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Logística e Áreas de Atuação

Marilia Xavier Rodrigues

Introdução
Até onde a logística pode te levar? Para você, o que é transpor barreiras? Quais capacidades você precisa
desenvolver para adquirir visão sistêmica? O fato é que a logística envolve uma série de atividades que vão
desde as cotidianas mais simples até as estratégicas e complexas. E você chegará até onde sua capacidade de
lidar com os desafios te levar, afinal de contas, “(...) a logística empresarial estuda como a administração pode
prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores” (BALLOU, 2010,
p.17), buscando inovar as ações para que seu objetivo final seja alcançado, afinal de contas, quem se sente
satisfeito em adquirir um produto pela internet e receber uma caixa vazia no lugar do seu sonho? Ninguém! E
para que você não seja o transmissor de insatisfações, é necessário que se desenhe todo o processo de
desenvolvimento para, muitas vezes, transpor as barreiras do que já existe para o que precisa ser criado.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Compreender o conceito de logística e suas atividades, primária e de apoio; 
• Entender a logística como vantagem competitiva para as organizações; 
• Identificar as áreas de atuação da logística.

Conceituação da logística e suas atividades


(primária e de apoio)
Encontrar meios e formas de criar, produzir, gerenciar demandas, entregar com agilidade, nas condições
adequadas, a um menor custo e seguindo as informações corretas, são ações relacionadas à atividade logística.
Ballou (2010, p.23) explica que “vencer o tempo e a distância na movimentação de bens ou na entrega de
serviços de forma eficaz e deficiente é a tarefa do profissional de logística. Ou seja, sua missão é colocar as
mercadorias ou os serviços certos no lugar e no instante corretos e na condição desejada, ao menor custo
possível”.

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Figura 1 - Atividades de Apoio Logístico
Fonte: Shutterstock, 2020

Entre a missão da logística e os seus conceitos arraigados ao longo do tempo, veremos a seguir algumas
definições importantes.
Pires (2017, p. 9) define a logística como sendo a atividade de gerenciamento destinada a planejar, implementar,
controlar, armazenar e transportar produtos de uma origem a um destino, de forma eficiente, econômica e no
menor prazo.
Cardoso (2004, p.1) apresenta a logística como planejamento, organização e controle de processos relacionados
à produção, armazenagem, transporte e distribuição de bens e serviços.
Segundo o Council of logistics management (1998, apud, Cardoso, 2004, p.1), “logística é a parcela do processo
da cadeia de suprimentos que planeja, implanta, e controla o fluxo eficiente e eficaz de matérias primas, estoque
em processo, produtos acabados e informações relacionadas, desde seu ponto de origem até o ponto de
consumo, com o propósito de atender aos requisitos dos clientes”.
Ballou (2010, p. 24) diz que
a logística empresarial pode ser definida como a responsável por tratar de todas as atividades de movimentação,
armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de
consumo final, assim como os fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de
providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.

FIQUE ATENTO
Muitos são os conceitos existentes sobre a Logística, desde a utilização do termo pós guerra,
até hoje. Por isso, analise os conceitos, pesquise por outros e os defina. Crie você o seu conceito
de logística, baseado nos preceitos tecnológicos. A informação é um serviço a ser
transportado? Qual seria o seu canal de transporte, ou o meio a ser direcionado?

Ballou (2010, pp. 24-27) definiu como atividades primárias da Logística, aquelas realizadas para atingir seus

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Ballou (2010, pp. 24-27) definiu como atividades primárias da Logística, aquelas realizadas para atingir seus
objetivos: transporte, manutenção de estoques e o processamento de pedidos. O mesmo autor menciona como
atividades de apoio logístico a armazenagem, o manuseio de materiais, a embalagem de proteção, a obtenção, a
programação de produtos e a manutenção da informação.

SAIBA MAIS
Para se aprofundar mais no assunto, é interessante a leitura de BALLOU, R. Logística
empresarial: transportes, administração de materiais, distribuição física. Tradução:
Hugo T.Y. Yoshizaki. São Paulo: Atlas, 2010. pp. 17 – 39.

A logística como vantagem competitiva para as


organizações
Em função da diversidade de ações que precisam ser tomadas pelas empresas de logística para atender as
necessidades de seus clientes, conforme mencionado por Lopez (p.418), “as empresas de logística não são
intituladas apenas como prestadoras de serviços e sim empresas especializadas em desenvolver soluções para os
clientes, se possível para toda a cadeia logística. Assim sendo, “A logística tem importância numa escala global.”
Visto que, tratando-se de uma economia “mundial, sistemas logísticos eficientes formaram bases para o
comércio e a manutenção de um alto padrão de vida nos países desenvolvidos” (Ballou. 2010, p.19).

Figura 2 - Logística como vantagem competitiva nas organizações


Fonte: hidesy, Shutterstock, 2020

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FIQUE ATENTO
Conforme Ballou (2010, p. 19), “um sistema logístico eficiente permite uma região geográfica
explorar suas vantagens inerentes pela especialização de seus esforços produtivos naqueles
produtos que ela tem vantagens e pela exportação desses produtos às outras regiões”

Eficiência gera qualidade, que consequentemente acarreta em ganho de competitividade, afinal de contas, como
mencionado por Bowersox (2011, p.565), “as medidas de qualidade, que são as avaliações mais orientadas ao
processo, são projetadas para determinar a eficácia de um conjunto de atividades em vez de uma atividade
individual”.

Figura 3 - Medidas de desempenho da qualidade Logística


Fonte: BOWERSOX, 2011, p.566

A tabela de medida de desempenho relaciona medidas típicas de qualidade para a logística e informa quais as
percentagens de fabricantes, atacadistas e varejistas que utilizam cada medida (BOWERSOX, 2011, p.565). E,
entre os indicadores de desempenho logístico, conforme mencionado pelo mesmo autor, a qualidade é uma das
medidas menos utilizadas, em função da complexidade das ações logísticas, mesmo sabendo que ela é valiosa,
porque hoje um produto ou serviço sem qualidade e sem valor agregado não tem espaço no mercado. (LOPEZ,
2010, p.483). Alguns dos melhores operadores logísticos estão migrando de simples ofertantes de serviços
logísticos para uma nova configuração (administradores de toda a cadeia de abastecimento por meio de um
único canal de comunicação) que exige muito capital intelectual.

Áreas de atuação da logística


Onde há um planejamento, a criação de um novo produto ou serviço, o meio de divulgação, de estocagem, de
entrega aos clientes e, às vezes, no retorno ao fabricante/vendedor, a logística está presente, e isto independe da
localização de todos os envolvidos no processo. “A concepção da logística de agrupar conjuntamente as

atividades relacionadas ao fluxo de produtos e serviços para administrá-las de forma coletiva é uma evolução

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atividades relacionadas ao fluxo de produtos e serviços para administrá-las de forma coletiva é uma evolução
natural do pensamento administrativo” (BALLOU, 2010, p.18). Sendo assim, as áreas de atuação da logística são
vastas.

Figura 4 - Áreas de Atuação da Logística: uma rede Global


Fonte: ramcreations, Shutterstock, 2020

EXEMPLO
Alguns intervenientes no Comércio Exterior são os despachantes aduaneiros, as comissárias de
despacho, os Transitários de Cargas (Freight Forwarder) e os transportadores comuns não
proprietários de navios (NVOCC – Non Vessel Operating Carrier), e no caso de todos eles, as
análises a serem realizadas vão além das fronteiras dos países em que eles residem,
dependendo do acordo do contrato firmado. (LOPEZ, 2010, pp.476 - 478)

O despachante aduaneiro é a pessoa física, habilitada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, que pode
desenvolver os trâmites necessários para liberação aduaneira de mercadorias em nome de terceiros. As
comissárias de despacho são empresas que se propõem a realizar todos os serviços de embarque e
desembarque. O Transitário de cargas oferece o serviço completo, do depósito do vendedor ao do comprador,
executando diretamente ou providenciando contratações para realização dos serviços e, o transportador não
proprietário de navio, também chamado de armador sem navio, é um operador de transporte, ele interpõe
serviços providenciando a consolidação das mercadorias. (LOPEZ, 2010, pp. 476 - 478).
As operações de comércio exterior ganham cada vez mais visibilidade, como nos diz Rocha (2007, p.14). Com o
mundo globalizado, a logística passa a depender dos fatores ligados aos despachos com atuação das aduanas, em
função da possibilidade de reduzir custos com as compras internacionais, e despachos de internação além da
análise para adoção de regimes aduaneiros em função de seu peso nas decisões logísticas.
Além dos processos Internacionais, a logística também atua na pesquisa de novos produtos e em projetos de
criação dos mesmos, no petróleo e gás, na administração aliada ao planejamento estratégico, na competitividade

aliada à redução de custos por meio de análises financeiras e contábeis, na armazenagem e distribuição, na

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aliada à redução de custos por meio de análises financeiras e contábeis, na armazenagem e distribuição, na
agricultura, em processos reversos.

Fechamento
Iniciamos com a conceituação de logística e suas atividades primárias e de apoio, lembrando que estamos em um
período de transição, de reformulação de conceitos e aplicação dos mesmos, em função dos avanços tecnológicos
e do perfil consumidor. Assim, propusemos que você, aluno, criasse a sua definição de logística. Em continuidade,
tratamos da logística enquanto ferramenta de competitividade para as empresas, porque os profissionais de
logísticas são estrategistas, acima de tudo e, por conseguinte, sua visão sistêmica é capaz de multiplicar as
capacidades de ganho das instituições devido ao seu capital intelectual. Por fim, relacionamos as áreas de
atuação da logística, dando ênfase ao mercado internacional, por ter ele uma gama de particularidade que acaba
por “bater a porta” de praticamente todas as outras áreas de atuação.

Referências
BALLOU, R. Logística empresarial: transportes, administração de materiais, distribuição física. São Paulo:
Atlas, 2010.
BOWERSOX, D. Logística Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas,
2011.
CARDOSO, L. Logística do Petróleo: Transporte e Armazenagem. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.
LOPEZ, J. Comércio Exterior Competitivo. São Paulo: Aduaneiras, 2010.
PIRES, J. A Logística no Comércio Exterior Brasileiro II. São Paulo: Aduaneiras, 2017.
ROCHA, P. Logística & Aduana. São Paulo: Aduaneiras, 2007.

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Logística Reversa: Definições e
Conceitos
Marilia Xavier Rodrigues

Introdução
A Logística Reversa trata do processo contrário da Logística considerada direta. Pense em um processo reverso.
O que a falta dele acarretaria? Você comprou um aparelho celular, através de uma loja online, o produto chegou
com defeito e a loja não oferece o serviço de retorno para troca. Você gastou os seus recursos na compra de um
celular e devido a motivos diversos continua sem ele. A mensuração da importância da Logística Reversa é
diretamente proporcional à velocidade dos avanços tecnológicos, à troca do que estava em uso e o seu descarte.
Leite (2009, p. xi) esclarece que a logística reversa se preocupa com o projeto do produto visando ao seu
reaproveitamento sob diferentes formas, desenvolvendo condições para agregação de valor de diversas
naturezas, tudo isso para que o produto atenda às necessidades do cliente, mas que também, neste contexto,
suas partes e peças possam ser reaproveitadas, diminuindo assim os impactos ambientais. Qual é o impacto da
Logística Reversa para o meio ambiente? Estudaremos essas questões a seguir.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Reconhecer a definição de Logística Reversa e os conceitos envolvidos na Logística Reversa.

Introdução à Logística Reversa: Definição,


Conceito e Estrutura
Para Campos (2017, p. 17),
a Logística Reversa surge em um meio onde o rápido crescimento do consumo motivado pelos avanços
tecnológicos e econômicos eleva o volume de matéria prima utilizada na produção, bem como os resíduos a
serem descartados, gerando maior preocupação com o meio ambiente.
Assim sendo, a logística reversa reestrutura os processos logísticos para que ela atue como complemento ao
processo logístico direto. E esta condição é ratificada por Leite (2009, p. xi) quando nos explica que produtos
com reduzidos ciclos de vida são criados para satisfazer pessoas de sexos, idades e etnias, em diferentes
localizações geográficas, com costumes distintos, dentre outros aspectos. Isso propicia uma vida útil breve,
complexos sistemas logísticos de distribuição e controle, bem como o aumento de produtos de pós-consumo a
serem retornados. Além disso, boa parte dos consumidores estão mais conscientes e preocupados em até onde
vai o seu lixo e o que acontece com ele depois que “sai de suas mãos”.

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Figura 1 - Logística Reversa
Fonte: Digital Saint, Shutterstock, 2019

Você já assistiu ao vídeo da tartaruga que precisou retirar um canudo de suas narinas? A comoção em função do
sofrimento do animal gerou uma reavaliação do mercado e foram lançados produtos alternativos, que não
agridem o meio ambiente. Por isso, os canais de distribuição reversos de pós consumo são constituídos através
do fluxo reverso de uma parcela de produtos e materiais constituintes originados no descarte de produtos, após
finalizada sua utilidade original, retornam ao ciclo do produto de alguma maneira.

EXEMPLO
A Natura é uma empresa brasileira, criada em 29 de agosto de 1969, e que atua na área de
cosméticos, de amplitude mundial. A empresa se mantém no compromisso de se “consolidar
como uma organização geradora de impacto positivo para as pessoas e o meio ambiente”. Em
seu modelo de negócio circular, “os processos são desenhados para alcançar todo o potencial
dos recursos envolvidos, em busca de maior produtividade, da redução do impacto ambiental e
da potencialização do impacto social positivo”. Com isso, a empresa promove diversas ações
que vão de encontro à conscientização dos consumidores sobre a importância da destinação
reversa de suas embalagens, e em seu planejamento foram traçadas metas ambientais atém
2050 (NATURA, 2018, p.13-15).

O objetivo da Logística Reversa é tratar do desenvolvimento econômico e social por meio de um conjunto de
ações e procedimentos que procuram viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial
(CAMPOS, 2017, p. 16), com vistas ao reaproveitamento deles em novos ciclos de vida do produto, em outros
produtos ou à destinação final adequada.

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SAIBA MAIS
Leia mais sobre o assunto em CAMPOS, A. Logística Reversa Integrada: Sistema de
Responsabilidade Pós-Consumo Aplicados ao Ciclo de vida dos Produtos. São Paulo: Atlas
e Ética, 2017.

Figura 2 - Logística Rede Global


Fonte: Anton Balazh, Shutterstock, 2020

A forma como as empresas lidam com as questões ambientais tem mudado os modelos de negócios, para que sua
visibilidade se torne atrativa, mas também para o atendimento à legislação ambiental. Neste intuito, a própria
legislação ambiental conceitua a Logística Reversa como instrumento de desenvolvimento econômico e social,
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição
dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para o reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos,
ou outra destinação final ambientalmente adequada. (BRASIL, Lei nº 12305/2010, Cap. II, art. 3º, parágrafo XII).
Campos (2017, p. 20) expõe que o termo “logística reversa” está ligado às operações de reutilização de produtos
e materiais. Engloba atividades de logística de coleta, desmontagem e processamento de produtos, materiais e
peças usadas, além de sua reciclagem e dos aspectos ambientais, em busca da sustentabilidade e do atendimento
à legislação.

Leite (2009, p. 17) diz que a logística reversa pode ser entendida sob as perspectivas estratégica e operacional,

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Leite (2009, p. 17) diz que a logística reversa pode ser entendida sob as perspectivas estratégica e operacional,
tornando-se mais holística em suas preocupações na eliminação ou utilização dos inibidores das cadeias
reversas.

FIQUE ATENTO
Na logística reversa, as ações não são direcionadas apenas à necessidade de atender ao cliente,
e o foco principal não é sua visibilidade frente ao mesmo, apesar de ser importante para se
manter o diferencial competitivo, mas está ligada ao atendimento da legislação, por isso, é
imprescindível que você esteja atento à legislação e suas atualizações, que podem ser
consultadas no portal do governo.

Muito se fala sobre a destinação final adequada aos produtos cujo ciclo de vida fora concluído e que não têm
mais formas de reaproveitamento, mas que destinação adequada seria esta? Afinal de contas, existem vários
produtos de composição, formatos e meios de uso diferenciados, por isso a Lei nº 12305/2010 (Cap. II, art. 3º,
parágrafo VII) define destinação final ambientalmente adequada como sendo a destinação de resíduos que inclui
a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações
admitidas pelos órgãos competentes do sistema, do SNVS e do Suasa, entre estas a disposição final, observando
normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os
impactos ambientais diversos.

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Figura 3 - Foco de atuação da Logística Reversa
Fonte: LEITE, 2009, p. 20

Em sua estrutura básica, a Logística Reversa está caracterizada pela LR de Pós-venda e LR de Pós-Consumo, em
que, conforme exposto por Leite (2009, p. 19-21), a LR de Pós-venda deve planejar, operar e controlar o fluxo de
retorno dos produtos de pós-venda por motivos agrupados nas seguintes classificações: garantia/qualidade
(equipamentos apresentam avarias, defeitos de fabricação ou de funcionamento); comerciais (estoques e de
embalagens retornáveis, que retornam ao ciclo do negócio através da redistribuição em outros canais de vendas)
e substituição de componentes (que decorre da substituição de componentes de bens duráveis e semiduráveis
em manutenções e consertos ao longo da vida útil do aparelho).
E a LR de Pós-consumo deverá planejar, operar e controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós-consumo ou
de seus materiais constituintes, classificados em função, de seu estado de vida e origem, em condições de uso
(onde o bem apresenta interesse de reutilização, com sua vida útil estendida, adentrando ao reuso); fim de vida
útil (onde os bens são destinados a reciclagem); e resíduos industriais (onde os bens são destinados a reciclagem
industrial ou a disposição final que seriam os aterros sanitários, os lixões e a incineração com a recuperação
energética).

FIQUE ATENTO
A Logística Reversa é um campo de atuação e de estudos que está se desenvolvendo

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A Logística Reversa é um campo de atuação e de estudos que está se desenvolvendo
rapidamente, mas que é muito recente e demanda atenção e cuidado nas estratégias do setor.
As indústrias, fornecedores e vendedores algumas vezes são co-responsáveis no atendimento à
legislação, ou seja, cada um precisa fazer algo caso o outro não atenda às exigências. Ao final,
se nenhum dos envolvidos atende às determinações da Lei, todos da cadeia, na figura de co-
responsáveis, respondem solidariamente pela falta do cumprimento da Lei.

Fechamento
A Logística Reversa trabalha com o que a maioria das pessoas já não deseja e aquilo que um dia foi objeto de
consumo e esteve entre os sonhos do consumidor, mas que está obsoleto e precisa ser substituído por qualquer
motivo, evitando, assim, a contaminação, proliferação de doenças, acúmulo de lixo sem reaproveitamento. O
perfil do consumidor muda social e economicamente ao passo que seus desejos são repentinamente substituídos
por novos insights de outras necessidades e, para que o bem não se torne um lixo, pesquisas de
reaproveitamento, reciclagens, novas formas de uso, são direcionadas ao projeto de criação do produto. Então,
em meio às várias perguntas que você se fará, está “o que ele vai se tornar depois?”. Por meio dos estudos deste
tema, você teve acesso aos conceitos, definições e estrutura da logística reversa, que, de fato, inicia na logística
direta, junto às estratégias fabris, e às questões que os idealizadores dos produtos se fazem, vão de encontro ao
processo final, depois que o produto já foi utilizado por seu cliente.

Referências
BRASIL. Lei nº 12.3025 de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso, 15 jan.
2020.
CAMPOS, A. Logística Reversa Integrada: Sistema de Responsabilidade Pós-Consumo Aplicados ao Ciclo de
vida dos Produtos. São Paulo: Atlas e Ética, 2017.
LEITE, P. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
NATURA, Relatório Anual 2018. Disponível em: https://natu.infoinvest.com.br/ptb/7117
/Relatorio_Anual_Natura_2018.pdf. Acesso 16 jan. 2020.

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Logística Reversa e a Cadeia de
Suprimentos
Marilia Xavier Rodrigues

Introdução
Revalorização é um dos pontos chave da logística reversa aliada à cadeia de suprimentos, porque o
conhecimento dos canais reversos, da logística reversa e dos processos industriais posteriores ao uso dos
produtos permitirá às empresas a adaptação de seus projetos (LEITE, 2009, p.155), isso porque a legislação
tende a responsabilizar as indústrias sobre o impacto de seus produtos no meio ambiente, então, criam-se
condições para destinação do produto, ou suas partes e peças, ao final de sua vida útil. Mas, por que a cadeia de
suprimentos? A Logística Reversa pode ser uma aliada, e as duas em conjunto podem incrementar produtos que
seriam descartados? A cadeia de suprimentos consiste na colaboração entre empresas para impulsionar o
posicionamento estratégico e a melhoria da eficiência operacional (BOWERSOX, 2014, p.4), e é o que
estudaremos agora.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Identificar a relação entre Logística Reversa e a cadeia de suprimentos e sua importância.

Gestão da cadeia de suprimentos: definição,


caracterização e estrutura
Até 1990, o tempo médio necessário para processar e entregar a um cliente um produto retirado de um estoque
de um depósito variava entre 15 e 30 dias, isso quando não apresentava problemas, por falta do produto em
estoque, perda do pedido ou em função dos métodos precários de comunicação, fax e ligação telefônica.
(BOWERSOX, 2014, p.2).

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Figura 1 - Gestão da Cadeia de Suprimentos
Fonte: Trueffelpix, Shutterstock, 2020

Os adventos da internet, dos sistemas de informação e de qualidade, mudaram esta realidade, trazendo a
competitividade por meio do planejamento, da integração de novos processos e do gerenciamento da cadeia de
suprimentos, que têm por princípio básico a convicção de que a eficiência pode ser aprimorara por meio do
compartilhamento de informação e do planejamento conjunto (Bowersox, 2011, p.99). O Council of Supply
Managemet Professionals – CSCMP - define cadeia de suprimentos como “o planejamento e gerenciamento de
todas as atividades envolvidas em compra e aprovisionamento, conversão e todas as atividades de
gerenciamento logístico” (GRANT, 2013, p.11), incluindo coordenação e colaboração de fornecedores,
intermediários e demais parceiros, incluindo os clientes.

FIQUE ATENTO
As definições de Supply Chain Management (Cadeia de Suprimentos) são atualizadas na
mesma proporção em que se altera o perfil do consumidor, ou se novos processos são
concretizados, testados e aprovados para o enriquecimento da competitividade internacional,
e o órgão responsável pelos estudos e estas mudanças é o Council of Supply Chain
Management Professionals, suas ações e estudos estão disponíveis em seu portal online.

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Figura 2 - Cadeia de Suprimentos na prática
Fonte: ROJAS, 2014, p.21

Os processos da Cadeia de Suprimentos são facilmente identificados na imagem acima que apresenta seus
participantes no processo e os fluxos necessários para sua integração e desenvolvimento.
Segundo Rojas (2014, p.21), é importante salientar que a Cadeia de Suprimentos é uma tecnologia orientada
para a integração dos principais processos de negócios existentes entre os elementos de uma cadeia logística em
um modelo harmônico e de desempenho elevado.

SAIBA MAIS
É possível conhecer melhor o assunto com a leitura de Logística e Gerenciamento da Cadeia
de Suprimentos, de Martin Christopher.

Tipos de cadeia de suprimento


São atividades da Cadeia de Suprimentos o planejamento, compras, produção e entrega. Para Bowersox (2011, p.
147), os executivos, entre as atividades da cadeia de suprimentos, não podem deixar de avaliar as ações frente a
uma cadeia de suprimentos globalizada, concentrando sua atenção nas principais diferenças entre o mercado
nacional e o internacional a que se dedicará o produto. Então é de fundamental importância a avaliação dos
ciclos de atividade, como o ciclo de entrega.

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Figura 3 - Tipos de Cadeia de Suprimento
Fonte: watchara, Shutterstock, 2020

EXEMPLO
Referente ao ciclo de entrega, uma mercadoria produzida no Rio de Janeiro, com destino a São
Paulo, levando por parâmetros o uso do PAC do sistema de Correios e Telégrafos, gira em
torno de cinco a nove dias úteis para entrega, e em média sete dias. Mas, se o mesmo produto
for enviado para Lisboa, em Portugal, por meio do sistema de envio de mercadoria econômica,
o prazo de entrega será de até vinte e nove dias úteis, atendidas as exigências das alfândegas
dos dois países, caso nenhuma das duas alfândegas faça alguma outra exigência sobre a
mercadoria. É possível ter mais informações diretamente no portal dos Correios.

Cardoso (2004, p.14) fala que a capacidade de se antecipar aos acontecimentos é estratégia imprescindível para
conquistar e manter clientes, em função da concorrência acirrada, além da qualidade do produto, as vantagens
criadas para agregar valor é que criam o diferencial frente ao mercado, seja ele nacional ou internacional. E,
diante do nosso exemplo, a análise da melhor forma de envio e o atendimento das exigências alfandegárias para
evitar atrasos na entrega pode ser considerada diferencial ao atendimento ao cliente. Com isso, iniciamos a
análise dos 4R’s, apresentados por Machado (2017, p. 11): responsividade (capacidade de responder às
exigências dos clientes em menor tempo), confiabilidade (do inglês, reliability – capacidade de implementar
melhorias nos processos), resiliência (capacidade de se adaptar às mudanças repentinas do mercado) e
relacionamento (capacidade de prover parcerias com os diversos agentes da cadeia). Assim, a cadeia de
suprimentos é dividida ou mensurada conforme a área que está inserida, seja de bens reparáveis, de comodities
(café de demais produtos agrícolas, petróleo e gás), de pós-consumo, de pós-venda, veículos, internacional, etc.

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A relação da logística reversa e a cadeia de
suprimento: visão geral
A preocupação com a ecologia e o meio ambiente cresceu junto com a população e a industrialização. Uma das
principais questões é a reciclagem de resíduos sólidos. Por muito tempo, o mundo industrializado deu
importância e investiu na sofisticação dos diversos canais, com exceção dos canais reversos, e hoje essa
realidade está em fase de mudanças. O consumidor mudou e sua preocupação com o meio ambiente e o que será
deixado para as futuras gerações fazem parte do cotidiano de todos, por isso, logística reversa e cadeia de
suprimentos devidamente evoluída. Segundo Bowersox, (2014, p. 35), “a chave para alcançar a liderança
logística é conhecer a fundo a arte de combinar a competência operacional e o compromisso com o atendimento
às expectativas e solicitações fundamentais dos clientes”. O chamado “agregar valor” e, neste contexto, a logística
reversa associada à correta gestão da cadeia de suprimentos, garantirá à empresa o sucesso no desenvolvimento
do empreendimento e do sucesso empresarial.

Figura 4 - Visão Global – Cadeia de Suprimentos e Logística Reversa


Fonte: Shutterstock, 2020

A decisão estratégica entre a integração da Cadeia de Suprimentos e a logística reversa pode ser considerada
uma das ações mais importantes na montagem da rede reversa, que dependerá da análise integral da estratégia
empresarial, começando pelos objetivos da rede e considerando os diversos fatores de influência, conforme
exposto por Leite (2009, p. 174).

