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INTERTEXTUALIDADE

Você sabia que os textos podem conversar


entre si?
Sim, isso é possível, e a esse fenômeno
damos o nome de intertextualidade.
A intertextualidade é um importante
elemento para a compreensão textual. Pode
ocorrer em diversos tipos de texto de maneira
explícita ou implícita.
Ela pode acontecer com textos dos variados
gêneros: pode surgir em uma letra de música,
em um poema, nos textos em prosa e até
mesmo nos textos publicitários.
Só é capaz de reconhecê-la o leitor
habilidoso, aquele que já entrou em contato
com diversos textos ao longo da vida.
A seguir, seguem exemplos de
intertextualidade:
01)
No anúncio há um elemento verbal que
permite a retomada do texto fonte, mas essa
inferência depende de um conhecimento prévio
do leitor: se ele não souber que há uma
referência à música “Mania de você”, da cantora
Rita Lee, provavelmente o texto não será
compreendido em sua totalidade.
02)
No anúncio publicitário utilizado no exemplo,
há uma forte referência ao texto fonte,
facilmente identificada pelo leitor através dos
elementos fornecidos pela linguagem verbal e
pela linguagem não verbal. A composição do
anúncio nos transporta imediatamente para o
filme “Tropa de Elite”, do cineasta José Padilha,
e isso só é possível em razão do forte apelo
popular da produção, que ganhou grande
projeção em nossa sociedade.
03) O poema de Casimiro de Abreu (1839-
1860), “Meus oito anos”, escrito no século XIX, é
um dos textos que gerou inúmeros exemplos de
intertextualidade, como é o caso da paródia de
Oswald de Andrade “Meus oito anos”, escrito no
século XX:
Meus oito anos
“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!”
Casimiro de Abreu
Texto original
“Oh que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra!
Da rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais”
Oswald de Andrade

Texto é uma paródia do texto anterior.


04) Outro exemplo é o poema de Gonçalves
Dias (1823-1864) intitulado Canção do Exílio o
qual já rendeu inúmeras versões. Dessa forma,
seguem dois exemplos de intertextualidade: o
poema de Oswald de Andrade (1890-1954) e o
poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-
1987):
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(...)
Gonçalves Dias

Texto original
Canto de Regresso à Pátria

Minha terra tem palmares


onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.
(...)
Oswald de Andrade
Europa, França e Bahia
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!”

Carlos Drummond de Andrade


05)

“E o coentro levou” apresenta-se como fruto


do diálogo que se estabelece com o filme “E o
vento levou”.
06)  

No exemplo dado, a propaganda buscou


inspiração no texto bíblico "Do pó vieste e ao pó
voltarás“.
07)

Mona Lisa, de Leonardo da Vinci


 

Ao realizar uma comparação entre essas duas imagens, depreendemos a


ironia da Figura 2, ao apresentar um dos quadros mais famosos do mundo
adaptado ao contexto sociocultural da sociedade digital pós-moderna: as
famosas e conhecidas fotografias selfies. Desse modo, verificamos que a
intertextualidade deu-se, neste caso, a partir da visibilidade e da exploração
de um utensílio característico da modernidade: o smartphone.
Ao analisarmos todos esses exemplos,
chegamos à conclusão de que
intertextualidade se conceitua como o diálogo
que se estabelece entre textos, sejam verbais
ou não verbais.

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