TEMA – Desastres ambientais decorrentes das chuvas em discussão no Brasil
Em maio de 2024, a sociedade brasileira presenciou uma das maiores
tragédias da sua história: as enchentes do Rio Grande do Sul, cujas consequências são devastadoras. No entanto, eventos climáticos caóticos decorrentes das chuvas não estão restritos à região sul e são tratados com negligência pela população e pelo Estado. Assim, a solução do problema pressupõe que se combata não só a indiferença social acerca das mudanças climáticas, bem como a omissão estatal sobre tal discussão.
Diante desse cenário, o silêncio da população acerca das alterações do clima
contribui para a ocorrência de novos desastres. Sobre isso, desde o Período Colonial, enraizou-se no imaginário do brasileiro a triste ideia de que a natureza deve ser explorada a qualquer custo – fenômeno que deu nome à Colônia de Exploração. Ocorre que essa mentalidade retrógrada iniciada no século XVI ainda persiste e impede a discussão sobre as tragédias decorrentes das chuvas, haja vista a carência de debate, na família e na escola, acerca do aquecimento global e de como esse fenômeno interfere no ciclo das chuvas. Nesse sentido, enquanto a indiferença social for a regra, os próprios indivíduos serão afetados por tais eventos
Ademais, Norberto Bobbio, em seu "Dicionário de Política", discute a
responsabilidade dos governos em garantir não apenas a oferta de direitos básicos, como a proteção ambiental, mas a efetivação destes na prática. Essa perspectiva apontada por Bobbio se relaciona com a falha do Estado brasileiro em educar e mobilizar a população sobre a importância do equilíbrio ecológico e suas conexões com o clima, já que não há centros comunitários de educação ambiental, nem disponibilidade de verbas para a drenagem pluviométrica de locais margeados por rios, como é o caso das cidades afetadas pelas enchentes do Rio Grande do Sul. Logo, se essa passividade governamental persistir, a sociedade continuará vulnerável aos impactos devastadores das chuvas intensas.
Para reduzir, portanto, os desastres decorrentes das chuvas, o Ministério do
Meio Ambiente e as escolas devem criar mecanismos que eduquem a comunidade a cuidar dos recursos naturais e do equilíbrio climático, por meio de eventos pedagógicos e ações comunitárias, como a realização de conferências que debatam as consequências do aquecimento global. Essa iniciativa terá a finalidade de mobilizar o Estado a agir no sentido de criar estratégias de prevenção, como um programa de drenagem pluvial nas regiões afetadas, de modo que tragédias como a do Rio Grande do Sul não se repitam no Brasil.
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