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FIQUE ATENTO
Em LEITE, P. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2009, você encontrará alguns cases com estudos sobre logística reversa. Não
deixe de analisar as situações que poderão estar presentes no seu cotidiano em breve.

Um dos exemplos de como essa integração e o desenvolvimento dessas ações é de fundamental importância a
todos os envolvidos no processo é a quantidade de parcerias empresariais, geridas, especialmente para
alimentar a rede reversa e seus desafios. Como exemplo, citamos o caso das empresas Eastman Chemical e Home
Depot, que constituíram uma associação com a empresa de reciclagem Saturn Corporation para o
aproveitamento dos resíduos industriais e repercutiu com outras parcerias, que ao final estavam em
processamento cerca de 50 toneladas de resíduos/dia. (LEITE, 2009, p. 175).

Fechamento
A Logística Reversa e a Cadeia de Suprimentos devidamente administradas, com qualidade e preocupação com o
cliente, sempre serão sinônimos de sucesso empresarial, algumas organizações ainda precisam se adaptar às
mudanças, na legislação, no trato com o cliente, com a perda de fronteiras e com a tecnologia presentes. As
mudanças são recentes, se comparadas a outros adventos históricos, afinal de contas, até 1990, os meios de
comunicação giravam em torno das ligações de telefonias e o envio de informações através de fax, o que geravam
vários problemas devido à perda de informações geradas pela forma de administração das informações
recebidas, ou pela falta do produto e demora na fabricação, devido à demanda da matéria prima. A adaptação aos
novos modelos será crescente e contínua, porque os mesmos se alteram, ao passo da mudança comportamental
do consumidor.

Referências
BOWERSOX, D. Gestão Logística da Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Bookman e Mc Graw Hill Education,
2014.
BOWERSOX, D. Logística Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas,
2011.
CARDOSO, L. Logística do Petróleo: Transporte e Armazenamento. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.
COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS, Conselho dos profissionais de gerenciamento
da cadeia de suprimentos, disponível em https://cscmp.org/, acesso 15/01/2020.
GRANT, D. Gestão Logística e Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Saraiva, 2013.
LEITE, P. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
MACHADO, O. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Reparáveis: Um enfoque prático. São Paulo:
CiadoEbook, 2017.

ROJAS, P.A.R. Introdução à Logística Portuária e Noções de Comércio Exterior. Porto Alegre: Bookman

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ROJAS, P.A.R. Introdução à Logística Portuária e Noções de Comércio Exterior. Porto Alegre: Bookman
Editora, 2014.

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Logística Reversa e Aspectos
Ambientais
Marilia Xavier Rodrigues

Introdução
Apesar da extração desenfreada dos recursos naturais, desde o aumento da escala de produção na revolução
industrial, que estimulou a exploração do meio ambiente e elevou a quantidade gerada de resíduos, foi apenas
em 1972 que ocorreu a conferência das Nações Unidas para o meio ambiente, em função da conscientização
ambiental da sociedade passar a cobrar dos governos e empresas posicionamentos sobre as questões ambientais
(GUARNIERI, 2011, p.21). A partir daí, várias discussões vêm ocorrendo ao longo dos anos com o intuito de
definir soluções para os problemas gerados através da extração e seu impacto ambiental, assim como,
gerenciamento sobre o lixo. Assim, a Logística Reversa é mais uma ferramenta de apoio para se alcançar os
objetivos através da análise estratégica das ações coordenadas.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Compreender a importância e amplitude dos aspectos ambientais no contexto da Logística Reversa.

Logística reversa e a questão ambiental:


problemas e soluções
A conscientização de uma visão sustentável no ambiente dos negócios inclui uma nova realidade no meio
empresarial, na qual não é mais possível desconsiderar os impactos que o uso dos recursos naturais traz e os
interesses da sociedade. Por isso, tem-se criado tecnologias mais efetivas em prol da sustentabilidade, para que
assim sejam geradas vantagens competitivas (GUARNIERI, 2011, p. 25).

-1-
Figura 1 - Logística Reversa e questões ambientais
Fonte: Shutterstock, 2020

Isto porque, entre os vários alertas que acenderam o interesse de estudiosos, formuladores de políticas,
legisladores, empresas e a população como um todo pelo meio ambiente, alguns tiveram impacto significativos
pelos efeitos nocivos que causaram ao meio ambiente, o que gerou a necessidade de estudos, a criação de leis e a
disseminação da conscientização nesta área (SOUZA, 2019, p. 7).

EXEMPLO
A tragédia de Mariana, em Minas Gerais, considerada a maior tragédia ambiental no Brasil,
ocorreu em 2015, quando duas barragens da mineradora Samarco se romperam, liberando
lama e rejeitos sólidos da mineração e se espalharam por mais de 600 km, entre Minas Gerais e
Espírito Santo, gerando uma série de impactos negativos para o meio ambiente, por exemplo, a
lama aos rios afetando a cadeia alimentar, além da perda de vidas (SOUZA, 2019, p. 8).

O gerenciamento ambiental visa a obtenção de vantagem competitiva sustentável, e a logística reversa é


justamente a estratégia que cumpre o papel de operacionalizar o retorno dos resíduos de pós-venda e pós
consumo ao ambiente de negócios e/ou produtivo, considerando que somente dispor resíduos em aterros
sanitários, controlados, ou lixões, não basta no atual contexto empresarial (GUARNIERI, 201, p. 29).
Os estudos das causas das alterações no clima, como as enchentes e as secas, têm levado os cientistas a
analisarem os efeitos das ações humanas que causam impacto na natureza, e neste contexto a logística reversa se
torna relevante nesse aspecto, porque visa um melhor aproveitamento de itens que seriam descartados e se
tornariam lixo. (SOUZA, 2019, p. 8).

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FIQUE ATENTO
O documento final da Agenda 21, em seu capítulo 40, ressalta a necessidade de se “monitorar e
de se avaliar sistematicamente o processo de desenvolvimento (...) e o estado do meio
ambiente e dos recursos naturais”. A crescente conscientização da questão ambiental tem
demandado a produção e sistematização de informações sobre o meio ambiente, tendo em
vista a formulação de políticas públicas. Suas necessidades surgem de diversos níveis de
decisão e em todos os planos (IBGE, 2002, p. 12-13). Para a logística reversa, essa criação de
dados para mensuração de resultados tem fundamental importância para o bom
aproveitamento do sistema logístico.

Figura 2 - Problemas ambientais


Fonte: Shutterstock, 2020

Para que os problemas ambientais se tornem mais claros, é necessário que nós conceituemos meio ambiente:
O meio onde a sociedade extrai recursos essenciais à sobrevivência e os outros recursos - geralmente
denominados de naturais – demandados pelo processo de desenvolvimento socioeconômico; por outro lado,
ambiente também é o meio de vida cuja integridade depende de manutenção de funções ecológicas essenciais a
vida, o que faz emergir o conceito de recurso ambiental que se refere não mais somente à capacidade da
natureza de fornecer recursos físicos, mas também de promover serviços e desempenhar funções de suporte a
vida (SÁNCHEZ, 2008, p.21, apud SOUZA).
Neste contexto, Little (2003, p. 14) destaca que nos últimos 25 anos, a problemática ambiental com relação ao
desmatamento tem crescido, mas não é o único dano ambiental. Há diversos temas e frentes de ação de
preservação e reparo ambiental. Podemos destacar como algumas problemáticas das questões ambientais: a
poluição do ar e da água nos principais centros metropolitanos; perigos radioativos da energia nuclear;

contaminação dos solos pelo uso abusivo dos agrotóxicos na agricultura; avanço da desertificação nas regiões

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contaminação dos solos pelo uso abusivo dos agrotóxicos na agricultura; avanço da desertificação nas regiões
semi-áridas do país; super concentração demográfica nos grandes centros urbanos; extinção de espécies de
animais; esgotamento de certos recursos naturais e entre outros.
E a logística reversa tem por objetivo tratar do desenvolvimento econômico e social por meio de um conjunto de
ações e procedimentos que procuram viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial
e o reaproveitamento destes resíduos no ciclo de vida dos diversos campos produtivos (CAMPOS, 2017, p. 55), e
assim encontrar uma ação diferenciada de acordo com o ciclo produtivo, independente do setor em que ocorre a
geração dos resíduos, porque os problemas ambientais não são adequadamente tratáveis mediante abordagens
setoriais, como ocorre nos setores da agricultura, indústria, energia, minas, etc. Ele afeta cada setor de forma
diferente, assim sendo, todos eles devem incorporar as ações ambientais em atendimento às diferentes
problemáticas apresentadas por eles (LITTLE, 2003, p. 19).

SAIBA MAIS
CAMPOS, A. Logística Reversa Integrada: Sistemas de Responsabilidade de Pós Consumo
aplicados ao ciclo de vida dos produtos. São Paulo: Ética/Saraiva, 2017.

Figura 3 - Soluções ambientais


Fonte: somchaij, Shutterstock, 2020

As soluções ambientais no Brasil partiram da coleta de dados e indicadores e análises situacionais, por parte de

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As soluções ambientais no Brasil partiram da coleta de dados e indicadores e análises situacionais, por parte de
instituições governamentais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, para tornar possível a
criação de normas e procedimentos nos diversos setores econômicos, com vistas a diminuir os impactos
ambientais e realizar, assim, a preservação do ambiente e da vida (autora).
Para tanto, é necessário criar condições para revalorização dos resíduos para gerar o retorno econômico e, ao
mesmo tempo, ambiental e ecológico (GUARNIERI, 2011, p. 29) tornando as estratégias sistêmicas efetivas no
trato dos resíduos, sua revalorização e o aumento do ciclo de vida, onde ele é empregado.

FIQUE ATENTO
O exemplo do e-commerce é de sua importância na contextualização dessas ações, porque, em
razão do elevado volume de retorno de pós-venda, tem exigido maior empenho das empresas
desse setor em estabelecer suas redes logísticas reversas com tecnologia idêntica às adotadas
na logística de distribuição direta (...), sob pena de terem comprometidos seus resultados ou
suas relações com os diversos elos da cadeia (LEITE, 2009, p. 11).

Então, as soluções surgirão cada uma de acordo com o seu contexto e ramo de atuação, assim, é preciso sempre
estar munido de novas e boas idéias. Frente às inovações empresariais de uso das tecnologias a serviço do
emprego de soluções sustentáveis e ambientais aos negócios, Neto (2014, p. 10) elenca como tendências gerais
sustentáveis os sistemas de produção, incluindo conceitos e princípios de coeficiência, produção limpa, análise
de ciclo de vida do produto, logística reversa, reciclagem, reuso, remanufatura e de um conjunto de códigos,
princípios e normas internacionais, como ISSO 14000 (gestão ambiental); ISO26000 (responsabilidade social),
Global Report Impact (GRI), entre outros, e a busca permanente de uma estrutura organizacional inovadora e
profissional. Incluímos também o atendimento aos procedimentos, princípios e normas nacionais, que
variavelmente, atendem a cada setor produtivo de acordo com a especificidade da produção.
Frente a esta nova realidade, Souza nos apresenta a transformação do fluxo reverso dos produtos na cadeia de
suprimentos, em que o ponto de partida é a pós-venda e/ou o pós-consumo dos insumos para o seu retorno ao
ciclo produtivo.

Figura 4 - Transformação do Fluxo de produtos na Cadeia de Suprimentos


Fonte: SOUZA, 2019, p. 35

A viabilização de soluções vem transformando gradualmente o conceito unidirecional das cadeias de suprimento

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A viabilização de soluções vem transformando gradualmente o conceito unidirecional das cadeias de suprimento
(tradicionalmente formadas pela logística de abastecimento de matérias-primas / produção / comercialização /
utilização / descarte em lixão ou aterros sanitários) em cadeias circulares, em que é possível aproveitar o
descarte como matéria-prima (SOUZA, 2019, p. 35), sendo esta uma das principais ações de preservação
ambiental, dentro da logística reversa.

Fechamento
O lixo é um dos grandes problemas de degradação ambiental existentes, e hoje é comparado a situações mais
graves, como o desmatamento e a extinção de espécies, porque, sem a correta destinação, contamina, mata e se
concentra em diversos ecossistemas, trazendo transtornos à manutenção da vida. Rios, mares, lagos e terra são
pontos de aglutinação de resíduos que deveriam retornar aos ciclos produtivos e/ou ter a destinação correta em
aterros sanitários. A legislação ambiental, enquanto normas e procedimentos, e a logística reversa, enquanto
meio de viabilização destas normas, associados à conscientização social, vêm trazendo uma nova visão e forma
de atuação das formas sustentáveis no ciclo produtivo.

Referências
CAMPOS, A. Logística Reversa Integrada: Sistemas de Responsabilidade de Pós Consumo aplicados ao
ciclo de vida dos produtos. São Paulo: Ética/Saraiva, 2017.
GUARNIERI, P. Logística Reversa: em busca do equilíbrio econômico e ambiental. Recife: Ed. Clube de
Autores, 2011.
LEITE, P. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
LITTLE, P. Políticas Ambientais no Brasil: Análises, instrumentos e experiências. São Paulo: Pierópolis;
Brasília, DF: IIEB, 2003.
NETO, J. A era do ecobusiness: criando negócios sustentáveis. São Paulo: Manole, 2014.
SOUZA, J. Impacto Ambiental e a Logística Reversa. São Paulo: SENAC, 2019.
IBGE. Perfil dos municípios brasileiros: Meio Ambiente (2002). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv6063.pdf, acesso 02/02/2020.

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Logística reversa e aspectos da
responsabilidade social
Marilia Xavier Rodrigues

Introdução
Quais são as ações sociais que você já desenvolveu no ambiente onde reside e/ou trabalha? A responsabilidade
social com sua nova visão, aplicada a partir dos anos 1990, se materializa por meio de políticas, estratégias e
ações, que visam em última instância, a contribuir com o desenvolvimento sustentável (Meio Ambiente, p.07).
Diante deste contexto, você é responsável, ou co-responsável por aquilo que realiza ou deixou de realizar em
prol de criar um ambiente melhor para todos, e isso requer ações muitas vezes simples.
É o que estudaremos neste tema.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Compreender a importância e amplitude do aspecto da responsabilidade social no contexto da Logística
Reversa.

A responsabilidade social nas empresas


O desenvolvimento acelerado gera complexas dialéticas entre o que é de responsabilidade global e local, entre a
sociedade e a própria natureza, em função das disparidades e dos impactos ambientais gerados por um
crescimento desmedido, e que até pouco tempo, não considerava os riscos e as conseqüências para a
sustentabilidade da sociedade global (R434, 2008, p.15).

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Figura 1 - Responsabilidade Social Empresarial
Fonte: garagestock, Shutterstock, 2020

O termo Responsabilidade Social aparece em um novo contexto social, e antes era chamada de filantropia, ou
seja, uma ação caridosa que as organizações e/ou empresas realizavam de forma voluntária, para ajudar as
pessoas (Meio Ambiente, p. 07/08).
Atualmente, a melhor definição de desenvolvimento sustentável é a da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento, constituída pela ONU em 1991 e citada por Calderoni (1998, p.54, apud Leite, 2009):
aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem às suas próprias necessidades [...] Desenvolvimento Sustentável é um processo do qual a exploração
de recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional
se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas
(LEITE, 2009, p.117).
Assim, sendo, o setor privado empresarial, agente de significativa influência nos desdobramentos referentes ao
cenário internacional, emerge como uma importante ferramenta para resolução de problemas sociais e
ambientais, em função de uma mudança na sua forma de gestão, que passa a considerar os riscos de suas ações
de forma responsável (R434, 2008, p. 17) e não apenas como uma forma de caridade para auxiliar as pessoas.
Afinal de contas, dentro do novo contexto social, estamos todos interligados através de uma rede de ações das
quais a falta de consciência de uns interferem na vida e no desenvolvimento do próximo, sendo ele organização,
governo ou pessoa física.

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o assunto, recomendamos a leitura de SPERS, V. Conversando sobre
Administração: Foco na responsabilidade social. Campo Grande: Life, 2014.

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Figura 2 - Engrenagem da Responsabilidade Social
Fonte: EtiAmmos, Shutterstock, 2020

Os sete princípios-base da responsabilidade social, elencados por Meio Ambiente (p. 13-15) e que são regidos
por normas brasileiras e internacionais são:
1. Accountability ou Responsabilização: aceitar e assumir a responsabilidade pelas conseqüências de ações e
decisões, prestar contas as partes interessadas;
2. Transparência: prover às partes interessadas informações claras e objetivas, compreensíveis e acessíveis
sobre dados e fatos que possam afetá-las;
3. Comprometimento ético: agir de modo correto, com base nos valores da honestidade, equidade e integridade –
perante pessoas, animais e meio ambiente – e que seja consistente com as normas internacionais de
comportamento;
4. Respeito pelos interesses das partes interessadas: respeitar e considerar e responder aos interesses das
partes interessadas;
5. Respeito pelo estado de direito: obedecer a todas as leis e regulamentos aplicáveis no local onde se está
operando;
6. Respeito pelas normas internacionais de comportamento: buscar adotar preceitos estabelecidos em acordos
internacionais relativos a responsabilidade social;
7. Respeito aos Direitos Humanos: respeitar os direitos humanos e reconhecer sua importância e sua
universalidade.

FIQUE ATENTO
Toda organização que queira seguir as normas de responsabilidade social deve ter esses sete
princípios incorporados como parte integrante de sua conduta. E você pode ter acesso as essas
informações na íntegra e outros assuntos relacionados à responsabilidade social no portal do
Inmetro.

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ISO 26000: definição, característica, estrutura,
princípios e temas centrais
No dia 1º de novembro de 2010, foi publicada a Norma Internacional ISO 26000 – Diretrizes sobre
Responsabilidade Social, cujo lançamento foi em Genebra, Suíça. No Brasil, no dia 8 de dezembro de 2010, a
versão em português da norma, a ABNT NBR ISO 26000, foi lançada em evento na Fiesp, em São Paulo.

Figura 3 - A Qualidade – ISO 26000


Fonte: docstockmedia, Shutterstock, 2020

Segundo a ISO 26000, a responsabilidade social se expressa pelo desejo e pelo propósito das organizações em
incorporarem considerações socioambientais em seus processos decisórios e a responsabilizar-se pelos
impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente. Isso implica um comportamento ético e
transparente que contribua para o desenvolvimento sustentável, que esteja em conformidade com as leis
aplicáveis e seja consistente com as normas internacionais de comportamento. Também implica que a
responsabilidade social esteja integrada em toda a organização, seja praticada em suas relações e leve em conta
os interesses das partes interessadas.

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EXEMPLO
A visão holística do sistema de responsabilidade social apresenta que as ações se integram
mutuamente, em que todos os envolvidos agem e sofrem ação do meio. Neste contexto, as
partes interessadas são todos os que compõem a rede, segundo a visão holística (Meio
Ambiente, p. 23).

As características da norma são: é uma norma de diretrizes, sem o propósito de certificação; é aplicável a todos
os tipos e portes de organizações (pequenas, médias e grandes) e de todos os setores (governo, ONG’s e
empresas privadas).
Já em sua estrutura, a norma apresenta:
· Escopo – define a abrangência da norma e os limites de sua aplicabilidade;
· Termos e definições – identifica e fornece a definição de termos-chave de importância fundamental para a
compreensão da responsabilidade social e o uso da norma;
· Compreensão da Responsabilidade Social – descreve os contextos históricos e contemporâneos relacionados
ao tema e os fatores e condições importantes que afetam sua natureza e prática. Inclui orientações específicas
para pequenas e médias empresas;
· Princípios de RS relevantes a todas as organizações – identifica e explica o conjunto de princípios da RS;
· Reconhecimento da Responsabilidade social e engajamento das partes interessadas – fornece
orientações sobre a relação entre uma organização, suas partes interessadas e a sociedade, sobre o
reconhecimento dos temas e questões centrais de responsabilidade social e sobre a esfera de influência da
organização;
· Orientações sobre temas centrais da responsabilidade social – explica os temas centrais e as questões e
expectativas a eles relacionadas;
· Orientações sobre a integração da responsabilidade social em toda a organização – fornece orientações
de como colocar a responsabilidade social em prática em uma organização;
· Anexo A - apresenta um cardápio de algumas iniciativas e ferramentas voluntárias relacionadas à RS, de
caráter regional ou internacional, identificadas à época;
· Anexo B – contém abreviaturas usadas na norma;
· Bibliografia – inclui referências a instrumentos internacionais de reconhecida autoridade e Normas ISO
mencionadas como fonte no corpo da norma. (INMETRO).
Já seus os temas centrais, são:
· Governança organizacional: trata de processos e estruturas de tomada de decisão, delegação de poder e
controle.
· Direitos humanos: inclui due dilligence, situações de risco para os DH, como evitar cumplicidade; resolução de
queixas; discriminação e grupos vulneráveis; direito civis e políticos, direitos econômicos, sociais e culturais;
princípios e direitos fundamentais do trabalho.
· Práticas trabalhistas: refere-se tanto a emprego direto quanto ao terceirizado e ao trabalho autônomo. Inclui
emprego e relações do trabalho; condições de trabalho e proteção social; diálogo social; saúde e segurança no
trabalho; desenvolvimento humano e treinamento no local de trabalho.
· Meio ambiente: inclui prevenção da poluição; uso sustentável de recursos; mitigação e adaptação às mudanças
climáticas; proteção do meio ambiente e da biodiversidade e restauração de habitats naturais.

· Práticas leais de operação: compreende práticas anticorrupção; envolvimento político responsável;

-5-
· Práticas leais de operação: compreende práticas anticorrupção; envolvimento político responsável;
concorrência leal; promoção da responsabilidade social na cadeia de valor e respeito aos direitos de
propriedade.
· Questões dos consumidores: inclui marketing leal, informações factuais e não tendenciosas e práticas
contratuais justas; proteção à saúde e a segurança do consumidor; consumo sustentável; atendimento e suporte
ao consumidor e solução de reclamações e controvérsias; proteção e privacidade dos dados do consumidor;
acesso a serviços essenciais e educação e conscientização.
· Envolvimento e desenvolvimento da comunidade: refere-se ao envolvimento da comunidade; educação e
cultura; geração de emprego e capacitação; desenvolvimento tecnológico e acesso a tecnologias; geração de
riqueza e renda; saúde e investimento social.

FIQUE ATENTO
A ISO 26000 está surgindo em todo o mundo e promete ser um marco na Responsabilidade
Social Empresarial (RSE). Para promover seus princípios, foi lançado um vídeo que exibe os
valores e crenças da norma e do que se propõe a ser.

A integração da logística reversa e


responsabilidade social
A variável social, tanto quanto a ambiental, é introduzida na reflexão estratégica de empresas líderes como
diferencial competitivo, por meio de percepção de que o posicionamento e o reforço de sua imagem corporativa
permitirão a perenização de seus negócios, em um ambiente em que essa diferenciação é extremamente difícil de
ser obtida por meio de outras variáveis mercadológicas (LEITE, 2009, p. 123).

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Figura 4 - Estrutura Geral da ABNT NBR 16001: 2012 – Diretrizes de Responsabilidade Social no Brasil
Fonte: Meio Ambiente, p. 31

No contexto em que as empresas se colocam na posição de agregar valor a sua cadeia, sob forma de ações sociais
devidamente sustentáveis, a logística reversa é uma ferramenta de viabilização de todo o processo.
Neste caso, a logística reversa atua diretamente na análise do ciclo de vida útil dos produtos e nos impactos
ambientais e sociais promovidos pelos mesmos, pensando a forma como são utilizados os recursos naturais, os
impactos causados pelo transporte e internacionalização dos insumos, da distribuição direta e reversa, até o
retorno da matéria-prima ao ciclo produtivo, seja para as indústrias, reciclagem, ou o reaproveitamento em
peças e obras artesanais, auxiliando inclusive no sustento de integrantes de ONG’s e cooperativas (LEITE, 2009,
p.122).
O princípio do desenvolvimento sustentável é de plena aceitação na época atual. Contudo, cada agente envolvido
– governos, empresas e sociedade – terá uma visão diferente no que se refere à maneira de valorização e
aplicação em diferentes países (LEITE, 2009, p. 117), mas uma coisa é certa: a Logística Reversa estará presente
desde a análise até a concretização dos projetos, independentemente do agente envolvido na cadeia.

-7-
Fechamento
A logística reversa se apresenta como ferramenta de auxílio à aplicação e concretização das normas de
desenvolvimento sociais e sustentáveis, ao longo do ciclo de vida útil dos insumos, que agregam valores
ambientais e sociais, corroborando com a disponibilidade destes para as futuras gerações e valorizando as
empresas que adotam medidas sociais em seu escopo organizacional. As diretrizes e normatizações nacional e
internacional vêm como material norteador das ações, que poderão se instaurar para o bem comum. Neste
contexto, não apenas “o lixo” é tratado para garantir um futuro melhor a todos, mas os preceitos éticos e
humanos são convencionados para transformar a sociedade em um local melhor para todos.

Referências
INMETRO. Responsabilidade Social ISO 26000. Disponível em http://www.inmetro.gov.br/qualidade
/responsabilidade_social/iso26000.asp, acesso 01/02/2020.
LEITE, P. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
Meio Ambiente. Compreendendo a Responsabilidade Social: ISO26000 e ABNT NBR 16001. Ministério do
Meio Ambiente e Parcerias – Brasília/DF.
R434. Responsabilidade Social nas Empresas: a contribuição das universidades. Instituto Ethos de
Empresas e Responsabilidade Social, Uniethos, Valor Econômico – São Paulo: Peirópolis, 2008.

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Ciclo de Vida dos Produtos
Alisson Didier Nery Alves

Introdução
Todo dia muita coisa muda no mundo, temos inovações, novidades tecnológicas etc., mas sabe o que muda
também? A consciência em preservar o mundo em que vivemos. Foi-se tempo em que ninguém se importava de
onde vinha e para onde iria cada produto e sua embalagem. Nesse contexto, essa mudança de consciência, tão
perceptível na sociedade, chega também ao mundo corporativo, principalmente, na cadeia de produção.
Diante da realidade, como pensar no ciclo de vida do produto como uma estratégia empresarial? Como entender
relação do ciclo entre si e com o ecossistema de consumo? E quais impactos sociais e econômicos são gerados em
toda a cadeia? É o que vamos analisar neste tema.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Conhecer o ciclo de vida dos produtos e sua classificação.

O que é CVP?
A compreensão e a avaliação do ciclo de vida dos produtos podem reduzir o desperdício, priorizar a economia
para as empresas e implantar uma politica de sustentabilidade. Isso é importante porque a cultura da
sustentabilidade vem ganhando mais espaço na sociedade, influenciando na tomada de decisão das pessoas, na
escolha do que consumir e levar pra casa. Alguns pesquisadores da área vêm colaborando para o processo de
conhecimento do ciclo de vida do produto.
Muitas são as concepções a respeito da importância do estudo sobre o ciclo de vida do produto. Vejamos a
concepção de Ballou (2006, p. 76): “o profissional em logística precisa estar constantemente a par do estágio do
ciclo de vida dos produtos, a fim de poder adaptar os padrões da distribuição a cada estágio em busca da
eficiência máxima”.

