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organização e orientação
Contacto: beatrizpiteira@epdrs.pt
Objetivos
O género Olea compreende mais de 30 espécies diferentes, repartidas por todos os continentes. A
oliveira (Olea europaea L.) é a única espécie da família Oleaceae que produz frutos comestíveis.
A espécie Olea europaea L. incluí todas as oliveiras cultivadas e também o zambujeiro, uma espécie
de oliveira silvestre. Tratam-se de duas sub-espécies diferentes.
A verdadeira origem da oliveira não é conhecida, mas especula-se que seja a Síria ou a África
Subsaariana.
Durante mais de 6000 anos, a oliveira cultivada desenvolveu-se ao lado de civilizações mediterrâneas e
agora é produzida comercialmente em mais de 10 Mha na bacia do Mediterrâneo.
Nas regiões com precipitação muito débil as plantações são feitas num
compasso muito largo (20 árvores/ha ou menos) e em solos de textura ligeira,
de forma que as raízes conseguem atingir grandes profundidades (até 6 metros);
assim cada árvore tem à sua disposição um maior volume de terra para explorar,
suportando melhor a secura.
A pior circunstância que pode ocorrer para o olival é quando a seguir a um ano de
boa safra se segue um ano climatologicamente desfavorável (demasiado seco ou
húmido), porque a este efeito junta-se o efeito da contra-safra.
Clima- Humidade
A árvore tem uma fase juvenil e uma fase adulta. Existem diferenças
nas capacidades reprodutora e de enraizamento e na morfologia (nas
plantas jovens as folhas são mais pequenas e grossas, p. ex.)
O estado adulto é atingido entre os 5 e os 8 anos em plantas
propagadas por via seminal e entre os 4 e os 5 anos em árvores
plantadas sob condições favoráveis (podendo atingir os 15 anos).
O desenvolvimento lateral das raízes pode ser muito grande, tanto maior quanto menor for
a disponibilidade de água e maior o afastamento entre as árvores.
Morfologia- Tronco
Com o passar do tempo o tronco sofre um processo de “cárie” que leva ao seu
envelhecimento e pode levar à destruição total do centro do tronco,
permanecendo a árvore sustentada pela parte exterior, mais jovem, do tronco,
sempre renovada através da formação de novas raízes e de novas cordas e
ramos ou pernadas, que irão dar à árvore a aparência de ser formada por vários
pés. Este processo de renovação permanente confere à oliveira a grande
longevidade que se lhe reconhece.
Morfologia- Tronco
O fruto da oliveira é a azeitona e é uma drupa, tal como o pêssego ou a cereja, de forma
elipsoidal ou ovóide, de dimensões e cor variáveis conforme a variedade.
O fruto é formado pelo epicarpo ou pele, pelo mesocarpo ou polpa e pelo endocarpo ou
caroço:
• o epicarpo (1) constitui uma capa protectora do fruto, coberta por uma grossa cutícula
aonde pontuam as lentículas;
• o mesocarpo (2) é carnudo e é nele que se acumula a maior parte do azeite;
• o endocarpo (3) é duro porque as suas células estão lenhificadas, protegendo assim a
semente.
O azeite é uma gordura vegetal composta essencialmente (80%) de ácidos gordos mono-
insaturados, na maior proporção ácido oléico; pelo contrário é pobre em ácidos gordos
saturados (12%) e poli-insaturados (8%).
Períodos de vida da oliveira
Desde que se planta até que se arranca ou morre, a oliveira passa elos seguintes
períodos:
Durante este período a planta não tem a capacidade de produzir flores. A duração do
período de juventude, embora dependente da cultivar, é normalmente de 2 a 3 anos.
É caracterizado por:
• Pouca floração
• Poucos frutos
• Acentuado crescimento vegetativo
• Aumento de tamanho exponencial
• Facilidade de enraizamento (atividade multiplicação celular)
• Razão carbono/azoto baixa
• Poda de formação de maneira a dar-lhe a estrutura desejada
• Necessidade em azoto
Período de entrada em produção
A floração ocorre entre maio e junho, verificando-se em seguida a polinização, fecundação (1 a 5 flores
em 100, dão frutos com fecundação normal) e vingamento do fruto.
