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1500.........................................................................1601
A CARTA PROSOPOPÉIA
Pero Vaz de Caminha Bento Teixeira
CONTEXTO HISTÓRICO-LITERÁRIO
• Renascimento; Mercantilismo.
• Conquista e Colonização da América.
• Reforma Protestante.
• Companhia de Jesus e Contra- Reforma.
• Período Manuelino (o ponto alto das Grandes
Navegações).
• Descobrimento do Brasil.
• Uma nova mentalidade humana e científica.
CARACTERÍSTICAS
Cartas, relatórios,
Literatura informativa sobre o Brasil para documentos,
os europeus mapas, etc.
(predominante)
A carta de Pero Vaz / Tratado da terra do
Brasil: Nativismo, estimulando a imigração
Informativa em geral
Literatura jesuítica
Anchieta: poesia e teatro
• A Contra-Reforma;
• União Ibérica;
• Ciclo da cana-de-açúcar;
• A Bahia como centro econômico e
político do Brasil;
• Desenvolvimento da poesia e da prosa
em nossas letras.
CARACTERÍSTICAS
1. QUANTO AO CONTEÚDO:
Vocabulário culto
Gosto pelas inversões sintáticas e por construções complexas e raras
Gosto pelo soneto e verso decassílabo
Estilos:
(Gregório de Matos)
Os desenganos da vida
-Obras:
*Cartas
*Profecias (sebastianista)
*Sermões (cerca de 200)
- Estilo Conceptista
- Sonho com o “Grande
Império”
- Envolveu-se com questões
políticas, sociais e religiosas de
sua época.
PRINCIPAIS SERMÕES:
SERMÃO DA SEXAGÉSIMA
Metalingüístico; ensina a arte de pregar a palavra.
• Iluminismo;
• Inconfidência Mineira;
• Ciclo da Mineração;
• A região das Gerais como centro
econômico e político do Brasil;
• Formação da Arcádia Ultramarina.
CARACTERÍSTICAS
1. QUANTO AO CONTEÚDO:
“A ARTE ILUMINISTA”
• Retomada do Classicismo
Racionalismo
Cultura greco-romana
• Ressurgimento de academias
2. QUANTO À FORMA:
• Linguagem simples e nobre
Menos figuras de linguagem
Preferência pela ordem direta
Vocabulário simples
RÚSTICO X CIVILIZADO
1ª parte:
• confidências amorosas;
• descrições da amada (convencionalismo
poético);
• planos e sonhos de felicidade e tranqüilidade;
• o poeta mostra-se epicurista, narcisista e
burguês.
• pastoralismo, bucolismo e locus amoenus;
• o máximo do carpe diem.
LIRA I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, d’ expressões grosseiro,
dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite
e mais as finas lãs, de que me visto.
“A ARTE BURGUESA”
CONTEXTO HISTÓRICO-LITERÁRIO
• Revolução Francesa;
• Chegada da família real ao Brasil;
• Independência política;
• O Rio de Janeiro como centro
econômico e político do Brasil;
• Formação da literatura do Brasil
(indianismo, nacionalismo...).
CARACTERÍSTICAS
• Rejeição aos modelos clássicos
• Individualismo e subjetivismo
• Linguagem simples e popular (metafórica)
• Sentimentalismo (paixão, tristeza, angústia, ...)
• Idealização da mulher e dos sentimentos
• Culto à natureza
• Religiosidade cristã
• Valorização do passado
- histórico: medievalismo
• Natureza confidencial - individual: infância
•Liberdade artística
- Mistura de gêneros
- Predomínio da metáfora
- Afirmação do romance
POESIA ROMÂNTICA
• Consolidador do Romantismo
• Idealização da mulher e do amor
• Nacionalismo
Gonçalves Dias Idealização do índio aos moldes medievais
Exaltação da Natureza
• Saudade da Pátria
• Religiosidade
I – JUCA PIRAMA
Meu pai a meu lado
I Já cego e quebrado,
De penas ralado,
Meu canto de morte, Firmava-se em mi:
Guerreiros, ouvi: Nós ambos, mesquinhos,
Sou filho das selvas, Por ínvios caminhos,
Nas selvas cresci; Cobertos d’espinhos
Guerreiros, descendo Chegamos aqui!
