk,w = 1549,2 kg/m3 σm, c = 0,5Echc M = 12,49 MPa
(EI)ef  Efeito de corte no conector:
Para verificações quanto ao esta-
R1, d = 0,8fyk πd = 100,5 kN
2
do limite de serviço, o módulo de σw = ywEwaw M = 7,12 MPa
(EI)ef 4γv
deslizamento kser (em N/mm), a ser
considerado é dado por: σm, w = 0,5Ewhw M = 11,98 MPa  Efeito de embutimento na madeira:
kser = ρ1,5
k
d
= 60976 N/mm = (EI)ef R1, d = 1,5 2My, dfe0, dd = 30,4 kN
20
onde: σc, σw : tensões no CG das
609,8 kN/cm onde fyk: tensão de escoamento do
peças de concreto e de madeira, res-
material do conector: fyk = 50 kN/cm2;
pectivamente;
onde ρk deve ser fornecido em γv: fator parcial do material: γv = 1,25;
σm, c, σm, w : tensões complementa-
kg/m3 e d em mm. My,d: momento de escoamento de
res na borda superior da peça de con-
A verificação quanto às tensões cálculo de um conector, dado por
creto e inferior da peça de madeira,
será feita com relação ao Estado Limi- 3 (
My, d = My, k = 1 0,8fyk d
te Último. Nesse caso, o módulo de
deslizamento a ser utilizado é:
respectivamente.
A distribuição de tensões normais γv (
γv 6
dada pelo método adaptado do Euro- = 42,7 kN.cm
ku = 2 kser = 406,5 kN/cm
code 5/93 pode ser vista na figura 3.
3 Portanto R1,d = 30,4 kN < F1,d=
Com base nas tensões apresentadas
53,1 kN. Para solucionar esse proble-
nessa figura, conclui-se que as solicita-
Cálculo dos parâmetros geométricos das ma, deve-se colocar os conectores
ções são menores que as resistências de
seções de madeira e de concreto: com espaçamento menor na região
cálculo dos materiais, com exceção da
Os parâmetros geométricos (área e dos apoios, onde atua o esforço cor-
tensão de tração na parte inferior da
momento de inércia) das peças de ma- tante de 219 kN. O espaçamento má-
mesa de concreto, que deve ser comba-
deira e concreto são, respectivamente: ximo nessa região deve ser 7 cm.
tida com a colocação de armadura.
Aw = 750 cm2 Iw = 56250 cm4
Modelo experimental
Verificação da tensão cisalhante
Ac = 2656,25 cm2 Ic = 138346,35 cm4 Construção do modelo
A tensão máxima de cisalhamen-
O modelo reduzido foi construí-
to, que ocorre no CG do sistema (al-
Cálculo dos parâmetros geométricos da do com o objetivo de verificar o real
tura h, na figura 3), é:
seção mista: comportamento da estrutura quan-
 yw: fator parcial da alma: yw =1 τw, max = 0,5Ewh2 V = 1,51 MPa to aos deslocamentos e à transferên-
 yc: fator parcial da mesa: (EI)ef cia de esforços entre as vigas e a laje

66 TÉCHNE 126 | SETEMBRO DE 2007


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CS CS CS CS CS
CI CI CI CI CI
MS MS MS MS MS
RC RC
MI MI MI MI MI
VA VB VC VD VE
Figura 6 – Posicionamento dos instrumentos

e, também, de analisar a distribuição central do modelo, individualmente 0


P = 40 kN
transversal das cargas no tabuleiro. em cada viga, para análise da contri- P = 70 kN

Deslocamentos verticais (mm)


Projetado na escala 1:2, o mode- buição transversal dada pelo tabulei- 1
lo possui 2,24 m de largura por 3,00 ro de concreto. As figuras 7 e 8 mos-
m de comprimento (com vão teórico tram, respectivamente, os desloca- 2
de 2,90 m). É composto por um con- mentos verticais das vigas para car-
junto de cinco vigas de madeira de gas aplicadas nas vigas VC e VE. 3
Pínus com seção transversal de 12 A segunda série de carregamen-
cm x 15 cm, espaçadas uma da outra tos consistia na divisão das forças 4
em 41 cm. aplicadas em dois pontos da seção
5
Como conectores de cisalhamen- transversal central do modelo, com
to, foram utilizados pinos de aço CA- o objetivo de simular a atuação das P = 100 kN
6
50A com diâmetro de 12,5 mm e rodas de um veículo. As figuras 9 e VA VB VC VD VE
comprimento de 15 cm. Os pinos 10 mostram, respectivamente, os
Figura 7 – Deslocamentos verticais
foram cravados na madeira por pré- deslocamentos verticais das vigas
para carga sobre a viga VC
furação com diâmetro de 10 mm e para cargas aplicadas nas vigas VB –
profundidade de 7 cm. VD e VA – VC. -3
Como pré-lajes, foram utilizados Depois de realizados os ensaios
-2
painéis pré-moldados de concreto. O não destrutivos, o modelo foi leva- Deslocamentos verticais (mm)
-1
concreto lançado tinha resistência de do à ruptura aplicando-se cargas de
20 MPa. As figuras 4 e 5 mostram a maneira análoga à segunda série de 0
construção do tabuleiro, com a utiliza- carregamentos, sobre as vigas VB e 1
ção dos painéis treliçados. VD. A figura 11 mostra as tensões 2
atingidas na seção transversal cen- 3
Instrumentação tral do modelo para a carga de rup-
4
O modelo foi instrumentado na tura de 295 kN. Deve ser desconsi- P = 40 kN
sua seção transversal central, com ex- derada a tensão de tração atingida 5
P = 70 kN
tensômetros elétricos, em um total na face inferior da mesa de concreto 6
de 20, e com relógios comparadores da viga VE, pois o extensômetro lo-
Figura 8 – Deslocamentos verticais para
para medição do deslocamento rela- calizado nessa posição apresentou
cargas sobre a viga VE
tivo entre o concreto e a madeira. erro de leitura.
A figura 6 mostra o posiciona-
0
mento dos instrumentos, onde CS, Análise dos resultados
Deslocamentos verticais (mm)