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Figura 1 - Representação gráfica do ciclo de vida do produto
Fonte: Shutterstock, 2020

Adaptar os padrões em busca de eficiência é muito mais que responsabilidade, é um desafio. Por isso, o
pensamento do ciclo de vida dos produtos chegou para ficar na indústria brasileira, não apenas para cumprir a
legislação, mas para entender e atender as exigências do consumidor que quer saber o passo a passo da cadeia
produtiva, a procedência dos materiais, como é feito aquele produto que ele consome e, principalmente, o que
acontece com os produtos e embalagens depois que acontece o descarte.
Todo produto e serviço passa por uma timeline, ou seja, uma linha de vida. Podemos fazer um comparativo com
o ciclo de vida humano: nascemos, crescemos e morremos. O que, quando comparado com o CVP e todas as suas
características, se torna interessante. As coisas se alteram rapidamente: com o passar do tempo, os produtos
aparecem e desaparecem facilmente. Para que seja possível dar vida a um produto, é importante um enorme
estudo prévio. Além de pensar no produto em si, deve-se levar em consideração outros fatores, como:
distribuição, preço, comunicação, etc.
Outro estudioso que merece atenção quanto ao ciclo do produto é Kotler (2006). Segundo o autor, para que se
possa afirmar que um produto possui ciclo de vida, é necessário que o mesmo obedeça algumas condições, tais
como: o produto deve ter vida limitada; as estratégias e o valor de venda muda conforme cada estágio do ciclo, e
os lucros oscilam durante a vida do produto. Para Drucker (1982):
as empresas inovadoras preferem abandonar elas mesmas os seus produtos obsoletos. A cada três anos,
aproximadamente, a empresa inovadora faz um julgamento definitivo de cada processo, produto, tecnologia,
serviço e mercado. Ela indaga: sabendo o que sabemos agora, nos envolveríamos com este serviço ou produto? E
se a resposta for negativa, a empresa não diz: façamos um novo estudo.
Ela diz: como saímos disto?
Para Las Casas (2004, p.175), o ciclo de vida de um produto começa desde o momento em que o produto é
introduzido no mercado até a sua retirada total. Ele passa pelos estágios da introdução, crescimento, maturidade
e declínio.

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FIQUE ATENTO
Forrester (1959) já alertava para o pico de rentabilidade típica de uma indústria, que atinge o
seu valor máximo diante do pico de vendas e, então, decresce até chegar a ponto de não
rentabilidade. Ou seja, podemos perceber que entender este fenômeno é de interesse das
organizações há muitas décadas.

Ainda segundo Kotler (2006), o ciclo de vida do produto é um importante conceito de marketing, que orienta a
dinâmica competitiva de um produto e tem sua origem no ciclo de vida de demanda/tecnologia, ou seja, no nível
de mudança de necessidade, que apresenta estágios de surgimento, crescimento acelerado, crescimento
desacelerado, maturidade e declínio.
Segundo Las Casas (2004, p. 176): “o ciclo de vida do produto será variável de acordo com o mercado
considerado e dependerá do tempo de adoção dos consumidores, como também da concorrência de novos
produtos”.

Quais são as etapas do CVP?


Para que seja possível dar vida a um produto, é importante um enorme estudo prévio, em que, além de pensar no
produto em si, devem-se levar em consideração outros fatores, como: distribuição, preço, comunicação, etc. Após
análise de todas as variáveis a ter em conta, surge assim o seu ciclo de vida. Essa linha pode ser definida por
diferentes critérios: vendas, lucro, produto, serviço, ou necessidade de informação que a empresa tenha. Assim,
existem quatro estágios, caracterizados por diferentes tipos de produtos. Neste ciclo de vida, observamos um
gráfico em formato de parábola.

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Figura 2 - Representação das etapas do ciclo de vida do produto
Fonte: BaLL LunLa, Shutterstock, 2020

Os quatro estágios do ciclo do produto são: 1) Introdução: lançamento do produto no mercado; 2) Crescimento:
aceleração e crescimento do volume de vendas; 3) Maturidade: chega ao ponto de equilíbrio e fortalece a marca;
4) Declínio: mercado já não é novidade e o produto começa a cair.
Ballou (2006) afirma que os produtos não geram seu volume máximo de vendas imediatamente após o seu
lançamento, nem mantém seu pico de vendas indefinidamente, apresentando que cada fase desse ciclo exige
estratégias diferentes de atuação.
O estágio de introdução é a fase em que o produto está sendo lançado, não existem tantos concorrentes, você
possui grandes oportunidades de explorar mercados e nichos. Essa fase exige da empresa muito investimento
para que ela seja conhecida e investimento em logística para fortalecer a distribuição do produto, exigindo muito
esforço para o produto chegar à mão do cliente. Para Ballou (2006), planejar a distribuição nesta etapa é bem
difícil, devido à não existência de históricos de vendas.

SAIBA MAIS
Ronald Ballou é considerado o pai da Logística Empresarial, é um professor e engenheiro
estadunidense que dedicou a sua vida elaborando soluções para formação de estratégias para
as organizações. De todas as suas obras, sugiro a leitura do seu livro Cadeia de Suprimento
/Logística Empresarial (2006), para que você amplie seus conhecimentos a respeito da
concepção acerca do funcionamento da cadeia de suprimento.

É no estágio de crescimento que as pessoas tomam conhecimento a respeito do seu produto e ele começa a ser
indicado pelos clientes.

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Figura 3 - Representação de crescimento de vendas do produto
Fonte: Shutterstock, 2020

Essa movimentação gera, neste momento, o aumento do lucro, por não exigir altos investimentos. Já não é
preciso tanto investimento de marketing, por outro lado, é necessário ter todo cuidado possível com a estratégia
logística da empresa.
Nesse contexto, a logística empresarial deve garantir os níveis de estoque (curva ABC), produção, garantindo que
o produto chegue ao consumidor final, por meio do ponto de venda (PDV) ou pela entrega logística.
Na terceira fase, que é o topo da parábola, a fase de maturidade, é quando você tem uma marca forte, consegue
impressionar os clientes e o mercado com sua excelência, gerando a percepção de valor pelos clientes.

FIQUE ATENTO
Kotler (2006) afirma que “muitas empresas definem seu objetivo para a logística de mercado,
como levar os produtos certos aos lugares certos, nos prazo combinado, com o mínimo custo”.
Infelizmente, esse objetivo proporciona pouca orientação na prática. O autor ainda afirma que
um atendimento de excelência ao cliente implica em estoques elevados, transporte especial e
vários depósitos, fatores que aumentam o custo da logística.

A partir deste ponto, conheceremos o estágio do declínio. É justamente nessa fase que as empresas sentem que
as coisas começam a enfraquecer, porque existem concorrentes, produtos similares ou até mesmo produtos
substitutos. Com o mercado saturado, já não é percebido valor pelos clientes, e a empresa começa a perder sua
margem de lucro. Para frear este efeito, a empresa costuma lançar uma nova versão do produto, fazer uma
atualização, fazer um upgrade, realizar ações específicas no PDV ou até mesmo na fidelização, capacitação de
novos parceiros. Quando as empresas percebem que isso está acontecendo, é preciso projetar uma nova onda de
crescimento do produto.
Todo produto possui ondas de altos e baixos, porém devemos estar atentos para elaborar estratégias para que
esse topo de gráfico tenha mais altos, por meio de incentivo de ações de venda e incentivo de uso do produto,
despertando o interesse do consumidor em obter o produto ofertado pela empresa.

-5-
EXEMPLO
Para exemplificar os estágios de crescimento e maturidade, respectivamente, utilizamos dois
casos. Primeiro, podemos citar os carros elétricos que, antes pouco conhecidos, apresentavam
descrédito dos possíveis clientes, e hoje são cada vez mais escolhidos pelos consumidores que
zelam pelo meio ambiente. Temos também os produtos da Apple, que são produtos de alto
valor em mercado, de alto custo, porém sempre apresentam inovações e lançamentos,
aumentando seu ciclo de vida.

O ciclo de vida dos produtos serve como base para o nível de estoque, conhecido como curva ABC (80-20), este
conceito tem papel fundamental no planejamento logístico.

Figura 4 - Representação do controle de nível de estoque


Fonte: Dusit, Shutterstock, 2020

Este conceito afirma que 80% das vendas são realizadas por 20% dos produtos (Curva A). Isso ajuda a
dimensionar e agrupar os produtos, por exemplo: os 20% mais bem classificados no ranking de vendas da
empresa podem ser chamados de itens A, os 30% seguintes, fazem parte da classificação de itens B, e os
restantes, de itens C. Os produtos mais vendidos devem estar em fácil acesso para o consumidor.

-6-
Fechamento
Neste tema, você teve a oportunidade de conhecer diferentes concepções sobre o ciclo de vida do produto,
analisando o pensamento de alguns estudiosos sobre o tema, compreendendo a importância da logística e a
natureza do produto/serviço como principal esforço logístico.

Referências
BALLOU, R. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. São Paulo: Bookman,
2006.
DRUCKER , P. As Fronteiras da Administração. São Paulo: Pioneira, 1989.
FORRESTER, J.W. Advertising: A Problem in Industrial Dynamics. Harvard Business Review, v.27, nº.2, 1959,
p.100-110.
KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de marketing. 12 ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2006
LAS CASAS, A. Marketing de varejo. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2004.

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A importância da coleta seletiva
Alisson Didier Nery Alves

Introdução
Percebemos que, com o passar dos anos, as empresas e a sociedade em geral vêm modificando os seus hábitos de
consumo. Após o “boom” da globalização, no final dos anos 80, percebe-se que uma grande variedade de
produtos estão disponíveis para uma grande quantidade da população. Em contrapartida, essa grande demanda
por consumo diminui o tempo de vida útil dos produtos. Diante da realidade no contexto da logística, surge o
grande desafio de acompanhar este processo. Quais os efeitos da grande oferta de produtos no mercado? Depois
que o cliente consome o produto, o que ele deve fazer com a embalagem plástica em que o produto estava
armazenado? O que fazer com aquele produto eletrônico quebrado ou que não tem mais uso? É o que vamos
analisar neste tema.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Conhecer os sistemas de coleta
• Conhecer o processo de coleta seletiva e sua importância para a sociedade
• Identificar a diferença de coleta seletiva e a logística reversa

Sistemas de coleta
A preocupação com o meio ambiente passou a ser um tema bastante discutido no mundo empresarial no início
dos anos 2000. Diante do contexto da competitividade do mercado, as empresas passaram a ser pressionadas a
assumirem uma nova postura em relação ao meio ambiente. Com o tema sustentabilidade ficando em evidência,
as empresas perceberam que necessitavam de uma postura sustentável para entregar valor ao consumidor final.
O crescimento populacional nas cidades faz aumentar a demanda pelo consumo e aumentar o descarte dos
resíduos. O pensamento de Silva (2004, p. 1) pode confirmar a necessidade da mudança de postura:
[...] a necessidade de preservar o meio ambiente, por conhecermos a acelerada destruição dos recursos naturais
do nosso planeta e entendermos que Reduzir, no sentido de diminuir a quantidade de lixo produzido,
desperdiçando menos e consumindo só o necessário, sem exageros. Reutilizar, dando nova utilidade a materiais
que na maioria das vezes consideramos inúteis e jogamos no lixo, e Reciclar, no sentido de dá “nova vida” a
materiais a partir da reutilização de sua matéria-prima para fabricar novos produtos [...]

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Figura 1 - O descarte dos resíduos nos grandes centros
Fonte: Strahil Dimitrov, Shutterstock, 2020

Com o acúmulo dos lixos nas cidades, surge a necessidade de criar sistemas de coleta para dar um destino ao
resíduo descartado pela sociedade. A coleta normalmente pode ser classificada em dois tipos de sistemas:
sistema especial de resíduos contaminados e sistema de coleta de resíduos não contaminados. No caso dos
resíduos não contaminados, a coleta pode ser realizada de maneira mista: são coletados onde são gerados e
encaminhados, através de transporte específico até o destino final, ou seja, aterro sanitário. Outro tipo é o
sistema seletivo, em que os resíduos recicláveis, são separados e encaminhados para locais de tratamento,
podendo ser reutilizados.

O que é coleta seletiva?


A coleta seletiva pode ser considerada uma ferramenta para solução do problema do lixo. Por meio dela,
podemos propor a melhor destinação deste lixo. É através da coleta seletiva que se pode reutilizar os materiais
reciclados, transformando-os em novos produtos e separando toda a matéria orgânica, que será encaminhada
para o destino adequado. Segundo Vilhena (1999), a Coleta Seletiva consiste no recolhimento de materiais
recicláveis (papéis, vidros, metais e orgânicos) e também na sua separação para serem enviados para a
Reciclagem e reutilizados na sociedade.

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Figura 2 - Representação do símbolo internacional da reciclagem
Fonte: Shutterstock, 2020

Leite (2013, p. 130) complementa a questão acima ao afirmar que “a teoria do desenvolvimento sustentado
prega a necessidade de encontrar maneiras de alcançar o desenvolvimento econômico preservando as condições
ambientais adequadas às novas gerações”.
Este lixo gerado pela população das cidades desaparece fácil? Quando jogamos fora, termina a responsabilidade
de quem gerou este resíduo, certo? Errado. Ele não desaparece e a responsabilidade pelo que acontece depois
também é nossa.

FIQUE ATENTO
Quando o lixo é misturado, é levado para aterros sanitários ou lixões. Porém, os lixões no
Brasil foram proibidos, porque causam grandes danos ao meio ambiente e à saúde, e os aterros
sanitários estão ficando cada vez mais lotados. Logo, não haverá mais espaço para tanto lixo.

Por outro lado, a boa noticia é que isto não é lixo, são resíduos. Podemos entender que lixo é o que não serve
mais pra nada, ou seja, não passa mais por processo de transformação para reutilização. No caso dos resíduos,
eles ainda têm muita utilidade, possuem muito valor para a cadeia produtiva e precisam ser separados. É ai que
chegamos ao conceito da coleta seletiva, ou seja, a separação dos resíduos.

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Como funciona a coleta seletiva?
De acordo com Nani (2008), nosso lixo é composto por diversos tipos de materiais, sendo boa parte desse lixo
reaproveitável. Podemos classificá-los entre secos, úmidos, perigosos e rejeitos, no próprio local onde são
gerados. Os secos são papeis, plásticos, vidros e metais. De acordo com o manual de gerenciamento integrado do
CEMPRE, podemos definir que: “a coleta seletiva do resíduo sólido é o recolhimento de materiais recicláveis, tais
como papeis, plásticos, vidros, metais e “orgânicos”, previamente separados na fonte geradora.” (CEMPRE,
2002).
Uma figura muito importante é o catador de materiais recicláveis. Ele é um prestador de serviços ambientais; seu
trabalho é recolher, selecionar e encaminhar os resíduos para os centros de triagem, onde são separados para as
diferentes indústrias de reciclagem, e todo esse processo reduz a exploração de recursos naturais.
Segundo o Plano Estadual de Coleta Seletiva do estado de Minas Gerais (FEAM, 2011) a:
coleta seletiva é o recolhimento diferenciado de resíduos sólidos previamente selecionados nas fontes geradoras,
com o intuito de encaminhá-los para reutilização, reaproveitamento, reciclagem, compostagem, tratamento ou
destinação final adequada.
Ainda sobre a coleta seletiva, de acordo com o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (IBAM,
2001), existem quatro principais classificações de modalidades de coleta seletiva: a realizada por catadores, a
entrega dos resíduos em postos de entrega voluntária, a feita em postos de troca e a coleta porta a porta.

Figura 3 - Profissional responsável pela coleta e encaminhamento do resíduo


Fonte: Dmitry Kalinovsky, Shutterstock, 2020

O Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (IBAM, 2001) afirma que o sucesso da coleta seletiva
está diretamente relacionado com a conscientização da sociedade em participar ativamente na separação dos
materiais.

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Diferença entre coleta seletiva e logística
reversa
Para entendermos o contexto em que a logística reversa se insere, precisamos revisar sobre o conceito de
logística empresarial e de que forma ela pode fazer a diferença para as organizações inseridas em um ambiente
de alta competitividade.

SAIBA MAIS
O documentário “Lixo Extraordinário” acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em
um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de
Janeiro. Neste projeto, ele resolveu compor imagens a partir de materiais descartados no lixo e
que vão parar no Jardim Gramacho. Para isso, ele recrutou catadores, que recolheram os itens
e ajudaram a desenvolver a obra. Para você ampliar seu conhecimento sobre a logística
reversa, é uma boa dica de filme.

No ambiente muito competitivo, o fluxo de informações determina as conexões e interações entre a cadeia de
negócios e a maneira mais adequada de atender as necessidades dos negócios. Aumentar a agilidade e as
interações com o mercado torna-se fundamental, assim como disponibilizar produtos e serviços precisa ser algo
alinhado com as necessidades do cliente. Quem garante esse fluxo é a logística. Logística reversa é uma forma de
fazer com que o produto que está com o cliente volte para a empresa.

FIQUE ATENTO
A coleta seletiva está relacionada à coleta diferenciada de resíduos com características
similares que são selecionados pelo gerador (que pode ser o cidadão, uma empresa ou outra
instituição) e disponibilizados para a coleta separadamente. Por outro lado, podemos definir
logística reversa como um conjunto de ações com o objetivo de viabilizar a coleta e a
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou
em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

De acordo com Leite (2013):


A Logística Reversa é uma área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações
logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós - consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo
produtivo, através dos canais de distribuição reversos (CDR), agregando-lhes valor de diversas naturezas:
econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.

Neste contexto, Novaes (2004, p. 54) afirma que “logística reversa cuida dos fluxos de materiais que se iniciam

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Neste contexto, Novaes (2004, p. 54) afirma que “logística reversa cuida dos fluxos de materiais que se iniciam
nos pontos de consumo dos produtos e terminam nos pontos de origem, com o objetivo de recapturar valor ou
de disposição final”.
A logística reversa é um dos pilares da Política Nacional dos Resíduos Sólidos. A lei proíbe lixões, prevê que
estados e municípios façam planos específicos para a destinação do lixo, além de incentivar linhas de
financiamento para cooperativas. O objetivo da logística reversa é a minimização da geração de resíduos sólidos.

EXEMPLO
O grupo Pão de Açúcar lançou, em 2008, o programa chamado de reciclagem pré-consumo,
conhecido também como caixa verde, em que os clientes podem depositar as embalagens dos
produtos adquiridos nas lojas antes mesmo de levá-los para casa, ou seja, os clientes
descartam embalagens de papelão e sacos plásticos.

A lei obriga todas as companhias a montar um esquema para recolher e dar destino correto aos insumos gerados
por sua atividade. Pode-se observar que a coleta seletiva é uma obrigação para o poder público, por outro lado, a
logística reversa é obrigação das empresas, sejam elas responsáveis pela produção, distribuição ou
comercialização.

Figura 4 - Diagrama da logística reversa


Fonte: Digital Saint, Shutterstock, 2020

Dentre os resíduos perigosos, podemos destacar pilhas, lâmpadas fluorescente, eletro-eletrônicos,


medicamentos. Eles são perigosos, pois possuem elementos altamente tóxicos quando em contato com o meio
ambiente, e aqui a responsabilidade não é só de quem consome, mas também de quem produz. Isso quer dizer
que os fabricantes são responsáveis pelo destino final de seus produtos, garantindo assim que seus resíduos
perigosos não contaminem a terra, a água e o ar.

Rejeitos são os resíduos que não temos como reciclar, como papel higiênico e fraldas, e deverão ser os únicos a

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Rejeitos são os resíduos que não temos como reciclar, como papel higiênico e fraldas, e deverão ser os únicos a
irem para os aterros sanitários. Lá, serão tratados, e o local do aterro poderá ser recuperado no futuro. É fácil
perceber que a solução está na mão de todos: do governo, das empresas, dos catadores e da população em geral.
Isso é responsabilidade compartilhada.

Fechamento
Neste tema, você teve a oportunidade de conhecer diferentes concepções sobre coleta seletiva, reciclagem e
logística reversa, analisando o pensamento de alguns estudiosos sobre o tema, vendo como o processo de
logística reversa virou ferramenta para solucionar o problema do descarte de produtos em locais inapropriados,
que, ao terem contato com o meio ambiente, geram grandes impactos ambientais e sociais.

Referências
BALLOU, R.H. Logística Empresarial. São Paulo, Atlas, 2010.
CEMPRE, Compromisso Empresarial Para Reciclagem. Lixo municipal: manual de
Gerenciamento Integrado. 2 ed. São Paulo, 2002.
FEAM, Fundação Estadual do Meio Ambiente. Plano Estadual de Coleta Seletiva. FEAM: Belo Horizonte, 2011.
IBAM, Instituto Brasileiro de Administração Municipal. Gestão integrada de resíduos sólidos: Manual
gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Administração Municipal
/Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República [SEDU/PR], 2001.
LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2013
NANI, E. Meio Ambiente e Reciclagem – Um Caminho a Ser Seguido. São Paulo, Ed. Juruá Editora, 2008.
VILHENA, A. Guia da Coleta Seletiva de Lixo. São Paulo: CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem,
1999.
SILVA, M. Prática de Educação Ambiental no Ensino Público Formal. Revista Eletrônica Lato Sensu – Ano 3,
nº1, março de 2004.

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Política dos 5 “R’s”
Alisson Didier Nery Alves

Introdução
Na tentativa de minimizar os danos causados pelo consumo exagerado da população, causadores da poluição e
dos grandes impactos ambientais, alguns pensadores buscam apresentar alternativas de mudança de hábitos e
mindset, que gerem ação com foco em prevenir esses impactos causados ao meio ambiente, proporcionado
qualidade de vida para as pessoas. Nesse contexto, surge a política dos 5 R’s – reduzir, reutilizar ou reaproveitar,
reciclar, repensar e recusar. Surge para a sociedade mais do que um conceito, uma ferramenta para a solução dos
problemas gerados pelo destino errado do lixo.
Diante da realidade, reciclar é sempre a melhor opção? Reduzir e reaproveitar é suficiente para garantir a
sustentabilidade? É o que vamos analisar neste tema.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Conhecer o processo dos 5 R’s: reduzir, reutilizar, reciclar, recusar e repensar
• Compreender a importância da mudança de comportamentos em relação aos resíduos

O que são 5 ”R’s”?


A mudança de comportamento do consumidor está diretamente ligada ao conceito de mundo verde e à
preocupação causada pelos impactos sociais, econômicos e ambientais, causados pela poluição. Conforme Van
Bellen (2008), apresentar progresso em direção à sustentabilidade é uma escolha da sociedade, das
organizações, das comunidades e dos indivíduos, devendo existir um grande envolvimento de todos os
segmentos.
Nesse contexto, alguns profissionais e pensadores focam em oferecer soluções, por meio de conceitos e teorias,
com o objetivo de gerar ação e mudança de comportamento. É neste momento que surge a política dos 3R’s:
Reduzir, Reutilizar e Reciclar o lixo produzido.
A quantidade de lixo gerado deve ser minimizada, por este motivo, reduzir torna-se uma ação de grande
importância. Mas como podemos fazer isso? Evitando a compra de produtos descartáveis, ou seja, utilizados uma
única vez, por meio da compra de produtos com maior durabilidade.

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Figura 1 - Representação dos pilares da nova sociedade do consumo
Fonte: EtiAmmos, Shutterstock, 2020

Segundo Savitz e Weber (2007), esse movimento teve origem a partir da conscientização crescente, durante a
década de 1980, de que os países precisavam descobrir formas de promover o crescimento de suas economias,
mas isso sem destruir o meio ambiente ou sacrificar o bem-estar das gerações futuras.

FIQUE ATENTO
A política dos 3 R’s é um conjunto de ações sugeridas durante a Conferência da Terra, realizada
no Rio de Janeiro em 1992, e o 5° Programa Europeu para o Ambiente e Desenvolvimento,
realizado em 1993. Os princípios da sustentabilidade, assim como ocorre em outros campos da
sociedade, evoluíram com o tempo. A política dos 3R’s tornou-se a dos 5 R’s.

Nesse contexto, ao comprar produtos com tempo de vida útil maior, você passa a utilizar e reutilizar por mais
vezes um determinado objeto ou produto. Entra em cena o princípio da reutilização.
Deve-se pensar em novas maneiras de uso antes mesmo de descartar o produto, ou seja, adicionar novas funções
para objetos. Não sendo possível reutilizar o produto, reciclar torna-se uma ação relevante e também a terceira
etapa da política. Por meio da reciclagem, pode-se minimizar a extração dos recursos ou matérias-primas,
transformando resíduos em novos produtos.

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Figura 2 - Consumidor consciente
Fonte: Kzenon, Shutterstock, 2020

A passagem da política dos 3 R’s para a política dos 5 R’s visa a consciência ambiental, que promova mudanças
comportamentais com a finalidade de garantir a qualidade de vida e a preservação da natureza, incluindo o
homem como parte integrante do meio ambiente.
O quarto “R” significa repensar: repensar hábitos de consumo e, principalmente, hábitos de descarte do resíduo.
Isso significa refletir sobre a necessidade de compra, identificar se o bem adquirido está sendo comprado por
impulso ou por real necessidade.
Recusar é o quinto “R” da política, que nesse contexto significa etapa de não aceitação de produtos que causem
impactos ambientais, fazendo com que você dê preferência a produtos e marcas que possuam responsabilidade
com a natureza. No momento em que o consumidor recusa o produto, faz com que a empresa priorize o
investimento na melhoria dos processos e realize ações menos agressivas ao meio ambiente. É importante
sempre levar em consideração os impactos que mais tarde poderão ser gerados sobre a excessiva geração de
resíduo e a escolha por materiais não reutilizáveis ou não recicláveis.

Benefícios e Importância dos 5 “R’s”


O consumo responsável ganha cada vez mais adeptos no Brasil e no mundo. A conscientização com preservação
do meio ambiente ajuda na formação de um consumidor cada vez mais engajado em causas ambientais e em uma
economia mais justa.

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SAIBA MAIS
A estratégia das empresas tem se mostrado mais atenta às questões ambientais, a ponto de as
companhias perceberem que podem obter algum tipo de vantagem competitiva no mercado,
principalmente quando existe a possibilidade de reduzir os custos e ainda contribuir com o
meio ambiente. Sugiro a leitura do livro Sustentabilidade Empresarial. Estratégia das
Empresas Inteligentes, de Christiane Carvalho Veloso e Ana Gláucia Sousa Agustinho, para
você se aprofundar mais no tema.

Nesse contexto, as empresas buscam ferramentas e adotam estratégias que entendam e atendam às
necessidades desse consumidor. A implementação da política dos 5 R’s da sustentabilidade sugere mudanças de
comportamento, com o objetivo de sensibilizar o ato de consumir e descartar com responsabilidade.
A política dos 5 R’s também contribui para a redução de custos, tanto para o consumidor como para a indústria,
evita agressões ao solo, ar e água, proporciona melhor qualidade de vida, reduz o consumo de energia, reduz a
extração de recursos naturais, reduz os gastos do poder público com o tratamento do lixo e intensifica a
economia local (com sucateiros, catadores etc.), conforme o Ministério do Meio Ambiente (2017).

