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A Metafísica da Modernidade I

1. Metafísica enquanto Teoria do


Conhecimento
O que é Teoria do conhecimento?

A Teoria do Conhecimento,
também conhecida pelos
nomes de Epistemologia ou
Gnosiologia, é uma das
áreas centrais da Filosofia,
tornando-se disciplina
específica somente a partir
dos filósofos modernos.
O que é Teoria do conhecimento?

Segundo Urbano Zilles, Teoria do


Conhecimento é a “disciplina
filosófica que indaga pela
possibilidade, origem, essência,
limites, pelos elementos e pelas
condições do conhecimento”.

(ZILLES, Urbano. Teoria do Conhecimento e Teoria da


Ciência. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006, p. 11).
O que é Teoria do conhecimento?
Ou seja, a Teoria do Conhecimento questiona:

1. Quais são as possibilidades do conhecimento?


Respostas: dogmatismo, ceticismo, relativismo,
subjetivismo, pragmatismo e criticismo.
2. Qual é a origem do conhecimento? Respostas:
racionalismo, empirismo, intelectualismo e apriorismo.
3. Qual é a essência do conhecimento? Respostas:
objetivismo, subjetivismo, realismo, idealismo e
fenomenalismo.
4. Quais os limites e condições de um conhecimento?
Noutras palavras, qual é o seu critério de verdade?
O que é Teoria do conhecimento?

Para a Teoria do Conhecimento existem dois


elementos indispensáveis para o conhecimento:
sujeito e objeto.
No conhecimento, sujeito (consciência) e o objeto
(coisas) encontram-se frente à frente numa espécie
de relação que é, ao mesmo tempo, uma co-relação:
O sujeito só é sujeito para o objeto e o objeto só
é objeto para um sujeito.
Logo, ambos só são o que são enquanto o são
para o outro
O que é Teoria do conhecimento?
•Visto pelo lado do sujeito, o conhecimento seria uma espécie
de interiorização do sujeito no objeto, captando assim as
suas informações específicas.
•Visto pelo lado do objeto, o conhecimento seria uma espécie
de transferência de informações do objeto para o sujeito.
2. Metafísica moderna:
mudança do “ser” para o “conhecer”
Mudança do “ser” para o “conhecer”

Com a filosofia moderna, o


problema passou da
ontologia para a teoria do
conhecimento, do “ser”
para o “conhecer”.
Não estavam mais
preocupados em saber o
“que é o Ser”, mas sim em
“como conhecer o ser”.
Mudança do “ser” para o “conhecer”
E por que essa mudança de perspectiva dos gregos
para os modernos?
Porque a Filosofia Moderna
pressupõe algo que não
fazia parte do horizonte
conceitual da Filosofia Grega
Antiga: a presença do
Cristianismo, que trouxe
questões e problemas que
os antigos filósofos
desconheciam.
Mudança do “ser” para o “conhecer”

Quando se afirma que a Teoria do Conhecimento se


tornou uma disciplina específica da Filosofia somente
com os filósofos modernos, não se quer dizer que
antes deles o problema do conhecimento não havia
ocupado a tarefa de outros filósofos (antigos e
medievais), e sim que, para os modernos, a questão
do conhecimento foi considerada anterior à questão
da ontologia e pré-requisito para a Filosofia e
para as ciências.
Como é possível o erro ou a ilusão?

Ou seja, pelo fato dos modernos não aceitarem as


respostas medievais (verdades de fé e verdade de
razão), a questão do conhecimento tornou-se
central para eles.

René Descartes, criador do


método científico racionalista.
Como é possível o erro ou a ilusão?
Os filósofos gregos antigos se surpreendiam que
pudesse haver o erro e a ilusão. Para eles a
pergunta filosófica só podia ser essa:

Como é possível o erro ou a ilusão?

Ou seja: se o verdadeiro é
o próprio Ser presente em
tudo (percepções, palavras
e pensamento), como
então o falso é possível se
o falso é afirmar “que
existe” o que “não existe”?
Como é possível o erro ou a ilusão?
Para os modernos, a pergunta central ia em
sentido oposto:

Como é possível o conhecimento da


verdade?
Como é possível o erro ou a ilusão?

De fato, se a verdade é o
que está no intelecto
infinito de Deus, então quer
dizer que ela está escondida
de nossa razão finita, sendo
impossível acessá-la.

