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UNIDADE I | Estruturas Mistas Estruturas Mistas | UNIDADE I

O perfil metálico pode interagir com o concreto pelos seguintes mecanismos: » Soldados: compostos por diversas chapas soldadas. VIGAS E PILARES MISTOS

» Mecânico: conectores, mossas, ressaltos etc. » Dobrados a frio: produzidos pela dobragem a frio de chapas dúcteis. LAJES MISTAS

» Atrito: fôrmas metálicas com reentrâncias. As Figuras 2, 3 e 4 apresentam os principais tipos de perfis laminados, soldados e
» Aderência e repartição de cargas: forças de compressão. dobrados a frio, respectivamente.

Figura 2. Tipos de perfis laminados.


1.2. Vantagens e Desvantagens
As estruturas mistas possuem várias vantagens quando comparadas às estruturas de
concreto e às estruturas metálicas, conforme exposto no Quadro 1.

Quadro 1. Vantagens das estruturas mistas quando comparadas às estruturas de concreto e às I H L L


estruturas metálicas. Abas Iguais Abas Desiguais

Vantagens quanto às estruturas de concreto Vantagens quanto às estruturas metálicas

Redução ou não utilização de formas e escoramentos. Menor consumo de aço.

Prazo de execução menor. Maior rigidez da estrutura. U Caixão Tubular

Fonte: Adaptado de Sardá, [20--].


Peso próprio e volume menores. Menos materiais para proteção contra incêndio.

Dimensões mais precisas. Menos materiais para proteção contra corrosão. Figura 3. Tipos de perfis soldados.

Fonte: Oliveira; Silva, 2015.

AULA 1.1.2
1.3. Propriedades dos Materiais

1.3.1. Aço
I Caixão - U's Caixão - L's Duplo I

1.3.2. Aço dos Perfis Fonte: Maia, 2018.

Segundo a NBR 8800 (2008), o valor máximo da tensão de escoamento (fy,a) para os Figura 4.Tipos de chapas dobradas a frio.
aços estruturais é de 450 Mpa. Além disso, a razão entre tensão de ruptura e a tensão
de escoamento não deve ser inferior a 1,18. Fu/Fy<1,18

Para fins de dimensionamento, a NBR 8800 (2008) considera que o valor do módulo
de elasticidade do aço dos perfis (Ea) é de 200 GPa.

U Complexo S Z
Segundo Pfeil e Pfeil (2009), os perfis estruturais podem ser:

» Laminados: o aço é preaquecido e, em seguida, passa por vários laminadores para Fonte: Adaptado de Sardá, [20--].

adquirir a forma desejada. VIGAS E PILARES MISTOS

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UNIDADE I | Estruturas Mistas Estruturas Mistas | UNIDADE I

Os perfis metálicos laminados ou soldados (geralmente perfil I) são utilizados nas vigas 1,5
 ñ 
e pilares mistos e os perfis de chapa dobrada são aplicados em lajes mistas. Ec ,leve = 40,5.  c  fck
 100 

1.3.3. Aço das Armaduras


Em que,
A NBR 6118 (2014) institui que, nos projetos de estruturas em concreto armado, devem
ρc é a massa específica do concreto de baixa densidade.
ser utilizados os aços dispostos na NBR 7480 (2007), com resistências características
de escoamento nas seguintes categorias: CA-25, CA-50 e CA-60. A resistência característica à tração do concreto (fct) é obtida por determinações
experimentais indiretas, mas, na ausência destas, relaciona-se fct com fck pelas equações
O prefixo CA é a abreviação de aços para Concreto Armado e o valor que vem após esse
a seguir:
prefixo identifica o valor da resistência de escoamento característica (fyk) em kgf/mm².
fctm = 0,3.fck 2/3
Para obter o valor da resistência de escoamento de dimensionamento, fyk deve ser dividido
pelo coeficiente de minoração do aço (γs) no valor de 1,15, como apresentado na Tabela 1. fctk ,inf 0,7.
= = fctm 0,21.fck 2/3

Tabela 1. Resistência dos aços CA. Fyd fctk ,sup 1,3.


= = fctm 0,39.fck 2/3

Aço fyk (MPa) fyd = fyk/1,15 (MPa)


Onde,
CA-25 250 217
CA-50 500 435 fctm é a resistência característica média do concreto à tração;
CA-60 600 522
fctk,inf é a resistência característica inferior do concreto à tração;
Fonte: Adaptado de Clímaco, 2008.

fctk,sup é a resistência característica superior do concreto à tração.


O valor do módulo de Young ou módulo de elasticidade da armadura (Es), conforme a
NBR 6118 (2014), é de 2,1x105 MPa, ou seja, 210 GPa.
Ed = Refere-se ao aço do perfil
Es = Refere-se ao aço da armadura
1.3.4. Concreto

Para as normas brasileiras, o prefixo C é a abreviação de Concreto, enquanto o número


seguinte identifica o valor da resistência à compressão característica (fck) em MPa. A
NBR 6118 (2014) abrange os concretos que possuem classes de resistência até C50 (fck
= 50 MPa). Para o valor de dimensionamento de projeto (fcd) utiliza-se o coeficiente de
minoração do concreto (γc) de 1,4:

A determinação do módulo de elasticidade do concreto (Ec), dado pelo módulo de


elasticidade secante, é feita por equações, de caráter empírico, estabelecidas pela NBR
6118 (2014). Assim,
normal
Ec = 4760. fck

Da mesma forma, a partir do fck, é possível obter o módulo de elasticidade do concreto


de baixa densidade:

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1.1.3. Entendendo Tabela de Perfis 1.1.3. Entendendo Tabela de Perfis

Dimensões dos Perfis Tabela de Perfis

Fonte: Portal Metálica (2019).

Fonte: Portal Metálica (2019).

Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto


1.1.3. Entendendo Tabela de Perfis 1.1.3. Entendendo Tabela de Perfis

Momento de Inércia (Ix ou Iy) Módulo Resistente Elástico (Wx ou Wy)


Está relacionada com as tensões e deformações que aparecem por flexão em um elemento Representa como determinado tipo de seção reage ao esforço, ou seja, a resistência da seção em
estrutural → determina a resistência de um elemento estrutural sob flexão. relação ao esforço de flexão.