Figura 3 - Avaliação indicando caminhos


Fonte: Ohmega1982, Shutterstock, 2020

Formatar uma nova cultura de consumo é o objetivo central da política dos 5 R’s, ou seja, construir novos hábitos
e levá-los também para o ambiente corporativo. Para tanto, é importante entender os grandes desafios para
implantar essa política. Engajamento e comprometimento são habilidades básicas para quem quer viver em uma
sociedade mais harmoniosa e sem grandes impactos ambientais.

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Exemplos de 5 “R’s”
O problema do lixo é algo comum em nosso cotidiano e nas empresas. Destacamos o papel do governo, da
sociedade e das companhias no combate aos danos ambientais causados por todos.
Como você descarta o lixo na sua casa? Você separa embalagens, matéria orgânica e óleo de cozinha? Na sua
empresa, existe separação do lixo? Será que o que você está comprando é algo de que realmente necessita? Em
vez de comprar algo novo, você não poderia reaproveitar algo que já tem?
Essas perguntas podem fazer com que todo ecossistema produtivo questione e repense uma forma de redução
dos resíduos e lixo. Uma simples ação de oferecer refil de alguns produtos para os clientes é um exemplo dessa
redução.

Figura 4 - Você já questionou essas ações?


Fonte: ImageFlow, Shutterstock, 2020

Outra excelente alternativa é fazer uso da sacola de compras retornável em vez de utilizar as de plástico; dar
prioridade às embalagens retornáveis, usar a criatividade e fazer bijuterias, brinquedos e presentes
personalizados utilizando materiais recicláveis, utilizar pilhas recarregáveis no lugar de pilhas alcalinas, utilizar
lâmpadas econômicas, etc.
Assim, ao recusar produtos que prejudicam a saúde e o meio ambiente, contribui-se para um mundo mais limpo.
É importante preferir produtos de empresas que tenham compromisso com o meio ambiente e sempre ficar
atento às datas de validade.

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FIQUE ATENTO
Você pode experimentar fazer a coleta seletiva nas suas atividades cotidianas. Papel e papelão,
latas de alumínio e plásticos são os resíduos mais comumente reciclados no país. Mas não se
esqueça, de outros produtos que podem passar pelo processo da reciclagem, como vidros e
metal.

Muitas organizações criam produtos artesanais a partir de embalagens de vidro, plástico, metal, papel, etc.
Pequenas ações também fazem grande diferença: ao fazer uso dos dois lados de uma folha de papel, fazer blocos
de rascunho, migrar para as plataformas digitas para minimizar o uso de papel, a sociedade e as empresas
preservam muitas árvores.

EXEMPLO
O Pão de Açúcar disponibiliza em suas lojas uma estação de reciclagem. O programa de coleta
de resíduos de clientes teve seu início em 2001, com o objetivo de coletar papel, plástico,
metal, vidro e óleo de cozinha que são descartados. Quando o material reciclável é descartado
nas estações, deixa de ir para aterros e lixões e ainda ganha possibilidade se transformar em
outros materiais no processo de reciclagem.

De acordo com Sgarbi et al (2008), os estudos sobre a sustentabilidade apresentam um crescente interesse na
comunidade acadêmica, junto com temas como estratégia, competição, gestão, dentre outros. Colocar em prática
a coleta seletiva significa contribuir para um mundo mais sustentável.

Fechamento
Neste tema, você teve a oportunidade de conhecer diferentes concepções sobre a importância do uso da política
dos 5R’s. Vimos os resultados positivos gerados na sua aplicabilidade: a reciclagem do lixo gera trabalho e renda
para milhares de pessoas; diminui a exploração de recursos naturais e economia de energia como processo de
produção; a redução significativa de agentes poluentes do solo, da água e do ar; amplia o ciclo de vida dos
produtos, atuando de maneira criativa no posicionamento do produto, criando de produtos de linha artesanal, a
partir da reutilização de materiais coletados.

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Referências
BRASIL, Lei nº 12.305, de 2 agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no
9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port
/conama/legiabre.cfm?codlegi=636. Acesso em: 14/01/2020
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. A política dos 5R's. Brasília, DF,
2010, http://www.mma.gov.br/comunicacao/item/9410. Acesso em 2020.
SAVITZ, A. W.; WEBER, K. A empresa sustentável: o verdadeiro sucesso é o lucro com responsabilidade
social e ambiental. Rio de Janeiro: Campus, 2007.
Sgarbi, V.S et al. Os Jargões da Sustentabilidade: uma Discussão a partir da Produção Científica Nacional,
engema 2008.
VAN BELLEN, H. Indicadores de Sustentabilidade: uma análise comparativa. 2 ed.São Paulo: FGV, 2008.

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Logística e embalagens
Alisson Didier Nery Alves

Introdução
As inovações tecnológicas proporcionaram uma mudança de hábito na sociedade, por consequência, houve
aumento do consumismo nas últimas décadas, gerando maior produção de bens de consumo, além de aumento
na produção de embalagens para os produtos. Neste contexto, as embalagens têm como sua principal função
contribuir para proteção da integridade física do produto, conservar alimentos, além de ser uma ferramenta de
vendas para este. Elas estão presentes em diversos setores, podemos destacar as indústrias de alimentos e
cosméticos. Por outro lado, o descarte dessas embalagens tornou-se um problema para o meio ambiente.
Você conhece o poder da embalagem na logística? Quais os principais desafios relacionados à embalagem? É o
que vamos analisar neste tema.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Analisar a relação da logística e a embalagem no processo logístico
• Compreender a importância da embalagem e sua problemática na sociedade

A embalagem e a logística
A embalagem está diretamente relacionada à proteção do produto, e diferentes tipos de materiais são utilizados
em sua fabricação, sendo eles plásticos, celulose, metal e vidro. Cavalcanti (2006) define embalagem como sendo
um conjunto de técnicas utilizadas na preparação das mercadorias, com o objetivo de criar melhores condições
para o transporte, armazenagem, distribuição, venda e consumo, ao menor custo global.
Nesse contexto, cada material possui suas características para conservar o produto, protegendo-o como uma
espécie de barreira contra luz, água, microrganismos, aromas, gases, etc. Gurgel (2007) diz que embalagens são
recipientes removíveis ou não, cujas funções são empacotar, cobrir, proteger, manter os produtos ou facilitar sua
comercialização. No entanto, seu uso, apesar das diversas vantagens de sua utilização, com um descarte
desordenado gera um grande volume de resíduos sólidos, que estão relacionados aos impactos ambientais.

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Figura 1 - Embalagens de vidro utilizadas para conservação de medicamentos
Fonte: kanusommer, Shutterstock, 2020

Diante deste cenário, você conhece o poder da embalagem na logística? A mercadoria, antes de chegar ao
consumidor final, passa por uma série de etapas: armazenagem, estocagem, movimentação, exposição no ponto
de venda, etc. Em cada uma dessas etapas, fazem-se necessárias ações que determinem cuidados para evitar
perdas e custos desnecessários para a cadeia produtiva.

FIQUE ATENTO
A embalagem é uma importante ferramenta para a Logística, pois também serve como
marketing para a empresa, impulsionando as vendas do produto. Além disso, a sua
importância não se limita apenas a esses dois fatos. A embalagem possui uma grande
relevância quanto à responsabilidade ambiental da empresa, por isso suas características
devem ser pensadas de uma maneira que possibilite melhor descarte.

Segundo Moura e Banzato (2000), a embalagem garante que o produto chegue com maior segurança ao destino
final e com menor custo. Facilita ainda o transporte, o armazenamento, a distribuição e a venda de produtos.
A embalagem, segundo Kotler (2000, p. 13):
(...) é o conjunto de atividades de projeto e produção do recipiente ou envoltório do produto. A embalagem é
conceituada como um recipiente ou um envoltório e pode ser classificada em três tipos: embalagem primária,
embalagem secundária e embalagem de remessa (p. 13).
Ainda segundo o autor,

(...) podemos definir a embalagem primária como sendo o invólucro básico do produto; embalagem secundária,

-2-
(...) podemos definir a embalagem primária como sendo o invólucro básico do produto; embalagem secundária,
como a que será jogada fora quando o produto for ser usado e embalagem de remessa, como a embalagem
necessária para o armazenamento, identificação e transporte do produto, ou seja, a embalagem de transporte. (
KOTLER, 2000, p. 15)
Nesse contexto, Bailou (2006, p. 83), afirma que “a embalagem protetora é uma despesa adicional compensada
por tarifas de transporte e armazenagem mais baixas, bem como menos e menores reclamações quanto a danos
reembolsáveis”.
Os pensadores deixam clara a importância da embalagem para o processo logístico, relacionando-a com seus
objetivos e desafios, entre os quais estão a disponibilização das mercadorias no tempo certo e na qualidade
desejada pelo cliente. Sendo assim, é preciso ter uma embalagem que corretamente acondicione o produto nas
melhores condições, com o menor custo possível.

Figura 2 - Armazenagem de produtos


Fonte: I. Pilon, Shutterstock, 2020

A embalagem está presente em cada etapa da logística: capta clientes, informa, armazena, protege e facilita o
transporte e o manuseio do produto. No entanto, talvez ainda não esteja claro o quanto esse item pode impactar
os processos de uma empresa.
A embalagem também possui importância na vida do produto. Apesar da proteção dos produtos serem a
principal função, a embalagem também exerce outros papéis, como: acomodar os produtos, fornecer
informações a respeito deles e gerar apelo para o consumidor, tornando-se uma ferramenta fundamental de
atratividade para os setores de marketing e comercial. No entanto, não basta apenas saber acomodar produtos
dentro de uma embalagem, cria-se a necessidade de conhecer também toda a sua cadeia de distribuição.
Ao desenvolver o projeto de uma embalagem para transporte, a empresa precisa ter em mente que a embalagem
será armazenada em prateleiras, acomodada em pallets e passará por diferentes tipos de estágios, até chegar à
mão do consumidor final.

SAIBA MAIS
O aumento da circulação de mercadorias estimulou o desenvolvimento de embalagens mais
resistentes, sendo essas capazes de percorrer longas rotas, marítimas, terrestres ou aéreas.
Para entender um pouco mais sobre a função estrutural que as embalagens exerceram e ainda

exercem na sociedade, sugiro que assistam o documentário “A História da Embalagem no

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exercem na sociedade, sugiro que assistam o documentário “A História da Embalagem no
Brasil”, destacando as atenções para as soluções tecnológicas que transformaram a realidade
humana e as novas formas de comunicação.

Quando exposta nas lojas, ou seja, no PDV, a embalagem será aberta por pessoas que, provavelmente, não são
especialistas na movimentação do produto, podendo sofrer avarias, devido ao manuseio incorreto.

Os benefícios das embalagens para a logística


Como vimos, a embalagem tem o objetivo de proteger e distribuir produtos ao menor custo possível, além de
promover a venda dos seus produtos, sendo possível aumentar os lucros.
Nesse contexto, os autores Bonzanato e Moura (2000) relacionam a embalagem ao rosto e vestimentas do
conteúdo do produto, ou ainda, a um elemento de duplo sentido que protege o que vende e vende o que protege.
As embalagens reutilizáveis se traduzem em mais benefícios não só para o meio ambiente, mas também
apresentam benefícios para a cadeia econômica. Ao reutilizar as embalagens, podemos enxergar vantagens e
benefícios como: a redução na emissão de gases do efeito estufa, na produção de resíduos sólidos, nos custos
elevados de uma operação logística e no consumo de energia e água.

Figura 3 - O poder informativo das embalagens


Fonte: Shutterstock, 2020

A embalagem pode ser considerada uma ferramenta de comunicação da empresa com os seus consumidores,
apresentando os valores da marca. Uma boa embalagem permite que o produto fale por si. É uma ferramenta
importante que influencia no comportamento do consumidor no ato da compra.

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A embalagem e a reciclagem
As mudanças dos hábitos do estilo de vida agitado nos grandes centros têm levado ao aumento na oferta de
produtos e alimentos pré-preparados e conservados. As novas exigências de consumo têm levado os sistemas de
distribuição a entender essas necessidades e inovar, o que, por consequência, acarreta no aparecimento de novas
embalagens.
Como alternativa aos excessos do consumo, as empresas alertam sobre o uso de embalagens retornáveis, o que
surge como uma medida para aumentar seus ganhos e impactar positivamente o meio ambiente, com a
diminuição de resíduos lançados nele. Nesse contexto, Gomes e Ribeiro (2004), afirmam que:
As embalagens podem ser fabricadas a partir de diversos materiais, incluindo plástico, papelão, alumínio ou até
aço. Selecionar o material da embalagem inclui analisar os seguintes itens: ciclo de vida da embalagem,
capacidade de peso, capacidade de estocagem, resistência química, temperatura de operação, resistência a
flamabilidade, certificação governamental, especificações dimensionais exigidas, características de segurança,
fatores externos e reciclagem. (GOMES e RIBEIRO, 2004, pp. 140 e 141).
Apesar da inquestionável importância econômica e social da embalagem, a consciência do seu impacto no
ambiente e a regulamentação impõe a necessidade de prevenir a produção excessiva de resíduos de embalagens
e de desenvolver a sua valorização, de modo a diminuir de forma intensa seu depósito em aterros e promover a
economia ambientalmente sustentável.

Figura 4 - Embalagem no ponto de venda


Fonte: Shutterstock, 2020

A reciclagem permite diminuir a utilização de matérias-primas de fontes naturais e controlar os resíduos jogados
no meio ambiente.

FIQUE ATENTO

A indústria de embalagens brasileira também tem relevante papel na oferta de trabalho,

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A indústria de embalagens brasileira também tem relevante papel na oferta de trabalho,
gerando mais de 200 mil postos de trabalho diretos e formais. Segundo estudo da FGV (ABRE,
2017), o nível de emprego formal na indústria de embalagens havia atingido 213.409 postos
de trabalho em dezembro de 2016. Por outro lado, com a crescente preocupação com a
preservação ambiental nos últimos anos, a sustentabilidade tem sido um dos focos da indústria
de embalagens brasileira.

É importante que haja empenho, não apenas da sociedade, mas também das empresas para diminuir o volume
de lixo produzido.

EXEMPLO
A empresa Monsanto, produtora de sementes e defensivos agrícolas que se tornou sinônimo de
alimentos geneticamente modificados, é um exemplo na utilização da reciclagem e da prática
de sustentabilidade. Um dos projetos nessa área utiliza um plástico reciclável, denominado
EcoplásticaTriex, proveniente de galões de defensivos agrícolas. Com a utilização de cada
embalagem, a Monsanto contribui para reduzir a emissão de 3,6 kg de CO² na atmosfera.

Diante desse contexto, a reciclagem de embalagens é um processo extremamente importante e benéfico para o
futuro do mundo. Além da reutilização de materiais, é uma atitude sustentável, que apresenta benefícios para
todos que fazem parte do ecossistema, apresentando efeitos positivos para o meio ambiente e economia para as
empresas que adotam esse processo.

Fechamento
Neste tema, você teve a oportunidade de conhecer diferentes concepções, sobre a importância do uso da
embalagem na logística. Nesse contexto, foi possível observar os benefícios para uma operação logística. Vimos o
surgimento da preocupação com o destino final das embalagens e, principalmente, com os impactos causados ao
meio ambiente, devido ao descarte errado dos resíduos. No entanto, foi possível apresentar novas alternativas
com finalidade de reduzir ainda mais os danos causados por este setor.

Referências
ABRE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA EMBALAGEM. Disponível em:
http://www.abre.org.br/, em 2020.
BAILOU, R. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial / Ronald H. Bailou ; tradução
Raul Rubenich. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

CAVALCANTI, P. & CHAGAS, C. História da embalagem no Brasil. São Paulo: Griffo, 2006.

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CAVALCANTI, P. & CHAGAS, C. História da embalagem no Brasil. São Paulo: Griffo, 2006.
KOTLER, P. Administração de Marketing. São Paulo: Pretice Hall, 2000.
GOMES, C.; RIBEIRO, P. Gestão da cadeia desuprimentos integrada à tecnologia da informação. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2004.
GURGEL, F.A. Administração da embalagem. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
MOURA, R.; BANZATO, J. Embalagem - Unitização e Conteinerização. IMAM, São Paulo, 2000.

-7-
Desenvolvimento sustentável nas
organizações
Alisson Didier Nery Alves

Introdução
Com o passar do tempo, o termo sustentabilidade passou a ser utilizado com mais frequência em nosso
cotidiano. Antes associado ao setor público, passou a fazer parte da agenda das grandes marcas, levando em
conta as ações ecológicas como uma maneira de elevar o posicionamento da empresa na mente do consumidor.
Como não colocar em risco a capacidade produtiva do planeta? Como suprir as necessidades das gerações atuais,
sem impactar as gerações futuras? É o que vamos analisar neste tema.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Identificar e compreender o conceito e caracterização de desenvolvimento sustentável
• Compreender o desenvolvimento sustentável como modelo de mudança nas estratégias organizacionais

O que é desenvolvimento sustentável?


Suprir as necessidades da geração atual sem impactar e colocar em risco a capacidade produtiva e extração
recursos e sem prejudicar as gerações futuras, torna-se um grande desafio das corporações em todo o planeta.
Sustentabilidade é um conceito que está relacionado à utilização de recursos a curto, médio e longo prazo, tendo
em vista que os recursos naturais são finitos.
Segundo Boff (2012), o conceito de desenvolvimento sustentável aparece como “aquele que atende às
necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas
necessidades e aspirações”.
Nesse contexto, Barbiere (2010) afirma que incentivar a inovação da gestão na Sustentabilidade Corporativa
está diretamente relacionado com a competitividade futura do negócio, sendo necessário, por parte da
organização, um acompanhamento por meio dos indicadores sustentáveis, compondo essa uma nova prática
organizacional.

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Figura 1 - Responsabilidade social Empresarial – sustentabilidade nas empresas
Fonte: garagestock, Shutterstock, 2020

A expressão “desenvolvimento sustentável” apresenta um novo conceito, que busca relacionar desenvolvimento
com as variáveis econômica, social e ambiental, com o objetivo de apresentar soluções, indicando caminhos a
serem colocados em prática pelas nações.

FIQUE ATENTO
Desenvolver-se de forma sustentável, seja no contexto de uma empresa, ou no contexto de um
país, possibilita à sociedade, tanto no presente como no futuro, atingir um nível satisfatório de
desenvolvimento socioeconômico e cultural, fazendo uso racional dos recursos naturais, de
uma maneira que não gere o esgotamento para as próximas gerações.

A problemática ambiental sinaliza a necessidade de um modelo diferente de crescimento, que possibilite a


promoção do desenvolvimento com a redução da pobreza, alinhada com o cuidado socioambiental. A grande
diferença está em promover o equilíbrio entre os objetivos de desenvolvimento econômico, desenvolvimento
social e a conservação ambiental. Para isso, é preciso um bom planejamento e o entendimento de que os
recursos são finitos.

-2-
Indicadores do desenvolvimento sustentável
Indicadores são ferramentas com o objetivo de apresentar variáveis que, relacionadas, visam revelar significados
mais amplos sobre os fenômenos de cenários. Indicadores de desenvolvimento sustentável são instrumentos de
medição essenciais para direcionar, mensurar, controlar e acompanhar a ação e avaliar o progresso alcançado
para os objetivos planejados.
Para Catelli (1999, p. 188), o termo “avaliar” é entendido como “exercício da análise e do julgamento sobre
qualquer situação”, especialmente diante de expectativas preestabelecidas. Avaliação é a ação de atribuir valor,
tanto no sentido qualitativo, quanto no sentido quantitativo.

Figura 2 - Representação de indicadores de performance de sustentabilidade


Fonte: NicoElNino, Shutterstock, 2020

Os indicadores de desenvolvimento sustentável surgem com o objetivo de mensurar, avaliar e estabelecer


padrões para analisar o desenvolvimento sustentável na esfera ambiental, econômica e social, sendo
apresentado assim o tripé da sustentabilidade. Os indicadores servem como forma de proporcionar uma guia
para a tomada de decisão dos executivos da empresa em todos os níveis, visando maximizar os sistemas e
processos adotados para potencializar o desenvolvimento sustentável.
Além disso, Callenbach (1999) defende que os investidores e os acionistas estão adicionando em sua agenda
cotidiana mais tempo para a discussão das estratégias ambientais, fazendo uso dos indicadores de
sustentabilidade, no lugar da estrita rentabilidade, como critério para avaliar o posicionamento estratégico de
longo prazo das empresas.

SAIBA MAIS
Quer conhecer um pouco mais sobre indicadores de desempenho sustentável? Leia o livro
Indicadores de Sustentabilidade. Uma Análise Comparativa. Neste livro de Hans Michael

van Bellen, há uma análise de três ferramentas que se propõem a medir a sustentabilidade do

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van Bellen, há uma análise de três ferramentas que se propõem a medir a sustentabilidade do
desenvolvimento: o ecological foot print method, o dashboard of sustainability e o barometer
of sustainability, escolhidas por especialistas da área como as mais promissoras.

Esse talvez seja um dos mais importantes estímulos para a inserção da proteção do meio ambiente no dia a dia
dos negócios. Quando os acionistas e investidores exigem a manutenção de ações ecológicas, os executivos têm
que corresponder.

Figura 3 - Representação dos executivos e a gestão ambiental


Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2020

Os indicadores de sustentabilidade fazem a análise da eficiência da organização por completo, desde o nível
operacional até o estratégico. No nível operacional, relacionam-se com a capacidade que a empresa possui em
minimizar o consumo de energia, água, lançamento de resíduos, geração de ruídos, etc. Por outro lado, os
indicadores estratégicos possuem o objetivo de fornecer informações referentes à capacidade e aos esforços da
empresa para ministrar treinamentos, atender aos requisitos legais referentes à documentação e ações
preventivas ou corretivas que influenciam ou impactam o desempenho ambiental da empresa.

O tripé da sustentabilidade
Com a temática da sustentabilidade cada vez mais em alta, empresas e empreendimentos buscam seguir a
tendência de que o consumidor se tornará cada vez mais responsável e consciente do seu consumo, exigindo
conhecer o impacto econômico, social e ambiental causados pelos produtos que estão sendo fornecidos no
mercado. O conceito de sustentabilidade empresarial tem sido formulado frequentemente com base no chamado
Triple bottomline – tripé da sustentabilidade ou triplo resultado (ELKINGTON, 2001). A expressão também é

conhecida por “3 P’s”. Segundo esse conceito, para ser sustentável, uma organização ou negócio deve ser

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conhecida por “3 P’s”. Segundo esse conceito, para ser sustentável, uma organização ou negócio deve ser
financeiramente viável, socialmente justa e ambientalmente responsável.

Figura 4 - Embalagem no ponto de venda


Fonte: Shutterstock, 2020

Com a abordagem do conceito e o reconhecimento de que os negócios precisam de mercados estáveis, gera-se a
expectativa de que as empresas contribuam de maneira progressiva com a sustentabilidade, focadas em possuir
habilidades tecnológicas, financeiras e de gerenciamento necessário para possibilitar a transição rumo ao
desenvolvimento sustentável (ELKINGTON, 2001).
Para uma empresa que busca crescer de maneira sustentável, mensurar a "sustentabilidade" com resultados
reais não é uma tarefa tão simples como se imagina, tendo em vista que as empresas buscam maximizar seus
lucros e ainda atender a uma legislação ambiental. Por outro lado, podemos imaginar como era ainda mais difícil
antes da ideia do Triple Bottomline.

FIQUE ATENTO
O responsável por essa metodologia é o norte-americano John Elkington. No brilhante artigo
intitulado "O tripé da sustentabilidade: O que é e como funciona?", o doutor e Diretor de
Análise Econômica do Centro de Pesquisa em Negócios de Indiana, Timothy F. Slaper, e a
Analista de Pesquisa em Economia, Tanya J. Hall abordam o assunto de maneira ampla e
extensa.

Nesse contexto, podemos observar a questão “sustentabilidade” e sua mensuração como a análise do impacto
das atividades da empresa. O aspecto ambiental é visto e adotado pelas principais organizações mundiais por
meio de ações práticas para diminuir seu impacto ecológico negativo e compensar o que não pode ser
amenizado.

-5-
Sustentabilidade como estratégia de negócio
Não será mais possível fazer negócios sem incluir no planejamento e na agenda corporativa o tema da
sustentabilidade. O tema passa a fazer parte dos objetivos traçados pelas organizações em seus planos
estratégicos.
Conforme Quadros e Tavares (2014, p. 46):
Diversos estudos apontam a sustentabilidade como peça fundamentalda inovação. Reduzir a quantidade de
matérias primas usadas na produção ou repensar processos para eliminar o impacto ambiental de certas
substâncias traduzindo-se, cada vez mais, em melhoria nos indicadores financeiros da empresa. Em um futuro
próximo, as empresas que não adotarem práticas sustentáveis não conseguirãomais competirno mercado.
As empresas incorporam práticas sustentáveis e adotam uma postura “verde”, buscando reduzir insumos,
atrelado à redução de custos da empresa. Além disso, um processo ambientalmente mais responsável gera
receitas adicionais a partir de soluções criativas, aumentando o portfólio de produtos melhores, permitindo criar
novos negócios.

EXEMPLO
A OMO Criou o plano global de sustentabilidade intitulado “Por Um Planeta Mais Limpo”. A
empresa investiu R$ 30 milhões na migração do detergente em pó para líquido concentrado,
que prevê a redução de 130 mil toneladas na emissão de CO2. O plano de ações de longo prazo
prioriza o lançamento de produtos sustentáveis, a realização de adaptações nos processos de
fabricação e o incentivo de melhorias de hábitos dos consumidores.

De fato, as empresas que optam por buscar resultados que conectem os 3 P’s e os incluem em suas estratégias
conseguem dar passos mais firmes e saem na frente na mente do consumidor e no posicionamento de mercado.

Fechamento
Neste tema, você teve a oportunidade de conhecer diferentes concepções de desenvolvimento sustentável nas
organizações. Foi possível observar compreender essa questão como modelo de mudança nas estratégias
organizacionais. Vimos também que o tema pode funcionar como estratégia empresarial para maximizar
recursos e lucros.

Referências
ABRE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA EMBALAGEM. Disponível em:
http://www.abre.org.br/, em 2020.
BARBIERI, J. C.; CAJAZEIRA, J. E. R. Responsabilidade social empresarial e empresa sustentável: da teoria à
prática. São Paulo: Saraiva, 2009.
BARBIERI, J. C. et al. Inovação e Sustentabilidade: Novos Modelos e Proposições. Revista RAE, FGV, 2010

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prática. São Paulo: Saraiva, 2009.
BARBIERI, J. C. et al. Inovação e Sustentabilidade: Novos Modelos e Proposições. Revista RAE, FGV, 2010
CALLENBACH, E. et al. Gerenciamento ecológico: guia do Instituto Elmwood de Auditoria Ecológica e
Negócios Sustentáveis. 12. ed. São Paulo: Cultrix, 1999.
CATELLI, A. (coordenador). Controladoria: uma abordagem da gestão
Econômica. GECON. São Paulo: Atlas, 1999.
QUADROS, R.; TAVARES, A. N. À conquista do futuro: sustentabilidade como base da inovação de pequenas
empresas. Ideia Sustentável, São Paulo, ano 9, n. 36, p. 30,jul. 2014.