Da tribo tupi.
Ao velho coitado
De penas ralado,
Da tribo pujante, Já cego e quebrado,
Que agora anda errante Que resta? — Morrer.
Por fado inconstante, Enquanto descreve
Guerreiros, nasci; O giro tão breve
Sou bravo, sou forte, Da vida que teve,
Sou filho do Norte; Deixai-me viver!
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
[...]
Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
"Possas tu, isolado na terra,
Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado;
Não encontres amor nas mulheres,
Teus amigos, se amigos tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!
[...}
--- Basta! Clama o chefe dos Timbiras,
— Basta, guerreiro ilustre! Assaz lutaste,
E para o sacrifício é mister forças. —
[...]
O guerreiro parou, caiu nos braços
Do velho pai, que o cinge contra o peito,
Com lágrimas de júbilo bradando:
"Este, sim, que é meu filho muito amado!
Um Índio
Composição: Caetano Veloso
Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto. (...) Onde tudo é belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)
Também Murilo Mendes mostra-se irreverente com o
célebre poema romântico:
• Pessimismo
• Inadaptação à realidade / angústia de viver
• Escapismo
Álvares de Azevedo Valorização da noite, da boêmia, do sonho
Casimiro de Abreu A morte
Fagundes Varela
• Aspecto macabro
•O medo de amar
ÁLVARES DE AZEVEDO
OBRA PÓSTUMA:
Teatro:
. Macário (1855)
Contos:
. Noite na Taverna (1855)
Poesia:
. Pedro Ivo (1855)
. Poemas do Frade (1862)
. Lira dos Vinte Anos (1886)
. Conde Lopo (1886)
POESIA LÍRICA AMOROSA
(PRIMEIRA PARTE)
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
POESIA AMOROSA
Visão mais concreta da mulher (plano físico)
O amor sentimental e o erótico
Realização amorosa
NAVIO NEGREIRO – Castro Alves
IV
ROMANCE URBANO:
Descrição dos costumes burgueses
Forte caráter sentimental.
ROMANCE INDIANISTA:
O índio como símbolo de nacionalidade
O bom selvagem
Miscigenação com o branco
Valorização dos mitos, tradições e lendas
Retorno ao passado histórico
ROMANCE HISTÓRICO:
Temática de fato histórico paralela à trama.
ROMANCE REGIONALISTA:
Abordagem do sertanejo e seus costumes
Descrições das paisagens interioranas.
JOSÉ DE ALENCAR
DESTRUIÇÃO DO
ROMANTISMO Ironia direta aos cacoetes românticos
• Crise da idealização: os personagens são
quase marginais.
• Crítica social
PREDOMÍNIO DO
HUMOR • Personagens caricaturizados
SOBRE O • Acontecimentos que desmentem
DRAMÁTICO • As aparências das pessoas
(ROMANCE • Situações cômicas
PICARESCO)
O ROMANCE REGIONALISTA
BERNARDO GUIMARÃES
PRINCIPAIS OBRAS:
• O Seminarista
• O Garimpeiro
• A Escrava Isaura
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
É autor do primeiro romance regionalista (O Ermitão de Muquém)
• Estrutura de folhetim
• Valorização do pitoresco
• Utilização de uma linguagem oral / Técnica do “contador de causos”
• Tentativa abolicionista (A Escrava Isaura)
VISCONDE DE TAUNAY
PRINCIPAL OBRA:
Inocência
CARACTERÍSTICAS DA OBRA:
• Precisão de detalhes e da paisagem
• Estrutura romântica e final trágico
• Enfoque à mentalidade conservadora do sertanejo
• Triângulo amoroso : Inocência – Manecão – Cirino
• Presença do cientificismo ( alemão Mayer)
Simulado ENEM
Romances naturalistas
Enfoque às camadas populares
(coletividade)
Análise objetiva da realidade
Influencias científicas:
• Determinismo
• Evolucionismo
• Positivismo
• ROMANCE DE ESPAÇO;
• DENÚNCIA SOCIAL:
• Temáticas:
►Crítica à monarquia;
►Crítica ao sistema educacional;
► Solidão;
► Homossexualismo.
