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LOGÍSTICA E GERENCIAMENTO DA CADEIA DE DISTRIBUIÇÃO EM


UMA REDE DE LOJAS DE MINAS GERAIS

Rosa Maria Ferreira1, Maria Betânia Darcie Pessoa Delgado2


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Discente do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial / rosa.ferreira@fatec.sp.gov.br
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Docente do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial / maria.delgado@fatec.sp.gov.br

RESUMO
Dentro do contexto da gestão logística encontram-se diversas áreas de influência no
âmbito estratégico, sistêmico, informativo e tecnológico que auxiliam nos processos
existentes em diferentes nichos de atuação. Este artigo tem como objetivo explorar a
importância da logística e gerenciamento de distribuição, apresentando os benefícios
e resultados que uma boa gestão pode oferecer. A metodologia aplicada consiste em
um levantamento bibliográfico sobre o tema e um estudo de caso. De forma geral, foi
possível concluir que o setor de logística e o gerenciamento da cadeia de suprimentos
são indispensáveis e de suma importância dentro de qualquer meio organizacional,
pois garantem que os bens e serviços cheguem de forma segura e em tempo hábil às
mãos do consumidor.
Palavras-chave: Logística; Gestão; Distribuição; Cadeia de Suprimentos.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo analisar quais formas de otimização da distribuição
de mercadorias vendidas permitem sua chegada mais rápida e de forma segura ao
local de destino, uma vez que os desafios apresentados nesse sentido podem ser
amenizados com o auxílio de uma boa gestão logística. Buscou-se identificar o
processo de logística e gerenciamento da cadeia de distribuição de uma empresa e
entender, por meio de entrevista realizada com dois gerentes, seus objetivos e sua
visão de futuro. Outros pontos analisados foram as possíveis dificuldades, a relação
com o cliente e a forma de liderança dos administradores.
Para Paura (2011), a importância da ciência logística vai muito além do âmbito
empresarial, uma vez que conceitos logísticos simples podem ser utilizados para
proporcionar maior qualidade de vida à população. Dentro das cidades, o fluxo de
transporte e infraestrutura, a manutenção de vias públicas e a redução de custos
operacionais são exemplos de uma administração pública eficiente, destacando a
relevância da logística bem aplicada no cotidiano.

IX CONGRESSO DE TRABALHOS DE GRADUAÇÃO


Faculdade de Tecnologia de Mococa
Vol.9 N.1 A.2022
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A origem do termo “logística” está relacionada ao trabalho desenvolvido por


soldados franceses no século XVII, os quais eram responsáveis por atividades de
movimentação do exército, como deslocamento, alojamento e acampamento das
tropas durante as campanhas (REIS, 2004).
Doretto (2018) aponta que o emprego da logística, de maneira maciça e
ininterrupta, tornou-se primordial e de extrema importância a partir da 2ª Guerra
Mundial, momento em que foi preponderante para o sucesso dos Aliados. Para
retomar o controle dos territórios da Europa que estavam sendo ocupados pelos
alemães, os Aliados perceberam a necessidade de superar o inimigo por meio da
quantidade e qualidade de materiais. Para tal feito, utilizaram alguns princípios
logísticos a fim de reunir, transportar e distribuir os materiais antes, durante e após o
início da invasão, o que facilitou o resultado durante o combate.
O autor cita ainda que, após esse feito, planejou-se a maior operação logística
conhecida na história militar de todos os tempos, na qual foi conduzido o desembarque
de milhões de soldados aliados em territórios alemães, possibilitando, assim, o
declínio do regime nazista (DORETTO, 2018).
Ao final da guerra, firmou-se o conceito de logística, que passou a ser modelo
analítico e administrativo otimizando o fluxo desde o início do processamento da
matéria prima até ao abastecimento dos pontos de vendas da mercadoria finalizada e
pronta para ser entregue ao consumidor final. Com essa base, o estudo da logística
passou a integrar os currículos das universidades dos Estados Unidos e se estendeu
à indústria e comércio.
Percebe-se que a logística é uma atividade econômica antiga, mas que possui
um conceito gerencial moderno. Através da produção e da troca de saldos com outros
produtores, possibilitou-se o surgimento de novas funções logísticas, como, por
exemplo, o estoque, a armazenagem e o transporte. Observa-se, nesse sentido, que
a logística envolve certo tipo de integração entre informações, transporte, estoque,
armazenamento e manuseio, que estrategicamente se combinam para o constante
desenvolvimento dessa ferramenta tão importante para os administradores atuais.
De acordo com os estudos de Machline (2011), os tópicos de logística e cadeias
de suprimentos estão entre os que mais têm recebido atenção por parte de
administradores. Assim como a logística empresarial ampliou o conceito de transporte,
aflorou também as bases da cadeia de suprimentos, que surgiu na comunidade
empresarial e veio enriquecer o ponto de vista logístico.
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Gerenciar uma cadeia de suprimentos gera certa preocupação em satisfazer às


