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José Pereira: Escravo

no século XX
Entendendo o Caso
• Nascido José Pereira Ferreira, goiano de São Miguel do
Araguaia;
• Acompanha o pai aos 8 anos para o Pará, trabalhador rural;
• Trabalhava escravizado na fazenda Espírito Santo, cidade de
Sapucaia, no Pará;
• Aos 17 anos, em 1989, fugiu da fazenda que o mantinham;
• Foi encontrado por capangas do dono da fazenda e agredido e
sobreviveu à uma tentativa de execução, perdendo a função
do um dos olhos.
• Procura o governo brasileiro mas é ignorado por anos;
• Consegue auxílio para levar seu caso à OEA, em 1994;
• 14 anos depois de sua fuga, consegue indenização do Brasil.
Brasil é condenado

• Relatório 95/03: Caso na Comissão Interamericana de Direitos


Humanos (2003) – José Pereira x Brasil
• Violação dos artigos I (direito à vida, à liberdade, à segurança e
integridade pessoal) , XIV (direito ao trabalho e a uma justa
remuneração) e XXV (direito à proteção contra a detenção
arbitrária) da Declaração e
• Artigos 6 (proibição de escravidão e servidão); 8 (garantias
judiciais) e 25 (proteção Judicial), em conjunção com o artigo
1(1), da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
• Reconhecimento da responsabilidade por omissão dos agentes
públicos e indenização de R$ 52 mil reais (primeira indenização
monetária da história do Brasil por trabalho escravo).
Sapucaia - Pará
Pará em números de Escravidão

• Em 2012, Comissão Pastoral da Terra (CPT) detecta 3.593


trabalhadores em situação análoga à escravidão, sendo 1.244
no Pará.
• Entre 1995 e 2002, Pará concentrava 70% dos casos
detectados de trabalho análogo ao Escravo de acordo com a
CPT.
• Lista Suja do Trabalho Escravo: lista onde consta os nomes de
fazendeiros e empresas que utilizam trabalho escravo. Pará
possui 27% do total no Brasil.
• GEFM registrou entre 2008 e 2014 2.761 trabalhadores.
Barracões
Barracões
Barracões
Barracões
Barracões
Carvoaria no Pará
Convenções Internacionais
• CONVENÇÃO SOBRE A ESCRAVATURA (Genebra 1926) –
versa sobre tráfico e abolição, instituições análogas à
escravidão.
• ONU: Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
“Artigo 4º Ninguém será mantido em escravatura ou em
servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas
as formas, são proibidos.”
• Carta da OEA: “artigo 6º Ninguém pode ser submetido a
escravidão ou a servidão, e tanto estas como o tráfico de
escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas
as suas formas.”
Convenções Internacionais
• Organização Internacional do Trabalho:
• CONVENÇÃO 29 (1930) - SOBRE O TRABALHO FORÇADO OU
OBRIGATÓRIO – exclui serviço militar, obrigações cívicas,
condenados, trabalho emergencial, pequenos serviços
comunitários.
• CONVENÇÃO 105 (1957) - CONVENÇÃO RELATIVA A ABOLIÇÃO DO
TRABALHO FORÇADO: coerção e educação política, mobilização
econômica, disciplinar de mão de obra, punição a grevistas,
discriminação racial, social, nacional e religiosa.
• CONVENÇÃO SOBRE PROIBIÇÃO DAS PIORES FORMAS DE
TRABALHO INFANTIL E AÇÃO IMEDIATA PARA SUA ELIMINAÇÃO
(1999).
Brasil pré Plano Nacional
• Instrução Normativa (1993): normas de fiscalização do
trabalho escravo;
• Primeira Declaração Pública do Governo sobre existência
de Trabalho Escravo;
• Criação do Grupo Interministerial para Erradicação do
Trabalho Escravo (1994);
• Criação do Grupo Especial de Móvel de Fiscalização -
GEMF (1995);
• Criação do seguro desemprego especial para resgatados
e libertos (2002);
Característica anos 1990
• Concentração das denuncias: Piauí, Maranhão, Pará,
Amazonas e Mato Grosso (casos em todos os Estados).
• Maior número de libertações, menor número de
condenações.
• Criação de comissões e grupos de trabalho para avaliar a
questão (Governo Itamar e Fernando Henrique).
• Denúncias internacionais (ONU, OIT) de trabalhadores
escravizados. Aperfeiçoamento da resposta.
GEFM
• Primeira operação 15 de maio de 1995 (20 anos);
• Calcula um resgate total de mais de 49 mil trabalhadores em
1.785 operações;
• Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE). Ele é formado por auditores fiscais
do trabalho – que coordenam as operações de campo –,
policiais federais e procuradores do Ministério Público do
Trabalho (MPT).
• 3 mil auditores para fiscalizar as relações de trabalho, no
campo e na cidade, em todo o Brasil. Desse total, apenas 25
pessoas estão diretamente envolvidas com a ação das cinco
equipes móveis que compõem o GEFM.
Plano Nacional (2003)
• Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo;
• Alteração do artigo 149 do código penal;
• Cadastro de infratores;
• ONG Repórter Brasil (2004); ator invisível, importante para
realizar denúncias;
• Pacto Público/Privado: Pacto Nacional;
• Segundo plano nacional (2008);
• Pesquisa do perfil dos trabalhadores escravos (2011).
• Concentração das denúncias: Pará, Minas Gerais, Pernambuco,
Alagoas e São Paulo – ligados à construção civil e grandes
indústrias têxtis (bolivianos).
Mapa da Escravidão 1995-2005(6)
Brasil e legislação específica
• Decreto-lei nº 2848 1940: primeiro dispositivo a tipificar
penalmente submissão de trabalho escravo e análogo.
• Ratificação da convenção da OIT 1957.
• Instrução normativa (1993)
• Plano Nacional Para Erradicação do Trabalho Escravo
(2003)
• Alteração do artigo 149 do código penal.
• PEC do trabalho escravo (1999 até hoje): altera o artigo 243 da CF
• Propriedades rurais e urbanas cujo dono sofreu condenação de trabalho
escravo serão revertidas à reforma agrária.
• Parecer nº 180 2014: dá redação e inclui cultura ilegal de psicotrópicas.
Modelo de John Kingdon
Múltiplos Fluxos
Modelo de John Kingdon
Baumgartner e Jones
Modelo de Equilíbrio de Pontuações
Adaptação do modelo de Múltiplos fluxos
(SESAB)
Walk Free Global Slavery Index (2013)
Políticas Públicas (Bucci)
• Coordenação dos meios à disposição do Estado,
harmonizando às atividades estatais e privadas, para a
realização de objetivos socialmente relevantes e politicamente
determinados (1997).
Paulo Roberto Luan Goulart Catharine Augusto

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