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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE MEDICINA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM RADIOLOGIA

COMPARAÇÃO ENTRE AS TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS


UTILIZADAS NO MODO CONVENCIONAL, NAS
RADIOGRAFIAS DE TÓRAX PADRÃO OIT, EM RELAÇÃO AO
SISTEMA DIGITAL

Aluno: Gilberto Alves de Oliveira


Professor: Giovanni A. P. de Oliveira

Belo Horizonte
2016
Radiografia de Tórax no
Padrão OIT
As doenças ocupacionais pulmonares, que
apresentam como etiologia a inalação de
poeira mineral, são conhecidas como
Pneumoconioses e o principal método de
rotina para controle de populações expostas ao
risco é a radiografia de tórax padrão OIT.
Estimativa de Trabalhadores
Expostos à sílica na década de 90

Recentemente, calculou-se que cerca de 2.000.000 de


trabalhadores brasileiros formais, tem contato com poeiras de
sílica por pelo menos 30% de sua jornada de trabalho
(Capitani & Algranti, 2009).
6.600.000 trabalhadores expostos à silica em 1990
4,000,000
3,500,000
3,000,000
2,500,000
2,000,000
1,500,000
1,000,000
500,000
0
Construção Civil Indústria de Transformação Mineração e Garimpo

Fonte: Capitani & Algranti, 2009


Objetivo geral:
Fazer uma revisão bibliográfica das diretrizes e normas técnicas
para radiografia de tórax no padrão OIT e realizar uma
comparação dos parâmetros técnicos utilizados no sistema
analógico em relação ao digital.
Objetivos específicos:
Verificar se houve alteração na distância foco-filme e
modificações na configuração dos parâmetros utilizados na
técnica radiográfica de tórax, no padrão OIT, comparando o
método analógico com o digital
Justificativa

Com o avanço das tecnologias na radiologia médica, torna-se

importante a inserção da imagem radiológica no mundo digital.

princípio ALARA “As Low As reasonably Achievable” -

princípio da otimização
Justificativa

Proteção radiológica: estabelece em sua filosofia básica, a redução

da exposição de dose de radiação, para os pacientes e indivíduos

ocupacionalmente expostos, por isso a necessidade de verificar se

houve alterações dos parâmetros técnicos utilizados nos

equipamentos de raios X digital em relação ao método convencional.


Revisão Bibliográfica

OIT – Organização Internacional do Trabalho

A OIT classifica as doenças pulmonares provocadas pela


inalação de poeiras, típicas de determinados ambientes de
trabalho e estabeleceu esse padrão que inclui a classificação
radiológica das pneumoconioses.

A Norma Regulamentadora 7 NR-7, é o Programa de Controle

Ocupacional.
Dose de Radiação na
Radiografia de Tórax

Fonte: (adaptado: UOL, The Guardian e Radiologyinfo.org, 2008)


Exemplo de técnica radiográfica
de tórax
Exemplo da boa técnica radiográfica (EUR 16260)

Dispositivo radiográfico Suporte vertical com grade móvel ou estática

Distância foco-filme 180 (140-200) cm

Tensão de pico aplicada


125
(Kvp)

Filtração total ≥ 3,0 mmAl (equivalência)

Tempo de exposição (ms) < 20 ms

Fonte: (adaptado: Diretrizes Europeias sobre Critérios de Qualidade para Imagens Diagnósticas Radiográficas, 1996)
Diretrizes Pneumoconioses
Radiografia em Póstero-Anterior (PA) de tórax. Comparar com
radiografias-padrão.

Padrão Ouro - método internacionalmente aceito.

Os exames radiologicos são descritivos e, isoladamente, não fazem


diagnóstico de Pneumoconiose

Versão de 2000 – enfatiza que a Classificação OIT não foi elaborada para
codificar achados provenientes de outros métodos de imagem.
Outros métodos de imagem
Na Versão de 2011, através da Portaria SIT nº 236 de 10/06/2011, em

casos selecionados, a critério clínico, pode ser realizada a Tomografia

Computadorizada de Alta Resolução de Tórax (TCAR).

A ultrassonografia, Ressonância Magnética, Cintilografia com gálio, testes

ventilação-perfusão e Tomografia por emissão de pósitrons, ainda não têm

papel bem estabelecido, por isso a radiografia simples do tórax é o método

tradicionalmente empregado na avaliação inicial de doenças respiratórias,

não apenas por sua ampla disponibilidade, mas também em razão de outros

fatores como custo e facilidade de realização. (Algranti E, 2011).