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Canais de distribuição reversos e
suas tipologias
Erasmo Ribeiro da Silva Júnior

Introdução
Imagine o que aconteceria se um produto quebrasse, ou seu ciclo útil de vida terminasse, e ele não tivesse local
para ser descartado. O que aconteceria se tudo que não “prestasse mais” fosse colocado em lixões ao céu aberto,
ou jogado nas ruas e calçadas das cidades?
Isso não acontece, totalmente, porque as empresas e as fábricas (ou boa parte delas) possuem a logística reversa
em seu planejamento. E é através dela que os produtos obsoletos e os que estão totalmente avariados retornam
às fábricas, por meio dos canais de distribuição reversos. Esses canais são compostos por atividades de fluxo,
que incluem o retorno, o reuso e a reciclagem desses materiais.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Compreender quais são os canais de distribuição reversos na logística e suas tipologias
• Identificar a caracterização do processo reverso da logística

Canais de distribuição reversos (CDRs)


É comum vermos, no nosso dia a dia, pessoas mexendo nos lixos domiciliares, e/ou de pequenas empresas, lojas
e restaurantes, separando para elas garrafas pets, vidros, latinhas de alumínio, para vendê-los, obtendo assim
um pouco de dinheiro. Ao fazer isso, eles estão participando, inconscientemente, da cadeia reversa de
distribuição desses objetos, visto que esses materiais, principalmente os metais, que representam importantes
nichos de atividades econômicas, voltarão para a as fábricas para serem reaproveitados, reciclados ou
descartados completamente.

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Figura 1 - Matérias-primas sendo coletadas para reciclagem
Fonte: South_agency, iStock, 2020

De acordo com Leite (2003), Canais de distribuição reversos - CDRs são etapas, formas e meios em que uma
parcela dos produtos comercializados, com pouco uso após a venda, com ciclo de vida ampliado ou depois de
extinta a sua vida útil, retorna ao ciclo produtivo ou de negócios, podendo assim agregar valor através de seu
reaproveitamento.
As empresas que utiliza os CDRs têm vantagem competitiva, em relação aos seus concorrentes, uma vez que, elas
passam aos seus clientes/consumidores e à sociedade a imagem de estarem preocupadas com a conveniência de
seus clientes/consumidores, bem como com as questões ambientais.

FIQUE ATENTO
O surgimento dos canais de distribuição reversos ocorreu devido à necessidade das empresas
(públicas e privadas) seguirem o novo perfil que estava surgindo, que era de um consumidor
mais preocupado, exigente e consciente.

Tipos de canais de distribuição reversos


Os canais de distribuição reversos se classificam em dois tipos: Pós-Venda (CDR-PV) ou de Pós-Consumo (CDR-
PC).

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Canais de Distribuição Pós-Venda (CDR-PV)
A logística reversa pós-venda tem a preocupação de operar o fluxo físico, bem como as informações logísticas
advindas do pós-venda, tendo o bem/produto sido usado muito pouco, ou não sendo usado. Nos canais de
distribuição pós-venda, o bem/produto ao apresentar defeitos, não está em conformidades, ter erros de emissão
de pedido, terá o seu fluxo de retorno à fábrica, saindo da mão do consumidor/usuário final até o varejista ou
fabricante.

Figura 2 - Índices percentuais de retorno pós-venda por setor


Fonte: Prater&Whitehead (2013)

Canais de Distribuição Pós Consumo (CDR- PC)


Leite (2003) conceitua canais de distribuição reversos de pós-consumo como aqueles que são constituídos pelos
fluxos reverso de produtos ou matérias constituintes que surgem no descarte dos produtos logo após a sua vida
útil ser encerrada e que retornam ao ciclo produtivo.
Ainda de acordo com Leite (2009), ao fim da vida útil de um bem de consumo qualquer, incluindo a vida curta,
com duração de dias ou semanas (pilhas não recarregáveis, por exemplo), o fluxo reverso deste produto segue
três destinações distintas: remanufatura, reciclagem e disposição final.

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Figura 3 - Coleta de resíduos eletroeletrônicos
Fonte: Dmitry Kalinovsky, Shutterstock, 2020

• Remanufatura
Ocorre quando um produto passa por um processo de revisão técnico funcional, sendo substituídos alguns
componentes e realizados testes de desempenho, gerando um produto com as mesmas funções do produto que o
originou. Esses produtos são comercializados principalmente nos países subdesenvolvidos e em fase de
desenvolvimento, alimentando o mercado secundário, que é de grande expressão.

EXEMPLO
Temos como exemplo os computadores pessoais nos seus diversos tipos, os telefones celulares
que a cada dia vão sendo aperfeiçoados em termos tecnológicos, apresentando novos
aplicativos e funções não compatíveis com os modelos mais antigos, gerando o descarte de
equipamentos ainda em bom estado, mas não mais desejados pela sociedade de consumo.

• Reciclagem
Algumas peças e componentes de bens duráveis ou semiduráveis são reaproveitadas, por meio de processos
industriais diversos, mecânicos, químicos e outros. Esses processos extraem os metais básicos que ao serem
separados terão outras utilidades na fabricação de novos produtos. A reciclagem de baterias de veículos é um
exemplo desse processo. Quando um produto não pode ser mais reciclado ou remanufaturado no seu fim de vida
útil, ele deverá ir para um local apropriado a sua destinação final. Ele poderá ser incinerado, e depois suas cinzas
colocadas em um local apropriado. Ou ele poderá ser depositado em aterros bem localizados e com tratamento,
onde os resíduos sólidos possam ser colocados entre camadas de terra, que serão absorvidas pelo solo.
• Disposição final
Esse tipo de processo ocorre com muita frequência em países subdesenvolvidos. Neles, os resíduos são alocados
em lixões a céu aberto ou em rios, lagoas, etc., sem nenhum tratamento.

-4-
SAIBA MAIS
Você pode conhecer mais sobre os projetos de gestão de resíduos do Walmart, que
transformam o consumidor em um agente social, além de envolver também os colaboradores e
diversos outros grupos que fazem da reciclagem sua fonte de renda.

Caracterização do processo reverso da logística


A logística reversa ainda enfrenta desafios importantes para ter total credibilidade e se firmar. A coleta e o
recebimento dos materiais pós-consumo é um desses desafios. A grande competição global, o ciclo de vida dos
produtos cada vez menor, as leis ambientais impondo restrições legais e a desconfiança por parte dos
consumidores em adquirir produto “não novos” são pontos que tendem a impactar e dificultar mais o
gerenciamento dos processos envolvidos e a venda dos bens remanufaturados.
É preciso que se elabore modelos de negócios específicos para a gestão das cadeias reversas. Esses modelos
devem considerar essas cadeias como uma oportunidade de negócio lucrativo e não como um mal necessário.
Entretanto, para que isso venha a acontecer, os gestores têm que ser capazes de quantificar os custos e
benefícios econômicos e não econômicos envolvidos.
As limitações enfrentadas pelo planejamento, instalação e manutenção dos sistemas de logísticas reversa, de
acordo com Leite (2003), são alguns impactos na organização nas cadeias reversas de produtos pós-consumo.

FIQUE ATENTO
A globalização, os produtos durando cada vez menos, as legislações ambientais e a
desconfiança por parte dos consumidores em adquirir produto semi-novos são pontos que
tendem a impactar e dificultar o gerenciamento dos processos envolvidos e a venda desses
produtos.

Dekker et al (2010) apresentam características específicas da Logística Reversa, que são:


• Características físicas dos produtos descartados: os produtos, mesmo apresentando a mesma
natureza, mas sendo de formas distintas, dificultam as fases de reuso, teste e triagem. Para esse tipo de
produto, o transporte só será eficiente com a consolidação das cargas que por sua vez, precisam de
efetivo aumento dos produtos e materiais pós-consumo;

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Figura 4 - Produtos de mesma natureza e de formas diferentes
Fonte: Sami Sert, iStock, 2020

• Incerteza quanto ao fornecimento: o pouco conhecimento ou inexistência de um padrão a respeito dos


padrões de consumo e de descarte de produtos pós-consumo conferem incertezas ao planejamento e ao
processo decisório a respeito da elaboração e manutenção do Sistema Logístico Reverso. Para reduzir
esse grau de incerteza, a revisibilidade do fim de sua vida útil e do descarte de produtos e materiais pós-
consumo deve ser melhorada. Outro desafio dessa incerteza é a inconsistente qualidade dos produtos e
materiais fornecidos;
• Localização geográfica das origens e destinos do produto pós consumo: as atividades logísticas são
realizadas no local dos produtos pós-consumo, porque eles têm custos altos de transporte e apresentam
desafios. Quanto maior o volume e maior o valor agregado, maiores distâncias podem ser percorridas
sem comprometimento de viabilidade econômica do processo;
• Projeto de rede reversa: devido à grande diversidade de produtos que são processados em poucas
unidades em um determinado centro, uma pequena parte das empresas foca em determinada categoria
de produto, em grande diversidade de produtos e materiais como forma de obter uma escala viável.
Devido a isso, o transporte é afetado de forma positiva, possibilitando-o a consolidar as cargas em menor
espaço de tempo. Os Sistemas Logísticos Reversos podem ser estruturados tanto para segmento
produtivo específico, para um determinado tipo de material ou ainda para uma empresa;
• Graus de centralização dos testes e da triagem: os testes de triagem são feitos, por causa da incerteza
dos processos de retorno. A centralização dessas atividades favorece as economias no transporte,
tornando, dessa forma o processo mais eficiente. O estabelecimento de uma rede integrada, local e de fácil
acesso é um objetivo desejável;
• Relação entre os fluxos diretos e reversos: devem-se considerar possíveis sinergias entre diferentes
produtos e processos como forma de se otimizar o processo de Logística Reversa. Enquanto a logística de
distribuição começa em alguns pontos, sendo distribuídos para vários destinos, no fluxo reverso, a
distribuição se inicia nos locais de venda e/ou consumo dos produtos, e vai para apenas um destino, que
é a fábrica ou a empresa.

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Fechamento
Assim, concluímos o estudo sobre os canais de distribuição reversos e suas tipologias. Estudamos os canais de
distribuição reversos (CDRs) e os seus tipos, bem como a caracterização do processo reverso da logística.

Referências
NOVAES, A. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Estratégia, operação e avaliação. 4 ed.
Revisada, atualizada e ampliada. São Paulo: Elsevier, 2015;
LEITE, P. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. 2 ed. São Paulo: Pearson, 2015;
XAVIER, L.; CORRÊA, H. Sistema de Logística Reversa: criando cadeias de suprimento sustentáveis. São
Paulo: Atlas, 2013;
PEREIRA, A. et al. Logística Reversa e Sustentabilidade. São Paulo: CENGAGE Learning, 2012;
FORMIGONI, A. et al. Logística: Um enfoque Prático. 2 ed. São Paulo: Saraiva.

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Classificação dos bens de pós-
consumo
Erasmo Ribeiro da Silva Júnior

Introdução
É comum vermos garrafas pets, latinhas de alumínio, e outras embalagens plásticas jogadas nas ruas das cidades.
Quando não, eles são reaproveitados para uso caseiro - como as garrafas pets que guardam água – ou para serem
revendidos (garrafas pets, latinhas de alumínio). Isso porque eles, assim como outros bens, têm uma vida útil de
duração curta.
Como saber quando os produtos que temos em casa têm uma curta durabilidade? Qual é o momento certo de
“jogar fora” um objeto, e onde se deve descartá-lo?
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Identificar a classificação de bens de pós-consumo
• Compreender os objetivos econômico, ecológico e legal na logística reversa de pós-consumo

Bens Pós-Consumo
Os bens que as indústrias produzem e comercializam possuem uma vida útil. A estimativa dessa vida é definida
pela durabilidade de seus componentes e peças, e pela limitação de suas características de consumo. Produtos
como computadores pessoais, telefones celulares, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos
industriais, dentre outros, são exemplos desses bens.

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Figura 1 - Bens de pós-consumo
Fonte: O.Bellini, Shutterstock, 2020

De acordo com Xavier e Corrêa (2013), bens ou produtos de pós-consumo são aqueles que chegam ao final de
vida útil - perdendo ou não a sua funcionalidade -, não podem ser comercializados em canais tradicionais de
vendas, encontrando-se aptos ao descarte e à destinação final, que é definida em função das características dos
materiais, sua condição, localização e quantidade disponível.

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Figura 2 - Bens de pós-consumo
Fonte: Africa Studio, Shutterstock, 2020

Esses produtos possuem um grau de deterioração bem alto devido aos materiais que os compõem e, segundo L
eite (2003), o seu retorno ao ciclo produtivo constitui a principal preocupação da logística reversa.

Classificação de bens pós-consumo


A vida útil de um bem é o tempo transcorrido desde a produção original desse bem,até o instante em que seu
primeiro dono resolve de desfazer dele. A duração da vida útil é que classifica os bens de pós-consumo.
Esses bens são classificados em: duráveis, semiduráveis e descartados.

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Bens duráveis
Os bens de pós-consumo são aqueles que apresentam em sua duração de vida um tempo médio. Esse tempo
médio de vida apresenta um intervalo entre anos e décadas, e tem o objetivo de satisfazer as necessidades da
vida social das pessoas. Podemos citar como exemplo os eletrodomésticos, as máquinas e equipamentos
industriais, os automóveis, dentre outros.

Figura 3 - Bens de pós-consumo duráveis


Fonte: Shutterstock, 2020

Após o término de sua vida útil, os bens duráveis irão para a desmontagem e reciclagem industrial. Seus
componentes poderão ser reaproveitados ou remanufaturados, ou voltarão ao mercado secundário ou à própria
indústria que o reutilizará. Uma parcela destes componentes será destinada à reciclagem. Se não houver
condições, eles serão enviados ao destino final, que podem ser os aterros sanitários, os lixões e as incinerações
com recuperação energética.

FIQUE ATENTO
Os automóveis são vendidos no mercado de segunda mão, e a sua comercialização continua
diversas vezes, até que seu uso passe a ser antieconômico, devido a vários fatores, tais como:
falta de peça de substituição, custos elevados de manutenção, falta de segurança ou proibição
legal de seu uso.

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Bens semiduráveis
São aqueles bens de pós-consumo que apresentam uma duração de vida média de alguns meses, não chegando,
na maioria dos casos, até dois anos. Sob o olhar dos canais de distribuição reversos dos materiais, eles
apresentam características de bens duráveis ou descartáveis. Devido a essa característica, eles são considerados
como uma categoria intermediária.
As baterias de veículos, óleos lubrificantes, baterias de celulares, computadores e seus periféricos e revistas são
exemplos desse tipo de bens.

SAIBA MAIS
Para entender o assunto, pode-se estudar o Programa de Reciclagem SAMSUNG, que “oferece,
para a sociedade, o descarte gratuito e ecologicamente correto para baterias, celulares e
demais produtos usados da marca Samsung, com o intuito de ajudar na preservação do meio
ambiente”.

Bens descartáveis
São aqueles bens de pós-consumo que apresentam duração média de vida útil de algumas semanas, não
chegando a seis meses. Os seus canais de distribuição reversos têm sua origem no descarte que vem das
residências e de empresas (industriais e comerciais). Os produtos de embalagens, os brinquedos, os materiais
para escritório, os suprimentos para computadores, os artigos cirúrgicos, as pilhas e os suprimentos eletrônicos,
as fraldas, os jornais, as revistas especializadas são exemplos de bens descartáveis.
A coleta pode ser feita de três formas distintas: coleta de lixo urbano, coleta seletiva, e informal.

EXEMPLO
Os cartuchos são resíduos eletroeletrônicos produzidos em grandes quantidades, que
apresentam diferentes materiais utilizados para a produção, como o plástico, metal e papel,
que dificultam a sua reciclagem. Como eles não podem ser reciclados por completo, devem ser
descartados de forma correta, para não prejudicar a natureza. Pensando no meio ambiente, as
empresas começaram a coletar seus cartuchos por meio de programas, de acordo com as suas
políticas ambientais.

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Objetivos econômico, ecológico e legal na
logística reversa de pós-consumo
O objetivo da logística reversa de pós-consumo é o de agregar valor ao produto logístico. Esse produto tem que
ter bens que não venham a servir mais ao usuário desse produto, ou que possam ser reaproveitados, bem como
também agregar valor a um produto logístico de produtos descartados, devido ao tempo de vida de sua utilidade.
Agregar valor a um produto logístico feito por resíduos industriais e oferecer uma destinação adequada e
sustentável para uma série de itens que, de outra forma, muito provavelmente seriam descartados de maneira
inadequada também são objetivos da logística reversa de pós-consumo.
As empresas devem cumprir seus objetivos para os quais foram criados. Leite (2003) elenca algumas condições
necessárias para a organização da logística reversa de pós-consumo: remuneração em todas as etapas reversas;
qualidade e integridade dos materiais reciclados processados; escala econômica da atividade; e existência de
mercado consumidor competitivo para produtos/matérias-primas com conteúdos reciclados.
Essas condições devem estar associadas a fatores necessários e modificadores para a organização da logística
reversa. Os fatores são:
• Fatores Econômicos: permitem que as economias necessárias sejam realizadas, com a finalidade de
reintegrar as matérias-primas secundárias aos processos produtivos e possibilitar o financiamento
adequado aos agentes da cadeia produtiva reversa;
• Fatores Logísticos: estão associados com a existência de sistemas de transporte, localização e
organização da cadeia de distribuição reversa, considerados como fontes primárias e secundárias de
captação, centros de coleta, separação, consolidação e adensamento de materiais de pós-consumo,
processadores intermediários, centros de processamento de reciclagem e mercado consumidor para tais
materiais reciclados;
• Fatores Ecológicos: o comportamento dos consumidores, bem como exigências de ordem legal, de
competitividade e imagem corporativa das organizações criaram esses fatores, e o governo, a sociedade,
os consumidores e as empresas (agentes que compõem a cadeia) são os iniciadores e incentivadores
deles;
• Fatores Legais: visam à educação, regulamentação, promoção e incentivos à melhoria de condições de
retornos dos canais reversos. O incentivo à redução de captação de matéria-prima na fonte e menor
agressão ao meio ambiente e crescimento sustentável de população e países também é considerado como
outro fator.

Objetivo econômico
O objetivo econômico da logística reversa de bens de pós-consumo é visar resultados financeiros proporcionados
pelas economias advindas de operações industriais com o aproveitamento de matérias-primas, de segunda mão,
derivadas dos canais reversos de reciclagem, ou revalorização dos bens nos canais reversos de reuso e de
remanufatura. (LEITE, 2003).
Os preços inferiores de matérias-primas, tanto recicladas quanto secundárias, que são reintegradas ao ciclo
produtivo, devido à redução do consumo de energia e a investimentos para a compra de matéria-prima nova,
trazem rentabilidade aos agentes (comerciais e industriais) nas diversas etapas dos canais reversos.

FIQUE ATENTO
Nos bens de pós-consumo advindos da reciclagem, o objetivo econômico é a reintegração dos

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Nos bens de pós-consumo advindos da reciclagem, o objetivo econômico é a reintegração dos
materiais de bens de pós-consumo, como substitutos de matérias-primas na fabricação de
outras matérias-primas, ou ainda, na fabricação de outros produtos. Nos bens de pós-consumo
de reuso, o objetivo é de revalorizar os produtos e componentes em alguns segmentos:
automotivo, eletrônico, siderúrgico, metalúrgico.

Objetivo ecológico e legal


Devido aos impactos negativos que os bens pós-consumo estão causando ao meio ambiente, o objetivo ecológico
na logística reversa de pós-consumo é o de contribuir com a comunidade e incentivar a reciclagem de materiais,
assim como a alteração de projetos para diminuir esses impactos no meio ambiente.
A legislação ambiental buscar tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo o ciclo de vida de seus
produtos, passando a ser responsável pelo destino dos produtos após a entrega aos clientes e também do
impacto produzido no meio ambiente que eles produzem.

Figura 4 - Desenvolvimento sustentável


Fonte: Pakhnyushchy, Shutterstock, 2020

A Lei 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS) tem como princípio a responsabilidade
conjugada entre governo, empresas e população. Ela estimula o retorno dos produtos às indústrias após o
consumo. Dessa forma, o setor de logística reversa, nas indústrias e fábricas, fica motivado a um crescimento
maior.
Os municípios têm a obrigação de tratar os resíduos de forma responsável, por meio da coleta seletiva, e também
reduzir os números de lixões, bem como considerar a reciclagem como um projeto de inclusão social.

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Fechamento
Assim, concluímos o estudo deste tema, tendo estudado o conceito de bens Pós-Consumo, sua classificação e seus
objetivos econômicos, ecológicos e legais na logística reversa de pós-consumo.

Referências
NOVAES, A. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Estratégia, operação e avaliação. 4 ed.
Revisada, atualizada e ampliada. São Paulo: Elsevier, 2015;
LEITE, P. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade 2 ed. São Paulo: Pearson, 2015;
XAVIER, L.; CORRÊA, H. Sistema de Logística Reversa: criando cadeias de suprimento sustentáveis. São
Paulo: Atlas, 2013;
PEREIRA, A. et al. (2012). Logística Reversa e Sustentabilidade. São Paulo: CENGAGE Learning, 2012.

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Classificação dos bens de pós-
venda
Erasmo Ribeiro da Silva Júnior

Introdução
Quando compramos algo e percebemos que não está funcionando de forma correta, ou que veio arranhado, com
cores diferentes da que pedimos, nos vem a frustração. Então, acionamos a loja que adquirimos o produto e
procedemos a troca por outro produto semelhante. O que acontece com aquele que veio errado? Qual será o seu
destino final?
Essas questões serão respondidas ao longo deste tema. Acompanhe!
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Identificar a classificação de bens de pós-venda
• Compreender os objetivos econômico, ecológico e legal na logística reversa de pós-venda

Bens Pós-Venda
Os bens de pós-venda são aqueles que retornam à fábrica ou empresa por apresentar alguma avaria, com pouco
tempo de uso, ou não ter sido utilizado pela própria cadeia de distribuição direta ou pelo consumidor final. A
volta desses produtos poderá acontecer de varejista para o fabricante ou para o distribuidor e/ou ainda do
atacadista para o fabricante da empresa fornecedora.

-1-
Figura 1 - Produtos de pós-venda
Fonte: Ritu Manoj Jethani, Shutterstock, 2020

Mas você sabe como esses produtos são classificados?

Classificação de bens pós-Venda


O planejamento, a operacionalização e o controle do retorno dos bens de pós-venda devolvidos, por diversos
motivos, é uma obrigação da logística reversa. E esses motivos são classificados da seguinte maneira: categorias
comerciais por garantia/qualidade e por substituição de componentes.

Categorias de retornos comerciais


Os retornos contratuais e os retornos não contratuais, em que os movimentos logísticos reversos de produtos
que são devolvidos devido a erros de expedição, excesso de estoque no canal de distribuição, em consignação,
liquidação de estação de vendas, pontas de estoque, etc. são envolvidos, são os que mais se destacam.
·Retornos não contratuais
I) Devoluções de vendas diretas ao consumidor final: em muitos países, há legislações que protegem o
consumidor quando este faz a compra de um produto com avarias, dando-lhe o direito de devolver o objeto
danificado. As empresas, além de aderirem às leis, também têm o receio de perder a competitividade no
mercado, e por isso, estão se moldando a estes dois pontos. Essas devoluções são motivadas por erros diversos
do fornecedor na venda direta (varejistas), na venda por catálogos, e pela internet;
II) Devoluções para atendimentos de reclamações do consumidor final sobre a qualidade ou defeito encontrado
no produto: quando um produto vem com problemas na embalagem, ou quando esse vem com características
erradas, o comprador procura a empresa através do Serviço de Atendimento ao Cliente – SAC, e este encaminha
a reclamação e orientação à operação de substituição do objeto;

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Figura 2 - O produto chegou com avarias
Fonte: CREATISTA, Shutterstock, 2020

I) Devoluções por erros de expedição: ocorre quando os produtos são desenvolvidos no ato do recebimento pelo
mesmo transporte de entrega ou em prazo curto, sem que haja acordo comercial entre as partes. Pode-se dizer
que esse tipo de devolução está relacionado com a operação normal entre empresas e nas vendas diretas ao
consumidor.
· Retornos contratuais: as empresas (partes envolvidas nas transações) firmam um acordo para justificar
maiores prazos entre o recebimento e o retorno do produto, que se refere à qualidades predeterminadas de
estoques em excesso, e também à responsabilidade do estoque excedente. Devido a todo o sistema reverso ser
providenciado, para esse retorno, tem-se uma operação logística reversa de fato.
·Retorno de produtos em consignação: nesse tipo de retorno, de acordo com Leite (2015), os contratos de
produtos de vendas em consignação têm uma previsão de seu retorno quando o prazo contratual encerra. O
retorno dos produtos em excesso é providenciado pelo cedente das mercadorias. A logística reversa da empresa
é quem programa esse tipo de modalidade de contrato;
·Retorno de embalagens retornáveis: classificamos as embalagens de produtos retornáveis da seguinte forma:
1 - Embalagens primárias de contenção: apresentam um contato direto com o produto, e são recipientes rígidos
e flexíveis de diversos tipos de materiais. O vidro, o papel, o alumínio, etc. são alguns exemplos desse tipo de
embalagem;
2 - Embalagens secundárias: são embalagens de reunião de certo número de embalagens primárias, visando à
adaptação à comercialização de quantidades múltiplas ao transporte e à distribuição física dos produtos. Caixas
de papelão, de plásticos são exemplos desse tipo de embalagem;
3 - Embalagens de unitização: as embalagens secundárias, ao chegarem em um armazém, em um CD, são
movimentadas, armazenadas e transportadas ao se distribuir os produtos. Para que isso ocorra, as embalagens
secundárias precisam ser reunidas em embalagens de unitização. Os pallets, contêineres de transporte são
exemplos dessas embalagens;

-3-
Figura 3 - Embalagens de unitização
Fonte: Binkski, Shutterstock, 2020

Categoria de retorno por garantia/qualidade


Quando um produto ou uma embalagem apresenta avaria, ou há outros problemas relacionados aos aspectos de
qualidade intrínseca a esse produto, gerando, dessa forma, defeitos de fabricação ou de funcionamento das
mercadorias, há o retorno por garantia/qualidade. Ocorre, também, devido ao término de validade de produtos
ou problemas que geram o retorno desse produto ao distribuidor ou ao fabricante.
Ao retornarem a um dos agentes da cadeia de distribuição direta, esses produtos poderão ser submetidos a
consertos ou reformas que permitirão seu retorno ao mercado como produtos novos, ou poderão ser dirigidos a
mercados diferenciados. Quando não são possíveis consertos, esses produtos são destinados ao desmanche.

FIQUE ATENTO
Recall é a chamada de reparação de algum produto, seja ele veículo, remédios, eletrônicos,
brinquedos etc. que possuíam um lote ou uma série inteira com falhas de produção.