muitas exigências dos consumidores e, ao mesmo tempo, diminuir os gastos sem
prejudicar a integração que envolve fornecedor e comprador. Vale destacar que, para
obter tal satisfação, é necessário que haja uma combinação entre a administração de
materiais, os sistemas de transporte e a distribuição física que, bem engajados, afetam
positivamente os níveis de serviços.
Tratando-se de um assunto com várias vertentes a serem estudadas, esse
trabalho revela sua importância por abordar um tema que há muitos anos vem se
desenvolvendo e trazendo propostas de utilização dentro das organizações, buscando
propor soluções para alguns dos problemas enfrentados durante o processo de
gerenciamento da cadeia de distribuição e fatores logísticos gerais.
Assim, esse estudo objetiva identificar alguns dos desafios enfrentados por uma
empresa de comércio varejista que precisa encontrar uma forma de otimizar a
distribuição das mercadorias vendidas, utilizando métodos de gestão de transporte e
desenvolvendo um conjunto de técnicas que facilitem a entrega rápida e segura das
mercadorias, evitando transtornos e diminuindo gastos.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Com o intuito de fundamentar teoricamente este trabalho, apresenta-se, ainda


que de forma breve, a importância dos processos logísticos empresariais. De acordo
com Reis (2004), o mercado está em constante transformação, impactando de fora
para dentro na organização das empresas para no que diz respeito a sua adaptação
para se manterem competitivas. Dentro de qualquer organização, uma gestão
logística bem aplicada é capaz de fazer total diferença nos resultados, de modo a
possibilitar uma diminuição expressiva nos problemas que podem surgir.
Segundo Pires (2003), o conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos
está baseado no fato de que nenhuma empresa existe isoladamente no mercado. Há
muitos fatores interligados, que possibilitam abastecer todo o mercado, como
informações, produtos intermediários e acabados, dinheiro, matéria prima, e vários
outros fatores que formam a cadeia e ligam fornecedores e consumidores.
A logística pode, então, ser definida como uma série de processos e atividades
que envolvem planejamento, implementação e controle dos estoques, transportes e
armazenagem, para que mercadorias, materiais e informações sejam movimentados
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de forma eficiente e eficaz da origem até o consumidor final. Seu principal objetivo é
diminuir as distâncias física e temporal entre produção e demanda, fornecendo
produtos e serviços para os clientes quando eles desejam (REIS, 2004).
Para Ferraes Neto e Kuehne Junior (2002), as organizações são desafiadas a
operar de forma eficiente e eficaz para garantir a continuidade de suas atividades, o
que as obriga constantemente a desenvolver vantagens em novas frentes de atuação.
Ou seja, os clientes estão exigindo maiores e melhores níveis de serviço e
reivindicando preços mais baixos com a garantia da qualidade final do produto ou
serviço.
A operação logística está presente em toda e qualquer organização que busca,
de forma qualitativa, minimizar problemas desde o início até o final de seus processos.
Ainda de acordo com Ferraes Neto e Kuehne Junior (2002), os conceitos logísticos
têm sido frequentemente utilizados para vencer tais desafios.
Segundo Bezerra (2003), o sucesso da implantação de sistemas logísticos nas
empresas e as vantagens advindas de sua aplicação dependem do processo de
amadurecimento empresarial. Deste modo, é possível perceber que as ferramentas
logísticas, em si, são de extrema importância; porém, só prosperarão dentro da
organização se os administradores souberem fazer uma correta utilização e
encaixarem-nas de forma conveniente e idônea.
A logística, quando aplicada de forma correta dentro dos processos da empresa,
pode conceder uma vantagem competitiva para a empresa adepta. Reis (2004, p.10)
define de forma abrangente a relação da logística com vantagem competitiva:

As constantes transformações do mercado provocam mudanças


organizacionais, ou seja, provocam mudanças de fora para dentro da
empresa, forçando-a a se adaptar ao novo ambiente. Neste sentido, a
estratégia é fundamental para posicionar e fortalecer a empresa no mercado.
E como resposta imediata a essa adaptação, a estratégia deve estar voltada
aos objetivos básicos da empresa, à determinação de metas e a eficiência
dos processos para melhor atender às necessidades dos clientes. Buscando
assim, vantagens como diferenciação e competitividade.