Radiografia de Tórax de boa
qualidade
CRITÉRIOS QUANTO A QUALIDADE DA IMAGEM PROJEÇÃO PA
01 Executada em inspiração profunda sustida (confirmada pela posição das costelas
acima do diafragma – 6 anteriormente, ou 10 posteriormente).

02 Reprodução simétrica do tórax, tal como demonstrado pela posição central das
apófises espinhosas entres as extremidades mediais das clavículas.

03 O Bordo medial da escápula não deve sobrepor-se aos campos pulmonares.


04 Reprodução de toda a caixa torácica situada acima do diafragma.
05 Reprodução visualmente precisa do padrão vascular de todo o pulmão, em especial
dos vasos periféricos.

06 Reprodução visualmente precisa de:


a) Traquéia e parte proximal dos brônquios;
b) Bordos cardíacos e aorta;
c) Diafragmas e ângulos costofrênicos laterais
07 Visualização da porção retrocardíaca dos pulmões e mediastiano.
08 Visualização da coluna através da sombra cardíaca.
Fonte: (adaptado: Diretrizes Europeias sobre Critérios de Qualidade para Imagens Diagnósticas Radiográficas, 1996)
Critérios quanto a qualidade
da imagem

Fonte: Arquivo pessoal


Anormalidades do parênquima
pulmonar

Segundo Algrant, E. 2005, anormalidades do parênquima incluem as


pequenas (de 1,5 a 10mm) e as grandes opacidades (acima de 10mm)

Radiografia simples de tórax Silicose crônica com grande opacidade


de indivíduo exposto à sílica, demonstrando na projeção do lobo superior direito (seta)
múltiplos nódulos menores
que 0,5 cm no campo pulmonar
superior direito
Exigências Legais para
funcionamento
a) Alvará da Vigilância Sanitária especifico para a Radiologia;

b) Relatório de Testes de Constância;

c) Medidas Radiométricas do Equipamento e da Sala de Exame;

d) Medidas de Radiações de Fuga;

e) Dosímetros Individuais;

f) Registro no Conselho Regional de Medicina especifico para Radiologia;

g) Registro no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES.


Condições ambientais

O serviço de radiologia deve possuir sala com, no mínimo, 25 m²,


com paredes baritadas ou com revestimento de chumbo, com portas
blindadas com chumbo, com avisos de funcionamento e luz vermelha
para aviso de disparo de Raios e demais condições previstas na
Norma Regulamentadora 32.

Fonte: (www.radioinmama.com.br, 2010)


Qualidade técnica

1. Boa.

2.Aceitável, sem nenhum defeito técnico que possa


comprometer a classificação da radiografia para
Pneumoconiose;

3.Aceitável, com alguns defeitos técnicos, mas ainda adequada


para fins de classificação;

4. Inaceitável para fins de classificação;

Se a qualidade técnica não for de nível 1, os defeitos técnicos


devem ser descritos em “Comentários” (Algranti E, 2011).
Folha de Leitura Classificação Internacional da
OIT de Radiografias de Pneumoconioses (2000)

Fonte: (adaptado: FUNDACENTRO, 2011).


Equipamentos Convencionais

a) Gerador monofásico de alta freqüência de preferência e/ou trifásico


de 6 a 12 pulsos, no mínimo de 500 mA;
Distância foco-filme
b) Tubo de Raios X - 30/50; 1,50m

c) Filtro de Alumínio de 3 a 5 mm;

d) Grade Fixa com distância focal

de 1,50 m;

e) Razão da grade 10:1 com mais de100 colunas;


Técnica padrão OIT no modo
analógico
a) Foco fino (0,6 a 1,2 mm) - 100 mA ou 200 mA (Tubo de alta
rotação);

b) Tempo 0,01 a 0,02 ou 0,03 segundos;

c) Constante- 40 ou 50 Kv.

Fonte: http://bodegadaserra.blogspot.com.br,2015
Equipamentos transportáveis padrão OIT
(Subitem acrescentado pela Portaria MTE Nº 1892 DE 09/12/2013)

a) Alvará específico para funcionamento da unidade


transportável de Raios X

b) ser realizado por profissional legalmente habilitado e sob a


supervisão de responsável técnico nos termos da Portaria
SVS/MS nº 453, de 1 de junho de 98.

c) Laudo Técnico emitido por profissional legalmente


habilitado, comprovando que os equipamentos utilizados
atendem às características mínimas para equipamentos
utilizados para realização das radiografias de tórax padrão
OIT
Identificação dos Filmes

Nos filmes deve constar no canto superior direito, a data da


realização do exame, número de ordem do serviço ou do
prontuário do paciente, nome completo do paciente ou as
iniciais do nome completo.

