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Elaborado pelo Prof.

David Lemba

Aula nº______

Tópico: Acção Geológica do Vento.


Objectivos Específicos: Explicar os efeitos da acção destrutiva e construtiva do vento
sobre a litosfera; Reconhecer os registros erosivos e deposicionais do vento.

1. Conceitos Básicos
Os ventos são fenômenos meteorológicos que consistem em fluxos horizontais de ar,
causados por massas de ar que se movimentam devido às diferenças de temperatura
na superfície terrestre.

Os ventos são agentes de meteorização, assim como de erosão. A sua acção depende
de outros factores, nomeadamente, a presença ou não de vegetação, a constituição do
solo, o relevo, etc.

A depender da sua densidade, velocidade e viscosidade, o vento pode ser designado de


diferentes tipos (tabela 1).

Tabela 1: Escala de ventos de Beaufort (fonte - Internet).

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Dos agentes moderadores da superfície da Terra, o vento é o menos efectivo. Muitas


das feições observadas nos desertos são erroneamente atribuídas ao vento, quando na
verdade foram ocasionadas pela acção das águas correntes.

A actividade do vento representa assim um conjunto de processos que incluem a


erosão, transporte e sedimentação de partículas finas (areia preferencialmente)
provindas desta acção. Os materiais movimentados e posteriormente depositados
neste processo são denominados sedimentos eólicos.

O deslocamento de massas de ar (vento) a depender da sua capacidade pode provocar


dois tipos principais de acções e/ou processos geológicos: erosão e sedimentação.

Desta forma, a acção eólica fica registrada tanto nas formas de relevo quanto nos
depósitos sedimentares, respectivamente pela sua actividade destrutiva (erosão) e
construtiva (sedimentação).

2. Acção Erosiva do Vento


À acção erosiva dos ventos dá-se o nome de erosão eólica, que consiste num tipo de
erosão em que o vento é o agente, com a retirada superficial de fragmentos mais finos.

Genericamente, as acções erosivas do vento ocorre de duas maneiras: deflação e


corrasão. Posteriormente, ocorre o transporte dos materiais.

2.1 Deflação

A deflação é a acção que corresponde à remoção dos detritos (poeiras e areias) que
são arrastados pelo vento.

2.1.1 Efeitos da Deflação

Este fenómeno pode provocar depressões e aberturas poucos profundas, ocorre nas
planícies secas dos desertos, nas planícies de inundação temporariamente secas de
rios e nos leitos dos lagos.

O efeito e/ou resultado da deflação é, em geral, a formação de bacias de deflação. A


maioria dos oásis são bacias de deflação, que progridem até encontrarem níveis com
humidade constante e suficiente para impedir a continuação do processo (Fig.1).

Quando a acção do vento se exerce sobre depósitos heterogêneos, arrasta os de menor


tamanho deixando um resíduo pedregoso que, por vezes, ocupa grandes áreas,
constituindo os desertos de pedra ou regs.

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Figura 1 - Imagem de um oásis. (Fonte: Internet)

2.2 Corrasão

A corrasão é a acção erosiva em virtude do vento incorporar certas quantidades de


materiais detríticos que, durante o transporte, em batem nas superfícies sólidas e
provocam a sua erosão.

2.2.1 Efeitos da Corrasão

Os detritos maiores são sujeitos a esta acção abrasiva pelos elementos mais finos
arrastados pelo vento, acabando por ficar facetado, originando assim os ventifactos.

Os ventifactos podem apresentar formas variadas dependendo do tipos de corrasão


que experimentaram. Como a carga transportada pelo vento é maior junto ao solo,
ocorre nas rochas uma corrasão diferencial que pode originar blocos penduculados.
Estes são constituídos por uma base fina, semelhante à forma de um cogumelo (Fig.2).

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Figura 2 - Efeitos corrosivos do vento. (Fonte: Internet)

2.3 Transporte eólico

O vento pode transportar material apenas se houver areia e silte disponíveis nos
materiais superficiais, tais como solos, sedimentos ou substratos rochosos. Os solos
húmidos são bastante coesos para que o vento possa erodir e transportar.

A areia é transportada pelo vento por deslizamento, rolamento, e saltação, ao longo da


superfície. Este último é o movimento por saltos que suspende, temporariamente, os
grãos numa corrente de ar. As partículas mais finas podem ser transportadas por
suspensão.