1
CI, MS e MI marcam a posição dos Para avaliação da eficiência da es-
extensômetros e RC marca a posição trutura proposta foi feita uma análise 2
dos relógios comparadores. comparando o modelo experimental 3
A medição dos deslocamentos com o modelo teórico em viga mista 4
verticais foi feita por relógios compa- adaptado do Eurocode 5/93 e com o 5
radores, que eram posicionados esquema estrutural original em vigas 6
abaixo de cada viga de madeira na de madeira. 7
seção central do vão. Nessa análise, o elemento de 8
comparação utilizado foi a carga ne- 9
VA VB VC VD VE
Resultados experimentais cessária para provocar em cada siste-
Foram realizadas duas séries de ma um deslocamento de L/250 (11,6 P = 40 kN P = 140 kN
carregamentos no modelo. A primei- mm), que é a flecha limite para o P = 70 kN P = 180 kN
ra série consistia na aplicação de for- concreto no estado limite de utiliza- Figura 9 – Deslocamentos verticais
ças pontuais sobre a seção transversal ção, segundo a NBR 6118/03. para cargas sobre as vigas VB e VD

67
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ARTIGO

0 P = 11,8 kN Modelo em viga simples


Rigidez = 1K
1
Deslocamentos verticais (mm)

2
3
4
5 P = 208,6 kN Modelo Eurocode 5/93
P = 40 kN
6 P = 70 kN Rigidez ~
= 18K
P = 100 kN
7
8
VA VB VC VD VE
Figura 10 – Deslocamentos verticais
para cargas sobre as vigas VA e VC
P = 230,3 kN Modelo experimental
25 Rigidez ~
= 20K
Altura de seção (cm)

20

15
Figura 12 – Comparação da rigidez dos modelos de cálculo experimental
10

5
aos seguintes valores de rigidez (K): e baixo custo para a recuperação e au-
0 1,0 kN/mm para a ponte em viga mento da capacidade de carga das
-70 -50 -30 -10 10 30 50 70 simples, 18,0 kN/mm para o modelo pontes de madeira em viga simples
Tensões (MPa)
calculado pelo Eurocode 5/93 e, final- atualmente em uso no Brasil.
VA VB VC VD VE mente, 19,9 kN/mm para o modelo
Figura 11 – Tensões normais na seção experimental ensaiado.
central do modelo A figura 12 ilustra o ganho de ri-
LEIA MAIS
gidez proporcionado pela utilização
Pelos ensaios prévios à flexão exe- do tabuleiro de concreto. Análise experimental de um
cutados nas vigas de madeira para a modelo reduzido de uma ponte
determinação do modulo de elastici- Conclusão mista de madeira-concreto
dade, obteve-se o valor médio de 5,9 Com base nos resultados experi- utilizando vigas de madeira
kN por viga para provocar uma flecha mentais, comprovou-se que o esque- roliça. P. G. A. Segundinho; J. A.
de 11,6 mm. Aplicando os valores re- ma estrutural proposto é viável tec- Matthiesen. Ibramem, 2004.
ferentes às dimensões e aos materiais nicamente, tanto sob o ponto de
do modelo no método de cálculo vista estrutural como construtivo. Contribuição ao estudo das
adaptado do Eurocode 5/93, chega-se A estrutura mista ensaiada possui estruturas mistas: estudo
a uma carga de 104,3 kN, aplicada no rigidez aproximadamente 20 vezes experimental de estruturas
centro da viga mista de seção T para maior que a estrutura de madeira em mistas de madeira e concreto
causar o mesmo deslocamento. viga simples, fato que se deve, princi- interligadas por parafusos. J. A.
Já no modelo experimental en- palmente, pela distribuição transver- Matthiesen. Ibramem, 2001.
saiado, para que houvesse um deslo- sal das cargas proporcionada pela
camento vertical médio de 11,6 mm, presença da laje de concreto. A viabi- Timber concrete composite
quando aplicado um carregamento lidade construtiva fica comprovada structure. A. T. Ceccotti. Timber
simultâneo nas vigas VB e VD, foi ne- pela facilidade de execução e pelo Engineering – STEP 2, 1995.
cessária uma força de 230,3 kN. bom comportamento dos painéis tre-
Dividindo-se a carga aplicada em liçados utilizados como pré-laje. Utilização de estruturas mistas na
cada modelo pelo deslocamento Dessa forma, desde que a infra- recuperação da capacidade de
ocorrido, considerando, para cada estrutura esteja em boas condições, a carga das pontes de madeira do
caso, o número de vigas responsáveis estrutura proposta constitui-se numa Estado do Mato Grosso do Sul. C.
pela resistência aos esforços, chega-se alternativa eficiente, de fácil execução R. Souza. 2004.