·Devolução por qualidade intrínseca


I) Devoluções de produtos defeituosos: as legislações que protegem o consumidor, ou a garantia que o fabricante

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·Devolução por qualidade intrínseca
I) Devoluções de produtos defeituosos: as legislações que protegem o consumidor, ou a garantia que o fabricante
do produto concede ao consumidor, podem ser um dos motivos de devolução entre as empresas e o consumidor
final e entre empresas de venda direta. O motivo da devolução poderá ser verdadeiro, caso o produto realmente
precise ser consertado, ou falso, em que há devoluções sem defeitos, mas provocadas por erros de manuais de
uso do produto;
II) Devoluções de produtos danificados: quando um produto estiver avariado devido ao manuseio do transporte,
ou porque houve um acidente no trajeto, ele não chegará ao consumidor final, e deve retornar ao fabricante ou a
intermediários específicos.

SAIBA MAIS
Uma empresa que realize vendas precisa saber como realizar a troca de um produto, caso
alguém já o produto esteja danificado, ou tenha sido enviado errado. Portanto, é essencial
estudar esse aspecto da logística.

·Devoluções por expiração do prazo de validade do produto


Nestes tipos de devoluções, os contratos entre os envolvidos pelas transações comerciais (fornecedor, atacadista
e varejista) permitem o retorno dos estoques dos produtos que tiveram seu prazo de validade vencido. Um
exemplo é o de produtos farmacêuticos em geral.

Categoria de retorno por substituição de componentes


Decorre da substituição de componentes de bens duráveis e semiduráveis em manutenções e consertos ao longo
de sua vida útil, entrando nos canais reversos de remanufaturados. Quando são remanufaturados, retornam ao
mercado (primário ou secundário) ou são enviados à reciclagem. Quando não são reaproveitados, vão para o a
destinação final.

Objetivos estratégicos da logística reversa de


pós-venda
O objetivo é agregar valor a um produto logístico que a empresa recebe de volta, devido às avarias ou ao mau
funcionamento apresentado por esse bem, por problemas na sua embalagem ou nele próprio. Assim que ele
retornar à empresa, poderá ser submetido a conserto, para voltar ao mercado primário, ou ao secundário, com
um valor comercial menor. A devolução pode ser por questões comerciais ou legais (devolução do bem devido a
obrigações ambientais).

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FIQUE ATENTO
Empresas modernas utilizam a logística reversa de pós-venda, diretamente ou por meio de
terceirizações com empresas especializadas, por diferentes objetivos estratégicos, como o
aumento da competitividade no mercado, pela diferenciação de serviços, a recuperação de
valor econômico dos produtos, obediência à legislação, entre outros.

Objetivos econômicos
O objetivo é o de recapturar valor financeiro do bem de pós-venda, sendo definido dessa forma como uma visão
estratégica da empresa. Nesse objetivo, têm-se como destaque os canais reversos de revalorização de realocação
de estoques em excesso, revalorização de ativos em fim de estação ou de promoção de vendas e recaptura de
valor de bens com problemas de qualidade.
Esses objetivos podem ser concretizados por meio de possibilidades distintas, que são:
· Revenda no mercado primário: os bens de pós-venda, geralmente, conservam de forma integral, suas
características de novos, sem alterar o produto ou a embalagem original, podendo ter os mesmos preços dos
originais no mercado. Isso ocorre quando eles são retornados devido ao remanejamento de estoques, por
motivos puramente comerciais, entre áreas e ou regiões geográficas diferentes, refazendo-se a distribuição ou os
excessos de estoques em determinado canal de vendas. Setores da moda têxteis e calçados, entre outros, são
exemplos;
·Vendas no mercado secundário: existem produtos que retornam ao longo da cadeia de distribuição direta e não
podem voltar ao mercado original por diferentes motivos, passando a ser comercializados no mercado
secundário. Os setores de moda têxtil e de calçados, artigos sazonais em geral, são exemplos;

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Figura 4 - Roupas vendidas em um brechó
Fonte: Shutterstock, 2020

·Ganhos econômicos por meio de desmanche, remanufatura, reciclagem industrial e disposição final: o objetivo é
recuperar o valor dos produtos, e para alcançar esse objetivo ele deve ser feito:
- por meio de reuso dos bens ainda em condições de utilização em mercados secundários;
- por meio do desmanche dos bens;
- por meio de remanufatura do bem ou de seus componentes;
- por meio de reciclagem industrial;
- por meio da disposição final.

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Objetivos de competitividade na logística reversa de pós-
venda
Os objetivos se resumem a oferecer serviços ao mercado, fazendo com que a sua competitividade se apresente
bem maior nesse mercado e dessa forma acrescentar um valor que seus clientes possam visualizar, através do
gerenciamento do retorno dos produtos, diminuindo as mercadorias que voltam em grande volume, ajustando o
seu retorno e realocando os estoques excedentes do cliente.

EXEMPLO
Temos como exemplo a empresa farmacêutica Bristol-Myers Squibb, que estabeleceu a
Logística Reversa como prioridade estratégica, visando equacionar o retorno de medicamentos
que perdem validade no mercado, oferecendo um nível de serviço diferenciado a seus clientes.
(LEITE, 2015)

Objetivos legais na logística reversa de pós-venda


O foco central é o atendimento às diversas legislações ambientais (municipal, estadual e federal), normas de
certificações, padronização e qualidade.

Fechamento
Assim, concluímos o estudo do deste tema, tendo conhecido um pouco mais sobre bens pós-venda, a sua
classificação, e os objetivos estratégicos da logística reversa de pós-venda.

Referências
NOVAES, A. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Estratégia, operação e avaliação. 4 ed.
Revisada, atualizada e ampliada. São Paulo: Elsevier, 2015;
LEITE, P. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. 2 ed. São Paulo: Pearson, 2015;
XAVIER, L.; CORRÊA, H. Sistema de Logística Reversa: criando cadeias de suprimento sustentáveis. São
Paulo: Atlas, 2013;
PEREIRA, A. et al. Logística Reversa e Sustentabilidade. São Paulo: CENGAGE Learning, 2012;
FORMIGONI, A. et al. Logística: Um enfoque Prático. 2 ed. São Paulo: Saraiva.

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Fluxos reversos de pós-consumo
Erasmo Ribeiro da Silva Júnior

Introdução
Sabemos que os computadores e outros produtos não durarão para sempre, porque eles quebram, ou ficam
“velhos”. Eles têm uma vida útil pequena, que é determinada pela durabilidade de suas peças, pelos preços, etc.
Quando não queremos mais esses objetos, os descartamos (correta ou incorretamente), e sabemos que há uma
logística reversa para esses bens.
Como funciona esse fluxo reverso? O que acontece com eles, quando os descartamos? É o que veremos neste
tema.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Reconhecer o fluxo reverso de pós-consumo
• Analisar a aplicação prática de fluxo reverso de pós-consumo em um estudo de caso.

Fluxos logísticos diretos e reversos de pós-


consumo
Os produtos que são fabricados, para chegarem às mãos dos consumidores, passam por uma cadeia de
distribuição direta, começando pelo fabricante, e terminando pelo consumidor final. Quando esses produtos
passam pela cadeia de distribuição direta, os fluxos são conceituados como fluxos diretos. Aqueles que passam
no sentido reverso são os fluxos reversos de produtos.
O fluxo reverso, nos bens duráveis, não é processado de forma rápida. Ele se realizará alguns anos após o fluxo
direto do produto.

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Figura 1 - Fluxo da Logística Reversa de bens de pós-consumo
Fonte: TORRES, 2020

Nos bens descartáveis, pode-se adotar o mesmo curto período de tempo para comparar o fluxo reverso e o fluxo
direto, devido ao ciclo de retorno ao processo produtivo ser curto.

Comparação quantitativa entre os fluxos


reversos e os fluxos diretos
Leite (2013) traz definições para comparar esses fluxos em diferentes situações de duração de vida dos
produtos, por meios de índices.
· Índice de reciclagem de um bem durável
É a relação percentual entre as quantidades recicladas, ou seja, o fluxo reverso de determinado bem durável pós-
consumo, num determinado período de tempo e em uma região determinada, e a quantidade produzida do
mesmo bem, no mesmo período e na mesma região.

FIQUE ATENTO
O índice de reciclagem de um bem durável é a relação percentual entre o fluxo reverso e a
quantidade produzida de determinado bem durável pós-consumo, em período de tempo e em
uma determinada região.

· Índice de reciclagem dos componentes de um bem durável


Pouco utilizado e de grande importância para a definição de seu cálculo em caso de utilização, se refere às

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· Índice de reciclagem dos componentes de um bem durável
Pouco utilizado e de grande importância para a definição de seu cálculo em caso de utilização, se refere às
porcentagens de componentes ou de materiais constituintes reciclados de um determinado bem em relação ao
seu peso;
· Índice de reciclagem do material constituinte
É a relação percentual entre as quantidades recicladas de determinado material constituinte em determinado
espaço de tempo e as quantidades totais produzidas do material, no mesmo espaço de tempo proveniente de
todos os produtos de pós-consumo.

Figura 2 - Tabela de valores médios de taxas de reciclagem de materiais no Brasil


Fonte: Cempre (2003; 2006)

· Canais de distribuição reverso de ciclo aberto


As diversas fase de retorno dos materiais que os bens pós-consumo apresentam criam os canais de distribuição
reverso de ciclo aberto. Os materiais retirados deles são de diferentes produtos, e buscam a reintegração ao ciclo
produtivo, por meio de novos insumos na fabricação de diferentes tipos de produtos.

EXEMPLO
Um exemplo disso é o retorno ao ciclo produtivo de todo o ferro e aço provenientes de sua
extração de bens como automóveis, navios, latas de embalagens, etc., que serão reintegrados
como matérias-primas secundárias na fabricação de chapas de aço, barras de ferro, vigas e
outros produtos.

Os canais de distribuição de ciclo aberto não diferenciam os produtos originados do pós-consumo, mas têm seu
foco na matéria-prima que o constitui. Como exemplos dessa categoria citamos o plástico, o ferro, o alumínio,
dentre outros produtos;
· Canais de distribuição reverso de ciclo fechado
As matérias-primas de um produto descartado, quando este chega ao fim de sua vida útil, são retiradas de forma
seletiva, para a fabricação de um produto similar ao de origem. Esse processo é realizado nos canais de
distribuição reverso de ciclo fechado, no qual esses canais são feitos por etapas de retorno dos bens de pós-
consumo;

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Figura 3 - Canais reversos do ciclo fechado
Fonte: LEITE, 2015

· Canais de distribuição de pós-consumo de bens duráveis e semiduráveis


Leite (2013) fala que um bem durável é formado por inúmeros componentes com durações distintas, que
poderão ser trocados ao longo da vida do bem, originando fluxos em canais reversos próprios. Já os bens
semiduráveis possuem seus canais reversos próprios de retorno ao ciclo produtivo.

FIQUE ATENTO
Um bem durável é composto por uma série de componentes com diferentes durações e que
poderão ser substituídos ao longo da vida do bem, dando origem a fluxos em canais reversos
próprios.

· Canais de distribuição reverso de reuso, desmanche e reciclagem


Para que um produto de pós-consumo seja encaminhado ao mercado de bens secundários, é preciso que haja
uma cadeia estruturada para a coleta, seleção e revalorização. Dessa forma, teremos o canal reverso de reuso.
Quando o ciclo de revalorização de reuso do bem de pós-consumo chega ao fim, há o nascimento dos canais
reversos de reciclagem;
· Canais de distribuição reverso de pós-consumo de bens descartáveis
Diariamente temos toneladas de lixos que domicílios urbanos, empresas industriais e empresas comerciais
descartam, originando, dessa forma, os canais de distribuição reversos de pós-consumo de bens descartáveis.

Sistema de coleta de bens de pós-consumo


Leite (2003) destaca os diversos tipos de coletas de pós-consumo de lixo:
· Coleta domiciliar de lixo: os atores envolvidos (agentes públicos e a sociedade civil em geral) devem adotar
medidas efetivas para descarte, coleta, seleção, tratamento, destinação e disposição segura de bens de pós-
consumo, evitando um crescimento dos índices de descarte e geração de resíduos comerciais, domiciliares e
industriais;

· Aterros sanitários e lixões: aterros sanitários são locais de descarte de resíduos, onde são utilizadas técnicas

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· Aterros sanitários e lixões: aterros sanitários são locais de descarte de resíduos, onde são utilizadas técnicas
de engenharia sanitária e outras técnicas para acomodação e recobrimento do material. Pereira (2012) classifica
lixões como forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, caracterizada pela sua descarga sobre o
solo, sem critérios técnicos e medidas de proteção ambiental à saúde pública;

Figura 4 - Coleta de lixo domiciliar


Fonte: Dmitry Kalinovsky, Shutterstock, 2020

· Coleta seletiva domiciliar: seleciona o material que será descartado, sendo feitas em domicílios particulares e
empreendimentos;
· Coleta informal: esse tipo de coleta é feito por catadores, carroceiros e/ou garrafeiros, eles pegam os materiais
e revendem aos sucateiros, e esses, depois de consolidar esses materiais, revendem para as indústrias de
reciclagem. Essa coleta possibilita, em alguns municípios do Brasil, a organização de associações de catadores.

SAIBA MAIS
A prefeitura de São Paulo criou o Projeto Porta a Porta, para ampliar a coleta seletiva para 28
distritos.Pesquise sobre o assunto e saiba mais!

Estudo de caso: bens de pós-consumo


O CASO DAS SANDÁLIAS ECO SANDALS

A palavra goóc, do vocabulário vietnamita, significa “raiz”. A origem da empresa, assim como seu conceito de

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A palavra goóc, do vocabulário vietnamita, significa “raiz”. A origem da empresa, assim como seu conceito de
produto, está relacionada à história de vida de seu fundador, o vietnamita Thai Quang Nghia. Em 1978, com 21
anos, Nghia fugiu do regime comunista de seu país, e foi encontrado três dias depois por um navio da Petrobrás,
quando estava à deriva em alto-mar em um barco de pesca sem rumo.
A marca Goóc surgiu da ideia de concepção de uma categoria de produto sustentável em relação ao meio
ambiente, décadas após Nghia ter chegado ao Brasil. A empresa é conhecida por desenvolver e fabricar calçados
de borracha feitos com pneus e lonas de caminhão reciclado. Em 24 de julho de 1986, foi fundado o Grupo
Domini (empresa proprietária da marca Goóc, cujo principal produto é a linha eco sandals), que hoje é composto
por três unidades fabris que comercializam componentes de vestuário e matéria-prima têxtil. Atualmente, o
Grupo Domini produz 18 mil pares de calçados por dia, tendo como objetivo oferecer a cada habitante do Brasil
um par de chinelos produzidos à base de pneu reciclado, que, consequentemente, tirarão do meio ambiente 42
milhões de pneus inservíveis, diminuindo, portanto, o descarte dos pneus no meio ambiente.
Inicialmente, a ideia de desenvolver um produto inspirado nos vietcongues – que utilizavam um chinelo
fabricado a partir de pneus e câmaras remanescentes das explosões da Guerra do Vietnã como parte do uniforme
de guerra – não tinha pretensão de ocupar ou de iniciar uma categoria e/ou tendência para calçados sustentáveis
e/ou ecológicos. Atualmente, as Eco Sandals respondem por 70% da produção total da marca Goóc, o que implica
planejamento diferenciado para a marca dentro do grupo.
Como as sandálias são feitas a partir do processo de reciclagem de pneus inservíveis, participantes de um
processo de logística reversa, estas retornam para a fábrica como parte da matéria-prima utilizável e não para a
natureza. Essa nova categoria de produto é considerada inovadora na categoria de calçados, por ser uma forma
inteligente e responsável de consumir sem agredir o meio ambiente. Conforme menciona a revista eletrônica
Ambiente Brasil: “segundo organizações internacionais, a produção de pneus novos está estimada em cerca de 2
milhões por dia em todo mundo. Já o descarte de pneus velhos chega a atingir, anualmente, a marca de quase
800 milhões de unidades. Só no Brasil são produzidos cerca de 40 milhões de pneus por ano e quase metade
dessa produção é descartada nesse período”.
A grande questão é como equilibrar esse consumo com atitudes que revertam a degradação ambiental em
sustentabilidade.
FORMIGONI, A. et al. Logística: Um enfoque Prático. 2 ed. São Paulo: Saraiva. 2014.

Fechamento
Assim, concluímos o estudo deste tema. Estudamos os fluxos logísticos diretos e reversos de pós-consumo, a
comparação quantitativa entre os fluxos reversos e os fluxos diretos, e os sistema de coleta de bens de pós-
consumo.

Referências
NOVAES, A. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Estratégia, operação e avaliação. 4 ed.
Revisada, atualizada e ampliada. São Paulo: Elsevier, 2015;
LEITE, P. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. 2 ed. São Paulo: Pearson, 2015;
XAVIER, L.; CORRÊA, H. Sistema de Logística Reversa: criando cadeias de suprimento sustentáveis. São
Paulo: Atlas, 2013;
PEREIRA, A. et al. Logística Reversa e Sustentabilidade. 1ª ed. São Paulo: CENGAGE Learning, 2012;
FORMIGONI, A. et al. Logística: Um enfoque Prático. 2 ed. São Paulo: Saraiva. 2014.

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Fluxos reversos de pós-venda
Erasmo Ribeiro da Silva Júnior

Introdução
O que acontece com um cartucho da sua impressora quando acaba a tinta? E quando ele não serve mais, o que se
faz com ele? São perguntas como essas que são feitas no dia a dia, em relação aos produtos de pós-venda, aqueles
que compramos, utilizamos e descartamos por não servir mais ou por terem estragado antes de terminar o seu
ciclo útil de vida.
Estudaremos neste tema todas essas questões.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Reconhecer o fluxo reverso de pós-venda
• Analisar a aplicação prática de fluxo reverso de pós-venda em um estudo de caso

Fluxo Reverso de Pós-venda


Os próprios agentes da cadeia de distribuição direta são utilizados no fluxo reverso de pós-venda, em que os
produtos que vêm do consumidor final poderão ser retornados para os varejistas ou para o fornecedor. Esse
retorno dependerá do canal de distribuição original, podendo ser do varejista para o fabricante ou para o
distribuidor-fabricante; da empresa cliente para a empresa fornecedora, nos casos de distribuição empresariais.

EXEMPLO
O serviço de garantia e assistência técnica de pós-venda tem sido utilizado como uma das
formas de fidelização dos clientes. Empresas de prestação de serviços de logística reversa têm
se especializado na execução rápida e precisa de recepção, diagnóstico, conserto e entrega de
aparelhos em geral.

Categorias de fluxos reversos de pós-venda


A logística reversa de pós-venda deve planejar, operar e controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós-venda
que são devolvidos devido a fatores diversos. Para que isso ocorra, há as categorias dos fluxos reversos, que são
as categorias de retornos comerciais no varejo e na internet (contratuais e não contratuais).
Nos retornos, estão os retornos de consignação, retorno de embalagens, retorno de ajuste no estoque no canal e

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as categorias de retornos comerciais no varejo e na internet (contratuais e não contratuais).
Nos retornos, estão os retornos de consignação, retorno de embalagens, retorno de ajuste no estoque no canal e
excesso de ajuste de estoque no canal, baixa rotação do estoque, introdução de novos produtos e moda ou
sazonalidade de produtos.

Figura 1 - Fluxos reversos de pós-venda


Fonte: Paul Tobeck, Shutterstock, 2020

· Retorno de ajuste no estoque no canal


Esse retorno proporciona a devolução ou liquidação de estoques dos bens de pós-venda, em que duas empresas
são envolvidas, e os produtos devolvidos ou liquidados serão revalorizados por meio do envio, quase sempre ao
mercado secundário (o mais apropriado), onde são ofertados a preços mais baixos do que no mercado original,
com ou sem marca original, e em pontos de venda diferentes daqueles dos produtos de origem.

FIQUE ATENTO
O destino dos bens pós-venda (produtos de moda, a indústria têxtil e de calçados) para os
mercados têm várias alternativas comerciais, a depender da situação. Essas alternativas
variam entre produtos e seus hábitos mercadológicos regionais.

Os contratos entre as empresas são motivadas pelas seguintes situações:


· Excesso de ajuste de estoque no canal: os estoques que nem sempre são vendidos nas quantidades que a
empresa almeja, e acabam gerando excessos que precisam ser retornados, são antecipados para os clientes, em
épocas de promoção. Um exemplo é o ramo empresarial editorial;
· Baixa rotação de estoque: trata-se de ocasiões em que, por diferentes motivos, o giro de determinada
mercadoria deixa de ser interessante para o mercado e para o cliente;
· Introdução de novos produtos: os modelos antigos podem ter seu retorno, devido a não continuação de sua
versão mais recente, e/ou por motivo da entrada produtos que venham a substituí-los. Esse procedimento acaba
liberando uma área de loja ao cliente;

· Moda ou sazonalidade de um produto: é comum que empresas varejistas necessitem disponibilizar seus

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· Moda ou sazonalidade de um produto: é comum que empresas varejistas necessitem disponibilizar seus
produtos ao final de uma estação de moda. Assim, pode-se ocorrer a mesma situação da introdução de um
produto, mas com certa sazonalidade.

Figura 2 - Produtos sazonais


Fonte: martin-dm, iStock, 2020

O planejamento de valorização dos produtos retornados tem a função de antecipar os contratos de retorno, em
relação aos eventos, e resolver o problema de excesso ou falta de estoque nos canais de distribuição.
Nos retornos não contratuais, temos: devoluções em vendas diretas ao consumidor final; devoluções para
atendimento de reclamação de consumidor final sobre a qualidade ou defeito encontrado no produto; e
devolução por erros de expedição.
As devoluções de produtos defeituosos, devolução por produtos danificados e devoluções por expiração de prazo
de validade do produto são características da categoria de retorno por garantia/qualidade. E temos a categoria
de devoluções por substituição de componentes.

Seleção e destino dos produtos devolvidos


Na logística reversa de bens de pós-venda, há inúmeras formas e caminhos diferentes que deverão ser
examinados e destinados a um canal reverso de melhor acréscimo de valor monetário ou de outra natureza
pretendida pelas organizações agentes desses fluxos, que é conceituado como de seleção e destino dos bens
devolvidos. Há duas formas de realizá-la: no varejo, por meio de intermediários especializados em logística
reversa; e pelo fabricante do produto. Essa seleção deve ser realizada com competência, para que se tenha uma
otimização do valor agregado na negociação dos bens, isso porque ela é uma operação pouco repetitivas na
maioria das vezes.

FIQUE ATENTO
É necessária uma decisão técnica em um dos elos da cadeia de distribuição direta, para a

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É necessária uma decisão técnica em um dos elos da cadeia de distribuição direta, para a
definição do destino dos bens de pós-venda que são devolvidos. Essa devolução é feita por
causa dos defeitos dos produtos ou de problemas de qualidade em geral vindo da fábrica.

Figura 3 - Produtos pós-venda devolvidos


Fonte: gorodenkoff, iStock, 2020

Os destinos mais comuns dados aos diversos tipos de retorno são os seguintes:
· Valor no mercado primário: quando se ajustam os canais de distribuição diretos, os bens de retorno
apresentam condições gerais de retorno ao mercado original, com a marca do fabricante e por meio de
distribuição;
· Reparos e consertos: os produtos de retorno irão para reparos que precisem, podendo ser comercializados no
mercado de primeira ou de segunda ordem. Frequentemente, este último;
· Doação: os bens que retornam às fábricas, quando não há mais interesse de sua imagem, são doados. Isso
porque eles estão associados a certo grau de obsolescência. Vemos a prática da doação no setor de computador,
que possui vida média útil muito curta;
· Desmanche: quando um bem volta para a empresa e se apresenta sem condições de funcionamento para a
utilidade de projeto e existe valor de uso em seus componentes, esse bem irá para desmanche. As empresas que
arrematam os produtos nessas condições costumam realizar esse tipo de retorno, em que os componentes são
enviados ao mercado secundário de peças ou subconjuntos ou passam por processos de remanufatura.
· Remanufatura: quando os componentes do desmanche de bens retornados apresentam defeitos, tendo que ser
refeitos para encaminhamento ao mercado secundário. Empresas grandes utilizam o sistema de desmontagem
de componentes e revisão para alimentar seu mercado de peças de reposição, recuperando importantes valores;
· Reciclagem Industrial: os subconjuntos e as partes da estrutura dos bens são comercializados com empresas
especializadas na reciclagem dos materiais constituintes desses produtos;

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Figura 4 - Componentes de computadores para serem reciclados
Fonte: Rawf8, iStock, 2020

· Disposição final: os produtos que retornam para a fábrica são destinados a aterros sanitários ou ao processo de
incineração, dependendo das peculiaridades de cada país ou região, por não apresentarem uma solução para
agregar valor de qualquer natureza.

SAIBA MAIS
É importante entender a diferença entre lixão e aterro sanitário, além da importância destes
últimos. Para isso, sugerimos a leitura de artigos sobre o tema, que podem ser encontrados no
portal Globo Cidadania.

Estudo de caso
O setor de revistas é apontado pela literatura como um dos mais expressivos em termos de retorno de produtos,
devido à alta perecibilidade das revistas em geral. O caso estudado restringiu-se à distribuição reversa de
revistas em bancas de jornal de rua e em quiosques de lojas de departamento.
O processo logístico de distribuição de publicações no território nacional inicia-se com o recebimento das
publicações das editoras clientes. As publicações são separadas e organizadas em lotes, em quantidades
previamente definidas pela área de logística em função das vendas nas regiões atendidas. O modal de transporte
predominante é o ferroviário, e em alguns casos são utilizados o aéreo e o fluvial. Grande número de centros de
distribuição regional (CDRs) no país se encarrega de distribuir as publicações para os pontos de venda no varejo,
as bancas e revistarias. O sistema de venda é de consignação em cascata ao longo da cadeia direta, ou seja, da
empresa distribuidora para os centros de distribuição e destes para as bancas e revistarias em cada região.
A distribuição reversa das publicações inicia-se ao expirar o prazo de exposição e venda do produto nas bancas.
É emitido pela área de distribuição um documento denominado “chamada de encalhe” (solicitação de retorno),
que avisa ao varejista sobre o término do prazo para a venda da publicação. O varejista devolve ao CDR toda a
publicação não vendida e é realizado o acerto financeiro das publicações vendidas e respectivas comissões. O
CDR, por sua vez, encarrega-se de devolver à empresa toda a publicação recebida de seus varejistas e de fazer o
acerto financeiro das publicações vendidas. As revistas não vendidas passam a ser chamadas de “encalhe”. O
retorno físico do encalhe após as consolidações nos CDRs é encaminhado à empresa; ele é conferido e é feita a
consolidação final de retorno em lotes padrão, o que facilita o controle e manuseio posterior das publicações
devolvidas. Na fase de seleção de destino, as publicações podem ser devolvidas à editora cliente, ser destinadas à

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consolidação final de retorno em lotes padrão, o que facilita o controle e manuseio posterior das publicações
devolvidas. Na fase de seleção de destino, as publicações podem ser devolvidas à editora cliente, ser destinadas à
armazenagem na própria empresa, com possível utilização em mercados secundários, ou à reciclagem,
transformando-se em aparas de papel.
Cerca de 50% a 60% das publicações retornam sob a forma de encalhe, o que justifica a preocupação com a
estruturação do canal reverso como forma de recuperar parte do valor investido na realização das publicações e
garantir o controle do faturamento da empresa. Uma das alternativas utilizadas para a recuperação de valor é a
reciclagem de encalhe (transformação de parte do retorno em aparas de papel).
A revalorização econômica também pode acontecer por meio da venda de publicações encalhadas em mercados
secundários, ou seja, países que falam a língua portuguesa. Nestes casos, as publicações passam por um processo
de seleção e inclusões que separa as revistas com boa apresentação daquelas danificadas (amassadas e rasgadas)
durante as etapas do processo logístico. Publicações retornadas que exploram assuntos de interesse atemporal,
como decoração de quarto de bebê, viagens e turismo, bordado e tricô, revistas infantis, etc., podem aguardar
para reuso em futuro relançamento. Brindes (fitas de vídeo, livros, brinquedos, CDs, etc.) que retornam são
separados e armazenados para reutilização.
Os produtos retornados podem servir para atividades de markenting, sendo utilizados com “degustação”,
considerada reuso pela literatura consultada e que consiste em oferecer ao cliente um exemplar de determinada
revista para sua experimentação.
A empresa aloca de forma dedicada recursos de mão-de-obra ao tratamento de encalhe, além dos custos de
movimentação interna com o uso de empilhadeiras e palleteiras, armazenamento e transporte rodoviário,
estimando custos totais de ordem de 0,3% do total das vendas, aparentemente baixo.
O tratamento do encalhe também pode servir como fonte para projetos que visem à educação e o bem-estar
social. O encalhe também contribui para a realização dos serviços prestados ao cliente, por exemplo, atender às
solicitações de revistas de edições passadas. Esta atividade objetiva estreitar as relações entre a empresa e o
cliente, buscando sua fidelidade. Ela é apontada como importante ferramenta na prestação de serviços ao cliente,
ao mesmo tempo que contribui para a construção da imagem da empresa. (LEITE, 2015)

Fechamento
Assim, concluímos o estudo deste tema, em que foram estudados o fluxo reverso de pós-venda, as categorias de
fluxos reversos de pós-venda, e a seleção e destino dos produtos devolvidos.