CARACTERÍSICAS ESPECÍFICAS
REALISMO NATURALISMO
Romance documental Romance de tese / experimental
( DETERMINISMO)
Objetividade:
contenção emocional
•Perfeccionismo formal:
métrica rígida
apuro nas rimas
•Linguagem rebuscada:
vocabulário culto
inversões sintáticas
• O Eu profundo
• Pessimismo, dor de existir
• Linguagem vaga, sugestiva:
Símbolos e metáforas originais
Musicalidade
• Mistério, espiritualismo e misticismo
• Antimaterialismo, anti-racionalismo
• Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte (sublimação)
E no desvario seu ,
Na torre pôs-se a cantar ...
Estava perto do céu ,
Estava longe do mar ...
QUESTÃO SIMULADO ENEM
Cárcere das almas
(CRUZ E SOUSA,)
Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto
cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das
almas, de Cruz e Sousa, são:
► A República Velha
► A Revolta de Canudos
► O fenômeno do cangaço
► O fanatismo religioso
► A Revolta da Armada
► Greves operárias
► Ecletismo literário
Notícias Do Brasil (Os Pássaros Trazem)
Composição: Milton Nascimento/Fernando Brant
● Transição cultural.
● Não é Escola Literária.
● Resíduos culturais do séc. XIX:
Parnasianismo, Simbolistmo, Realismo - Naturalismo.
No
âmago
da pirâmide
a vertigem do fim
frio claustro de trevas
a lâmina do nada cravada em mim
Violino e Uvas, de Pablo Picasso.
DADAÍSMO: A ANTIARTE
Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e
meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscientemente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parece com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa,
ainda que incompreendido do público.
(Tristan Tazra)
EXPRESSIONISMO
ARTE QUE MATERIALIZA AS MANIFESTAÇÕES DO MUNDO
INTERIOR;
“ARTE DO GROTESCO” / SOFRIMENTO / DOR / ANGÚSTIA.
POTENCIALIZA A CARGA DRAMÁTICA COM CORES FORTES.
INTERTEXTUALIDADE
O BICHO
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava
Engolia com voracidade.
O Bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um
homem.
(Manuel Bandeira)
SURREALISMO: O COMBATE A RAZÃO
CARACTERÍSTICAS
▪ Ruptura com o tradicionalismo cultural;
▪ Linguagem coloquial;
▪ Versos brancos e livres;
▪ Caráter polêmico e destruidor;
▪ Influência das Vanguardas Européias;
▪ Teor crítico quanto à nossa realidade e ao
passado colonial;
▪ O cotidiano, o poema-piada;
▪ O desenvolvimento de tendências
Movimentos
(Pau-Brasil, Verde-Amarelo, Antropofagia, Anta);
Revistas
(Terra Roxa, Klaxon, Antropofágica, ...)
ANTECEDENTES DA SEMANA DE ARTE MODERNA
OBJETIVOS DA SEMANA:
- Apresentar à sociedade a nova
concepção de arte e divulgar
novas formas de criação.
- Romper definitivamente com os
padrões tradicionais da arte.
- Promover a troca de idéias e técnicas entre
artistas de diferentes áreas.
PONTO ALTO :
Os sapos
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra. O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Em ronco que aterra, Diz: — "Meu cancioneiro
Berra o sapo-boi: É bem martelado.
— "Meu pai foi à
guerra!" Vede como primo
— "Não foi!" — "Foi!" Em comer os hiatos!
— "Não foi!". Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos!
O meu verso é bom Urra o sapo-boi:
Frumento sem joio — "Meu pai foi rei“
Faço rimas com — "Foi!"
Consoantes de apoio. — "Não foi!“
— "Foi!“
Vai por cinqüenta — "Não foi!“
anos
Brada em um assomo
Que lhes dei a norma: O sapo-tanoeiro:
Reduzi sem danos — "A grande arte é
A formas a forma. como Lavor de joalheiro.