68 TÉCHNE 126 | SETEMBRO DE 2007


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70
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PRODUTOS & TÉCNICAS


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72
p&t126.qxd 5/9/2007 14:50 Page 73

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73
obra aberta 126.qxd 5/9/2007 15:02 Page 74

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(coordenador) 356 páginas M. R. Del Picchia e Ana Maura 128 páginas
334 páginas Editora Edgard Blücher G. Del Picchia Livraria e Editora Universitária
Editora PINI Fone: (11) 3079-2707 706 páginas de Direito
Vendas pelo portal www.blucher.com.br Editora Pillares Vendas pelo portal
www.piniweb.com Já na sétima reimpressão, Vendas pelo portal www.piniweb.com.br
Comemorativo ao primeiro essa edição de 1976 da obra www.piniweb.com.br Essa segunda edição do
ano de atuação do Conselho do engenheiro e ex- Advogados, os autores manual corrobora a
Jurídico do SindusCon-SP governador do Estado de São apresentam, nesse tratado, o permanência dos princípios,
(Sindicato da Indústria da Paulo abrange desde a conceito, a definição e a leis e normas técnicas
Construção Civil do Estado de concepção do que é hidrologia história da documentoscopia pertinentes à ciência
São Paulo), reúne artigos que até casos bastante específicos ou documentologia, que, em grafoscópica, mas inova ao
abordam a experiência prática de instalações prediais e termos, é a aplicação da contemplar também a
dos autores e do próprio aspectos legais e econômicos ciência a fim de verificar a evolução da informática, que
Conselho. Com apresentação relativos ao uso da água. autenticidade ou determinar a propiciou aprimoramentos
do presidente do Sindicato, Assim, traz informações sobre autoria de documentos. Em nesse campo. Como exemplo
João Claudio Robusti, que o ciclo da água e o mecanismo suas mais de 700 páginas traz de descuido com a segurança
afirma que o aniversário do de abastecimento de grandes até mesmo os instrumentos documental por parte das
grupo está repleto de vasta cidades e também aborda as comumente utilizados na instituições públicas, os
produção jurídica, aborda a características dos materiais perícia, como lentes, lupas, autores citam a ausência de
questão tributária, da utilizados nessas instalações. microscópios, raios fotografia do portador nos
contribuição previdenciária, Ainda atual, é uma obra de infravermelho, químicos, Títulos de Eleitor. Definem a
de licitações, mediação, referência e estudo para computadores, dentre outros. grafoscopia como a disciplina
responsabilidades do engenheiros e projetistas, Apresenta índices que tenta determinar a origem
construtor e arbitragem, contando, inclusive, com comparativos e métodos, de determinado documento
dentre outros. Uma breve tabelas que auxiliam na abordando as diferentes gráfico. O livro aborda
biografia apresenta cada autor, determinação de calibres, mídias, como textos a teoria e apresenta
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74 TÉCHNE 126 | SETEMBRO DE 2007