• Inércia de um retângulo: • Razão da inércia pela distância da extremidade da seção até o baricentro:
𝑏. ℎ3 Tf
𝐼= 𝐼
12 Ex: Se eu for calcular nesse
𝑊=
retangulo no eixo Y 𝑦
I=(Bf x Tf)/12
• Inércia de um perfil I = vários retângulos:
Com,
𝑏𝑓 . 𝑡𝑓 3 𝑡𝑤 . ℎ𝑤 3
𝐼𝑥 = 2. + 𝑑
2x o retangulo verde mais
12 12 𝑦=
o retangulo laranja 2
𝑡𝑓 . ℎ𝑓 3 ℎ𝑤 . 𝑡𝑤 3
𝐼𝑦 = 2. + Fonte: Própria Autora (2020). Fonte: Própria Autora (2020).
12 12
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1.1.3. Entendendo Tabela de Perfis 1.1.3. Entendendo Tabela de Perfis

Raio de Giração (rx ou ry) Módulo Resistente Plástico (Zx ou Zy)


Se concentrarmos uma área da seção transversal em uma faixa estreita, Função geométrica análoga ao módulo de resistência elástico W.
paralela ao eixo x, e com o mesmo momento de inércia Ix, a distância dessa
faixa ao eixo x, é denominada “Raio de Giração”. Pode ser adotado como razão do momento de plastificação da seção Mpl e a tensão de escoamento
fy (Z = Mpl / fy).
• Dado pela raiz quadrada da relação entre o momento de inércia e a área
da superfície:
pela tabela ou pelo somatório 𝑍 = ෍ 𝐴𝑖 𝑦𝑖
𝐼 das áreas dos retângulos
𝑟=
𝐴

É bastante útil para pré-dimensionamento.

Fonte: Própria Autora (2020).


Fonte: Própria Autora (2020).
Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.1.4. Segurança Estrutural I 1.1.4. Segurança Estrutural I

Estados Limites Ações, Solicitações e Esforços


São estados a partir dos quais a estrutura apresenta desempenho inadequado às finalidades da Numa estrutura sob estados de tensão, tem-se:
construção:
Ação: qualquer influência ou conjunto de influências que produzam estados de tensões na estrutura.
• Estados limites últimos (ELU) → capacidade resistente. ➥ ações permanentes, variáveis ou acidentais.
➥ deformações impostas.
• Estados limites de serviço (ELS) → comportamento / durabilidade.
Solicitação: qualquer esforço solicitante ou conjunto de esforços decorrentes das ações atuantes na
estrutura.
➥ forças : normal e cortante.
Requisitos esperados → condições adequadas de segurança, funcionalidade e durabilidade → ➥ momentos fletor e de torção.
atendendo todas as necessidades para as quais foi projetada, ao longo de sua vida útil.
Esforços Internos: qualquer esforço interno ou conjunto de esforços internos decorrentes de esforços
externos.
Quando uma estrutura deixa de atender a qualquer um desses três itens, diz-se que ela atingiu um ➥ tensões : normal e de cisalhamento.
Estado Limite. ➥ deformações: normais, tangenciais e angulares.

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1.1.4. Segurança Estrutural I 1.1.4. Segurança Estrutural I

Ações, Solicitações e Esforços Ações Permanentes


• São as que ocorrem com valores praticamente constantes, ou com pequena variabilidade em
Na análise estrutural deve ser considerada a influência de todas as ações que possam produzir efeitos
torno de sua média, durante toda a vida da construção.
significativos para a segurança da estrutura em exame, levando-se em conta os possíveis estados
limites últimos e os de serviço.
• Devem ser consideradas com seus valores representativos mais desfavoráveis para a segurança.
Para cada tipo de construção, as ações a serem consideradas devem respeitar suas peculiaridades e
as normas a ela aplicáveis.
Ações permanentes Peso próprio, elementos fixos, instalações
permanentes e empuxos de terra.
Em função de sua variabilidade no tempo, as ações a considerar classificam-se em: diretas
Ações
Ações permanentes
Permanentes
Ações permanentes Deformações impostas, deslocamentos de
Ações variáveis apoio, imperfeições geométricas e
indiretas protensão.

Ações excepcionais
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1.1.4. Segurança Estrutural I 1.1.4. Segurança Estrutural I

Ações Variáveis Ações Excepcionais


São aquelas que variam de intensidade de forma significativa em torno de sua média, ao longo da
vida útil da construção. • São ações de duração extremamente curta e com muito baixa probabilidade de ocorrência
durante a vida útil da construção.
Ações Variáveis Cargas acidentais,
ação de vento e
Diretas água.
• Devem ser consideradas no projeto se seus efeitos não puderem ser controlados por outros
Ações Variáveis meios.

Variações de
Ações Variáveis temperatura e
Indiretas ações dinâmicas. • São exemplos os abalos sísmicos, as explosões, os incêndios, choques de veículos, enchentes, etc.

Ações variáveis durante a construção (Ação variável direta):


A verificação de cada uma das fases da construção deve ser feita considerando a parte da estrutura já
executada e as estruturas provisórias auxiliares com os respectivos pesos próprios. Além disso, devem
ser consideradas as cargas acidentais de execução.
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1.1.5. Segurança Estrutural II 1.1.5. Segurança Estrutural II

Valores Característicos das Grandezas Ações - Coeficientes de Ponderações


Os coeficientes de ponderação são agentes modificadores dos valores característicos das ações (ou
Conceito
solicitações) e das resistências dos materiais.
Valores característicos de uma grandeza de interesse no projeto são valores fixados com uma margem
adequada de segurança, para que não sejam ultrapassados por valores mais desfavoráveis na
Eles representam, de certo modo, uma medida das incertezas existentes na análise estrutural e no
estrutura em uso.
comportamento dos materiais.
Referem-se a
As ações devem ser majoradas pelo coeficiente de ponderação γf , obtido pelo produto de três outros:
• Resistências dos materiais:
➥ Considera as características de uniformidade do material, a dispersão de resultados dos ensaios
no controle tecnológico, e fixa-as em valores mínimos aceitáveis.

γf1 – variabilidade das ações.


• Ações: γf2 – simultaneidade das ações (γf2 = ψ0 ou ψ1 ou ψ2).
➥ Considera a incerteza na estimativa dos valores das cargas e fixa-as em valores γf3 – possíveis erros de avaliação dos efeitos das ações, seja por desvios gerados nas construções, seja
probabilisticamente difíceis de serem ultrapassados. por deficiência do método de cálculo empregado.

Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto


1.1.5. Segurança Estrutural II 1.1.5. Segurança Estrutural II

Ações - Valores do Coeficiente γf = γf1 .γf3 para Ações Permanentes Ações - Valores do Coeficiente γf = γf1 .γf3 para Ações Variáveis

Fonte: NBR 8800 (2008). Fonte: NBR 8800 (2008).


Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.1.5. Segurança Estrutural II

Ações - Valores do Coeficiente γf2 para Ações Variáveis


ψ0 - Fator de redução
de combinação para o
ELU

ψ1 - Fator de redução
de combinação
frequente para o ELS

ψ2 - Fator de redução
de combinação quase
permanente para o ELS

Fonte: NBR 8800 (2008).


Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.1.6. Segurança Estrutural III 1.1.6. Segurança Estrutural III

Combinações das Ações Combinações Últimas


Um carregamento é definido pela combinação das ações que têm probabilidade não desprezível de Normal
atuarem simultaneamente sobre a estrutura, durante um período pré-estabelecido.

Essas combinações devem ser feitas de diferentes maneiras, de forma que possam ser determinados
os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura. Especial
Verificação da segurança aos estados limites é feita em função das:

• Combinações Últimas De construção


• Combinações de Serviço

Excepcional

Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto


1.1.6. Segurança Estrutural III 1.1.6. Segurança Estrutural III

Combinações Últimas Normais Combinações Últimas Especiais


Decorrem do uso previsto para a edificação. Decorrem da atuação de ações variáveis de natureza ou intensidade especial, cujos efeitos superam
em intensidade os efeitos produzidos pelas ações consideradas nas combinações normais. Os
Devem ser consideradas tantas combinações de ações quantas forem necessárias para verificação carregamentos especiais são transitórios, com duração muito pequena em relação à vida útil.
das condições de segurança em relação a todos os estados-limites últimos aplicáveis.
A cada carregamento especial corresponde uma única combinação última especial de ações, na qual
Em cada combinação devem estar incluídas as ações permanentes e a ação variável principal, com devem estar presentes as ações permanentes e a ação variável especial, com seus valores
seus valores característicos e as demais ações variáveis, consideradas secundárias, com seus valores característicos, e as demais ações variáveis com probabilidade não desprezável de ocorrência
reduzidos de combinação. simultânea, com seus valores reduzidos de combinação.
FGi,k → valores característicos das ações permanentes; FQ1,k → valor característico da ação variável especial;
ψ0j,ef → fatores de combinação efetivos de cada uma das
FQ1,k → valor característico da ação variável considerada ações variáveis que podem atuar ao mesmo tempo que FQ1.
principal para a combinação;
ψ0j,ef = ψ0j adotados nas combinações normais, salvo quando
FQj,k → valores característicos das ações variáveis que a ação variável especial FQ1 tiver um tempo de atuação
podem atuar concomitantemente com a ação variável muito pequeno, caso em que ψ0j,ef podem ser tomados
principal. como os correspondentes fatores de redução ψ2j.
Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.1.6. Segurança Estrutural III 1.1.6. Segurança Estrutural III

Combinações Últimas de Construção Combinações Últimas Excepcionais


Devem ser levadas em conta nas estruturas em que haja riscos de ocorrência de estados-limites Decorrem da atuação de ações excepcionais que podem provocar efeitos catastróficos.
últimos, já durante a fase de construção. O carregamento de construção é transitório e sua duração
deve ser definida em cada caso particular. As ações excepcionais somente devem ser consideradas no projeto de estrutura de determinados
tipos de construção, nos quais essas ações não possam ser desprezadas e que, além disso, na
Devem ser consideradas tantas combinações de ações quantas sejam necessárias para verificação concepção estrutural, não possam ser tomadas medidas que anulem ou atenuem a gravidade das
das condições de segurança em relação a todos os estados-limites últimos que são de se temer conseqüências dos seus efeitos. O carregamento excepcional é transitório, com duração
durante a fase de construção. extremamente curta.

Em cada combinação devem estar presentes as ações permanentes e a ação variável principal, com A cada carregamento excepcional corresponde uma única combinação última excepcional de ações,
seus valores característicos e as demais ações variáveis, consideradas secundárias, com seus valores na qual devem figurar as ações permanentes e a ação variável excepcional, com seus valores
reduzidos de combinação. característicos, e as demais ações variáveis com probabilidade não desprezável de ocorrência
simultânea, com seus valores reduzidos de combinação.
Para cada combinação, aplica-se a mesma expressão da combinação especial, onde FQ1,k é o valor
característico da ação variável admitida como principal para a situação transitória considerada.
FQ,exc é o valor da ação transitória excepcional
Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.1.7. Segurança Estrutural IV 1.1.7. Segurança Estrutural IV

Combinações de Serviço Combinações quase permanentes de serviço


Aquelas que podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutura, da ordem da
Quase permanentes metade desse período.

São utilizadas para os efeitos de longa duração e para a aparência da construção.

Frequentes Ex: utilização no ELS-DEF (deslocamentos excessivos)

➔ Todas as ações variáveis são consideradas com seus


valores quase permanentes ψ2FQ,k.
Raras

Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto


1.1.7. Segurança Estrutural IV 1.1.7. Segurança Estrutural IV

Combinações frequentes de serviço Combinações raras de serviço


São aquelas que se repetem muitas vezes durante o período de vida da estrutura, da ordem da 105 São aquelas que podem atuar no máximo algumas horas durante o período de vida da estrutura.
vezes em 50 anos, ou que tenham duração total igual a uma parte não desprezável desse período, da
ordem de 5%. São utilizadas para os estados-limites irreversíveis, isto é, que causam danos permanentes à estrutura
ou a outros componentes da construção, e para aqueles relacionados ao funcionamento adequado da
São utilizadas para os estados-limites reversíveis, isto é, que não causam danos permanentes à estrutura, tais como formação de fissuras e danos aos fechamentos.
estrutura ou a outros componentes da construção, incluindo os relacionados ao conforto dos usuários
e ao funcionamento de equipamentos, tais como vibrações excessivas, movimentos laterais
excessivos que comprometam a vedação, empoçamentos em coberturas e aberturas de fissuras.