Clame a saparia Ou bem de estatuário.
Em críticas céticas: Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Não há mais poesia,
Canta no martelo."
Mas há artes poéticas
. . ."
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe), Lá, fugindo ao mundo,
Falam pelas tripas: Sem glória, sem fé,
— "Sei!" — "Não No perau profundo
sabe!" — "Sabe!". E solitário, é
CARACTERÍSTICAS:
• Pesquisa estética
• Adaptação aos valores das vanguardas européias ao
contexto brasileiro
• Destruição da linguagem tradicional
• Uso da paródia, poema piada, poema-pílula
• Caráter polêmico
• Revisão crítica do passado histórico
• Nacionalismo (primitivismo)
• Desenvolvimento de Vanguardas
Pau-Brasil X Verde-Amarelo
Antropofagia X Anta
VANGUARDAS ARTÍSTICAS BRASILEIRAS
ANTA (1929)
•desdobramento radical da Poesia Verde -
Amarelo
erro de português brasil
as meninas da gare
•Tom confessional
• Valorização do cotidiano
• Enfoque à doença (tuberculose) e à morte
• Valorização das coisas mais simples da vida
• A temática do desejo insatisfeito
• A simplicidade expressiva
• Recordações de Recife, da família, da infância
• Poesia social
VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana, a louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem ser a contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
INSPIRAÇÃO
• Rapsódia
• Síntese da cultura e da mentalidade
brasileira
• Renovação da linguagem literária
• Nacionalismo crítico
• Alegoria dos destinos do país, que
escolheu caminhos europeus em lugar de
explorar s possibilidades de construir uma
grande civilização tropical.
MACUNAÍMA (fragmento)
CONTEXTO HISTÓRICO:
–Tendência universalizante
–Estabilização das conquistas de 22
–Equilíbrio estético
–Temática do cotidiano
–Grupos temáticos:
- Poesia de tensão ideológica
(Carlos Drummond, Vinícius de Moraes)
CARACTERÍSTICAS:
•Preocupação religiosa, sob a forma de intensa
angústia
•Consciência torturada pela precariedade da
existência
•Inspiração na tradição bíblica.
•Crise existencial: concepção de vida com pecado.
SEGUNDA FASE (1943 -1980)
CARACTERÍSTICAS:
•Linguagem coloquial
verso curto e incisivo
presença do humor e da ironia.
•Retomada do soneto
•Temática amorosa (erotismo)
•Poesia de tensão social
Soneto de Fidelidade
TEMAS E CARACTERÍSTICAS
•a vida nordestina
•a cultura negra
•a religiosidade
•poesia social
OBRAS PRINCIPAIS:
•Invenção de Orfeu
•O Tempo e a Eternidade
(com Murilo Mendes)
Essa Negra Fulô
Ora, se deu que chegou Ó Fulô! Ó Fulô!
(isso já faz muito tempo) (Era a fala da Sinhá)
no bangüê dum meu avô vem me ajudar, ó Fulô,
uma negra bonitinha vem abanar o meu corpo
chamada negra Fulô. que eu estou suada, Fulô!
Essa negra Fulô! vem coçar minha coceira,
Essa negra Fulô! vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
Ó Fulô! Ó Fulô! vem me contar uma história,
(Era a fala da Sinhá) que eu estou com sono, Fulô!
- Vai forrar a minha cama,
pentear os meus cabelos, Essa negra Fulô!
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô! “Era um dia uma princesa
que vivia num castelo
Essa negra Fulô! que possuía um vestido
com os peixinhos do mar.
Essa negrinha Fulô Entrou na perna dum pato
ficou logo pra mucama, saiu na perna dum pinto
para vigiar a Sinhá o Rei-Sinhô me mandou
pra engomar pro Sinhô! que vos contasse mais cinco."
Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô? Ó Fulô? Essa negra Fulô!
Vai botar para dormir Essa negra Fulô!
esses meninos, Fulô! Ó Fulô? Ó Fulô?