A lenhificação do caroço (endurecimento) dá-se entre julho e agosto e a maturação do fruto inicia-se
entre setembro e outubro para as variedades mais precoces e vai até fevereiro para as mais tardias.
Após a diferenciação floral dá-se o desenvolvimento das inflorescências, beneficiando das temperaturas
da Primavera.
• Um período que começa no final do Inverno e que dura até ao final do Outono em que a
planta cresce de forma muito ativa, produzindo novos ramos, flores e frutos.
O despoletar de cada uma das fases e o intervalo de tempo ou rapidez com que se sucedem
umas às outras depende:
das condições ambientais (temperatura, fotoperíodo)
de algumas técnicas de cultivo (a fertilização ou a rega)
da variedade.
Ciclo biológico
REPOUSO VEGETATIVO
A entrada das árvores em repouso vegetativo é determinada pela descida da
temperatura do ar durante o Outono e Inverno.
O destino final dos gomos depende de certos estímulos por eles recebido durante o Verão e o
início do Outono.
Em anos de muita produção de azeitona, a presença dos frutos e das suas sementes vai inibir a
indução floral nos raminhos que estão a crescer; no ano seguinte a produção de flores e de frutos
será limitada;
Em anos de pouca carga, a indução floral não será tão inibida e portanto um maior número de
gomos serão florais, incrementando a produção do ano seguinte.
Nas árvores que tiveram uma reduzida carga de azeitona, os gomos florais passam o Inverno num
estado de latência ou repouso, que requer uma fase de acumulação de frio para o quebrar e assim
iniciar-se o processo de diferenciação floral e de rebentação ou abrolhamento dos gomos; são as
necessidades de frio ou de vernalização.
Ciclo biológico
FLORAÇÃO
A quantidade de flores produzidas depende do número de gomos florais
abrolhados: se durante o Inverno e início da Primavera ocorrer uma
desfoliação muito intensa ou se a colheita da azeitona, no ano anterior, foi
realizada muito tarde e não foram colhidos muitos frutos, o número de
gomos florais que abrolham pode ser substancialmente menor.
POLINIZAÇÃO E FECUNDAÇÃO
Vingamento do fruto
Após a fecundação o fruto passa pelas seguintes fases:
FRUTIFICAÇÃO
A queda fisiológica atinge as flores não fecundadas e os frutos menos desenvolvidos ou que tiveram uma
fecundação incompleta.
Em anos de boa floração e boa colheita chegam a cair até cerca de 96 a 99% das flores; a quantidade de
flores e frutos que caem depende muito das condições ambientais de cada local e de cada ano, da
carga de flores e frutos, do vigor e do estado nutricional e sanitário que cada árvore apresenta.
Esta queda natural de flores e frutos permite às árvores ajustarem a sua capacidade de carga de frutos
às condições ambientais de cada ano, às suas condições fisiológicas e às condições de cultivo.
Uma vez estabelecida a carga de frutos suportada pela árvore, os frutos que foram conservados na
árvore continuam a crescer até à maturação, não se produzindo novas quedas, salvo por causas
acidentais ou patológicas (ataques de mosca e traça principalmente) e insuficiências nutritivas (azoto)
ou hídricas; esta segunda queda ocorre em Agosto.
Ciclo biológico
Crescimento e desenvolvimento do fruto
O desenvolvimento dos frutos é muito longo (cerca de 200 dias até à maturação) e passa por três fases, que se diferenciam quanto à
velocidade de crescimento das azeitonas no seu todo e de cada um dos tecidos que a compõem em particular:
Fase І
É uma fase de crescimento rápido, feito sobretudo à custa do crescimento do endocarpo; nesta fase o crescimento do mesocarpo (polpa) é
lento. Condições de falta de água durante esta fase levam a um endurecimento precoce do endocarpo e a uma diminuição do tamanho do
caroço, criando-se frutos com uma relação polpa/caroço muito elevada.