➔ A ação variável principal FQ1 é tomada com seu valor ➔ A ação variável principal FQ1 é tomada com seu valor
frequuente ψ1 FQ1,k e todas as demais ações variáveis são característico FQ1,k e todas as demais ações variáveis são
tomadas com seus valores quase permanentes ψ2FQ,k. tomadas com seus valores frequuentes ψ1 FQ,k.

somatório dasações permanentes


ação variável principal (Frequente - ìndice 1)
Todas outras ações variáveis (quase permanente - índice 2)
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1.1.7. Segurança Estrutural IV 1.1.7. Segurança Estrutural IV

Coeficiente de minoração das resistências - γm Valores de γm DEPENDE DO TIPO DE MATERIAL E DE COMBINAÇÃO

O coeficiente de minoração (γm), aplicado sobre as resistências dos materiais no sentido de reduzi-
las, tem por objetivo levar em consideração diferentes aspectos relacionados aos materiais e DO PERFIL
processos construtivos. Esse coeficiente é expresso da seguinte forma:

No caso das ações nós majoramos


e as resistÊncia nós minoramos

γm1 - Variabilidade da resistência dos materiais envolvidos;


γm2 - Diferença da resistência do material na estrutura e nos corpos-de-prova;
γm3 - Desvios gerados na construção e as aproximações feitas em projeto do ponto de vista das
resistências.

Fonte: NBR 8800 (2008).


Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.1.8. Resistência ao Fogo das Estruturas Mistas 1.1.8. Resistência ao Fogo das Estruturas Mistas

Objetivos Importância dos Ensaios


• Ensaios experimentais são importantes para o conhecimento do comportamento e avaliação de
procedimentos de verificação de estruturas em situação de incêndio.
O risco à vida surge devido à
exposição à fumaça, calor e
desabamento de elementos • A realização de ensaios experimentais com o objetivo direto de se estudar soluções de projeto não
construtivos sobre usuários e é comum e, em geral, os ensaios têm o objetivo de fornecer bases para estudos mais detalhados.
Os objetivos da segurança equipes de combate ao fogo.
contra incêndio são minimizar • Nos ensaios, usualmente, carrega-se a estrutura e em seguida tem-se a exposição ao incêndio com
o risco à vida e a perda o carregamento mantido constante. O ensaio termina quando a estrutura atinge algum critério de
patrimonial. A perda patrimonial se refere falha.
à destruição parcial ou total
da edificação e adjacências, • Com o objetivo de se ter uma qualificação relativa e se graduar o comportamento entre diferentes
equipamentos, documentos e
estoques.
estruturas, a temperatura nos fornos é elevada segundo a curva do incêndio-padrão. Todavia, o
incêndio-padrão pode não ser apropriado para o entendimento do comportamento real de uma
estrutura em situação de incêndio.

Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto


1.1.8. Resistência ao Fogo das Estruturas Mistas 1.1.8. Resistência ao Fogo das Estruturas Mistas

Curva do Incêndio-Padrão Falha da Estrutura


• A falha da estrutura é determinada pela capacidade resistente, isolamento e integridade.

o O isolamento está associado ao impedimento do aumento excessivo da temperatura em


superfícies do elemento não expostas ao incêndio.

o A integridade está associada à não propagação do incêndio através de rachaduras no


elemento ensaiado.

o A falha por perda de capacidade resistente pode também ser determinada por
deslocamentos excessivos.

Fonte: Caldas (2008).


Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.1.8. Resistência ao Fogo das Estruturas Mistas 1.1.8. Resistência ao Fogo das Estruturas Mistas

Comportamento das Estruturas Mistas ao Incêndio Comportamento de Membrana


• Bom comportamento estrutural em situação de incêndio está relacionado principalmente à • Comportamento de membrana acontece desde que
degradação da relação tensão-deformação do concreto e do aço e às deformações térmicas que a laje seja bem suportada verticalmente ao longo de
levam a um comportamento de membrana. linhas que dividem o piso em áreas
aproximadamente quadradas (as vigas no contorno
• Com o aumento da temperatura, as lajes mistas passam pelas seguintes fases: dessa área, em geral, são protegidas para garantir a
1) inicialmente as vigas expostas ao incêndio aquecem rapidamente, com pequena redução de resistência em situação de incêndio).
resistência e rigidez;
2) a laje de concreto aquece mais lentamente, causando um encurvamento na direção da fonte • A dupla curvatura e os grandes deslocamentos
sofridos pela laje levam a um comportamento de
de calor;
membrana tracionada em sua região central
3) com a redução da resistência do aço, a laje mista, pelo efeito de membrana, pode suportar
enquanto que na parte periférica tem-se a formação
parte ou todo o carregamento antes resistido pelas vigas mistas, principalmente no caso de de um anel de compressão.
lajes mistas construídas com malhas de aço devidamente projetadas.
• Esse mecanismo é alto-equilibrado e capaz de
suportar o carregamento ou parte do carregamento Fonte: Caldas (2008).
que atua no piso.

Estruturas Mistas de Aço e Concreto


1.1.8. Resistência ao Fogo das Estruturas Mistas

NBR 14323 (2013) - Projeto de estruturas de aço e de estruturas


mistas de aço e concreto de edifícios em situação de incêndio
Aço Fatores de Redução Concreto

Parafusos
e Soldas

Fonte: NBR 14323 (2013)


Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.2.1. Comportamento Conjunto 1.2.1. Comportamento Conjunto

Comportamento Conjunto Comportamento Isolado x Comportamento Misto


• Estruturas mistas → definidas pelo comportamento conjunto entre o perfil metálico e o concreto • Sem ligação ou atrito no contato aço-
armado. concreto → comportamento isolado →
deformam independentemente
dividindo o carregamento solicitante
• Comportamento conjunto → através de forças longitudinais de cisalhamento no contato aço-
entre esses elementos.
concreto.
• Cada superfície do contato estará
• Contato aço-concreto → possui uma certa aderência intrínseca aos dois materiais → NÃO é sujeita a tensões diferentes:
suficiente para garantir o comportamento misto.
o Concreto da parte inferior da laje
• Conectores de Cisalhamento → garantir que as duas peças estruturais se comportem de forma se alonga com a ação das tensões
mista → deformam como um elemento único. de tração;
Fonte: Higaki (2009).
o Aço da parte superior da viga sofre
encurtamento devido às tensões
de compressão.

Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto


1.2.1. Comportamento Conjunto 1.2.1. Comportamento Conjunto
2 LINHAS NEUTRAS
Interação entre os Elementos Interação entre os Elementos

Interação Nula

Interação Parcial

Interação Total Interação Nula Interação Parcial Interação Total

Fonte: Calenzani (2013).


Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.2.1. Comportamento Conjunto 1.2.1. Comportamento Conjunto

Interação Nula Interação Total ou Completa


• Duas linhas neutras (LN) distintas: • Ao interligar as duas peças com o uso de
conectores com resistência e rigidez
o Uma no centro de gravidade (CG) do infinitas → comportamento único.
perfil metálico;
• Conectores promovem forças horizontais
o Outra no CG da laje. → parte inferior da laje sofre
encurtamento + parte superior da viga
• O momento total resistente seria, então, a alonga.
soma do momento resistente da laje e o
momento resistente da viga. • NÃO haverá escorregamento entre o aço e
o concreto.

• Estado plano de deformações → apenas


Fonte: Adaptado de Calenzani (2013).
Fonte: Adaptado de Calenzani (2013).
uma LN.
Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.2.2. Conectores de Cisalhamento 1.2.2. Conectores de Cisalhamento

Exemplos de conectores de cisalhamento Stud Bolt (Pino com Cabeça)


(a) stud bolt
TAMBÉM CHAMADO DE PINO DE CABEÇA • Desenvolvido na década de 40 pela empresa americana Nelson Stud
Welding.
(b) cantoneira
MAIS UTILIZADAO
• Conector mais comumente utilizado em estruturas mistas.
(c) perfil U
• A popularidade se deve principalmente à grande velocidade de
(d) gancho instalação → processo de solda por eletrofusão → máquina
semiautomática.
(e) bloco
• Limitação → baixo desempenho à fadiga (ações cíclicas) → pontes e
viadutos → alternativa recente → conectores em chapa de aço
contínua, perfurada ou recortada → conhecidos como composite
dowels.
Fonte: Adaptado de Calado e Santos (2013).

Fonte: Almeida (2018).

Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto


1.2.2. Conectores de Cisalhamento 1.2.2. Conectores de Cisalhamento

Conectores em chapa de aço recortada (Composite Dowels) Processo de Aplicação do Stud Bolt (Pino com Cabeça)
• Soldagem por eletrofusão →
pistola especial controlada por
temporizador.

• Na extremidade do conector
existe um pino de fluxo sólido,
que serve como desoxidante e
estabilizador do arco de solda.

• O anel cerâmico colocado sobre


Fonte: Belle System (S. d.). o conector delimita a área de
soldagem e impede o
escoamento do arco de solda.

Fonte: Almeida (2018).


Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.2.2. Conectores de Cisalhamento

Dimensões e Tolerâncias dos Stud Bolts (Pino com Cabeça)

Tolerâncias de Diâmetro da Altura mínima


Diâmetro (C) comprimento cabeça do da cabeça do
(L) conector (H) conector (T)
(pol) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
+0,00
5/8” 15,9 ± 1,6 31,7 ± 0,4 7,1
Fonte: Brasil Fixadores (2018).
-0,25
+0,00
3/4" 19,1 ± 1,6 31,7 ± 0,4 9,5
-0,38
+0,00
7/8” 22,2 ± 1,6 34,9 ± 0,4 9,5
-0,38

• Na prática, o conector de 19mm é o mais utilizado → será estudado nas


próximas aulas.

Fonte: Queiroz et al. (2012).


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1.2.3. Propriedades dos Conectores de Pino de Cabeça 1.2.3. Propriedades dos Conectores de Pino de Cabeça

Propriedades Mecânicas do Aço dos Conectores Resistência de Dimensionamento – NBR 8800 (2008)
Força resistente de dimensionamento (QRd) do pino com cabeça na ligação laje-viga → menor entre
Resistência à os seguintes valores:
415 MPa
tração
Limite de
ÁREA DA SEÇÃO DO CONECTOR 1 𝐴𝑐𝑠 𝑓𝑐𝑘 𝐸𝑐 𝑅𝑔 𝑅𝑝 𝐴𝑐𝑠 𝑓𝑢𝑐𝑠
• Aço ASTM A-108 grau 1020
RESISTENCIA CARACTERISTICA DO CONCRETO
𝑄𝑅𝑑 = ≤
escoamento 345 MPa MODULO ELASTICIDADE CONCRETO
2 𝛾𝑐𝑠 𝛾𝑐𝑠
(0,2% offset)
• Resistência à tração mínima: 415 MPa
Alongamento Mínimo de
(% em 50mm) 20% cs é o coeficiente de minoração do conector, dado por:
• Limite de escoamento não inferior a 345 MPa o 1,25: combinação última normal, especial ou de construção;
Redução de Mínimo de
área 50% o 1,10: combinação excepcional.
Acs é a área da seção do conector;
fucs é a resistência à ruptura do aço do conector;
Rg é um coeficiente que considera a ação de um grupo de conectores;
Rp é um coeficiente que considera a localização do conector.

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1.2.3. Propriedades dos Conectores de Pino de Cabeça 1.2.3. Propriedades dos Conectores de Pino de Cabeça

Resistência de Dimensionamento – NBR 8800 (2008) Resistência de Dimensionamento – NBR 8800 (2008)
Rg → coeficiente que considera a ação de um grupo de conectores Rp → coeficiente que considera a localização do
conector
• 1,00: um conector soldado na fôrma metálica com nervura transversal ao perfil metálico ou
qualquer quantidade de conectores em linha soldados no perfil metálico ou qualquer quantidade • 1,00: conectores soldados no perfil metálico e
de conectores em linha soldados na fôrma metálica com nervura longitudinal ao perfil metálico quando pelo menos metade da mesa superior do
com bF/hF  1,5 (bF é a largura no meio da nervura e hF a altura da nervura da fôrma); perfil estiver em contato com o concreto para
casos de nervuras longitudinais;
• 0,85: dois conectores soldados na fôrma metálica com nervura transversal ao perfil metálico ou
• 0,75: conectores soldados no concreto da laje com
um conector soldado na fôrma metálica com nervura longitudinal ao perfil metálico com bF/hF < nervuras da fôrma transversais ao perfil metálico
1,5; com emh  50mm ou conectores soldados na fôrma Fonte: Queiroz et al. (2012).
metálica e embutidos na laje com nervura
• 0,70: três conectores ou mais soldados na fôrma metálica com nervura transversal ao perfil longitudinal ao perfil metálico;
metálico.
• 0,60: conectores soldados no concreto da laje com
nervuras da fôrma transversais ao perfil metálico
com emh < 50mm.
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1.2.3. Propriedades dos Conectores de Pino de Cabeça