Abrir vantagem em relação a outros estabelecimentos, principalmente quando


se trata do mesmo ramo de atuação, não é tarefa fácil. Diante disso, muitas empresas
estão potencializando os seus processos e se utilizando fundamentos de gestão para
alcançar a liderança nesse contexto competitivo. É preciso gerenciar estrategicamente
a compra; o deslocamento e o armazenamento de materiais fazem com que ocorra
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uma maximização dos lucros atuais e projetados para o futuro, obtidos através de um
atendimento de qualidade e de custos reduzidos para a empresa.
Para Rodrigues e Rabelo (2017), o transporte é considerado um elemento muito
importante para a economia e um dos mais importantes no custo logístico das
empresas, uma vez que pode traçar uma rota eficaz e que priorize a agilidade e a
segurança do deslocamento dos produtos, trazendo benefícios e diminuindo os gastos
para a organização que dispõe de investimentos neste aspecto.
De fato, com uma aplicação de métodos de gestão de transporte, é possível
desenvolver dentro de qualquer empresa um conjunto de técnicas que facilitem a
entrega rápida e segura das mercadorias, diminuindo gastos e possíveis atrasos. Para
Ribeiro e Ferreira (2002, p. 8):

Os transportes são parte do sistema empresa e, por isso, estão interligados


com os demais, para realizar as atividades de escoamento e auxiliar na
distribuição dos produtos. Como representam grande parte dos custos das
empresas, os transportes precisam ser estudados com cautela, seus
parâmetros devem ser observados para que as firmas não percam seu lucro
no fim da cadeia. Isto é algo que na prática ocorre com frequência, pois
parâmetros como peso, fragilidade, dimensão e compatibilidade não são
observados e levam a excesso de manuseio, avarias no produto e
consequente perda de vendas.

Barat (2009) diz que são inúmeros os problemas relacionados com a definição
de uma política de logística e transportes, devido à dificuldade que os administradores
ainda possuem de olhar para dentro de suas organizações e reformular conceitos,
discutir métodos e rever parâmetros de uma infraestrutura que por muitas vezes sente
a necessidade da implementação de processos de gestão.
Além da gestão de transportes, sabe-se que existe outra grande ação primária
de apoio na atividade logística. A manutenção de estoques é considerada
indispensável para atender aos objetivos e corresponde a um bom percentual na
totalidade dos custos. A disponibilidade de produtos no estoque age como um
amortecedor entre oferta e demanda, tornando-se a atividade-chave da logística.
Neste contexto, a combinação entre uma logística de transporte e uma gestão
de estoque eficaz torna o alcance de resultados satisfatórios algo extremamente
palpável, uma vez que o transporte adiciona valor de lugar ao produto e o estoque
agrega valor de tempo. Um estoque bem-posicionado e próximo do nicho de
consumidores ou dos pontos de manufatura incorpora um ligeiro valor dinâmico.
Dessa forma, unindo as atividades primárias e as atividades de apoio dentro da
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logística é possível obter-se processos mais rápidos, seguros, eficazes e com custos
reduzidos para a empresa, resultando em benefícios tanto para os administradores,
quanto para os clientes.

3 METODOLOGIA

Este artigo baseia-se em pesquisa bibliográfica sobre logística combinada com


um estudo de caso baseado no tema. O estudo de caso foi realizado por meio de
pesquisa em um estabelecimento comercial que é parte de uma rede de lojas de
varejo do estado de Minas Gerais. Para a obtenção dos dados foram feitas entrevistas
com dois funcionários diretamente ligados à parte logística das lojas: um Gerente de
Estoque e uma Gerente de Vendas. Essas entrevistas foram analisadas de maneira
qualitativa e por meio de análise conteúdo.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta seção está dividida em três subseções, nas quais serão apresentadas i)
algumas informações gerais sobre a empresa objeto do estudo, ii) os resultados
obtidos a partir das entrevistas com dois gerentes de duas filiais e iii) a discussão.