Fonte: (adaptado :http://telemedicinamorsch.com.br/blog, 2016)


Processamento dos Filmes

O processamento dos filmes deve ser realizado por


Processadora Automática com um sistema de
depuração de resíduos que atenda às exigências dos
órgãos ambientais responsáveis.

Fonte: (adaptado: Eastman Kodak Company, 2006)


Visualização no modo convencional

Os Negatoscópios devem ficar suficientemente próximos do leitor


para que ele possa observar as opacidades com 1 mm de diâmetro,
isto é, a uma distância aproximada de 250 mm.

É também essencial visualizar a radiografia inteira.

O leitor deve estar confortavelmente sentado.

São necessários, no mínimo, dois corpos de negatoscópio que


facilitem a comparação da radiografia do paciente com as
radiografias-padrão.

Recomenda-se, porém, que sejam utilizados três corpos, de tal forma


que a radiografia do indivíduo seja colocada entre as radiografias-
Negatoscópios

Os negatoscópios devem ser mantidos limpos e a intensidade


da iluminação deve ser uniforme sobre toda a superfície. A
iluminação geral da sala deve ser fraca, sem luz direta do sol. O
local deve ser tranquilo, confortável e livre de distrações.

Fonte: (adaptado: https://www.youtube.com/watch?v=mcsZFfTPyg4, 2008)


Equipamentos de radiologia digital

Conforme NR – 7 sistemas de radiologia digital do tipo CR ou DR


podem ser utilizados para a obtenção de imagens radiológicas do tórax
para fins de interpretação radiológica da OIT, desde que o controle de
qualidade das imagens seja assegurado.

Fonte: (adaptado: NDT - FUJI) Fonte: (adaptado:AXIOM Luminos dRF)


Radiografias-padrão OIT

“OIT 2000” ou “Radiografias-Padrão OIT” referem-se


aos jogos distribuídos pela OIT a partir de 2000; “OIT
2011-D” ou “Imagens-padrão OIT digitais” referem-se
a imagens das radiografias-padrão OIT 2000
digitalizadas e distribuídas pela OIT em formato
eletrônico a partir de 2011.
Leitura Radiológica

O diagnóstico de pneumoconiose envolve a integração do histórico


clínico/ocupacional associado à radiografia do tórax. (Inserido pela Portaria
SIT n.º 236, de 10 de junho de 2011)

O laudo do exame deve ser assinado por um (ou mais de um, em caso de
múltiplas leituras) dos seguintes profissionais:

a) Médico Radiologista com Título de Especialista e com capacitação e/ou


certificação na Classificação Radiológica da OIT;

b) Médicos de outras especialidades, que possuam título de especialidade


em Pneumologia, Medicina do Trabalho ou Clinica Medica (ou uma das
suas subespecialidades) e que possuam capacitação e/ou certificação na
Classificação Radiológica da OIT.
Visualização no sistema digital

Cópias impressas de imagens digitais não devem ser reduzidas abaixo


de ⅔ do seu tamanho original (35 cm x 43 cm);
Imagens digitais impressas em filmes radiológicos devem ser
interpretadas com as radiografias padrão em formato impresso, em
negatoscópios;
Quando se visualiza e interpreta uma imagem digital no monitor, as
imagens-padrão OIT digitais (OIT 2011-D) devem ser utilizadas;
Os monitores utilizados para exibição da radiografia possuir resolução
mínima de 3 megapixels e 21polegadas (54 cm) de exibição diagonal
por imagem.
Exemplos de práticas não recomendadas:

Exibição das imagens em telas de computadores pessoais no lugar de


monitores de qualidade diagnóstica;

Comparações de imagens digitais no monitor com as radiografias-padrão


OIT (2000) em negatoscópio;

Exibição das imagens digitais do paciente e das imagens-padrão OIT (OIT


2000-D) em formatos menores de ⅔ do tamanho original;

Utilizar imagens digitais impressas em papel para fins de classificação;

Assim como outros procedimentos de interpretação radiológica, a


interpretação de imagens deve ser realizada em ambiente adequado, com
uma diminuição apropriada de fontes de luz e restrição de fatores de
distorção (FUNDACENTRO, 2011).
Exibição das imagens

A boa qualidade das imagens é fundamental para classificação de


radiografias digitais do tórax.