Resistência de Dimensionamento – Eurocode 4 (1994)


Menor entre os seguintes valores:

𝜋𝑑 2
0,8𝑓𝑢 ( ) 2
𝑞𝑟𝑑 = 4 ≤ 0,29𝛼𝑑 𝑓𝑐𝑘 𝐸𝑐
𝛾𝑣 𝛾𝑣

𝑓𝑢 é a resistência à ruptura do aço do conector;


d é o diâmetro do conector;
𝑓𝑐𝑘 é a resistência característica a compressão do concreto (MPa);
𝐸𝑐 módulo de elasticidade do concreto (MPa);
ℎ ℎ
𝛼 = 0,2( 𝑐𝑠 + 1) para 3 ≤ 𝑐𝑠 ≤ 4;
𝑑 𝑑

𝛼 = 1,0 para 𝑐𝑠 > 4;
𝑑
𝛾𝑣 = 1,25;
ℎ𝑐𝑠 é a altura do conector.
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1.2.4. Disposições Construtivas dos Conectores 1.2.4. Disposições Construtivas dos Conectores

Exigências da NBR 8800 (2008) Exigências da NBR 8800 (2008)

A face inferior da cabeça dos pinos, que resiste às forças verticais que tendem a separar o
concreto do perfil de aço, deve estar acima da armadura do concreto.

Deve-se ter pelo menos 10 mm de concreto acima da superfície superior da cabeça do


conector.

A espessura da chapa de aço onde serão instalados os conectores deve ser suficiente para
propiciar a soldagem e a transferência da resistência total dos conectores; no caso de pinos
com cabeça, a espessura deve ser de no mínimo 0,4 vezes o diâmetro do pino, exceto se
este for soldado na posição correspondente à projeção da alma do perfil.

Fonte: Queiroz et al. (2012).

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1.2.4. Disposições Construtivas dos Conectores 1.2.4. Disposições Construtivas dos Conectores

Exigências da NBR 8800 (2008) Exigências da NBR 8800 (2008)

A distância entre a face do conector e a borda do concreto não deve ser inferior a 25mm,
exceto no caso de conectores colocados em nervuras de fôrma de concreto. O espaçamento mínimo entre os conectores deve ser de 6 vezes o diâmetro do pino na
direção do eixo do perfil e de 4 vezes na direção perpendicular; no caso de lajes mistas o
espaçamento pode ser reduzido para 4 vezes em qualquer direção.

A espessura de concreto acima da fôrma de aço deve ser de no mínimo 50 mm.

O espaçamento máximo é de 8 vezes a espessura total da laje; esse espaçamento também


não pode ser superior a 915 mm no caso de lajes com fôrmas de aço incorporadas, com
nervuras perpendiculares à viga. Também nesse caso, para evitar arrancamento, as fôrmas
de aço devem ser ancoradas a intervalos não superiores a 450 mm, utilizando-se apenas os
conectores tipo pino com cabeça, combinação destes com soldas tipo bujão ou outros meios
O comprimento do pino acima da fôrma deve ser de no mínimo 40 mm. equivalentes.
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1.2.4. Disposições Construtivas dos Conectores

Exigências da NBR 8800 (2008)

Em ambientes de agressividade forte ou muito forte, o cobrimento de concreto acima da face


superior do conector, para evitar corrosão, não poderá ser inferior ao cobrimento
especificado na ABNT NBR 6118 para a armadura da laje.
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1.2.5. Exemplo – Conectores de Cisalhamento 1.2.5. Exemplo – Conectores de Cisalhamento

Enunciado Analisando a fórmula


Coeficiente da ação de um grupo de conectores (Rg): 𝜋𝜙 2
Calcular a resistência de dimensionamento QRd do conector tipo pino com cabeça (“stud bolt”) aço 𝐴𝑐𝑠 =
4
• 1,00: um conector soldado na fôrma metálica com nervura
ASTM A-108 1020  = 19 mm (3/4”) para concreto de densidade normal e leve (c.leve = 1800 kg/m3) e transversal ao perfil metálico ou qualquer quantidade de conectores
fck = 20 Mpa. Considerar as diferentes situações mostradas nas figuras abaixo: em linha soldados no perfil metálico ou qualquer quantidade de 𝐸𝑐 = 4760. 𝑓𝑐𝑘
conectores em linha soldados na fôrma metálica com nervura
a) Laje maciça. longitudinal ao perfil metálico com bF/hF  1,5 (bF e hF são
dimensões geométricas da fôrma; Coeficiente de minoração do
b) Laje mista com nervuras longitudinais à viga. • 0,85: dois conectores soldados na fôrma metálica com nervura conector (cs):
transversal ao perfil metálico ou um conector soldado na fôrma
metálica com nervura longitudinal ao perfil metálico com bF/hF < 1,5; 1 𝐴𝑐𝑠 𝑓𝑐𝑘 𝐸𝑐
• 0,70: três conectores ou mais soldados na fôrma metálica com • 1,25: combinação
nervura transversal ao perfil metálico. 2 𝛾𝑐𝑠
𝑄𝑅𝑑 ≤ última normal, especial
𝑅𝑔 𝑅𝑝 𝐴𝑐𝑠 𝑓𝑢𝑐𝑠 ou de construção;
Coeficiente da localização do conector (Rp):
𝛾𝑐𝑠 • 1,10: combinação
• 1,00: conectores soldados no perfil metálico e quando pelo menos excepcional.
metade da mesa superior do perfil estiver em contato com o
concreto para casos de nervuras longitudinais;
• 0,75: conectores soldados no concreto da laje com nervuras da
fôrma transversais ao perfil metálico com emh  50mm ou Resistência à ruptura do aço do
conectores soldados na fôrma metálica e embutidos na laje com conector - ASTM A-108 1020:
nervura longitudinal ao perfil metálico;
• 0,60: conectores soldados no concreto da laje com nervuras da
fôrma transversais ao perfil metálico com emh < 50mm. fucs = 415 Mpa
(a) (b)
Fonte: Queiroz et al. (2012).