Referências
NOVAES, A. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Estratégia, operação e avaliação. 4 ed.
Revisada, atualizada e ampliada. São Paulo: Elsevier, 2015;
LEITE, P. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. 2 ed. São Paulo: Pearson, 2015;
XAVIER, L.; CORRÊA, H. Sistema de Logística Reversa: criando cadeias de suprimento sustentáveis. São
Paulo: Atlas, 2013;
PEREIRA, A. et al. (2012). Logística Reversa e Sustentabilidade. São Paulo: CENGAGE Learning, 2012;
FORMIGONI, A. et al. (2014). Logística: Um enfoque Prático. 2 ed. São Paulo: Saraiva.

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A importância das políticas
públicas
Cilene de Oliveira

Introdução
O Estado tem como fundamento o bem-estar econômico e social de um povo, estando organizado para
administrar um país e os assuntos de natureza coletiva. Dentre algumas funções do Estado, destacam-se a
redução da degradação ambiental e promoção do desenvolvimento sustentável, que por meio dos aspectos legais
norteiam o comportamento das organizações e da sociedade civil. Dessa forma, o Estado atua por meio da
política pública, que simplificadamente representa contemplar os interesses da coletividade, ou seja, as
demandas da sociedade.
Estudaremos o que são políticas públicas e quais os instrumentos que as compõem.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Conhecer o que é política pública e compreender sua importância nas esferas públicas e privadas.

O que são políticas públicas?


Quando se fala em Estado, temos como sua função primordial o ato de governar, ou seja, administrar. Assim
como as organizações privadas precisam administrar, por meio de seus recursos (capital, máquinas, mão-de-
obra, métodos) para atingir um resultado, sendo um produto ou serviço, assim também o Estado tem como
função administrar, por meio da política pública. Mas, afinal, o que seria política pública, quais suas
características, e sua importância na vida dos cidadãos e para as organizações, sendo ela pública ou privada?
A política pública enquanto área de conhecimento nasceu nos EUA, que se concentravam mais na análise sobre o
Estado e suas instituições do que na produção dos governos. Na área do governo propriamente dito, a
introdução da política pública como ferramenta das decisões do governo é produto da Guerra Fria e da
valorização da tecnocracia como forma de enfrentar suas consequências. Seu introdutor no governo dos EUA foi
Robert McNamara, que estimulou a criação, em 1948, da RAND Corporation, organização não-governamental
financiada por recursos públicos e considerada a precursora dos thinktanks (SOUZA, 2006, p 22).

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FIQUE ATENTO
Thinktanks são instituições que se dedicam a produzir e difundir informações sobre temas
específicos. Seus objetivos são influenciar ideias na sociedade e decisões na política. A
expressão, do inglês, geralmente é traduzida para o português como “laboratório de ideias”.
(Jornal Nexo, 2017)

Dias e Matos (2012, p.4), ao explicarem a questão da Política na vida em sociedade, escrevem:
Hoje os grandes problemas colocados na agenda mundial são problemas que passam pela intervenção política.
Podemos afirmar que a política está inserida em todos os aspectos da vida humana [...]. Portanto, mais do que
nunca se torna necessário que a política seja compreendida pelo homem comum, e um componente importante
desse entendimento passa pela compreensão do que é o Estado e o papel que está reservado a cumprir nas
sociedades humanas.

Figura 1 - Grupo de ativistas protestando


Fonte: Rawpixel, iStock, 2020

As políticas públicas são consideradas como planos, programas e projetos desenvolvidos, na esfera
governamental, para atender as demandas da coletividade (HOGWOOD; GUN, 1984 apud TINOCO et al., 2007, p
86).

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SAIBA MAIS
Planos: é um documento que formaliza o registro do planejamento referente às ações a se
realizar, a fim de atingir um objetivo proposto.
Programas: é um grupo de projetos e atividades dos programas relacionados gerenciados de
modo coordenado para a obtenção de benefícios e controle, que não estariam disponíveis se
eles fossem gerenciados individualmente, devendo atingir um objetivo estratégico da
organização.
Projetos: é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado
exclusivo.

Lopes e Amaral (2008, p.5) definem políticas públicas como “um conjunto de ações e decisões do governo,
voltadas para a solução (ou não) de problemas da so-ciedade”. Dessa forma, os governos, na esfera federal,
estadual e municipal, atuam por meio da política pública para alcançar o bem estar da sociedade e o interesse da
coletividade.
Lopes et al. (2008) apresentam que para formulação de políticas públicas, existem diversas fases que se
interligam, sendo o processo, respectivamente:
· Primeira fase: formação da agenda (seleção das prioridades);
· Segunda fase: formulação de políticas (apresentação de soluções ou alternativas);
· Terceira fase: processo de tomada de decisão (escolha das ações);
· Quarta fase: implementação (ou execução das ações);
· Quinta fase: avaliação.

FIQUE ATENTO
A agenda governamental nada mais é do que uma lista de demandas da sociedade, ou seja,
todos os temas, no qual o governo volta sua atenção, e que por meio dos atores políticos
entram em sua pauta.

No sistema da concepção de uma agenda de política pública, agentes importantes são considerados como atores,
no sentido de atuação, de inserção desse ciclo, ou seja, aqueles que se envolvem direta ou indiretamente nesse
processo.
Os atores são classificados em dois grupos: a) atores governamentais (representantes do Executivo, do
Legislativo e os servidores públicos) e b) os atores não-governamentais (os especialistas, os grupos de interesse,
a mídia e a opinião pública) (PINTO, 2008).

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Figura 2 - Categoria dos atores
Fonte: Secchi, 2010

Quais os Instrumentos que compõem as


políticas públicas?
As políticas públicas são um conjunto de projetos, programas e atividades realizadas pelo governo, conforme as
demandas urgentes da sociedade. O Governo Federal determinou, através do Decreto 2.829, de 1998, uma
vinculação entre o planejamento e o orçamento governamental em todo o país. Os Planos Plurianuais passaram a
ser estruturados na forma de programas, o orçamento na forma de orçamento-programa, dessa forma, o governo
passou a ter programas como a unidade de gestão. Cada programa é centrado na solução de problemas, cada
investimento tem um responsável, mesmo que envolva diferentes ministérios ou secretarias e até mesmo
diferentes fontes de recursos (público ou privados) (SABBAG, 2013, p.28).
Quando se fala em instrumentos que compõem as políticas públicas no governo, se pensa em ferramentas que o
governo utiliza para colocar em ação os problemas públicos. Salamon (2000, p.1641) define instrumentos como
elementos para a resolução de problemas públicos, ou seja, “uma ferramenta, ou instrumento, de ação pública
pode ser definido como um método identificável por meio da ação coletiva é estruturada para solucionar um
problema público”.
Christopher Hood (1986) propôs uma categorização dos instrumentos em torno de quatro elementos: a)
nodalidade; b) autoridade; c) tesouro; d) organização. O quadro a seguir apresenta suas definições e exemplos.

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Figura 3 - Instrumentos da política
Fonte: Adaptado de Howlett e Ramesh (2003, p. 92); Capella (2018)

Exemplos de políticas públicas


Dias e Matos (2012) explicam que as políticas públicas podem ser de diferentes tipos, como:
· Política social: saúde, educação, habitação, previdência social;
· Política macroeconômica: fiscal, monetária, cambial, industrial;
· Política administrativa: democracia, descentralização, participação social;
· Política específica ou setorial: meio ambiente, cultura, agrária, direitos humanos, dentre outros.

Figura 4 - Água potável


Fonte: Ollyy, Shutterstock, 2020

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EXEMPLO
Um exemplo de política pública é o saneamento básico, que foi promulgado através da lei nº
11.445, de 5 de janeiro de 2007, e estabeleceu diretrizes nacionais para essa área em
específico. É o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de
abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de
resíduos sólidos e de águas pluviais. É um exemplo de política pública que faz parte de uma
demanda social, e sua falta acarreta problemas na área da saúde, do meio ambiente, e
econômico de um país.

Fechamento
Política pública reflete de forma estruturada em planos, projetos e programas, os anseios, os desejos, as
necessidades, as demandas principais da população. Conhecer o processo das políticas públicas e seus
instrumentos são primordiais para exercer a cidadania.

Referências
BRASIL, Ministério da Economia, Planejamento e Gestão, O que é PPA?, (01/02/2019). Disponível em:<
http://www.planejamento.gov.br/servicos/faq/planejamento-governamental/plano-plurianual-ppa/o-que-
eacute-o-ppa>. Acesso em: em 24 nov.2019.
BRASIL, Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em: 16
fev.2020.
CAPELLA, A. Formulação de políticas, Brasília: Enap, 2018.
DIAS, Reinaldo; MATOS, Fernanda, Políticas Públicas: princípios, propósitos e processos, São Paulo: Atlas, 2012.
HOOD, C. The Tools ofGovernment.Chatham: ChathamHousePublishers,
1986.
PINTO, I. Revista de Políticas Públicas, São Luís, v.12, n.1, p.27-36, jan./jun.2008.
PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (guia
PMBOK), 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
LOPES, B.; AMARAL, J.; CALDAS, R. Políticas públicas: conceitos e práticas, Belo Horizonte: Sebrae/MG,2008.
SABBAG, P. Criação e viabilidade de projetos e gerenciamento de projetos: gerenciamento de projetos e
empreendedorismo, São Paulo: Saraiva, 2013.
SOUZA, C. Políticas públicas: uma revisão de literatura. Sociologias, PortoAlegre, ano 8, n 16, jul./dez.2006.
Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/soc/n16/a03n16.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2019.
SOUZA, C. Políticas públicas: uma revisão de literatura, Sociologias, Porto Alegre, ano 8, nº 16,p.20-45, julho/dez.
2006.

____Trata Brasil, Esgoto, Disponível em:<http://www.tratabrasil.org.br/saneamento/principais-estatisticas/no-

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____Trata Brasil, Esgoto, Disponível em:<http://www.tratabrasil.org.br/saneamento/principais-estatisticas/no-
brasil/esgoto>.Acesso em: 16, fev.2020.
____Trata Brasil, Água, Disponível em:<http://www.tratabrasil.org.br/saneamento/principais-estatisticas/no-
brasil/agua>. Acesso em: 16, fev.2020.

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Plano Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS)
Cilene de Oliveira

Introdução
Após o consumo dos produtos, eles tornam-se lixo ou resíduos sólidos. Mas, para estabelecer critérios
adequados do destino final dos resíduos sólidos, torna-se necessária a intervenção do governo, estabelecendo
leis que possam contribuir e normatizar, o comportamento e a responsabilidade de todos os agentes de uma
cadeia de suprimento, inclusive do próprio consumidor e governo, sobre os resíduos sólidos. Além disso,
aquestão da sustentabilidade ambiental tem sido enfoque dos novos modelos de negócios.
Com isso, torna-se necessário conhecer a Política Nacional de Resíduos Sólidos, um marco legal no contexto
brasileiro.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Interpretar a Lei n.12.305/2010 de forma sistêmica, compreendendo sua importância para a sociedade.

A PNRS: definições e princípios


A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), prevê a prevenção e a redução
na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de
instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem
valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos
(aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de
resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de
manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo.Cria metas
importantes que irão contribuir para a eliminação dos lixões e institui instrumentos de planejamento nos níveis
nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e metropolitano e municipal; além de impor que os
particulares elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. E inova com a inclusão de catadoras e
catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, tanto na Logística Reversa quando na Coleta Seletiva (BRASIL,
2019).
A PNRS (2010) define resíduos sólidos:
material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja
destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
Os princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos, está contido no artigo de nº 6º, e são respectivamente
onze princípios, onde pode-se destacar os incisos:
II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural,

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II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural,
econômica, tecnológica e de saúde pública;
V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços
qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto
ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação
estimada do planeta;
VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; dentre outros.

FIQUE ATENTO
Quando se fala em Sustentabilidade, deve-se conhecer o “Triple Bottom Line”ou“Tripé da
Sustentabilidade”, ou ainda “3Ps”, que prega que a sustentabilidade precisa abranger três
aspectos: ambientais (Planet), econômicos (Profit) e sociais (People) de forma integrada
(Fonte: LIMA, 2017).

PNRS e a logística reversa


A PNRS declara como as organizações devem implantar a logística reversa e a responsabilização de todos nessa
questão. Então, o que é a logística reversa?
Segundo Leite (2005, p.16-17),a logística reversa é a “área da logística empresarial que planeja, opera e controla
o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e pós-consumo ao ciclo
de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de
diversas naturezas: econômico, ecológico, de imagem corporativa, entre outros”.

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Figura 1 - Logística reversa de pós-consumo e pós-venda
Fonte: LEITE, 2003

A PNRS define a logística reversa, no artigo 3º, inciso XII, como:


instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e
meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada.

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Figura 2 - Ciclo da Logística Reversa
Fonte: johnkworks, Shutterstock, 2020

Dessa forma, é possível constatar que a logística reversa é estratégica para as empresas, pois ela pode
representar importantes ganhos de competitividade, pois os problemas ambientais relacionados aos resíduos
são complexos, principalmente pelo aumento da conscientização ecológica e das pressões legais (MENDONÇA;
PONTES E SOUZA, 2017, p.10).
Assim, conhecendo a fundo a PNRS, observa-se que ela vai de encontro ao conceito e abordagens da logística
reversa.

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EXEMPLO
A PNRS (2010) em seu artigo de n° 3, inciso I, diz que: “São obrigados a estruturar e
implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo
consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos
resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: I -
agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o
uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos
previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e
do Suasa, ou em normas técnicas”.
Todo produtor rural brasileiro que faz uso de defensivos agrícolas (agrotóxicos) tem a
obrigação de devolver as embalagens vazias desses produtos nas unidades do Sistema Campo
Limpo, como é chamado o programa de logística reversa que funciona em todas as regiões do
país. O volume recebido pelo sistema é encaminhado para reciclagem e pode voltar à indústria
em forma de novos galões plásticos. Entregar as embalagens para terceiros ou mantê-las na
propriedade após o período de um ano da data que consta da nota fiscal de venda é crime e
gera multa.Segundo o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV),
94% das embalagens plásticas primárias de defensivos agrícolas comercializadas no Brasil são
recolhidas pelo Instituto e encaminhadas para as onze recicladoras parceiras do sistema. Do
total recolhido, cerca de 91% têm condições de ser reciclado. O restante é incinerado.Para
realizar essa coleta, o Sistema Campo Limpo conta com 411 unidades de recebimentos em 25
Estados brasileiros e no Distrito Federal. Em 2017, foram 44,5 toneladas de embalagens vazias
recolhidas. Desde 2002, quando o Campo Limpo foi criado, 475.644 toneladas já foram
destinadas ao Sistema (REDAÇÃO GLOBO RURAL, 2018).

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Figura 3 - Esquematização da logística reversa de agrotóxicos
Fonte: CIMOAMBBIENTAL, 2020

Após a utilização dos agrotóxicos, os produtores rurais precisam lavar as embalagens com o processo de tríplice
lavagem ou por lavagem sob pressão. A legislação brasileira determina que todas as embalagens rígidas de
defensivos agrícolas devem ser lavadas com o objetivo de evitar a sua contaminação com produto residual. A
lavagem é indispensável para a reciclagem posterior do produto e deve ser feita conforme norma específica
(NBR 13.968) da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) (INPEV, 2019).
Após a lavagem, pode-se armazenar as embalagens com a tampa por até um ano; depois disso,há multa e é
considerado crime.

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Figura 4 - Processo de logística reversa das embalagens de agrotóxicos
Fonte: Inpev, 2019

SAIBA MAIS
Para seu aprofundamento no tema da Logística Reversa de Agrotóxicos no Brasil, veja a Lei nº
7802/89; a Lei nº 9974/00; o Decreto 4074/02 e Resolução Conama 465/2014.

A PNRS prega que ao se fabricar um produto, deve se planejar sua embalagem, se possível em materiais que
propiciem sua reutilização ou reciclagem, assim o gasto energético e ambiental torna-se menos crítico.

FIQUE ATENTO
Em termos de Embalagem, um fator importante na atualidade é a “rotulagem ambiental”, que
baseia-se em informações disponibilizadas nos rótulos de embalagens para que os
consumidores possam optar por adquirir produtos de menor impacto ambiental em relação
aos produtos concorrentes disponíveis no mercado. Outras expressões também são utilizadas
para designar informações sobre características ambientais impressas no rótulo de produtos,
como: selo verde ou ecológico, declaração ambiental, rótulo ecológico, eco-rótulo, eco-selo e
etiqueta ecológica. (MOURA, 2013).

Fechamento
A PNRS (2010) contempla de maneira sistêmica o que é a logística reversa, quais seus objetivos, seus princípios,
seus instrumentos, quais setores devem ter uma logística reversa evidenciada na prática, aborda a
responsabilidade compartilhada, apresenta como devem ser os planos de resíduos sólidos nas esferas federal,

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seus instrumentos, quais setores devem ter uma logística reversa evidenciada na prática, aborda a
responsabilidade compartilhada, apresenta como devem ser os planos de resíduos sólidos nas esferas federal,
estadual e municipal, aborda sobre embalagens, o sistema de integração das informações, define e classifica os
resíduos sólidos, dentre outras singularidades.
Dessa forma, é importante seu conhecimento, seja por parte da pessoa física ou jurídica. O PNRS é um marco
legal importante para a logística e para a sociedade.

Referências
BRASIL. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em:<https://www.
mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/politica-nacional-de-residuos-solidos>.Acesso em 20 fev.
2020.
BRASIL. Lei n.12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n.
9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em:<https://iberbrasil.org.br/lei-12305-
10.pdf>.Acesso em 01 de dez.2019.
LEITE, P. Logística Reversa: sustentabilidade e competitividade, 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
LIMA, C.TripleBottomLine: Sustentabilidade e eficiência energética. (29/05/2017) ViridisBlog. Disponível em:
<https://viridis.energy/pt/blog/triple-bottom-line-sustentabilidade-e-eficiencia-energetica?
gclid=EAIaIQobChMIxYD-svOL6AIVw4CfCh1QrwUTEAAYASAAEgJSa_D_BwE>.Acesso em: 08 março 2020.
OLIVEIRA, F. A importância das embalagens na Logística.(11/07/2011) Administradores.com.Disponível em:
<https://administradores.com.br/artigos/a-importancia-das-embalagens-na-logistica>.Acesso em 20 fev.2020.
PEREIRA, A.; BOECHAT, C.; TADEU, H.; SILVA, J.; CAMPOS, P.Logística Reversa e Sustentabilidade, São Paulo:
Cengage Learning, 2017.
_____Logística reversa: como descartar corretamente embalagens de agrotóxicos, Revista Globo Rural, (16/07
/2018). Disponível em:< https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/noticia/2018/07/logistica-
reversa-como-descartar-corretamente-embalagens-de-agrotoxicos.html>. Acesso em 20 fev.2020.
_____Logística reversa: passo-a-passo da destinação. Instituto Nacional de Processamento de Embalagens.
Disponível em:<https://inpev.org.br/logistica-reversa/passo-a-passo-destinacao/>.Acesso em 20 fev.2020.

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Caracterização e classificação de
resíduos
Cilene de Oliveira

Introdução
As embalagens permitiram fracionar e individualizar os produtos a serem consumidos. Produto esse que possui
um ciclo de vida, desde a matéria-prima, sua produção e consumo. Com isso, nos deparamos com o lixo. Lixo é
compreendido como aquilo que se utilizou e não serve mais para nada, joga-se fora. Mas, a Logística Reversa é a
ciência que estuda o caminho dos produtos após seu consumo, tendo duas classificações: a logística reversa de
produtos pós-venda e produtos pós-consumo. Embora haja lei com relação à coleta de lixo nas cidades, existem
muitas questões complexas quanto à questão do lixo. Todavia, torna-se necessário conhecer um pouco mais do
lixo, protagonista da logística reversa, com seu conceito e classificações.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Identificar a caracterização e a classificação de resíduos conforme sua tipologia

Qual a diferença entre lixo e resíduos sólidos?


Existe diferença entre lixo e resíduos sólidos? Segundo o dicionário Michaelis, lixos são “resíduos provenientes
de atividades domésticas, industriais, comerciais etc. que não prestam e são jogados fora.”
Dessa forma, observa-se que as atividades humanas em seus processos geram lixo, e que perdem seu valor, sua
utilidade como produto.
Pela lógica da logística, o produto é visto com um ciclo de vida, começando com a matéria-prima, produção e
consumo. Após seu consumo, torna-se lixo.
Nesse sentido, temos diversos tipos de lixos, como:
· Lixo orgânico: composto por restos de comidas, tanto nas residências, como em estabelecimentos comerciais e
até industriais.
· Lixo eletrônico: são os produtos eletrônicos que não funcionam mais, como TVs, rádios, computadores,
telefones etc.
Por outro lado, temos resíduos sólidos, que são compreendidos também como lixo, mas observa-se, de maneira
geral, que o lixo é composto por resíduos.
Na PNLR (2010), o resíduo sólido é compreendido como material, substância, objeto ou bem descartado
resultante das atividades humanas em sociedade, a cuja definição final se procede, se propõe a proceder ou se
está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
Conforme o tipo de material constituinte dos produtos, tais como papel, plástico, metais, vidros, isopor, etc., é
possível indicar sua reciclagem e reutilização em novos produtos.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a “reciclagem é um conjunto de técnicas de reaproveitamento de

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Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a “reciclagem é um conjunto de técnicas de reaproveitamento de
materiais descartados, reintroduzindo-os no ciclo produtivo. É uma das alternativas de tratamento de resíduos
sólidos (lixo) mais vantajosas, tanto do ponto de vista ambiental quanto do social: ela reduz o consumo de
recursos naturais, poupa energia e água, diminui o volume de lixo e dá emprego a milhares de pessoas.”

Figura 1 - Reciclagem
Fonte: vm, iStock, 2020

FIQUE ATENTO
Para a reciclagem, cada material possui uma cor, que é identificada mundialmente, sendo
respectivamente azul - papel; vermelho - plástico; verde - vidro; amarelo - metal; preto -
Madeira; laranja - perigosos ou contaminados; branco - ambulatórios ou serviço de saúde; roxo
- radioativos; marrom - Orgânicos; cinza - resíduo geral não reciclável ou misturado.

Caracterização e classificação de resíduos


A Política Nacional de Resíduos Sólidos (2010), no artigo 13, classifica os resíduos sólidos: quanto a origem e
quanto à periculosidade, as tabelas 1 e 2 constam os resíduos e suas classificações.

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Figura 2 - Resíduos quanto à origem
Fonte: PNRS, 2010

Figura 3 - Resíduos quanto à periculosidade


Fonte: PNRS, 2010

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FIQUE ATENTO
Outra forma de conhecimento e divulgação sobre a temática do Lixo são os documentários,
como “Lixo Extraordinário”, gravado no aterro do Jardim Gramacho, bairro de Duque de Caxias
(RJ), que conta a história de sete catadores que transformam o lixo em arte com a ajuda do
artista plástico Vik Muniz. Também há “Estamira”, que conta a história de Estamira Gomes de
Sousa, uma mulher de 63 anos que trabalha há 20 no aterro sanitário de Gramacho, em Duque
de Caxias (RJ).

Diante desse contexto, observa-se que para gerenciar corretamente o lixo, ou os resíduos sólidos, é
imprescindível conhecer melhor sobre sua origem, sua periculosidade, tipo de material e suas características
gerais, etc.

EXEMPLO
Dentre o grupo de resíduos urbanos, uma fração menor do total compõe-se de resíduos dos
serviços de saúde (RSS), que se diferenciam pelos riscos potenciais. Esses resíduos podem
contaminar o meio ambiente; provocar acidentes de trabalho em profissionais da assistência,
de limpeza interna e urbana, bem como catadores; ser reutilizados indevidamente, etc.
(PEREIRA et al., 2017, p.76).

O lixo hospitalar ou resíduos de serviço de saúde (RSS) são os materiais descartados pelos estabelecimentos de
saúde, sendo hospitais, clínicas, laboratórios, ambulatórios, farmácias, postos de saúde, necrotérios, centros de
pesquisa. Há diversos tipos de materiais e resíduos dessas atividades, tais como materiais descartáveis como
luvas, seringas, algodão, gazes, assim como, órgãos, tecidos, medicação, vacinas vencidas, materiais cortantes,
etc.
A Resolução RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) nº 33/03 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, tem
como objetivo evitar danos ao meio ambiente e prevenir acidentes que atinjam profissionais que trabalham
diretamente nos processos de coleta, armazenamento, transporte, tratamento e destinação desses resíduos.