A técnica radiográfica ótima para avaliação de pneumoconiose deve


revelar detalhadamente o parênquima pulmonar

Uma decisão quanto à qualidade técnica, se boa ou pelo menos aceitável,


deve-se basear, em última instância, no médico que classifica a radiografia

Fonte: (adaptado: http://www.imedicalma.com.br,2015)


Aquisição, exibição e arquivamento
imagens digitais

Conforme NR-7, os equipamentos radiológicos para aquisição,


exibição e arquivamento de imagens do tórax para fins de classificação
das pneumoconioses devem seguir as versões mais atualizadas do
padrão Digital Imaging and Communications in Medicine – DICOM,
ou outros padrões comparáveis (por exemplo, Medicom)

Fonte: (adaptado: http://www.img.lx.it.pt/~fp/cav/ano2007_2008/MEEC/Trabalho)


Parâmetros físicos para obtenção
de qualidade técnica adequada

Comparando a versão das Normas e Diretrizes entre


2000 e 2011, alterada pela Portaria Secretaria de
Inspeção do Trabalho – SIT , n° 223 de 06 de maio de
2011, utilizando-se equipamentos de radiologia digital,
os parâmetros físicos para obtenção de radiografias de
tórax de qualidade técnica adequada, devem ser
similares aos da radiologia convencional.
Materiais e Métodos

Revisão bibliográfica da Norma Regulamentadora 7, NR - 7


do Ministério do Trabalho e Secretaria de Inspeção do
Trabalho

Diretrizes para Uso da Classificação Internacional de


Radiografias de Pneumoconioses da OIT

FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de


Segurança e Medicina do Trabalho que traduziu as Diretrizes
para o português.
Resultados
Através deste estudo pode-se notar que:

Com a migração do sistema analógico de radiografias de tórax Padrão


OIT para o sistema digital, a Norma Regulamentadora 7 NR-7, teve
alteracões no Quadro II e no Anexo do Quadro II, através da portaria 223
de 06 de maio de 2011 ;

Comparando as Diretrizes para Utilização da Classificação Internacional


da OIT de Radiografias de Pneumoconioses, entre 2000 e 2011 ;

Observa-se que:

A distância foco-filme é de 1,50m;

Os parâmetros técnicos devem ser similares ao modo convencional, ou


seja, devemos manter os mesmos parâmetros para que não haja um
aumento de dose para o paciente e indivíduos ocupacionalmente expostos.
Conclusão

Diante da pesquisa realizada observa-se que devemos manter os


parâmetros técnicos radiográficos similares ao do sistema analógico e a
distância foco-filme é de 1,50m, conforme Legislação do Ministério do
Trabalho da Norma Regulamentadora 7 – NR-7. Deve-se então fazer o
uso de técnicas manuais nos equipamentos digitais para alcançar
valores similares aos dos equipamentos convencionais , onde é possível
diminuir o tempo de exposição e reduzir o mAs, para obtenção de
radiografias com alto padrão de qualidade e reduzir assim a dose de
radiação no paciente e nos indivíduos ocupacionalmente expostos.
Referências Bibliográficas

Algranti E, De Capitani EM, Carneiro APS, Mendonça, EMC, Saldiva PHN. Patologia respiratória relacionada com o trabalho. In Mendes R,
Patologia do Trabalho, 2a ed. São Paulo, Atheneu, 2013. p 1229-1290

International Labour Office. Guidelines for the use of the ILO International Classification of Radiographs of pneumoconiosis. Revised edition 2011.
Geneva, International Labour Office, 2011

NR 7, Norma Regulamentadora-7 (1994) revisada em 2000 e 2011. Programa de contole médico de saúde ocupacional. Portaria 24, Diário Oficial da
União de 30/12/94, Wagner GR, Attfield MD, Kennedy RD, Parker JE. The NIOSH B Reader certification program. JOM 1992;34:879-884

FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho

American College of Radiology. ACR Standard for the Performanceof Pediatricand Adult Chest Radiograph, Reston, Va., American College of
Radiology, 1997.

Commission of the European Community. European Guidelines on Quality Criteria for Diagnostic Radiographic Images, editado por J.H. E.
Carmichael et al. Report OPEUR 16260, Luxembourg, 1996.

Guibelalde, E., et al. “Image quality and patient dose for diferente Screenfilm combinations”, in British Journal of Radiology, Vol 67, No.794, Feb.
1994, pp,166-173.

Holm, T.; Palmer, P.E.S.; Lehtinen, E. Manual of radiographic technique: WHO Basic Radiological System, Genebra. World Health Organization,
1986.

International Labour Office, “Appendix A. Equipment and technology: Guidance notes,” preparado por H. Bohlig et al., in Guidelines for the Use of
ILO International Classification of Radiographs of Pneumoconioses.
Obrigado !

“Deus não escolhe os capacitados, capacita


os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só
depende de nossa vontade e perseverança.”

ALBERT EINSTEIN

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