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1.2.5. Exemplo – Conectores de Cisalhamento 1.2.5. Exemplo – Conectores de Cisalhamento

Laje Maciça Laje Maciça


• Rg = 1 (1 conector) Para concreto de densidade leve:
NÃO TEMOS A FORMA METÁLICA AQUI
• Rp = 1 (conector soldado no perfil)

1,5
Para concreto de densidade normal: 𝜌𝑐 1,5 1800
𝐸𝑐,𝑙𝑒𝑣𝑒 = 40,5. 𝑓𝑐𝑘 = 40,5. 20 = 13832 𝑀𝑃𝑎 = 1383 𝑘𝑁Τ𝑐𝑚2
100 100
𝜋𝜙 2 𝜋(1,9)2
𝐴𝑐𝑠 = = = 2,84𝑐𝑚2
4 4 1 𝐴𝑐𝑠 𝑓𝑐𝑘 𝐸𝑐 1 2,84 2𝑥1383
= = 60 𝑘𝑁
2 2 𝛾𝑐𝑠 2 1,25
𝐸𝑐 = 4760. 𝑓𝑐𝑘 = 4760. 20 = 21287 𝑀𝑃𝑎 = 2129 𝑘𝑁Τ𝑐𝑚 𝑄𝑅𝑑 ≤ ∴ 𝑸𝑹𝒅 = 𝟔𝟎 𝒌𝑵
𝑅𝑔 𝑅𝑝 𝐴𝑐𝑠 𝑓𝑢𝑐𝑠 1𝑥1𝑥2,84𝑥41,5
= = 94 𝑘𝑁
𝛾𝑐𝑠 1,25
1 𝐴𝑐𝑠 𝑓𝑐𝑘 𝐸𝑐 1 2,84 2𝑥2129
= = 74 𝑘𝑁
2 𝛾𝑐𝑠 2 1,25
𝑄𝑅𝑑 ≤ ∴ 𝑸𝑹𝒅 = 𝟕𝟒 𝒌𝑵
𝑅𝑔 𝑅𝑝 𝐴𝑐𝑠 𝑓𝑢𝑐𝑠 1𝑥1𝑥2,84𝑥41,5
= = 94 𝑘𝑁
𝛾𝑐𝑠 1,25

kN/cm²
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1.2.5. Exemplo – Conectores de Cisalhamento

Laje mista com nervuras longitudinais à viga


bF/hF  1,5 → Rg =1,0

Considerando que pelo menos 50% da largura da mesa superior está em contato direto com o
concreto (b  bFs/2), tem-se que Rp = 1.

Logo, a resistência de dimensionamento dos conectores para essa situação é a mesma para a situação
de uma laje maciça.

Densidade normal:
tudo igual ao anterior, já que
𝑸𝑹𝒅 = 𝟕𝟒 𝒌𝑵 não houve alteração no Rp e Rg

Densidade leve:

𝑸𝑹𝒅 = 𝟔𝟎 𝒌𝑵
Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.3.1. Ligações Mistas 1.3.1. Ligações Mistas

Ligações Mistas Tipos de Ligações Mistas

Função de fazer dar continuidade a duas vigas


mistas sem transmitir momento ao elemento que
as suporta, seja um pilar ou uma outra viga.

Ligação com chapa de Ligação com dupla


topo estendida cantoneira

Ligação feita, em geral, pela alma ou pela mesa


no caso em que o elemento portante seja um
pilar ou apenas pela alma no caso de viga.

Ligação com cantoneiras Ligação com dupla cantoneira,


de alma e assento de assento e de topo
Fonte: Figueiredo & Gonçalves (2007).

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1.3.1. Ligações Mistas 1.3.1. Ligações Mistas

Parâmetros que Influenciam o Comportamento das Ligações Mistas Curva M-


MOM RESTIST ALTO E CAPAC ROT BAIXA

MOM RESIST E CAPAC ROT


INTERMEDIÁRIAS
Momento resistente (MR)
ALTA CAPAC ROTAÇÃO E BAIXO
VALOR DE MOMENTO RESIST

Rigidez inicial (Ki)

Capacidade de rotação (u) 𝑀 = 𝐾. 𝜙

Fonte: Figueiredo & Gonçalves (2007).


Estruturas Mistas de Aço e Concreto Estruturas Mistas de Aço e Concreto
1.3.1. Ligações Mistas 1.3.1. Ligações Mistas

Etapas da Curva M- Trecho Elástico (I)


Trecho Elástico Trecho Inelástico Trecho Plástico
Duas fases:
(I) (II) (III)
• Antes do concreto fissurar: comportamento linear →
comportamento controlado pela rigidez axial à tração
da laje de concreto.

• Após a fissuração: comportamento não linear →


fissuras da face do pilar se espalham para as
extremidades da laje.

Desenho das fissuras depende do tipo de ligação viga-


pilar:
• Ligações mais flexíveis e com ligação de
cisalhamento: geram fissuras mais uniformes na laje,
na direção transversal ao eixo da viga.

Fonte: Figueiredo & Gonçalves (2007). • Ligações mais rígidas: geram fissuras mais inclinadas.

Fonte: Figueiredo & Gonçalves (2007).

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1.3.1. Ligações Mistas 1.3.1. Ligações Mistas

Trecho Inelástico (II) Trecho Plástico (IV)


Não linearidade apresentada nesse trecho do gráfico é • Ocorre em função das deformações plásticas que
consequência dos seguintes fatores: ocorrem nas barras da armadura e devido à
resistência das ligações.
• Não linearidade física dos materiais: escoamento dos
perfis de aço, das barras da armadura, dos elementos • Cálculo dessas estruturas mistas → regime plástico
de ligação; → vantagens do comportamento semirrígido as
ligações sejam totalmente explorados.
• Deslizamento entre pilar e viga e deslizamento entre
laje e perfil de aço da viga;

• Não linearidade geométrica devido à mudança na


configuração da região de ligação.

Fonte: Figueiredo & Gonçalves (2007). Fonte: Figueiredo & Gonçalves (2007).
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1.3.2. Aspectos que Influenciam nas Ligações Mistas 1.3.2. Aspectos que Influenciam nas Ligações Mistas

Aspectos que influenciam no comportamento de ligações mistas Elementos da Ligação


Diversos tipos de ligações em aço: soldadas, com chapa e ligações com cantoneiras →
comportamentos diferentes → influencia no comportamento global do sistema misto.
Internos Externos
• Ligações soldadas → alta rigidez e resistência na estrutura → assumidas como totalmente rígidas.