agenda.qxd 5/9/2007 14:52 Page 75

AGENDA
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estruturais, construtores, estudantes e 5o Encontro Nacional e 2o Encontro
conferências interessados em torno de diversos temas. Latino-Americano sobre Edificações
3 a 5/10/2007 www.abece.com.br/eventos_enece.asp e Comunidades Sustentáveis
79o Encontro Nacional da Indústria Campo Grande
da Construção 24 a 26/10/2007 A Antac (Associação Nacional de
Brasília 10o Congresso Internacional de Tintas Tecnologia do Ambiente Construído)
Promovido pela CBIC (Câmara Brasileira São Paulo promove o encontro para discutir
da Indústria da Construção), reunirá Realizado pela Abrafati (Associação alternativas que minimizam impactos
profissionais para discutir diversos Brasileira dos Fabricantes de Tintas), negativos que a prática da construção vem
temas de interesse do setor. ocorre paralelamente à 10a Exposição provocando no ambiente atualmente.
Fone: (61) 3327-1013 Internacional para Fornecedores para O tema do evento é "Construindo a
www.cbic.org.br Tintas. Serão cerca de 60 palestras nas multidisciplinaridade na ação".
quais profissionais apresentarão www.elecs2007.com/
4 a 6/10/2007 seus trabalhos.
5o CBR&C 2007 Fone: (11) 3812-1985
Campinas (SP) www.abrafati.com.br
Feiras e Exposições
O CBR&C (Congresso Brasileiro de Rodovias 25 a 29/9/2007
e Concessões), organizado pela ABCR 25 a 26/10/2007 Intercon
(Associação Brasileira de Concessionárias 7o Seminário da Lares – Real Estate Joinville (SC)
de Rodovias), reunirá dirigentes e técnicos São Paulo Reúne fabricantes, distribuidores,
das concessionárias, representantes de Promovido pela Lares (Sociedade Latino- revendedores, construtores,
órgãos públicos e de empresas de Americana de Estudos Imobiliários), engenheiros, arquitetos e entidades de
engenharia, fornecedores e representantes abordará temas de interesse em Real todo o Brasil e do exterior, promovendo a
do setor em outros países, além de Estate como investimentos divulgação de tecnologias e, sobretudo,
integrantes da comunidade acadêmica. internacionais, projeções e análises dos a realização de negócios.
www.cbr-c.com.br mercados, planejamento de produtos, Fone: (11) 3451-3000
habitação e política urbana. O evento E-mail: feiras@messebrasil.com.br
12 a 14/10/2007 possui apoio do Núcleo de Real Estate da
2o Congresso Brasileiro de Pontes e Escola Politécnica da Universidade de São 27 a 30/9/2007
Estruturas Paulo e da Abecip (Associação Brasileira 2o Salão Imobiliário São Paulo
Rio de Janeiro das Entidades de Crédito Imobiliário e São Paulo
Promovido pela ABPE (Associação Poupança). Mostrará as novidades do mercado
Brasileira de Pontes e Estruturas), Fone: (11) 3091-5420 imobiliário brasileiro, assim como as
divulga trabalhos recentes e relevantes. www.lares.org.br novas oportunidades de investimentos
Aberto a engenheiros, projetistas, em toda América Latina. O evento é
arquitetos, pesquisadores e professores. 8 e 9/11/2007 apoiado pelo Secovi-SP.
Fone: (21) 2232-8334 Fire Design of Concrete Structures – Fone: (11) 5502-7272
www.abpe.org.br from materials modelling to www.sisp.com.br
structural performance
17 a 18/10/2007 Coimbra (Portugal) 2o a 4/10/2007
Enece 2007 – 10o Encontro Nacional Realizado pela Universidade de Coimbra, Cobtech – 2a Feira Nacional de
de Engenharia e Consultoria Estrutural reunirá renomados especialistas para Cobertura de Edificações
São Paulo partilhar idéias e conhecimentos do São Paulo
O Enece (Encontro Nacional de Engenharia comportamento de estruturas e do A feira foi desenhada para ser um ponto
e Consultoria Estrutural) é realizado pela concreto expostos ao fogo. de encontro do setor de coberturas e
Abece (Associação Brasileira de Fone: 351 239797245 ferramenta de promoção comercial
Engenharia e Consultoria Estrutural) e http://fib2007.dec.uc.pt segmentada, direcionada a revendedores,

75
agenda.qxd 5/9/2007 14:52 Page 76

empresários, fabricantes e construtores.