"Minha mãe me penteou Cadê meu lenço de rendas
minha madrasta me enterrou cadê meu cinto, meu broche,
pelos figos da figueira cadê meu terço de ouro
que o Sabiá beliscou." que teu Sinhô me mandou?
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô! Ah! foi você que roubou.
Ah! foi você que roubou.
Fulô? Ó Fulô?
(Era a fala da Sinhá Essa negra Fulô!
chamando a Negra Fulô.) Essa negra Fulô!
Cadê meu frasco de cheiro
que teu Sinhô me mandou? O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
-Ah! foi você que roubou! A negra tirou a saia
-Ah! foi você que roubou! e tirou o cabeção,
de dentro dele pulou
O Sinhô foi ver a negra nuinha a negra Fulô.
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa. Essa negra Fulô!
O Sinhô disse: Fulô! Essa negra Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô.)
Ó Fulô? Ó Fulô?
Cadê, cadê teu Sinhô
que nosso Senhor me mandou?
ah! foi você que roubou,
foi você, negra Fulô?
Essa negra Fulô!
CECÍLIA MEIRELES
“Liberdade,essa palavra que o sonho humano
alimenta, que não há ninguém que explique e
ninguém que não entenda”...
TEMAS E CARACTERÍSTICAS:
• a solidão e a perda
• a passagem do tempo; efemeridade da vida
• herança neo-simbolista: uso contínuo de imagens /símbolos
• poesia intimista, subjetiva e musical
• poesia universal
OBRAS PRINCIPAIS:
•Viagem
•Vaga música
•Mar absoluto
•Retrato natural
•O Romanceiro da Inconfidência
RETRATO
A BAGACEIRA (1928)
José Américo de Almeida
GRACILIANO RAMOS
• ROMANCE CÍCLICO
Enfoque à marginalização do sertanejo
VIDAS SECAS (fragmento)
"Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele
estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim
do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta.
Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura,
pareciam ratos - e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera.
Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta,
esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o,
fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar
regalado.
- Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam
admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era um
homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros.
Vermelho, queimado, tinha olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos;
mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-
se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse
percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
- Você é um bicho, Fabiano.
Isso para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de
vencer dificuldades.
JORGE AMADO
1945.............................................................1978
CONTEXTO HISTÓRICO-LITERÁRIO
• Perto do coração
selvagem;
• Laços de família;
• O lustre;
• Felicidade clandestina;
• A paixão segundo G.H.
• A hora da estrela.
A HORA DA ESTRELA (fragmento)
Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou,
perguntou-lhe:
- E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
- Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de
idéia.
- E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
- Macabéa.
- Maca – o quê?
- Bea, foi ela obrigada a completar.
- Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.
- Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a
Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não
era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser
chamada em vez de ter um nome que ninguém tem mas parece que deu
certo - parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou
desanimada e com pudor - pois como o senhor vê eu vinguei… pois é…
- Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande dívida de
honra.
JOÃO GUIMARÃES ROSA
A FICÇÃO DE GUIMARÃES ROSA
• REGIONALISMO UNIVERSAL, MÍTICO, MÍSTICO, CÓSMICO;
• LINGUAGEM: ORALIDADE / REGIONAL / POÉTICA / SONORIDADE/
ARCAÍSMO / NEOLOGISMO;
• REALISMO FANTÁSTICO;
• CONVÍVIO ENTRE O SAGRADO E O DEMONÍACO;
• “O SERTÃO É O MUNDO”.
CONTO: . SAGARANA (estréia-1946)
. PRIMEIRAS ESTÓRIAS (1962)
. TUTAMÉIA (TERCEIRA ESTÓRIAS)
. ESTAS ESTÓRIAS (póstuma - 1969)
NOVELA:
. CORPO DE BAILE: MANUELZÃO E MIGUILIM / NO URUBUQUAQUÁ, NO
PINHÉM / NOITES DO SERTÃO
ROMANCE:
. GRANDE SERTÃO: VEREDAS (1956)
DIVERSOS: AVE, PALAVRA (póstuma - 1970)
Grande Sertão: Veredas (fragmento)
Explico ao senhor, o diabo vive dentro do homem, os crespos do
homem- ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto,
por si , cidadão, é que não tem diabo nenhum .Nenhum! é o que digo
O senhor aprova? Me declare tudo, franco - é alta mercê que me faz; e
pedir posso, encarecido. Este caso- por estúrdio que me vejam - é de
minha certa importância. Tomara não fosse...