Fase ІІ
Nesta fase o crescimento do fruto é lento; termina a formação e o endurecimento do endocarpo.
O embrião atinge o seu máximo crescimento e a semente alcança o seu tamanho definitivo; neste momento fica terminado o período de
queda fisiológica de frutos e começa o período de indução floral.
Fase ІІІ
Nesta fase o crescimento dos frutos volta a ser rápido, sobretudo o do mesocarpo (polpa), determinando o tamanho final do fruto (J); é
durante esta fase que se dá a biossíntese do azeite (lipogénese) e a sua acumulação nas células do mesocarpo; a partir daqui as variações que
se observam no teor de óleo nos frutos devem-se apenas a oscilações no conteúdo em água da polpa.
Esta fase termina no começo do Outono, quando ocorre a mudança de cor dos frutos, que corresponde ao início da maturação. A partir deste
momento quer o crescimento dos frutos quer a acumulação de azeite reduzem-se substancialmente.
A disponibilidade de água nesta fase determina o tamanho final dos frutos e o seu teor em azeite: se faltar a água ambos diminuem e os
frutos ficam enrugados.
Ciclo biológico
MATURAÇÃO
O parâmetro mais utilizado para avaliar o estado de maturação da azeitona é a sua
cor.
Inicialmente a cor da azeitona é verde, virando para amarelada como consequência
da diminuição do seu conteúdo de clorofila; em seguida começa a acumulação de
antocianinas, cuja concentração determina a intensidade da cor na maturação, que
pode ir do roxo ou violeta escuro até ao negro.
A coloração começa no ápice do fruto e termina junto do pedúnculo; depois o
mesocarpo (polpa) muda de cor de fora para dentro, até ao caroço.
A duração da fase de maturação depende da variedade, das condições climáticas e
da carga das árvores em azeitona: tempo quente e seco aceleram a maturação; em
anos de maior produção a maturação é mais tardia e mais escalonada.
O tipo de aproveitamento da azeitona determina o grau de maturação ideal no
momento da colheita:
Para azeite a maturação ideal corresponde ao momento em que a maioria dos
frutos está a mudar de cor; alguns poderão estar ainda com uma cor verde-
amarelada ou já negra.
Se a azeitona for para consumo à mesa, o estado de maturação ideal depende do
tipo de produto que se pretende obter: azeitona verde ou preta, de conserva ou
natural.
Hábitos de frutificação
A oliveira frutifica nos ramos resultantes do crescimento do ano anterior. Em consequência a produção de cada ano
depende do crescimento vegetativo do ano anterior: um maior crescimento dos ramos do ano significa a formação de um
maior número de gomos.
A oliveira é uma árvore que apresenta uma grande tendência para a alternância de produção (safra e contra-safra): a um
ano de boa produção segue-se um ano de produção mais fraca.
Safra e Contra-Safra
As razões para este comportamento estão relacionadas com o efeito da produção de um ano sobre a produção do ano
seguinte.
Os frutos em desenvolvimento nos ramos do ano anterior representam um fator de inibição da indução floral: as
sementes dos frutos libertam fitohormonas que vão inibir a indução floral dos gomos em formação nos ramos do ano (em
anos de muita produção de azeitona, a inibição da indução floral é elevada e assim no ano seguinte a produção de flores
e de frutos será limitada).
Se a colheita da azeitona for realizada tardiamente e/ou se alguns frutos permanecerem na árvore após a colheita, a
floração do ano seguinte poderá ser prejudicada.
Nas árvores jovens a tendência para a alternância de produção é menor.
O controlo da tendência para a safra e contra-safra depende da capacidade de regular a intensidade, em cada ano, da
floração, nomeadamente através da: ● realização de uma monda de frutos química; ● antecipação da colheita; ● rega; ●
realização de uma poda moderada antes de um ano de maior produção potencial de flores e frutos.