Portanto, se essa explicação for legítima, a


verdade não é o que está manifesto na realidade,
e sim o que depende da revelação divina.
Como é possível o erro ou a ilusão?
A partir desse conceito de revelação, é possível fazer
duas considerações acerca do conhecimento racional:

1ª) Ideia da limitação e impotência da razão: pelo


fato da revelação ser conhecida apenas pela fé, ela
obriga o homem a dizer “assim seja” e reconhecer que a
razão não pode entender o mistério divino.

2ª) Ideia da perversão da razão: visto que o


intelecto limitado humano foi pervertido pela
vontade pecadora, torna-se impossível conhecer até
mesmo as verdades de de razão (que estão ao alcance
do homem) sem o auxílio da revelação e da fé.
A contaminação das verdade de razão
Diante de tão problemática explicação do
conhecimento racional, os filósofos modernos
puderam identificar onde estaria o erro na teoria
do conhecimento medieval:

Observaram que as
verdades de fé haviam
influenciado a
própria maneira de
conceber as verdades
de razão.
A contaminação das verdade de razão

Ou seja, o princípio da
autoridade medieval
contaminou as
verdades de razão,
fazendo com que os
filósofos só aceitassem
uma ideia se esta viesse
com o “selo” de alguma
autoridade da Igreja.
A fé ditando as regras da ciência

Sobre a teoria heliocêntrica de Copérnico, escreve


Lutero:

“Parece que um novo astro


logo quer provar que a Terra
se move através dos céus [...]
O tolo quer virar toda a arte da
astronomia pelo avesso”.
(Lutero apud GLEISER, M. A
Dança do Universo).
Lutero (1483-1546)
A fé ditando as regras da ciência
Prefácio da 1ª edição da obra “Sobre as revoluções das
órbitas celestes” de Copérnico, inserido anonimamente
por Osiander e sem o consentimento do autor
(Copérnico).

“Permitamos, pois, que, junto com as antigas,


em nada mais verossímeis, façam-se conhecer
também essas novas hipóteses, tanto mais por
serem elas ao mesmo tempo admiráveis e
fáceis, e por trazerem consigo um enorme
tesouro de doutíssimas observações. E que
ninguém espere da astronomia algo de certo no
que concerne a hipóteses, pois nada disso
Osiander
(1498-1552) procura ela nos oferecer” (Andreas Osiander).
A recusa da autoridade eclesial

Com isso, a primeira tarefa que os modernos


apreenderam foi a de recusar o “poder da
autoridade da fé e da Igreja” sobre a razão.

Começaram, por isso,


separando a fé da razão,
considerando cada uma
delas voltada para
conhecimentos
diferentes, sem que uma
deva subordinar-se à
outra.
Filósofos modernos
O problema do conhecimento tornou-se crucial para a
Filosofia, cujo ponto de partida para os modernos
passou a ser o sujeito do conhecimento.

Os dois primeiros filósofos que


iniciaram esse novo modo de fazer
filosofia a partir do séc. XVII.
Descartes Bacon

O filósofo que pela 1ª vez propõe uma teoria


do conhecimento propriamente dita.

Locke
3. Racionalismo e Empirismo
Racionalismo e Empirismo

O que é o “conhecimento”? Podemos dizer que é


uma relação que se estabelece entre:

Um sujeito que
conhece...

... e um objeto
que é conhecido.
De onde vem o conhecimento?
Do sujeito?

Chama-se Racionalismo quando se


afirma que a origem do conhecimento
provém do sujeito.

Ou
Do objeto?

Chama-se Empirismo quando se


afirma que a origem do conhecimento
provém do experiência.
4. Francis Bacon: origem do
método científico
Bacon: crítica dos “ídolos”
Bacon elaborou uma teoria conhecida como crítica
dos ídolos. Existem quatro preconceitos (ídolos)
que impedem o conhecimento da verdade e que
precisam ser destruídos:

1. Ídolos da Caverna

2. Ídolos do Fórum

3. Ídolos do Teatro

4. Ídolos da Tribo
Ídolos da “caverna”

1. Ídolos da Caverna:
tratam-se das opiniões
distorcidas que se formam por
erro dos sentidos ou de uma
má educação. São os mais
fáceis de ser corrigidos pela
razão.