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Figura 4 - Lixo hospitalar
Fonte: pidjoe, iStock, 2020

Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), na Resolução RDC nº 33/03, os resíduos
hospitalares são classificados em cinco tipos, sendo que o primeiro tipo (classe A) é o mais perigoso, uma vez
que representa grandes riscos de contaminação devido à presença de agentes biológicos:
· Grupo A (potencialmente infectantes): São resíduos que possuam presença de agentes biológicos e que
apresentem risco de infecção. Ex.: bolsas de sangue contaminado, etc.
· Grupo B (químicos): São resíduos que contenham substâncias químicas capazes de causar risco à saúde ou ao
meio ambiente. Ex.: Medicamentos para tratamento de câncer, reagentes para laboratório e substâncias para
revelação de filmes de Raio-X, etc.
· Grupo C (rejeitos radioativos): São resíduos de materiais que contenham radioatividade em carga acima do
padrão e que não possam ser reutilizados. Ex.: Exames de medicina nuclear, etc.
· Grupo D (resíduos comuns): São resíduos de qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa provocar
acidentes. Ex.: Gesso, luvas, gazes, etc.
· Grupo E (perfuro cortantes): São objetos e instrumentos que possam furar ou cortar. Ex.: Lâminas, bisturis,
agulhas, etc.
Para cada tipo de grupo, existe um tratamento específico, de manuseio, transporte, armazenamento,
monitoramento, coleta, mão de obra empregada e destinação final, (PEREIRA et al, 2017, p 60).

SAIBA MAIS
Para aprofundamento sobre Lixo Hospitalar, há a Resolução CONAMA nº 6 de 19 de setembro
de 1991; Resolução CONAMA nº 5 de 05 de agosto de 1993; Resolução CONAMA nº 283 de 12
de julho de 2001; NBR 12.810; NBR 13853; NBR 14652.

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Fechamento
Pode-se concluir que lixo e resíduos são sinônimos, mas que o lixo é composto por resíduos, que podem ser
reciclados e reutilizados, entrando na cadeia produtiva de vários produtos, gerando, com isso, economia de
energia e de recursos, favorecendo o meio ambiente e o meio social. Podemos observar que embora haja vários
tipos de lixos, é mais importante reconhecermos os tipos de resíduos, para que se possa gerenciá-los de maneira
racional e efetiva. O lixo é uma oportunidade para a sociedade ser mais sustentável, na forma de produzir,
consumir, descartar e reutilizar.

Referências
ABNT NBR 10004:2004. Resíduos sólidos-Classificação. Disponível em:< https://analiticaqmcresiduos.paginas.
ufsc.br/files/2014/07/Nbr-10004-2004-Classificacao-De-Residuos-Solidos.pdf>. Acesso em: 07 dez.2019.
BRASIL. Lei n.12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n.
9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
MICHAELIS. Lixo. Disponível em:<http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro
/lixo/>.Acesso em: 07 dez.2019.
PEREIRA, A.L.; BOECHAT, C.B.; TADEU, H.F.B.; SILVA, J.T.M.; CAMPOS, P.M.S. Logística reversa e
sustentabilidade, São Paulo: Cengage Learning, 2017.
____Classificação dos resíduos de saúde e importância do descarte correto, Pró.ambiental. Disponível em:
<https://www.proambientaltecnologia.com.br/classificacao-dos-residuos-de-saude/>.Acesso em: 26 fev.2020.
____12 documentários para quem deseja adotar práticas sustentáveis.Recicla Sampa. Disponível em:<
https://www.reciclasampa.com.br/artigo/12-documentarios-para-quem-deseja-adotar-praticas-sustentaveis>.
Acesso em 08 março 2020.
_____Cores da coleta seletiva: reciclagem e seus significados. Ecycle. Disponível em:< https://www.ecycle.
com.br/119-coleta-seletiva-cores>.Acesso em: 08 março de 2020.

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Leis ambientais no Brasil
Cilene de Oliveira

Introdução
Em 1983, o secretário-geral da ONU convidou a médica Gro Harlem Brundtland, ex-Primeira Ministra da
Noruega, para estabelecer e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, e logo após,
em abril de 1987, a Comissão Brundtland, como ficou conhecida, publicou o relatório “Nosso Futuro Comum”,
que trouxe o conceito de desenvolvimento sustentável para o discurso público, e que até a atualidade é
conhecido como: “o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem
comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.”(NAÇÕES UNIDAS
BRASIL, 2019).
Posteriormente, os países foram criando marcos legais e regulatórios para a proteção do meio ambiente, e a
conscientização com relação a este veio gradualmente sendo discutida e debatida no mundo e no Brasil, e sua
concretização começa a partir das promulgações das leis a respeito do assunto.

Cenário brasileiro: principais leis ambientais


Monosowski (1989), ao escrever sobre a questão histórica das legislações ambientais no Brasil, distinguiu
quatro abordagens estratégicas básicas nas políticas ambientais, o que mostra qual eram os objetivos de cada
momento histórico, sendo: 1) a administração dos recursos naturais, 2) o controle de poluição industrial, 3) o
planejamento territorial e 4) a Política Nacional do Meio Ambiente.
Na tabela 1,são apresentados de forma resumida os principais eventos no Brasil em relação à questão ambiental.

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Figura 1 - Evolução histórica das atividades para o desenvolvimento sustentável no Brasil
Fonte: Pereira et al.(2017)

O Brasil também foi palco no cenário internacional dos marcos legais de discussão em relação ao meio ambiente,

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O Brasil também foi palco no cenário internacional dos marcos legais de discussão em relação ao meio ambiente,
principalmente em 1992, com a Rio-92, e em 2012, com a Rio+20.
Em 1992, no Rio de Janeiro, entre os dias 3 e 14 de junho,ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), com a presença de representantes de 178 países para debater formas
de desenvolvimento sustentável.Naquele momento, a comunidade política internacional admitiu claramente que
era preciso conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a utilização dos recursos da natureza. Na
reuniãoque ficou conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra, que aconteceu 20 anos depois da primeira
conferência do tipo em Estocolmo, Suécia, os países reconheceram o conceito de desenvolvimento sustentável e
começaram a moldar ações com o objetivo de proteger o meio ambiente. Na Rio-92, chegou-se à conclusão de
que temos de agregar os componentes econômicos, ambientais e sociais (SENADO FEDERAL).
A Rio+20, ficou conhecida dessa forma, devido os vinte anos após a Rio-92, como o próprio nome diz, ocorreu
novamente na cidade do Rio de Janeiro, e seu maior objetivo foi renovar o compromisso político com o
desenvolvimento sustentável, onde no evento, houve duas vertentes principais de pensamento e ação: (1) A
economia verde e o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza; e (2) A estrutura institucional para
o desenvolvimento sustentável (RIO+20, 2020).

FIQUE ATENTO
No Brasil, toda ação é gerida pela nossa Constituição Federal, e suas leis. Para maior
conhecimento, no Título II, Dos Direitos e Garantias Fundamentais, Capítulo I, Dos Direitos e
Deveres Individuais e Coletivos, em seu artigo 5 º da CF, diz o seguinte:Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade [...].( BRASIL, 2017,p.9).

Principais legislações sobre resíduos sólidos


Atualmente, temos a Lei Federal 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, um grande marco
da logística reversa. Além disso, temos ainda outros decretos, resoluções, portarias, que são complementos nessa
questão, alguns exemplos são apresentados a seguir:
Resolução CONAMA nº 416, de 30 de setembro de 2009: dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental
causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada, e dá outras providências.

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Figura 2 - Pneus inservíveis
Fonte: ChiccoDodiFC, iStock, 2020

Resolução ANP 20/2009, de 18 de junho de 2009:estabelece os requisitos necessários à autorização para o


exercício da atividade de coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado, e a sua regulação.

Figura 3 - Óleo Lubrificante


Fonte: maxuser, Shutterstock, 2020

Resolução do Conama 401/2008, de 04 de novembro de 2008: estabelece os limites máximos de chumbo,


cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os critérios e padrões para o
seu gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras providências. Revoga a Resolução do Conama 257
/1999.

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Figura 4 - Pilhas
Fonte: Dreamstime, 2020

SAIBA MAIS
Para aprofundamento sobre Pilhas e Baterias, também é possível ler a Instrução Normativa
IBAMA nº 8, de 30 de setembro de 2012.

Leis e logística reversa


Segundo Leite (2017, p.330), a participação de empresas e sociedade na elaboração das legislações relativas ao
retorno de produtos e materiais, bem como a explícita declaração de responsabilidades de cada elo da cadeira
direta e reversa perante a lei, é condição fundamental para obter êxito.
Ainda Leite (2003) aponta as principais leis atreladas à logística reversa:
a) Legislação relativa à coleta e disposição legal
· Legislação sobre proibição de lixões e aterros sanitários;
· Legislação sobre a implantação de coleta seletiva;
· Legislação sobre PTB (product take back), ou seja, responsabilidade do fabricante sobre o canal reverso de seus
produtos/embalagens;
· Legislação sobre índices mínimos de reciclagem;
· Legislação sobre valor monetário pago/depositado na aquisição de certos produtos/embalagens
b) Legislação relativa à redução na fonte:
· Legislação de incentivos fiscais e financeiros;
· Legislação de apoio à pesquisa e desenvolvimento de tecnologia e produtos.
Como se pode notar, são muitas as leis, decretos, portarias, resoluções etc., com relação ao meio ambiente,
estando diretamente ou indiretamente conectadas à logística reversa, pois empresas, organizações e sociedade
civil deixam rastros, conhecido como pegada ambiental ou ecológica.

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FIQUE ATENTO
A Pegada Ecológica é um indicador de sustentabilidade, que pode ser de um país, de uma
cidade ou de uma pessoa, e representa ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar,
necessárias para gerar produtos, bens e serviços que irão sustentar determinados estilos de
vida. A Pegada Ecológica traduz, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou
toda uma sociedade “utiliza”, em média, para se sustentar (WWF BRASIL, 2020).

EXEMPLO
O Brasil é um país extenso e com grande variedade de diversidade de ecossistemas, onde já foi
palco de dois grandes eventos na área ambiental, sendo a Rio92 e a Rio+20, e nesses diferentes
ecossistemas, há uma gama de leis e resoluções, nos níveis federal, estadual e municipal, mas
de forma a exemplificar, observa-se que no Brasil os principais biomas são a Amazônia, o
Cerrado, a Mata Atlântica, os Pampas, a Caatinga e o Pantanal. Para esses biomas, têm-se
comoprincipais leis :
Para proteção das florestas, conhecido como Código Florestal, a Lei nº 12.651/2012, de 25 de
maio de 2012.
Para proteção do Cerrado, a Lei nº13.550, de 02 de junho de 2009, no Estado de São Paulo.
Para proteção da Mata Atlântica, têm-se a Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006.
Para proteção dos Pampas, há o Projeto Lei nº 295/2019, no Rio Grande do Sul, além
Resolução Consema nº 360/2017.
Para proteção da Caatinga, também há um Projeto Lei 4623/2019, que institui uma lei de
proteção da Caatinga.
Para proteção do Pantanal, há o Projeto Lei nº 750/2011, mas que há ainda um substitutivo em
tramitação.
Com esses exemplos, pode-se observar que a lei reflete o desejo da sociedade em estabelecer
políticas de conservação e proteção, visando o desenvolvimento sustentável.

Fechamento
A necessidade de se conhecer as principais leis ambientais que regem o Brasil é percebida não apenas na
evolução do pensamento ambiental na sociedade brasileira, mas também na compreensãoda magnitude de sua

complexidade no âmbito federal, estadual e municipal, em sua gestão e controle. Ressalta-se que as empresas e

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complexidade no âmbito federal, estadual e municipal, em sua gestão e controle. Ressalta-se que as empresas e
organizações na cadeia de suprimentos englobam todos os setores: primário, secundário e terciário, e que todo
seu processo, somado à sociedade civil, deixa pegadas no ambiente.

Referências
Brasil. Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis no
6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006;
revoga as Leis no 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no
2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br
/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12651compilado.htm. Acesso em: 26fev. 2020.
Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de
1988, com as alteraçõ18es adotadas pelas Emendas constitucionais nº 1/1992 a 96/2017, pelo Decreto
legislativo n º 186/2008 e pelas Emendas constitucionais de revisão nº 1 a 6/1994, 52. Ed. Brasília: Câmara dos
Deputados, Edições Câmara, 2017.
Brasil. Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006.Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do
Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências.Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11428.htm>.Acesso em: 08 março 2020.
Brasil. Projeto Lei nº 4623/2019. Dispõe sobre a conservação, a restauração e o uso sustentável do bioma
Caatinga. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?
idProposicao=2216597> Acesso em: 08 março 2020.
Brasil. Projeto Lei nº 750/2011. Dispõe sobre a Política de Gestão e Proteção do Bioma Pantanal e dá outras
providências. Disponível em:< https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/103831>.
Acesso em: 08 março 2020.
BORGES, L.A.C.; REZENDE, J.L.P.DE; PEREIRA, J.A.A.; Evolução da legislação ambiental no Brasil, Revista em
Agronegócios e Meio de Ambiente, v.2, n.3, p.447-466, set./dez.,2009. Disponível em:< https://periodicos.
unicesumar.edu.br/index.php/rama/article/view/1146/852>.Acesso em: 14 dez.2019.
LEITE, P.R. Logística reversa: sustentabilidade e competitividade,3 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
LEITE, P. R. A ONU e o meio ambiente. Nações Unidas Brasil. Disponível em:<https://nacoesunidas.org/acao
/meio-ambiente/>.Acesso em 14 dez.2019.
LEITE, P. R. Sobre a Rio+20. Disponível em:<http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20.html>.Acesso em:
26 fev.2020.
Rio Grande do Sul. Projeto Lei nº 295/2019, Dispõe sobre a conservação, proteção, regeneração e uso
sustentável do Bioma Pampa e dá outras providências. Disponível em:< http://proweb.procergs.com.br/Diario
/DA20190619-01-100000/EX20190619-01-100000-PL-295-2019.pdf>. Acesso em: 08 março de 2020.
Rio Grande do Sul. Resolução Consema nº 360/2017, Estabelece diretrizes ambientais para a prática da
atividade pastoril sustentável sobre remanescentes de vegetação nativa campestre em Áreas de Preservação
Permanente e de Reserva Legal no Bioma Pampa.Disponível em:< https://www.sema.rs.gov.br/upload/arquivos
/201709/26103019-360-2017-diretrizes-atividade-pastoril-em-rl-e-app.pdf>.Acesso em: 08 março 2020.
São Paulo. Lei nº 13.550, de 02 de junho de 2009, Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do
Bioma Cerrado no Estado, e dá providências correlatas. Disponível em:< https://www.al.sp.gov.br/repositorio
/legislacao/lei/2009/lei-13550-02.06.2009.html>.Acesso em: 08 março 2020.
Sobre a RIO+20.Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Disponível em:<
http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20.html>.Acesso em: 08 março de 2020.
O que compõe a Pegada? WWF Brazil. Disponível em:< https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais
/pegada_ecologica/o_que_compoe_a_pegada/>.Acesso em: 08 março 2020.

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Leis ambientais no mundo
Cilene de Oliveira

Introdução
Vivemos em um mundo globalizado, também em relação à questão do meio ambiente, pois o que acontece em
um país pode afetar outros. Um exemplo é o acidente da usina nuclear em Chernobyl em 1986, na Ucrânia
Soviética, que afetou muitos países da Europa Ocidental, por muitos anos.
A primeira avaliação global do Estado de Direito Ambiental realizado pela ONU Meio Ambiente aponta que,
apesar de um aumento de 38 vezes da legislação ambiental em vigor desde 1972, a incapacidade de implementar
e de fazer cumprir essas leis é um dos maiores desafios para mitigar a mudança do clima, reduzir a poluição e
evitar a perda generalizada de espécies e habitats. Dessa forma, pode-se constatar que os países buscam criar e
implementar leis que favorecem, respeitam e estejam comprometidos com o meio ambiente. Embora
desafiadoras, as leis são criadas para serem cumpridas, e há sanções caso isso não ocorra. Além disso, é uma
forma norteadora de comportamento e educação à sociedade.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Conhecer o panorama geral do cenário mundial em relação às principais leis ambientais da atualidade

Cenário mundial: principais leis ambientais


Desde a Revolução Industrial na Inglaterra, no século XVIII, quase três séculos se passaram, e somente no final
da década de 1960 e início de 1970 que a questão ambiental começou a ser estudada, levantada, discutida. Em
1962, foi publicado o livro Primavera silenciosa, de Rachel Carson (1969), que alertou o aumento do uso de
compostos químicos, e o quanto esses são danosos à vida. Em 1972 é que o cenário ambiental mundial começou
a ter novas trajetórias. O Clube de Roma publicou The Limits of Growth [Os limites do Crescimento], alertando
para problemas cruciais como energia, saneamento, poluição, saúde, ambiente e crescimento populacional. Em
1987, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento publicou o relatório “Nosso Futuro
Comum”, conhecido como “Relatório Brundtland”, determinando a necessidade de uma conferência global que
estabelecesse uma nova forma de relação com o meio ambiente, sendo utilizada pela primeira vez a expressão
“desenvolvimento sustentável”. Em 1992, realizou-se, na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Cnumad), conhecida como “Rio-92” ou “Cúpula da Terra”,
abordando a questão ambiental em âmbito público de maneira nunca antes feita, culminando na publicação de
documentos que sintetizaram as preocupações dos povos do planeta com relação à questão ambiental (POTTI e
ESTRELA, 2017; GOLDEMBERG; BARBOSA, 2004; HOGAN, 2007).
Segundo as Nações Unidas, a partir de 2017, 176 países em todo o mundo têm leis ambientais que estão sendo
implementadas por centenas de agências e ministérios. Muitas outras leis contribuem para o corpo da legislação
ambiental, com instrumentos legais em 187 países (2017) exigindo avaliações ambientais para projetos que
impactam o meio ambiente, e pelo menos metade dos países do mundo tendo adotado legislação que garanta
acesso à informação em geral ou informação ambiental em particular. E, desde a década de 1970, 88 países
adotaram o direito constitucional ao ambiente saudável. Na figura 1, é apresentada a evolução das legislações
relacionadas ao meio ambiente em 1972, em 1992 e 2017, segundo as Nações Unidas.

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relacionadas ao meio ambiente em 1972, em 1992 e 2017, segundo as Nações Unidas.

Figura 1 - Países com leis ambientais (1972; 1992; 2017)

Fonte: Nações Unidas, 2018

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Fonte: Nações Unidas, 2018

FIQUE ATENTO
Para aprofundamento sobre os eventos e catástrofes ocorridas, principalmente no século XX,
leia: POTT, C.M; ESTRELA, C.C. Histórico ambiental: desastres ambientais e o despertar de um
novo pensamento, Estudos Avançados, v.31, n.89, p.271-283, 2017.

Na tabela 1, pode-se observar diversas legislações em diversos países que revelam a preocupação com a questão
do meio ambiente.

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Figura 2 - Resumo das principais legislações
Fonte: Pereira et al. (2017); LEITE, (2017).

Para entendermos a questão, veremos um exemplo prático: os Estados Unidos.

Exemplo: Estados Unidos


Nos Estados Unidos, destacam-se três grandes grupos de regulamentações legislativas: leis que versam sobre a
disposição final dos produtos e sistemas de coletas; leis relativas ao incentivo de mercado para produtos com
certo conteúdo de reciclados, à estruturação de canais reversos pelas empresas produtoras sobre uso de rótulos
verdes ou ambientais, a incentivos financeiros; e leis relativas à redução dos resíduos na fonte e interdição da
fabricação de produtos altamente impactantes ao ambiente. O número de leis sobre resíduos sólidos é
abundante nos Estados Unidos: somente entre os anos 1988 e 1991 foram promulgadas cerca de 400 novas leis
e regulamentações sobre resíduos sólidos e reciclagem no país, devido à interdependência entre os diversos
estados norte-americanos (LEITE, 2017).

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EXEMPLO
Nos Estados Unidos, existem duas leis importantes: Lei do Ar Puro (1970) e a Lei da Água
Limpa (1977). Todavia, existem em torno de cinquenta estatutos mais importantes, que tratam
da poluição da água, do ar, da conservação e recuperação de recursos, da resposta imediata a
emergências, compensação e responsabilidade ambiental, das substâncias tóxicas, do manejo
florestal, da vida silvestre, das espécies ameaçadas de extinção, da proteção de mamíferos
marinhos, dos inseticidas, fungicidas, etc. Há estimativa de que somente as leis principais se
estendem a cerca de 1.800 páginas e os regulamentos respectivos a 8.000 páginas. O controle
ambiental, nos Estados Unidos, a nível federal, é feito pela Agência de Proteção Ambiental –
EPA, que é considerada uma instituição extremamente forte (CAPELLARI; CAPELLARI, 2015).

Seguindo o 'Plano de Reorganização Nº 3' do Presidente Richard Nixon, emitido em julho de 1970, a EPA foi
oficialmente estabelecida em 2 de dezembro de 1970. A agência consolida as atividades federais de pesquisa,
monitoramento e fiscalização em uma única agência. A missão da EPA é proteger a saúde humana,
salvaguardando o ar que respiramos, a água que bebemos e a terra em que vivemos.
O Congresso autoriza a EPA a estabelecer padrões nacionais de qualidade do ar, emissão automática e
antipoluição. Os padrões levaram à produção do conversor catalítico em 1973 pela Engelhard Corporation de
Nova Jersey. Nos seus primeiros 20 anos, a Lei do Ar Limpo evitou mais de 200.000 mortes prematuras,
reduzindo significativamente a presença de chumbo, dióxido de enxofre e outros poluentes nocivos no ar.

Figura 3 - Lei do Ar Limpo de 1970


Fonte: Joseph Sohm, Shutterstock, 2020

Em 31 de dezembro de 1971, a EPA começa a testar a economia de combustível de carros, caminhões e outros
veículos, o primeiro passo para informar os consumidores sobre a milhagem de gás de seus veículos.
Em 15 de abril 1972, os EUA e o Canadá concordam em limpar os Grandes Lagos, que contêm 95% da água doce
da América e fornecem água potável a aproximadamente 25 milhões de pessoas.

Em 23 de maio de 1972, a EPA e a URSS assinam um acordo estabelecendo o Comitê Conjunto de Cooperação no

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Em 23 de maio de 1972, a EPA e a URSS assinam um acordo estabelecendo o Comitê Conjunto de Cooperação no
Campo da Proteção Ambiental. O Comitê passou a pesquisar a previsão de terremotos, controle de poluição do ar
e da água e técnicas de construção de oleodutos em áreas com solo congelado.
Em 14 de junho de 1972, após preocupações públicas sobre os efeitos na saúde do DDT, pesticida amplamente
usado, a EPA proíbe seu uso e exige uma revisão extensiva de todos os pesticidas.

Figura 4 - A EPA proíbe o DDT


Fonte: Jostein Hauge, Shutterstock, 2020

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FIQUE ATENTO
O Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) é um inseticida de baixo custo, e começou a ser utilizado
na Segunda Guerra Mundial para eliminar insetos e combater as doenças emitidas por eles,
como a Malária, Tifo e Febre amarela, sendo utilizado também por fazendeiros para controlar
pestes agrícolas. O DDT demora de 4 a 30 anos para se degradar, o principal problema é sua
ação indiscriminada, que atinge tanto as pragas quanto o resto da fauna e flora da área afetada,
além de se infiltrar na água, contaminando os mananciais. O uso do DDT foi proibido por volta
dos anos 70, em virtude de seu efeito acumulativo no organismo; dentre os malefícios
causados por ele, está o enfraquecimento das cascas de ovos das aves, envenenamento de
alimentos como carnes e peixes, onde alguns estudos sugeriram que é cancerígeno, provoca
partos prematuros, causa danos neurológicos, respiratórios e cardiovasculares. (SOUZA, 2020)

Em 18 de outubro de 1972, o Congresso aprova a Lei Federal de Controle da Poluição da Água, comumente
conhecida como Lei da Água Limpa. O objetivo da Lei da Água Limpa é restaurar e manter as águas limpas,
prevenindo a poluição, prestando assistência às instalações públicas de tratamento de águas residuais e
mantendo a integridade das áreas úmidas.
Em 23 de 1972, o Congresso decreta a Lei de Proteção Marinha, Pesquisa e Santuários, ou Lei de Despejo no
Oceano, para reduzir a poluição da água nos oceanos. Dentro de três anos, a EPA negou 70 contratos, muitos
deles por dumping de produtos químicos.
Em 4 de junho de 1973, a EPA define regulamentos sobre fabricação e teste de automóveis para conformidade
com os padrões de emissões da Clean Air Act. Os fabricantes de automóveis foram obrigados a instalar sistemas
de aviso de mau funcionamento em carros fabricados em 1975 ou mais tarde.
Em 31 de janeiro de 1974, a EPA se uniu à General Mills para educar as crianças pequenas sobre o meio
ambiente. A General Mills distribuiu mais de 60 milhões de cópias de um livro infantil criado pela EPA,
embalando a ferramenta de aprendizado em caixas de cereais para crianças.
Em 31 de janeiro de 1975, a EPA anuncia sua proposta à Administração Federal de Aviação para silenciar aviões
a jato. Ela tinha jurisdição sobre a regulamentação federal do ruído sob a Lei de Controle de Ruído de 1972, mas
as questões relacionadas a isso foram eliminadas do orçamento em 1981, quando delegadas aos governos
estaduais e locais, dentre outros.

SAIBA MAIS
Para aprofundamento de todas as leis e medidas que o EPA criou e implementou, procure mais
sobre sua história no portal da Agência.

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Fechamento
Como vimos, a maioria dos países possuem ao menos uma lei sobre proteção ao meio ambiente, ou se organizam
com um Ministério do Meio Ambiente. É fundamental criar e implantar leis que favoreçam e protejam a
diversidade ambiental, o ar, a água, a flora, a fauna, as florestas, a biodiversidade, etc., pois estamos protegendo e
cuidando não somente da geração atual, mas das futuras também.

Referências
CAPELLARI, M.B.; CAPELLARI, A. Aspectos gerais da proteção ambiental no Brasil e nos Estados Unidos: a multa
ambiental como instrumento de defesa do ambiente ecologicamente equilibrado, Revista Unioeste, p.82-
97,2015.
HOGAN, D. J. População e Meio Ambiente: a emergência de um novo campo de estudos.
In: HOGAN D. J. (Org.) Dinâmica populacional e mudança ambiental: cenários
para o desenvolvimento brasileiro. Campinas: Núcleo de Estudos de População-Nepo,
2007. p.13-49.
LEITE, P.R. Logística reversa sustentabilidade e competitividade, 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
NAÇÕES UNIDAS, Environmental ruleoflaw-first global report, Disponível em:<https://wedocs.unep.org
/bitstream/handle/20.500.11822/27279/Environmental_rule_of_law.pdf?sequence=1&isAllowed=y>.Acesso
em 22 dez.2019.
PEREIRA, A.L.; BOECHAT, C.B.; TADEU, H.F.B.; SILVA, J.T.M.; CAMPOS, P.M.S. Logística Reversa e
Sustentabilidade, São Paulo: Cengage Learning, 2017.
POTT, C.M; ESTRELA, C.C. Histórico ambiental: desastres ambientais e o despertar de um novo pensamento,
Estudos Avançados, v.31, n.89, p.271-283, 2017.
____History EPA. Disponível em: < https://www.epa.gov/history>. Acesso em: 26 fev.2020.
SOUZA, L. "DDT"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/ddt.htm. Acesso em 27
de fevereiro de 2020.

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