Fone: (11) 5585-4355 Construtech – 23 a 25/10/07
www.cipanet.com.br
FÓRUM PINI DE TECNOLOGIAS 24/10/2007
& NEGÓCIOS DA CONSTRUÇÃO SOLUÇÕES ESTRUTURAIS
4 a 6/10/2007
Brasvias 2007
Três dias de palestras técnicas com  "Ponte do Gênesis II", Santana do
foco nas soluções práticas de Parnaíba-SP – Eng. Marcelo Waimberg, da
Campinas (SP)
planejamento, projeto, execução e EGT Engenharia
A Brasvias (Exposição Internacional de
Produtos para Rodovias) ocorrerá
gerenciamento de obras e  “Segunda Ponte sobre o rio Orinocco”,
empreendimentos no Brasil e no Puerto Ordaz, Venezuela – Eng. Roberto de
paralelamente ao CBR&C e reunirá
Exterior. Construtores, incorporadores, Oliveira Alves, da Figueiredo Ferraz
produtos usados na construção,
conservação e operação de rodovias.
projetistas e especialistas vão  "Hospital Maternidade São Luiz Anália
apresentar cases de sucesso com Franco", São Paulo – Eng. Virgilio Augusto
www.cbr-c.com.br
diferentes abordagens: gestão de Ramos, da Cia de Engenharia Civil
17 a 21/10/2007
custos, sustentabilidade, arrojo  “Centro de Convenções WTC”, São Paulo
estrutural, questões socioambientais, – Eng. Flávio Correia D’Alambert – Alpha
Constrói Angola 2007
sistemas construtivos, legislação etc. Engenharia de Estruturas
Luanda (Angola)
Confira programação completa.
O Minop (Ministério das Obras Públicas)
25/10/2007
de Angola apóia a 5a Edição da Feira
23/10/2007 OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA
Internacional de Materiais de
Construção e Obras Públicas de Angola.
EMPREENDIMENTOS RESIDENCIAIS,  "Complexo Viário Real Parque – Ponte
COMERCIAIS E INSTITUCIONAIS sobre o Rio Pinheiros", São Paulo – Eng.
A feira reunirá fabricantes,
importadores, distribuidores de
 “Museu Iberê Camargo”, Porto Alegre Fernando Rebouças Stucchi
máquinas, equipamentos e materiais
Eng. Jose Luiz Canal, da Camargo Corrêa  "Eixo Multimodal Amazonas Norte
para a indústria da Construção Civil,
 "Edifício Residencial Mandarim", (IIRSA Norte)", no Peru – Eng. Eleuberto
São Paulo – Eng. Antonio Carlos Zorzi, Antonio Martorelli, da Odebrecht
Telecomunicações, Tecnologias de
Informação, Proteção e Segurança.
diretor de Engenharia da Cyrela  “Trecho Sul do Rodoanel Mario Covas”,
Brazil Realty na Região Metropolitana de São Paulo –
Fone: 244 222 39-3369
www.arenaangola.com
 "Ventura Corporate Towers", Rio de Eng. Paulo Vieira de Souza, diretor de
Janeiro – Eng. Luiz Henrique Ceotto, Engenharia do Dersa
diretor técnico da Tishman Speyer
25 a 28/10/2007
Construsul Acabamento e Iluminação
 “Condomínio Residencial Palm Hill”, Informações e inscrições
São Paulo – Eng. Francisco Fone: (11) 2173-2395
Porto Alegre
de Vasconcellos Neto, diretor E-mail: eventos@pini.com.br
A feira reunirá indústrias de
da DP Engenharia www.piniweb.com/construtech
acabamento, revestimento e iluminação.
Fone: (51) 3347-8787
www.feiraconstrusul.com.br de equipamentos e materiais. Deve 24 a 28/9/2007
reunir 2.800 expositores de 45 países. Resistência à Corrosão – Teoria e
24 a 26/10/2007 Fone: (11) 3168-1868 Prática
Abrafati 2007 www.promosalon-brazil.com Rio de Janeiro
São Paulo Com abordagem teórica-prática, o curso
A décima edição do evento mobiliza a apresenta discussões sobre diversos
cadeia de produção e distribuição de
Cursos e treinamentos temas, como a importância econômica e
tintas para a Exposição Internacional de 27/9, 25/10 e 29/11/2007 aspectos ambientais da corrosão das
Fornecedores para Tintas e o Congresso Treinamento Teórico e Prático: estruturas e coberturas metálicas, o
Internacional de Tintas. Tecnologias de Impermeabilização mecanismo eletroquímico da corrosão,
www.abrafati.com.br Tamboré (SP) as formas de corrosão e como fazer a
Oferecido gratuitamente pela Lwart proteção – aço inox e aço carbono.
5 a 10/11/2007 Proasfar Química, empresa especializada Fone: (21) 3325-9942
Batimat 2007 em impermeabilizantes, trata de patologias, www.abcem.com.br
Paris produtos e suas diversas aplicações,
As demonstrações dessa edição irão discutindo projetos e comparativo de Planejamento e controle de
abordar os grandes temas específicos custos, o código civil e sanitário e casos de manutenção
para esse setor: domínio da energia, obras, entre outros temas. 24 a 27/9/2007
segurança, acessibilidade e conforto. Fone: 0800-7274343 Salvador
Direcionada a construtores e fabricantes E-mail: atecnica@lwartproasfar.com.br O curso pretende desenvolver nos