São os mais fáceis de ser corrigidos pelo


intelecto.
Ídolos do “fórum”

2. Ídolos do Fórum:
tratam-se dos erros que se
formam como consequência
da ambiguidade e limitação
da linguagem humana.

São difíceis de ser vencidos, mas o intelecto ainda


tem poder sobre eles.
Ídolos do “teatro”

3. Ídolos do Teatro: tratam-


se dos erros que se formam
em decorrência dos poderes
de autoridades que impõem
seus pontos de vistas e os
transformam em leis inques-
tionáveis.

Só podem ser desfeitos se houver uma mudança


social e política.
Ídolos da “tribo”

4. Ídolos da Tribo: tratam-se


dos erros que se formam em
decorrência da limitação da
própria natureza humana.

São próprios da espécie humana e só podem ser


vencidos se houver uma reforma da própria
natureza humana.
Origem do método científico

A demolição dos ídolos é, portanto, uma reforma


do intelecto, dos conhecimentos e da sociedade.

Para os dois primeiros,


Bacon propõe a
instauração de um
método, definido como
o modo seguro de aplicar
o pensamento lógico aos
dados oferecidos pela
experiência sensível.
Origem do método científico
O método deve tornar possível:

1. Organizar e controlar os dados recebidos da


experiência, graças aos procedimentos de observação e
experimentação.

2. Organizar e controlar os resultados observacionais e


experimentais para chegar a conhecimentos novos ou à
formulação de teorias verdadeiras.

3. Desenvolver procedimentos adequados à aplicação


prática dos resultados teóricos, pois para Bacon o homem
é “ministro da natureza” e, se souber conhecê-la, pode
comandá-la.
5. René Descartes e as regras do
método
Dois erros infantis
Descartes identificava o erro em duas atitudes
infantis ou preconceitos:

1. Ingenuidade: é facilidade com que


nossa razão se deixa levar por opiniões e
ideias alheias, sem se preocupar se elas
são ou não verdadeiras.

2. Precipitação: é facilidade e a
velocidade com que nossa vontade
nos faz emitir juízos sobre as coisas
antes de verificarmos se nossas ideias
são ou não verdadeiras.
Proeminência da razão
Essa duas atitudes indicam que, para Descartes, o
erro situa-se no conhecimento sensível (sensação,
percepção, imaginação, memória e linguagem).

Logo, o conhecimento
verdadeiro é puramente
intelectual: está baseado
apenas nas operações da razão
e tem como ponto de partida ou
as ideias inatas ou observações
que foram inteiramente
controladas pela razão.
Reforma científica: a busca pelo
método
Assim como Bacon, Descartes também via no
método a possibilidade de reforma do
entendimento e dos conhecimentos.

Essa reforma deve ser feita


pelo sujeito do
conhecimento quando este
compreende a necessidade
de encontrar fundamentos
seguros para o saber e se
instituir um método.
Os objetivos do método

1. Assegurar a reforma do intelecto para que este siga o


caminho mais seguro da verdade.

2. Oferecer procedimentos pelos quais a razão possa


controlar-se a si mesma durante o processo de
conhecimento, sabendo que caminho percorrer.

3. Propiciar ampliação ou o aumento dos conhecimentos


graças a procedimentos seguros que permitam passar do já
conhecido ao desconhecido.

4. Oferecer os meios para que os novos conhecimentos


possam ser aplicados, pois o saber deve tornar o homem
“senhor da natureza”.
Método Cartesiano

Com Descartes, a Razão (“eu


penso”) passa a ser o princípio
central do conhecimento.
Posso duvidar de tudo que existe,
de todos os conhecimentos
herdados. No entanto, a única
coisa que não posso negar é o fato
de que continuo a pensar até
mesmo quando duvido das coisas.

Portanto, a Razão é o elemento mais indubitável


da realidade: “se penso, logo existo”.
Importância do Método

Ao escrever O Discurso
do Método e Regras para
direção do Espírito,
Descartes pretende
elaborar um método
que possa guiar o
pensamento em direção
aos conhecimentos
verdadeiros e distingui-
los dos falsos.
Características das Regras:
“certas”, “fáceis” e “amplas”
O método cartesiano é um conjunto de regras cujas
características principais são três:

1. Regras certas: o método dá segurança ao


pensamento.

2. Regras fáceis: o método evita complicações e


esforços inúteis.