4.1 A empresa

Para o estudo de caso foi escolhida uma rede de lojas de varejo do estado de
Minas Gerais, a qual iniciou a sua história com a fabricação de colchões. Inicialmente,
a empresa obteve sucesso em suas vendas, principalmente devido à política de venda
com preços de fábrica. Porém, poucos anos depois, houve um incêndio que destruiu
todo seu estoque e gerou uma grande perda financeira. Após muito trabalho e
dedicação de familiares e funcionários, a empresa se reergueu, dando início a uma
nova jornada, inclusive com a expansão da rede de lojas.
A empresa continuou a fabricação de colchões e começou e se aventurar com
os estofados, vendendo apenas por atacado. Com o tempo, questões administrativas
e o crescimento da clientela levou à separação entre a fábrica e as lojas. Hoje, a
empresa compõe uma grande rede de 70 lojas em 67 cidades de Minas Gerais, e
comercializa produtos diversos além dos colchões, como móveis, eletrodomésticos,
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celulares, equipamentos de informática, brinquedos, utilidades domésticas e


ferramentas. A empresa preza pelo bom relacionamento com seus clientes, possui
crediário próprio, frota própria e equipe que oferece entrega e montagem grátis.
Contudo, com o crescimento, veio o desafio da organização e distribuição das
mercadorias.
O ciclo logístico se inicia quando um vendedor de uma filial fecha uma venda no
sistema. Então, a mercadoria é imediatamente debitada do sistema de estoque do
centro de distribuição. Assim, todas as vendas ficam registradas e o pedido de carga
é realizado de forma automática. Todas as 70 lojas têm suas cargas programadas e
o recebimento é realizado em dois dias da semana. As mercadorias saem do único
centro de distribuição da rede, localizado na cidade de Elói Mendes-MG e são
direcionadas às lojas em carretas próprias.
A rede atualmente conta com a seguinte política de entrega: cada loja, em sua
respectiva cidade, possui um caminhão próprio que distribui as mercadorias vendidas
para as casas dos clientes. Nos casos de entregas em cidades nas quais há uma filial,
o frete é grátis; para regiões em que não há filiais ou que não são parte do itinerário,
são contratados serviços terceirizados e dos correios, sendo o frete calculado
automaticamente a partir do tipo de transporte, das dimensões do produto e da
distância do local de entrega. As mercadorias não se encontram nos pequenos
estoques de cada uma das lojas, mas saem do centro de distribuição de Eloi Mendes.
O processo de entrega dentro da cidade inicia-se com a chegada das
mercadorias do centro de distribuição na filial de destino, onde há um funcionário
encarregado da conferência da carga. Após a conferência, a carga é colocada no
caminhão próprio da loja e ocorre o processo de distribuição dentro das cidades de
acordo com o que foi combinado com o cliente no ato da compra. Na zona rural, as
entregas são realizadas em um dia específico e único da semana o que, muitas vezes,
gera descontentamento de alguns clientes residentes nessas áreas, visto que eles
compram com frequência e gostariam de receber a mercadoria independentemente
do dia específico determinado pela loja, conforme informações obtidas na entrevista.

4.2 Resultado

A fim de conhecer a realidade da empresa objeto deste estudo de caso foram


entrevistados dois funcionários ligados diretamente às áreas logísticas e estruturais
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de duas lojas das redes. Um dos funcionários é Gerente de Estoque, denominado


durante o estudo como “Gerente A”, tem 34 anos e trabalha há sete anos na empresa.
O outro é Gerente de Vendas e foi denominado “Gerente B”, tem 29 anos e trabalha
há quatro anos na empresa.
As entrevistas ocorreram a partir de questões semiestruturadas para identificar
possíveis problemáticas nos processos logísticos da empresa. Tendo em vista a atual
situação da covid-19 que, apesar da vacinação avançada, não se encontra totalmente
sanada, optou-se por realizar as entrevistas via chamada de vídeo com os
participantes, visando a segurança e o bem-estar dos envolvidos.
Buscou-se identificar o processo de logística e gerenciamento da cadeia de
distribuição da empresa e entender, por meio das respostas, seus objetivos e sua
visão de futuro, pois o bom gerenciamento da área da logística e da cadeia de
suprimentos faz com que a organização obtenha vantagens competitivas, como
apontado ao início deste estudo. Isso demanda cada vez mais a formação de bons
profissionais nessa área. Outros pontos analisados foram as possíveis dificuldades, a
relação com os clientes e a forma de liderar por parte dos administradores.