Mas, não diga que o senhor, instruído, que acredita na pessoa dele?
Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já o
campo! Ah, a gente , na velhice, carece de Ter sua aragem de
descanso. Lhe agradeço. Tem diabo nenhum. Nem espírito, Nunca vi.
Alguém devia de ver, então era eu mesmo, este vosso servidor. Fosse
lhe contar... Bem , o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas
mulheres, nos homens. Até : nas crianças- eu digo. Pois não é ditado:'
menino- trem do diabo'? E nos usos , nas plantas , nas águas, na
terra, no vento... Estrumes....O diabo na rua , no meio do redemoinho
JOÃO CABRAL DE MELO NETO
• “O ENGENHEIRO DA PALAVRA”
•CONCISÃO NA LINGUAGEM.
• RIGOR FORMAL E SEMÂNTICO.
•NOVA DIMENSÃO DO DISCURSO LÍRICO.
• LINGUAGEM AUTOCONCENTRADA (METALINGUAGEM)
•VERSO SUBSTANTIVO E DESPOJADO.
• POETA DAS POUCAS E EXATAS PALAVRAS.
• DESPREZO PELA CONFISSÃO SENTIMENTAL.
OBRAS
• A pedra do sono;
• O engenheiro;
• O cão sem plumas;
• Educação pela pedra;
• Auto do frade;
• Morte e Vida Severina
(Auto de Natal
Pernambucano)
MORTE E VIDA SEVERINA (fragmento)
E se somos Severinos Mas, para que me
iguais em tudo na vida, conheçam
morremos de morte igual, melhor Vossas
mesma morte severina: Senhorias
que é a morte de que se e melhor possam seguir
morre a história de minha vida
de velhice antes dos passo a ser o Severino
trinta, que em vossa presença
de emboscada antes emigra.
dos vinte de fome um
pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
OS CONCRETISTAS
Haroldo de Campos
Augusto de Campos
Décio Pignatari
Ferreira Gullar
CARACTERÍSTICAS:
n e g ó c i o
e g o
ó c i o
c i o
O
I N F I N I T O
N F I N I TO
F I N I T O
I N I T O
N I T O
I T O
T O
O
O T
O T I
O T I N
O T I N I
O T I N I F
O T I N I F N
O T I N I F N I Pedro Xisto
Augusto de Campos
1ª Concretismo
● Guerra fria
Fases: 2ª Social Temas : ● Corrida atômica
● Neo capitalismo
obra: Poema Sujo ● Lutas raciais
• Agosto 1964 Ao peso dos impostos, o verso
sufoca,a poesia agora responde
Entre lojas de flores e de
a inquérito policial-militar.
sapatos,bares, mercados,
Digo adeus à ilusão mas não ao
butiques,
mundo. Mas não à vida,
viajo
meu reduto e meu reino.
num ônibus Estrada de Ferro
Do salário injusto,
Leblon. da punição injusta,
Volto do trabalho, a noite em da humilhação, da
meio, fatigado de mentiras. tortura,
O ônibus sacoleja. Adeus, do horror,
Rimbaud, relógio de lilases, retiramos algo e com ele
concretismo, neoconcretismo, construímos um artefato
ficções da juventude, adeus, um poema
uma bandeira
que a vida eu compro à vista
aos donos do mundo.
Ferreira Gullar
Mensagem
"Bom mesmo é ir a luta com
determinação, abraçar a vida com
paixão, perder com classe e vencer
com ousadia, pois, o triunfo pertence a
quem se atreve...
A vida é muita para ser insignificante.“
Fernando Pessoa.
Um forte abraço e bons estudos!!!