76 TÉCHNE 126 | SETEMBRO DE 2007


agenda.qxd 5/9/2007 14:52 Page 77

participantes habilidades nas técnicas de sistemas estruturais verticais e horizontais. Com o objetivo de destacar cases de
planejamento e controle de manutenção, Fone: (11) 3816-6597 sucesso, reunindo as diversas empresas e
indicando objetivos, organizando atividades www.abcem.org.br profissionais do setor de instalações, o
e o uso da mão-de-obra e dos prêmio tem a proposta de ampliar as
equipamentos, partindo de uma situação soluções e experiências de destaque
sem planejamento, entrando no
Concursos do setor. Realizada pela Abrinstal
planejamento manual e indicando os 17/10/2007 (Associação Brasileira pela Conformidade
pontos principais na interface entre o 5o Prêmio Talento Engenharia Estrutural e Eficiência das Instalações), a premiação
usuário e o computador. Direcionado a São Paulo é destinada às empresas construtoras,
profissionais e técnicos de nível médio, A premiação, que destaca profissionais de incorporadoras, instaladoras,
supervisores de turmas e equipes de engenharia de estruturas que concessionárias, fabricantes e
manutenção, profissionais de programação desenvolveram projetos diferenciados e de fornecedores de materiais e
e controle de manutenção, engenheiros e qualidade, traz uma inovação nesta quinta equipamentos para instalações.
outros profissionais do setor. edição: uma categoria para obras de Inscrições encerradas.
Fone: (11) 2626-0101 pequeno porte e estruturas especiais. O Fone: (11) 3865-0944
www.aeacursos.com.br prêmio é promovido pela Abece (Associação www.premiomasterinstal.com.br
Brasileira de Engenharia e Consultoria
Edifícios Multiandares Estruturados Estrutural) e pelo Grupo Gerdau que Inscrições até 20/12/2007
com Aço formam, juntamente com um representante 1o Prêmio Valmex Structure 2007 –
6 a 27/10/2007 da PINI, a comissão julgadora. O prazo de Mehler Texnologies
São Paulo inscrições está encerrado. A Mehler Texnologies GmbH escolherá
Organizado pela Abcem (Associação Fone: 3097-8591 o melhor projeto que utiliza estruturas
Brasileira de Construção Metálica), o curso www.abece.com.br e www.gerdau.com.br tensionadas que se destaquem e oferecerá
propõe aspectos teóricos e práticos para a uma viagem à Fulda ( Alemanha) para
execução de edifícios de multiandares Outubro/2007 conhecer a fábrica da Mehler.
estruturados em aço, análises da Prêmio MasterInstal Fone: (11) 4153-5853
distribuição de esforços nos diversos São Paulo www.tecnostaff.com.br
como construir.qxd 5/9/2007 14:59 Page 78

Liedi Bariani Bernucci


liedi@poli.usp

Fabiana da Conceição Leite


fabiana.leite@poli.usp.br

COMO CONSTRUIR Rosângela dos Santos Motta


rosangela.motta@poli.usp.br

Pavimento ecológico
tualmente agrava-se a disposição do solo, tirando o pó das ruas e per-
A de resíduos, como o entulho da
construção civil e demolição e os
mitindo a trafegabilidade mesmo em
dias de chuva. Além disso, retira o lixo
Reciclado do entulho
De maneira simplificada, a recicla-
gem dos resíduos de construção de-
pneus velhos, inservíveis. Exemplifi- das ruas e córregos, podendo gerar pende, em geral, de uma seleção prévia
cando a expressiva quantidade de re- novos negócios e empregos. dos materiais ditos indesejáveis (como
síduos gerados em grandes cidades, O exemplo é a obra de pavimenta- plásticos, madeira ou gesso, por exem-
em São Paulo são dispostas cerca de ção das vias internas do campus pau- plo), seguida de um processo de redu-
16 mil t de entulho por dia. Há esti- listano da USP na zona Leste, na cida- ção de tamanho (britagem), feita em
mativas de que são fabricados mais de de de São Paulo. Todo o sistema viário instalação apropriada para essa finali-
30 milhões de pneus por ano no Bra- foi pavimentado com o que agora se dade, contando com uma etapa de pe-
sil e que muitas dezenas de milhões de chama "pavimento ecológico", produ- neiramento para a obtenção de mate-
pneus velhos encontram-se abando- zido com camadas de agregado reci- riais com determinados tamanhos. O
nados. Esses resíduos podem assorear clado de entulho de obra e revestido produto desse processo é o agregado
os rios e são locais para a procriação com asfalto-borracha. reciclado de resíduo sólido da constru-
de insetos e vetores de doenças. A dis- ção civil, que vem sendo empregado,
posição desses resíduos em aterros é Materiais entre outras formas, em pavimentação
legal, porém deve-se levar em conta Em 2002, duas importantes reso- (figura 1).
que esses materiais são nobres e con- luções do Conama (Conselho Nacio- A ABNT publicou uma norma na-
sumiram energia para serem produzi- nal de Meio Ambiente) estabelecem cional em 2004, denominada NBR
dos. Desperdiçá-los em aterros, ocu- uma nova era para a reciclagem de re- 15115 – Agregados Reciclados de Resí-
pando lugar e concorrendo com o síduos no País: a de no 258 determina duos Sólidos da Construção Civil –
lixo, não é uma solução social e eco- que as empresas que produzem ou Execução de Camadas de Pavimenta-
nomicamente sustentável. importam pneumáticos sejam res- ção – Procedimentos. Essa especifica-
O exemplo que se apresenta a se- ponsáveis pela disposição dos pneus ção traz algumas exigências quanto ao
guir é uma utilização sustentável des- velhos; e a de no 307 determina dire- material e quanto ao seu uso, sendo que
ses resíduos, aproveitando as melho- trizes para uma efetiva redução dos algumas delas estão listadas na tabela 1.
res qualidades desses materiais, cola- impactos ambientais provocados pe- Como pode ser verificado, o en-
borando para a pavimentação de vias, los resíduos de construção civil, sendo saio de Índice de Suporte Califórnia é
que representam uma melhoria na que a reciclagem é uma das alternati- o parâmetro exigido quanto à resis-
vida das pessoas, organizando o uso vas apresentadas. tência do material.
Embora não conste na NBR 15115,
o módulo de resiliência também é con-
siderado um parâmetro importante na
caracterização do agregado reciclado,
uma vez que esse valor está relacionado
com o desempenho do material em
Engenharia de Transportes Poli-USP
Fotos: divulgação Departamento de

campo. Os resultados que vêm sendo


obtidos são similares aos de brita gra-
duada simples, material granular con-
vencionalmente usado em pavimenta-
ção no Brasil.
O custo dos agregados reciclados é
Figura 1 – Agregado reciclado de inferior aos granulares tradicionais
resíduo sólido de contrução civil Figura 2 – Rolo compactador liso como a brita graduada simples e a bica