Quadro 1 – Informações gerais dos entrevistados


Questão Gerente A Gerente B
Idade 34 anos 29 anos
Estado Civil Casado Solteiro
Cargo Gerente de Estoque Gerente de Vendas
Tempo de Empresa 7 anos 4 anos
Loja Guaranésia Nova Resende
Trabalha diretamente com processos Sim Sim
logísticos?
Fonte: Elaboração própria.

A partir da entrevista realizada foi possível perceber alguns pontos, conforme


destacado a seguir.
Os dois funcionários já trabalham na empresa durante tempo suficiente para
entenderem o funcionamento dos processos de estocagem e distribuição das
mercadorias e acreditam que, no geral, a empresa possui um bom funcionamento.
Eles acreditam que é um enorme desafio manter o bom funcionamento dos processos
dentro de uma rede de lojas de impacto e influência tão grandes dentro de uma região,
como é o caso da empresa em que eles trabalham. Portanto, há aspectos a serem
melhorados.
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Nesse sentido, o Gerente “A” cita que, em sua opinião, um dos principais
problemas logísticos é o fato de que a rede de lojas possui um único centro de
distribuição de mercadorias, localizado na cidade de Eloi Mendes-MG. Com isso,
ocorrem atrasos nas entregas nos municípios que se encontram mais distantes desse
centro – lembrando que existem lojas espalhadas por 67 municípios diferentes.
O Gerente “B” relatou que, nas semanas que antecedem as datas
comemorativas, como, por exemplo, o Dia das Mães, há um aumento expressivo das
vendas. Porém, a demora na chegada das mercadorias do centro de distribuição em
Eloi Mendes para as filiais dificulta o fechamento de vendas pelos vendedores, pois é
necessária uma negociação entre vendedor e consumidor em torno de um acordo
sobre a espera e entrega da mercadoria. Isso ocorre porque os clientes querem levar
os produtos de imediato para que possam presentear na data comemorada, mas o
produto não está no estoque da loja. O Gerente “B” acredita que se ao invés de
somente um centro de distribuição, houvesse dois, sendo o segundo em um ponto
mais estratégico, com certeza as mercadorias chegariam mais rapidamente para as
lojas entregarem ao consumidor final.
Com essa questão de criar mais um centro de distribuição em mente, os dois
Gerentes acreditam que seria possível fechar mais vendas, deixando de perder para
os concorrentes que conseguem atender aos clientes mais rapidamente. Eles
ressaltaram que a logística da empresa é boa, mas que, com certeza, é possível
melhorar a cadeia de distribuição por meio do realinhamento dos processos logísticos.
Quando questionados sobre as mudanças que achariam interessantes para a
empresa aderir, o Gerente “A” afirmou achar válido formular alguma maneira de
agilizar e unificar o tempo de entrega para todas as regiões. O Gerente “B” concorda
com a opinião do Gerente A e complementa que a rede possui uma frota de 45
caminhões, e que a implementação de um segundo centro de distribuição próximo às
cidades mais distantes tornaria a cadeia de abastecimento mais ágil. Eles acreditam
que, caso não seja possível a implementação do segundo centro de distribuição de
imediato, uma solução seria o aumento do número de veículos de entrega, para
realizar as entregas de forma mais rápida.
As questões expostas pelos gerentes foram levadas para a diretoria executiva,
a qual se posicionou comprometendo-se em estudar e planejar a implementação de
um segundo centro de distribuição em um prazo de dois anos. Para resolver a
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demanda imediata, foram adquiridos mais dois caminhões para complementar a frota
já existente e a cadeia de distribuição foi realinhada.
A partir de um estudo das rotas dos motoristas, acordou-se um ajuste de cargas,
sendo elas organizadas dentro da carreta de forma a agilizar as entregas. Com base
nisso, elaborou-se um cronograma na montagem das cargas no centro de distribuição,
organizando a forma de montar a carga e conciliando entre cidades vizinhas. Dessa
forma, a primeira cidade a receber as mercadorias tem sua carga organizada no fundo
da carreta, e a última cidade a receber as mercadorias tem sua carga organizada no
início da carreta. Todas as cargas são separadas por cidades com fitas de sinalização
para não ocorrer mistura de mercadorias. Assim, o motorista conseguirá realizar as
entregas dentro de um prazo previsto e as lojas mais distantes conseguem se
programar juntamente com seus clientes, sinalizando o tempo que será necessário
esperar entre o ato da compra e a entrega final.