3. Regras amplas: o método deve permitir que se


alcancem todos os conhecimentos possíveis para o
entendimento humano
As quatro regras do Método

1ª) Regra da evidência: jamais aceitar como


verdadeiro algo que não seja evidente e claro em si e
por si mesmo.

2ª) Regra da divisão: dividir um determinado


problema em quantas partes for necessário para
analisá-las separadamente.

3ª) Regra da ordem: organizar as partes analisadas,


começando das mais simples até as mais complexas.

4ª) Regra da enumeração: revisar e enumerar


rigorosamente cada uma das partes, para se ter a
certeza de que nada foi esquecido.
6. John Locke e o Empirismo
A preocupação pelo ato de conhecer

John Locke é o iniciador da teoria do conhecimento


propriamente dita porque se propõe analisar:

• cada uma das formas de


conhecimento que possuímos;
• a origem das ideias;
• a finalidade das teorias;
• e as capacidades do sujeito
cognoscente com relação aos
objetos que pode conhecer.
Origem da Teoria do Conhecimento

Logo na abertura de sua obra, Ensaio sobre o


entendimento humano, Locke escreve:

“Visto que o entendimento situa o homem acima


dos outros seres sensíveis e dá-lhes toda
vantagem e todo domínio que tem sobre eles,
seu estudo consiste certamente num tópico que,
por sua nobreza, é merecedor de nosso trabalho
de investigá-lo. O entendimento, como o olho,
não observa a si mesmo; requer arte e esforço
situá-lo a distância e fazê-lo seu próprio objeto”.
Locke: oposição a Descartes

A principal preocupação de Locke


foi combater a doutrina de
Descartes sobre a existência de
idéias inatas na mente do
homem.

Ao contrário de Descartes, Locke acredita que o


conhecimento só pode ser alcançado a partir das
experiências sensíveis do indivíduo, sem trazer
consigo desde o nascimento, qualquer marca ou idéia
de conhecimentos prévios.
O Empirismo de Locke

“Suponhamos então, que a


mente seja, como se diz, um
papel branco, vazio de todos os
caracteres, sem quaisquer ideias.
Como chega a recebê-las? De
onde tira todos os materiais da
razão e do conhecimento? A isto
respondo com uma só palavra:
da experiência”.
(Locke. Ensaio sobre o
Entendimento Humano)
O Empirismo de Locke

“Não está no poder do mais elevado engenho, nem do


mais amplo entendimento, seja qual for a agilidade ou
variedade do seu pensamento, inventar ou formar na
mente uma nova idéia simples, que não provenha das
vias antes mencionadas; nem pode nenhuma força do
entendimento destruir as que já aí existem. [...] Eu
quereria que alguém tentasse imaginar um sabor
nunca sentido pelo seu paladar, ou formar idéia de um
aroma que nunca tivesse cheirado; e, se alguém
conseguisse fazer, eu também poderia concluir que um
cego tem idéias das cores e um surdo noções distintas
e verdadeiras dos sons” (Locke, Ensaio sobre o
Entendimento Humano).
O Empirismo de Locke

Noutras palavras, para Locke, o intelecto recebe da


experiência sensível todo o material do
conhecimento e, por esse motivo, pode-se dizer que
não há nada em nosso entendimento que não
tenha vindo das sensações.
Associações e combinações

Como se forma o conhecimento?


Segundo Locke, o conhecimento
se forma por um processo de
associação e combinação das
ideias e dados da experiência.

Para o autor, existem três tipos de ideias: a)


Ideias de sensação; b) Ideias de percepção; c)
Ideias de razão.
Ideias de Sensação

Ideias de SENSAÇÃO: Ideias Simples

Fazem com que o homem receba


As Sensações
as impressões das coisas
da natureza
externas, gerando as...

IDEIAS
SIMPLES
Ideias de Percepção

Ideias de PERCEPÇÃO: Ideias Complexas

Percepção
(do sujeito)

As ideias simples (impressões)


se associam por semelhanças e
por diferenças, gerando as...

IDEIAS
COMPLEXAS
Ideias de Razão

Ideias de RAZÃO: Ideias Gerais e Ideias de Relação

Razão (do sujeito)

Por intermédio de novas combinações e associações,


as ideias se tornam mais complexas, formando as...