Elementos da ligação, como chapas, • Ligações com chapa de topo → podem possuir diferentes níveis de rigidezes e resistência,
cantoneiras, parafusos, soldas Conectores de cisalhamento
tamanho e espessura da chapa.
Existência de laje de concreto armado
• Ligações com cantoneiras e com chapas soldadas na alma da viga → muito usadas na prática pelo
Tipo de carregamento
Existência de enrijecedores de alma no baixo custo e praticidade → não permitem o mesmo grau de continuidade → necessário que as
pilar vigas possuam maior dimensão.
Diferença entre inércias entre os perfis Tipo de construção
da viga e do pilar

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1.3.2. Aspectos que Influenciam nas Ligações Mistas 1.3.2. Aspectos que Influenciam nas Ligações Mistas

Laje de Concreto Armado Características das lajes que influenciam nas ligações
Comportamento tensão x deformação da armadura da laje

Com laje de concreto Quantidade de armadura


• A laje de concreto armado
participa da ligação mista e Distribuição da armadura
também do sistema.
Sem laje de concreto Propriedades da armadura

• As vigas são conectadas a laje Tipo de laje (maciça ou mista)


por meio dos conectores de
cisalhamento, os quais Largura efetiva
interferem na configuração da
curva M-ϕ do sistema. Resistência a tração do concreto

Momento - Capacidade Rotação Relação de aderência da armadura e do concreto


Fonte: Figueiredo & Gonçalves (2007).
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1.3.2. Aspectos que Influenciam nas Ligações Mistas 1.3.2. Aspectos que Influenciam nas Ligações Mistas

Altura da Viga Enrijecedor de Alma do pilar


aUmento da rigidez PILAR MISTO
• Os enrijecedores de alma do pilar atuam
• Aumento da altura da viga → aumenta para impedir que a estrutura falhe por
momento resistente + diminui capacidade flambagem.
HS8FD = 1,5 x HS8F rotacional.
• Eles podem ser chapas de aço soldada ao
• Porque há um aumento do braço de Chapa de aço Revestimento pilar ou revestimento de concreto.
alavanca entre os elementos tracionados e soldada ao pilar de concreto
comprimidos. • Enrijecedores aumentam a resistência de
Fonte: Figueiredo & Gonçalves (2007). ligações mistas.
Fonte: Figueiredo & Gonçalves (2007).

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1.3.2. Aspectos que Influenciam nas Ligações Mistas

Aspectos Externos

• Interação total (completa) → conectores transmitem todo o esforço necessário para que a
Conectores de seção mista desempenhe sua resistência máxima a flexão.
Cisalhamento • Interação parcial → permite escorregamento entre a viga e a laje → há uma diminuição
do momento resistente da estrutura mista.

• Carregamento assimétrico → como não ocorre o equilíbrio pelos lados da estrutura, a


Tipo de diferença de momentos atuantes de um lado é introduzido no pilar.
carregamento • Ligação em um só lado → é muito comum no caso de pilares de extremidade, nos quais
todo momento atuante na ligação será transferido para o pilar.

Tipo de • Sem escoras → capacidade de suporte do peso próprio da laje → reduz o custo da obra e
a agilidade de trabalho → necessidade de verificações adicionais → estruturas mais
construção robustas → ligação deve ser mais dúctil do que a de uma construção escorada.
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1.3.3. Propriedades das Ligações Mistas 1.3.3. Propriedades das Ligações Mistas

Largura Efetiva da Laje Rigidez Inicial


Largura de contribuição ‘b’ da laje no dimensionamento de vigas mistas → dada pela soma da largura Propriedade necessária para análises elásticas de vigas semicontínuas e verificação dos estados
à esquerda e à direita do centro do perfil metálico, que é o centro da viga. limites de serviço (ELS).
DEPENDE DO TIPO DE APOIO
Menor entre os seguintes valores: Para calcular a rigidez inicial é preciso considerar a relação linear (C) dependente das rigidezes dos
elementos de ligação:
a) 1/8 do valor do vão de referência Lc, em que,
• Vigas biapoiadas: Lc = L; 𝑑+𝑦 2
• Vãos intermediários de vigas semicontínuas: Lc = 0,7L; 𝐶=
1 1 1
• Vãos extremos de vigas semicontínuas: Lc = 0,8L. + +
𝑘𝑠 𝑘𝑐𝑠 𝑘𝑖

b) 1/2 da distância do centro da viga em análise até o centro da viga consecutiva (à direita ou à d é a altura do perfil metálico;
esquerda); y é a distância do topo do perfil metálico até o centro da armadura;
ks é a rigidez inicial da armadura;
c) Distância do centro da viga em análise até a extremidade da laje, se não houver outra viga neste kcs é a rigidez inicial dos conectores de cisalhamento;
lado. ki é a rigidez inicial da ligação inferior.

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1.3.3. Propriedades das Ligações Mistas 1.3.3. Propriedades das Ligações Mistas

Resistência de Dimensionamento Capacidade de Rotação


Momento resistente de dimensionamento: Depende dos deslocamentos máximos que os elementos dessa ligação suportam sem perder a
resistência da ligação:

𝑓𝑦𝑠 𝐴𝑠𝑙 𝑑 + 𝑦
𝑀𝑅𝑑 =
1,15
∆𝑢𝑠 + 𝑠 𝐵 + ∆𝑢𝑙
Resistência de dimensionamento da ligação inferior: 𝜃𝑢 =
𝑑+𝑦

𝑓𝑦𝑠 𝐴𝑠𝑙
𝐹𝑖,𝑅𝑑 ≥
1,15
d é a altura do perfil metálico;
d é a altura do perfil metálico; y é a distância do topo do perfil metálico até o centro da armadura;
y é a distância do topo do perfil metálico até o centro da armadura; us é o quanto a armadura consegue alongar;
fys é a resistência de escoamento da armadura; s(B) é a capacidade de deslizamento devido à deformação dos conectores de cisalhamento;
Asl é a área da armação longitudinal na largura efetiva. ul é o quanto a ligação inferior consegue deslocar.
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1.3.3. Propriedades das Ligações Mistas

Posição da Linha Neutra Plástica (LNP)


Depende dos deslocamentos máximos de cada componente e seu valor, em relação a face inferior da
viga:

𝑑 + 𝑦 ∆𝑢𝑙
𝑦𝐿𝑁𝑃 =
∆𝑢𝑠 + 𝑠 𝐵 + ∆𝑢𝑙

d é a altura do perfil metálico;


y é a distância do topo do perfil metálico até o centro da armadura;
us é o quanto a armadura consegue alongar;
s(B) é a capacidade de deslizamento devido à deformação dos conectores de cisalhamento;
ul é o quanto a ligação inferior consegue deslocar.

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