4.3 Discussão

Agilizar o processo de entrega da mercadoria para o consumidor final é


fundamental para qualquer empresa que queira se manter competitiva e superar seus
concorrentes, pois uma demora na entrega pode levar o consumidor a buscar outra
empresa que atenda sua demanda de imediato. Por esse motivo, é preciso rever o
processo de logística implementado, buscando maior eficiência e eficácia no
processo, a fim de que o produto certo seja entregue no dia desejado pelo cliente,
sem avarias e com os menores custos possíveis para a empresa (REIS, 2004).
A logística nessa empresa é gerenciada por gestores separados por setores.
Todo o processo é planejado e as cargas são separadas por dias da semana, levando
em consideração o percurso a ser realizado pelo motorista. O processo é registrado
em um checklist ou relatório de viagem que o motorista leva consigo, em que ele anota
cada etapa do processo feito em sua viagem, incluindo horário de saída do centro de
distribuição até o momento de sua chegada em cada uma das três unidades de lojas
vizinhas projetadas para receber sua visita naquele determinado dia. Tudo que
acontecer no trajeto que não estiver em sua programação deve ser anotado no
relatório de viagem. Mercadorias faltantes ou a mais também devem ser registradas
neste relatório, para que haja um controle da carga em questão.
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Através da conferência da carga pela pessoa responsável pelo recebimento é