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corrida, com 30% a 50% de redução Tabela 1 - ASPECTOS PRESCRITOS PELA NBR 15115 COM RELAÇÃO ÀS
dependendo das distâncias de trans- CARACTERÍSTICAS DO AGREGADO RECICLADO PARA EMPREGO EM CAMADAS DE
porte para a obra. BASE E SUB-BASE DE PAVIMENTOS
Ensaio Detalhamento
Asfalto-borracha Análise dimensão característica máxima 63,5 mm
Esse ligante é produzido em em- granulométrica coeficiente de uniformidade maior ou igual a 10
presas especializadas que adquirem a % passante na peneira 0,42 mm entre 10% e 40%
borracha de pneus já moída e incorpo- Porcentagem de mesmo grupo 2,0%
ram-na no asfalto. De maneira simpli- de materiais de grupos distintos 3,0%
ficada, o uso de asfalto-borracha na indesejáveis
usinagem de concretos asfálticos resul- Forma dos grãos % de grãos lamelares máximo 30%
ta em camadas de revestimento com Índice de de acordo com o Base: ³ 60% (*)
maior resistência ao trincamento e às Suporte tipo de camada Sub-base: ³ 20%
deformações permanentes (afunda- Califórnia (CBR) Reforço de subleito: ³12%
mentos). Isso porque a mistura asfálti- Expansão (por de acordo com o Base: = 0,5% (*)
ca adquire um pouco da capacidade imersão em tipo de camada Sub-base: = 1,0%
elástica da borracha, passa a ser capaz água por Reforço de subleito: = 1,0%
de se deformar mais durante a passa- quatro dias)
gem de veículos pesados e a voltar à (*) É permitido o uso de agregado reciclado em camada de base para vias de tráfego
mesma forma de antes, com menor com N = 106 repetições do eixo-padrão de 80 kN no período do projeto.
risco de deformações indesejáveis.
Com isso, a vida útil dos pavimentos é mesmas características de projeto que lometria, a forma, a umidade ótima e
maior. Além disso, o negro-de-fumo, um concreto asfáltico comum, mas o Índice de Suporte Califórnia. Os en-
substância presente na borracha, pro- conta-se que sua durabilidade seja saios devem ser realizados de forma
tege o asfalto contra o desgaste quími- pelo menos 50% maior que o concre- sistemática na obra, principalmente
co, decorrente de sua exposição a raios to asfáltico comum, pelos ensaios de com o recebimento de lotes visual-
infravermelho e ultravioleta, muito in- laboratório realizados. mente distintos.
tensa em um país tropical como o Bra-
sil. Esse desgaste envelhece precoce- Execução Distribuição e compactação de agregados
mente o asfalto. Recebimento de agregados reciclados reciclados
O asfalto-borracha é um pouco Com relação ao recebimento de As camadas de agregado reciclado
mais caro que o asfalto convencional, materiais, é importante verificar se os possuem de 10 a 20 cm de espessura
mas sua durabilidade também é maior. agregados reciclados atendem ao es- acabada (após compactação), e essa
pecificado pela NBR 15115 ou pelo dimensão depende do dimensiona-
Projeto projeto de pavimentação. Fatores mento estrutural. A distribuição do
O projeto de dimensionamento mais importantes: porcentagem de agregado reciclado pode ser feita com
foi feito pelo método clássico do materiais indesejáveis, porcentagem motoniveladora, em espessura uni-
DNIT (Departamento Nacional de de material fino, dimensão caracterís- forme, sem produzir segregação. Para
Infra-Estrutura de Transportes) para tica máxima dos grãos e Índice de Su- a compactação, recomenda-se que
pavimentos flexíveis e toda a estrutu- porte Califórnia. Antes da aplicação sejam utilizados rolos compactadores
ra foi analisada quanto às deforma- do agregado reciclado, devem ser fei- do tipo pé-de-carneiro vibratório ou
ções e tensões por análise computa- tos ensaios para determinar a granu- liso vibratório (figura 2).
cional. Dada a presença de solo muito
mole como subleito, a estrutura pre-
viu uma camada de regularização e
reforço do subleito de solo importado
laterítico, com CBR de no mínimo
12%, duas camadas de agregado reci-
clado de entulho, com 15 cm de espes-
sura cada uma e um revestimento as-
fáltico do tipo concreto asfáltico usi-
nado a quente com asfalto-borracha.
Para os cálculos, pode-se igualar os
agregados reciclados como se fossem
uma base de brita graduada simples.
Utilizou-se para o asfalto-borracha as Figura 3 – Pavimentadora Figura 4 – Rolo liso de pneus