Ideias GERAIS ou Ideias de RELAÇÃO:


ABSTRATAS: (entre as ideias gerais)

Ideias de substância, corpo, Ideias de identidade,


alma, Deus, natureza etc. causalidade, finalidade etc.
A generalização das ideias

A formação das ideias na sensação, na percepção


e na razão acontece por um processo de
generalização:

Na generalização, a cada passo


do conhecimento, o intelecto
Por exemplo, a
humano vai eliminando as cor vermelha
diferenças entre as ideias
para ficar apenas com as
semelhanças e os traços
comuns, cujo conjunto forma
uma ideia universal.
As ideias universais

Como já se sabe, tudo o que existe nos é dado pelas


sensações e percepções (experiência). Visto que a
experiência nos mostra e nos dá a conhecer apenas
as coisas singulares, então somente elas existem.

As ideias universais, por sua vez, não correspondem


a realidades ou a essências existentes, mas são
apenas nomes que instituímos por convenção para
organizar o nosso pensamento e o nosso discurso
A generalização das ideias

Voltado ao exemplo da cor vermelha:

Ao olhar para essas coisas vermelhas, os olhos sentem e


percebem os objetos coloridos e não a cor em si. Ou
seja, a razão humana, ao receber as percepções
singulares dos objetos coloridos, combina e organiza
essas sensações e percepções, abstrai (separa) dos
objetos as qualidades coloridas e com elas forma a ideia
universal de “cor vermelha”.
O “nominalismo” de Locke

Portanto, para Locke, não existe a “cor”, mas


apenas objetos singulares coloridos tal como os
percebemos.
“Cor” não passa de um nome geral com que nossa
razão organiza nossas sensações visuais.

É justamente por esse motivo Locke é considerado


pela filosofia como nominalista.
7. Galileu Galilei: o nascimento
da Ciência Moderna
O mérito de Galileu

O mérito de Galileu foi o de ter mostrado com


clareza e precisão a distinção entre filosofia,
ciência e religião, fazendo ver que o objeto
específicos delas é essencialmente diferente:

Religião Filosofia Ciência

Verdades Verdades ontológicas Verdades naturais


religiosas (fé) (reflexão) (experiência)
O mérito de Galileu

Segundo Galileu, no debate científico, não se pode


apelar nem para a autoridade dos filósofos, nem
para a Bíblia.

Nada é mais vergonhoso


do que recorrer a textos
sagrados e filosóficos
(que muitas vezes foram
escritos com outra
intenção) para resolver
os problemas específicos
da natureza.
Natureza e Sagrada Escritura

Sagrada Escritura e Natureza procedem ambas do


Verbo Divino: a primeira ditada pelo Espírito
Santo; a segunda como executora da vontade de
Deus.
Natureza e Sagrada Escritura

No entanto, enquanto a Sagrada Escritura precisou


adaptar-se arbitrariamente à interpretação dos
homens, a natureza permanece a mesma, segundo
as leis que lhe foram impostas (fato este que torna
possível conhecê-la diretamente).
Autonomia da Natureza

Desta maneira, por


colocar-se como evidente
aos olhos do cientista, os
resultados e observações
da experiência devem ser
considerados como os
mais seguros, mesmo
que isso não pareça de
acordo com alguma
passagem da Sagrada
Ilustração sobre a
Escritura. Inquisição de Galileu em
16 de fevereiro de 1616.
Autonomia da Natureza
Portanto, para Galileu:

Bíblia Manual
Livro da Religião Livro da Ciência

Cuida das Cuida das


verdades divinas verdades naturais

Cada livro cuida da sua área: assim como não é


conveniente explicar a realidade divina a partir do
manual de ciência, não é sensato explicar a natureza a
partir da Bíblia.
Universo e linguagem matemática

Na opinião de Galileu, não se começa a filosofar a


partir das opiniões célebres de outros filósofos. Isso
cria um discurso estéril e infecundo.

Pelo contrário, a
filosofia encontra-se
escrita no grande livro
que permanece sempre
aberto aos olhos de
todos: o Universo.
Universo e linguagem matemática

Se o Universo é um livro, não se pode conhecê-lo


sem antes entender a língua e os caracteres com os
quais está escrito.

E qual é essa língua? Para


Galileu o universo está
escrito em linguagem
matemática e em figuras
geométricas, sem as
quais torna-se impossível
conhecer a realidade.

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