possível prever uma grande diminuição de erros e falhas, possibilitando a satisfação
do cliente ao receber suas compras em casa, de forma gratuita e em segurança,
dentro do tempo combinado no ato da compra.
No momento da entrega é solicitado que o responsável por receber a mercadoria
confira o produto e observe a embalagem para garantir que tudo esteja de acordo com
a sua compra. Se houver identificação de falta de volume, lacração rompida ou
violada, avarias externas visíveis, entre outros, a recusa pode ser realizada mediante
uma anotação no verso da nota fiscal ou do comprovante de entrega detalhando a
avaria observada.
O fato de a empresa possuir apenas um centro de distribuição acaba gerando
certa dificuldade na logística de entregas de mercadorias, o que muitas vezes
impossibilita a circulação dos produtos em tempo hábil para os municípios mais
distantes desse centro. O maior desafio, neste caso, é encontrar um meio de melhorar
e agilizar as entregas dentro dos 67 municípios sedes das lojas.
A partir dessa dificuldade, foi proposta a implantação de um segundo centro de
distribuição para sanar a questão da demora das entregas de mercadorias nas
cidades mais distantes do centro de distribuição em Elói Mendes. Através dessa
implementação, o gerenciamento de entregas de mercadorias para as cidades mais
distantes ficaria mais fácil, pois haveria um encurtamento da distância percorrida pelos
caminhoneiros, o que agilizaria a chegada da mercadoria após o fechamento da venda
até o seu consumidor final.
Como discutido por Machline (2011), a logística vai muito além do transporte que
permite entregar os produtos certos, nos locais certos e horas certas. É preciso
integrar as gestões de estoques, compras, comunicações e transportes, otimizando
os sistemas. O autor aponta ainda que todas as partes que compõem o sistema de
logística devem ser melhoradas para que os custos sejam minimizados, em vez de
priorizar apenas a melhora em uma das partes. Por exemplo, se há redução com
custos de transporte, mas mantem-se grandes estoques, o sistema não foi totalmente
otimizado, e vice-versa.
Isso pode ser visto no caso da empresa analisada. O estoque mantido em Eloi
Mendes gera custos maiores do que se houvesse estoques distribuídos nas diversas
lojas. Uma possível solução para isso seria a melhor integração na gestão de estoques
e compras. Pode-se supor uma integração nesse sentido a partir da análise de
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padrões de demandas que se repetem: como informado pelos dois gerentes, o fluxo
de demanda é maior próximo a feriados, então é possível prever um aumento na
demanda por determinados produtos (eletrodomésticos no dia das mães, brinquedos
no dia das crianças, etc.) e a partir dessa previsão deslocar, com antecedência de Eloi
Mendes para os estoques das filiais, os produtos mais procurados, permitindo a pronta
entrega.
Por ser uma atividade estratégica para as empresas, é preciso considerar as
mudanças logísticas não apenas do ponto de vista dos custos que podem gerar, mas
principalmente dos custos que serão minimizados. Nesse sentido, Reis (2004, p. 5-6)
aponta que “[...] um sistema de logística eficiente pode mais do que compensar os
custos de armazenagem, transporte e impostos necessários para colocar o produto
nas regiões”.
Portanto, no caso da empresa analisada, a abertura de um segundo centro de
distribuição pode, inicialmente, gerar novos custos, como a compra ou aluguel de um
segundo espaço; porém, a longo prazo os gastos com transportes podem diminuir,
dado o encurtamento das distâncias entre os centros de distribuição e as filiais. Seriam
menos gastos com a frota (manutenção por desgastes, combustível, diárias de
motoristas, entre outros), além do aumento da satisfação dos clientes em receber os
produtos mais rapidamente.
Como indicado neste trabalho, a satisfação dos clientes deve ser o objetivo final
da empresa. Hoje, com as diversas opções de produtos e canais de compra, como a
internet, manter a fidelidade do cliente é essencial para as empresas. No caso
analisado e pensando na questão logística especificamente, a empresa já apresenta
uma vantagem competitiva que é a política de frete grátis. Normalmente, compras
efetuadas pela internet ou que partem de centros de distribuição muito distantes do
destino acabam sendo encarecidas pelos altos custos dos fretes. Além disso, uma
entrega rápida que satisfaça as necessidades dos clientes é uma vantagem
competitiva, pois os clientes irão lembrar-se do pouco tempo de espera pelos produtos
comprados e isso pode influenciar positivamente suas decisões futuras ao escolher
comprar novamente em determinada loja.
Portanto, a empresa analisada poderia melhorar sua logística, adotando práticas
de gestão, integração e transporte mais eficientes do que a atual, a qual, embora
atenda a todos os pedidos dos clientes, não consegue atendê-los no momento
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solicitado, perdendo, com isso, um aumento nas suas vendas e, por consequência,
nos lucros.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao relacionar informações obtidas por intermédio de pesquisas bibliográficas


com as informações colhidas relativas ao estudo de caso foi possível perceber a
importância da boa utilização dos fundamentos básicos da gestão logística dentro de
qualquer tipo de organização, visto que se fazem indispensáveis para garantir um bom
funcionamento dos processos.
Ao analisar o perfil da empresa estudada, nota-se que seu objetivo consiste em
comercializar produtos por meio de negociações que proporcionam confiabilidade,
fidelização e a realização de sonhos de clientes, colaboradores e acionistas,
mantendo sempre a liderança na venda de colchões, móveis, eletrodomésticos na
região. A rede alavancou o seu desempenho e vem, progressivamente, crescendo
ainda mais, sempre encarando novos desafios, buscando métodos para sanar as
dificuldades que possam vir a acontecer.
Neste contexto, percebeu-se a necessidade explícita de uma boa aplicação
logística para ajudar a controlar a problemática interna desta empresa, ajudando os
administradores a obterem mais precisão na hora de estabelecer um plano de ação
eficaz para controlar os níveis de erro e alcançar os melhores resultados. Para isso,
buscou-se compreender alguns elementos fundamentais relacionados a métodos de
gestão logística que podem atender diretamente e de maneira eficaz às necessidades
da empresa escolhida como objeto de estudo.
Ao sugerir algumas soluções para o principal problema logístico da empresa, a
saber, a existência de um único centro de distribuição, buscou-se contribuir com a
excelência logística desta empresa, proporcionando à rede vantagens competitivas a
partir da conscientização sobre a importância da integração de setores e de mudanças
no processo logístico que permitam melhor atender às demandas dos clientes,
garantindo sua satisfação e fidelidade.

REFERÊNCIAS
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BARAT, J. Planejamento das Infraestruturas de Logística e Transporte. Radar,


p. 10, 2009. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/5228. Acesso
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