79
como construir.qxd 5/9/2007 14:59 Page 80

COMO CONSTRUIR

mento muito flexível, o que auxiliará


no desempenho do pavimento, sem
surgimento de trincas precocemente
ou buracos. Passados quase três anos
Engenharia de Transportes Poli-USP
Fotos: divulgação Departamento de

do início da obra do primeiro trecho, o


pavimento apresenta-se em excelente
condição. Espera-se que a durabilidade
do pavimento, até que este passe por
restaurações específicas e limitadas,
seja de no mínimo dez anos de vida útil.
Figura 6 – Falling Weight
As obras de mais de 2 km de exten-
Figura 5 – Viga Benkelman (ensaio) Deflectormeter (ensaio)
são do sistema viário da USP Leste
mostraram que é possível fazer uso de
Recomenda-se que seja emprega- propriedades físicas e mecânicas dos materiais reciclados em pavimentos,
da a energia modificada para a com- agregados reciclados, é importante ga- com bons resultados e durabilidade,
pactação. Pesquisas indicam que o au- rantir a qualidade do pavimento exe- beneficiando ainda o meio ambiente.
mento da energia de compactação im- cutado. O controle tecnológico de exe-
plica melhora significativa no com- cução tem como finalidade verificar se Liedi Bariani Bernucci
portamento dos agregados reciclados. as condições de compactação deter- professora titular da Escola Politécnica
Além disso, deve ser empregada uma minadas e especificadas em laborató- da Universidade de São Paulo
alta energia de compactação para que rio foram atendidas no campo. Deve
as quebras dos agregados ocorram du- ser exigida a densificação máxima do Fabiana da Conceição Leite
rante o processo construtivo e não ao material, para prevenir deformação mestre em Engenharia de Transportes
longo da vida útil do pavimento. Devi- permanente ao longo da vida útil do pela Escola Politécnica da Universidade
do à quebra de agregados, pode ser pavimento (afundamentos em trilhas de São Paulo
que seja requerida a molhagem com- de rodas), além de determinações de
plementar para continuar a compac- umidade, granulometria etc. O con- Rosângela dos Santos Motta
tação. É importante verificar se após a trole do revestimento asfáltico é prin- doutoranda em Engenharia de
compactação o agregado reciclado cipalmente referente à extração de Transportes – Escola Politécnica
continua atendendo as especificações corpos-de-prova para estudo da gra- da Universidade de São Paulo
de projeto, ou ainda, se após a com- nulometria, teor de asfalto usado e
pactação ele passa a atender. grau de compactação. Todas as espes-
suras foram controladas.
LEIA MAIS
Imprimação da base e revestimento Na obra da USP Leste, para um
asfáltico controle de várias propriedades de NBR 15115: Agregados reciclados
Antes de receber o revestimento, modo a entender melhor esse material, de resíduos sólidos da construção
sobre a camada de base deve ser exe- foram realizados ensaios de medida de civil – Execução de camadas de
cutada uma imprimação impermea- deformabilidade. Os ensaios podem pavimentação – Procedimentos. ABNT.
bilizante com asfalto diluído CM-30. ser realizados sobre as camadas com- Rio de Janeiro, 2004.
Após cura da imprimação, a mistu- pactadas utilizando viga Benkelman
ra asfáltica, produzida em usina de mis- (figura 5) e FWD (Falling Weight De- Comportamento mecânico de
tura asfáltica a quente, é trazida para a flectometer) (figura 6). agregado reciclado de resíduo sólido
obra em caminhões basculantes.A mis- da construção civil em camadas de
tura asfáltica é inserida em equipamen- Conclusão base e sub-base de pavimentos. F. C.
to denominado pavimentadora (figura Com esses ensaios de deformabili- Leite. Dissertação (Mestrado). Escola
3) que distribui em espessura controla- dade no campo, chegou-se à conclusão Politécnica, Universidade de São Paulo.
da e pré-vibra a mistura.A temperatura de que os agregados reciclados de entu- São Paulo, 2007.
deve ser controlada e a compactação lho mostram-se muito similares à brita
deve ser iniciada de imediato com rolos graduada simples. Aconselha-se utilizar Estudo laboratorial de agregado
de pneus e posteriormente com rolos os agregados reciclados em camadas de reciclado de resíduo sólido da
lisos para dar o acabamento. reforço do subleito ou como sub-base. construção civil para aplicação
Como camada de base, por uma ques- em pavimentação de baixo
Controle da qualidade tão de cautela, aconselha-se somente volume de tráfego. R. S. Motta.
Controle tecnológico de execução para vias de tráfego muito leve e leve. Dissertação (Mestrado). Escola
Além do controle de recebimento A camada de revestimento de asfal- Politécnica, Universidade de São
de materiais, que se fundamenta nas to-borracha mostrou um comporta- Paulo. São Paulo, 2005.

80 TÉCHNE 126 | SETEMBRO DE 2007

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