2.3.1 Efeitos do transporte eólico

Uma consequência quase inevitável do movimento da areia, ao longo da superfície


arenosa pelo vento, é a formação de ondulações (ripples) e dunas, semelhantes às que
são formadas pela água.

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3. Acção Deposicional do Vento


Quando o vento abranda, já não consegue transportar a areia, a silte e a poeira que até
aí transportara. O material mais grosseiro é depositado sob a forma de dunas, aque
assumem diversas formas e que variam em tamamanho, desde pequenas colinas até
formas enormes com mais de cem metros de altura. Os materiais mais finos, como a
silte e a poeira, depositam-se sob forma de um lençol mais ou menos uniforme.

3.1 Efeitos da sedimentação eólica

Os principais registros eólicos deposicionais são as dunas, mares de areia e depósitos


de loess.

3.1.1 Dunas

As dunas são acumulações de areia transportadas pelo vento que se originam devido à
presença de obstácuos, a maioria das quais encontra-se em regiões áridas, como os
desertos (Fig. 3). No entanto as dunas não são exclusivas de construções
sedimentares eólicas.

Figura 3 - Partes constituintes de uma duna. (Fonte: Internet)

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Existem duas principais classificações para dunas, uma considerando seu aspecto
como parte do relevo (morfologia) e a outra considerando a forma pela qual os grãos
de areia se dispõem em seu interior (estrutura interna).

Segundo a classificação baseada na estrutura interna, as dunas podem ser de dois


tipos: dunas estacionárias (estáticas) e dunas migratórias.

Dunas estacionárias: são acumulações geralmente assimétricas, que podem atingir


algumas centenas de metros de altura e muitos quilómetros de comprimento; formam-
se quando os grãos de areia (geralmente quartzo) vão se agrupando de acordo com o
sentido preferencial do vento.

A parte da duna que recebe o vento (barlavento) possui inclinação baixa, de 5º a 15º
normalmente, enquanto a outra face (sotavento), protegida do vento, é bem mais
íngreme, com inclinação de 20º a 30º.

Dunas migratórias: são acumulações os grãos da base do barlavento migram pelo


perfil da duna até ao sotavento. O deslocamento contínuo causa a migração de todo o
corpo da duna.

Segundo a classificação baseada na sua morfologia, as dunas podem designar-se:


dunas transversais, dunas barcanas, dunas parabólicas, dunas estrela, dunas
longitudinais (Fig. 4).

Dunas transversais: duna assimétrica, com a sua crista transversal no sentido do vento.
Característica de desertos com areia abundante e pouca vegetação.

Dunas barcanas: duna em forma de crescente, com a concavidade virada no sentido do


vento. Característica de desertos com pouca areia, substratos duros e planos e vento
constante de uma direcção. Pode formar-se uma duna transversal.

Dunas parabólicas: duna em forma de U, apresentando a concavidade no sentido


oposto ao do vento, ao contrário das barcanas, com os quais se assemelham. A
acumulação de areia faz-se, principalmente, na face de deslizamento e nos braços das
dunas antigas. Pode ser formada a partir de uma duna transversal estacionária.

Dunas longitudinaais ou lineares: Duna longa, com uma cristã direita e paralela ao
vento. Característica de desertos com pouca areia e com ventos que sopram em duas
direcções distintas (por exemplo, primeiro, o vento soprar de noroeste, acumulando
areia no lado nordeste da duna, e por aí adiante).

Dunas estrela: colina isolada de areia com uma base, cuja forma faz lembra a de uma

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estrela. Forma-se quando existem ventos vindos de diversas direcções que convergem
no pico da duna. De um modo geral, e contrariando os outros tipos de dunas, estas
dunas tendem a permanecer fixas.

Figura 4 - Tipos de dunas de acordo a sua morfologia. (Fonte: Internet)

3.1.2 Mares de areia

Os mares de areia correspondem a grandes sistemas dunares, mais ou menos


complexos.

O termo é normalmente empregado em áreas desérticas significando grandes áreas


cobertas de areia, a exemplo da Arábia Saudita, com cerca de 1.000.000 km² da
superfície atualmente coberta por areia. Gigantescas áreas desse tipo também
ocorrem na Austrália e Ásia. Essas extensas coberturas de areia no Norte de África são
conhecidas como Ergs.

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