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ESPAÇO CONFINADO

ONDE NÃO HÁ SEGUNDA CHANCE


 Desmoronamento atingiu 11 homens, matando dois e ferindo
nove;
 Dois trabalhadores morrem em escavação de poço em Campinas;
 Trabalhador morre soterrado por ração em Goiás;
 Acidente causa morte de trabalhador vitima de explosão ao pintar
tanque de barco em Santos;
 Trabalhadores morrem ao fazerem manutenção em caixa d’água;
 Explosão de mina na China deixa 65 mortos;
 Trabalhador morre em Portugal ao trabalhar na construção de
caixa d’água;

Estas e outras inúmeras noticias sobre acidentes de trabalho


envolvendo espaços confinados são noticiados em todo momento
no mundo inteiro.
Mas, afinal...O que são Espaços Confinados?
Como identificamos um Espaço Confinado?
O que devo fazer ao me deparar com a execução de um trabalho num
lugar desses? Como trabalhar num espaço confinado?
Quais os equipamentos?
Quem pode ingressar num espaço confinado?

Essas e outras perguntas tornaram-se frequentes a partir do momento


em que grupos de trabalhadores, membros de CIPA, SESMT e
Setores Públicos e Privados presenciaram os acidentes nos postos de
trabalho.

O crescimento foi na mesma proporção em que o Brasil iniciou seu


desenvolvimento, em busca de um Capital Globalizado.

Setores como Construção Civil, Mineração, Serviços de Manutenção


entre outros, foram criados para que cidades pudessem crescer junto
a esse Capitalismo.
No Brasil o ponto de partida que tratou diretamente do assunto, foi a
elaboração das NBR 14787 e 14606, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT. Porém, a Portaria nº 3214 de 1977 já alertava para os
riscos nesse local de trabalho por Normas Regulamentadoras, como por
exemplos, as NR 18 Indústria da Construção, NR 22: Mineração, NR 29:
Portuário, NR 31: Trabalho com características Rurais.

Somente em 22 de dezembro de 2006, surgiu a NR 33: Segurança e Saúde nos


Trabalhos em Espaços Confinados, enfocando uma referência específica. Isto
se fez necessário, porque a sociedade se mobilizou com ações concretas.

Uma característica dos acidentes nestes espaços é a gravidade de suas


consequências tanto para a pessoa que realiza o trabalho, como para quem o
auxilia (Vigia), se não forem observadas o uso de práticas seguras. Os riscos
nestes espaços são múltiplos, e além de meio limitados de entrada e saída,
acúmulo de substâncias tóxicas ou inflamáveis (incêndio/explosão) e
deficiência/enriquecimento de oxigênio, podemos incluir, posturas incorretas
de trabalho, quedas no mesmo nível e em níveis diferentes, iluminação
deficiente, eletricidade estática, soterramento, choque elétrico, engolfamento e
tantos outros riscos.
O QUE É ESPAÇO CONFINADO?

 ESPAÇO CONFINADO É
QUALQUER ÁREA OU
AMBIENTE NÃO PROJETADO
PARA OCUPAÇÃO HUMANA
CONTÍNUA;
 POSSUI MEIOS LIMITADOS DE
ENTRADA E SAÍDA;
 A VENTILAÇÃO EXISTENTE É
INSUFICIENTE PARA REMOVER
CONTAMINANTES OU ONDE
POSSA EXISTIR A DEFICIÊNCIA
OU ENRIQUECIMENTO DE
OXIGÊNIO
ONDE É ENCONTRADO O ESPAÇO CONFINADO?

 INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE.

 INDÚSTRIA GRÁFICA.

 INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA.

 INDÚSTRIA DA BORRACHA, DO COURO E TÊXTIL.

 INDÚSTRIA NAVAL E OPERAÇÕES MARÍTIMAS.

 INDÚSTRIAS QUÍMICAS E PETROQUÍMICAS.


RISCOS QUANDO SE TRABALHA EM ESPAÇOS CONFINADOS:

 FALTA OU EXCESSO DE OXIGÊNIO. INCÊNDIO

OU EXPLOSÃO, PELA PRESENÇA

 DE VAPORES E GASES INFLAMÁVEIS.

 INTOXICAÇÕES POR SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS.

 INFECÇÕES POR AGENTES BIOLÓGICOS.

 AFOGAMENTOS.

 SOTERRAMENTOS.

 QUEDAS.

 CHOQUES ELÉTRICOS.
COMO CARACTERIZAR UM ESPAÇO CONFINADO

Para caracterizar um “espaço” como “espaço confinado” deve-se


fazer a seguinte avaliação:

Foi projetado e construído Pode ocorrer uma É um espaço


para ocupação humana atmosfera perigosa? confinado?
contínua ?

Sim Sim Não


Sim Não Não
Não Sim Sim
Não Não Não
CLASSIFICAÇÃO DOS ESPAÇOS
CONFINADOS
Nível 1 – É o espaço confinado que possui uma condição IPVS, mas não
está limitado a deficiência de oxigênio, atmosfera inflamável ou explosiva
e/ou concentração de substâncias tóxicas ou mortais para o trabalhador.

Nível 2 – É o espaço confinado que em função da natureza dos


trabalhos, layout, configuração e atmosfera interna tem potencialidade
para provocar lesão ou qualquer tipo de enfermidade no trabalhador
sendo necessária a adoção de medidas de controle específicas para
viabilizar a entrada e execução de trabalho no seu interior. Não
apresenta qualquer condição IPVS.

Nível 3 – É um espaço confinado em que o perigo potencial não requer


nenhuma alteração específica no procedimento normal de trabalho.

Regra: Todo espaço confinado, deve ser


considerado IPVS, até que se prove o contrário.
Atmosfera de Risco: Condição de
uma atmosfera que possa oferecer
riscos ao local e expor trabalhadores

Gás/vapor ou névoa inflamável em


concentrações superiores a 10% do seu
Limite Inferior de Explosividade - LIE.
O quê é preciso para trabalhar
em espaços confinados?
 Procedimentos específicos;
 Pessoal capacitado;
 Equipamentos adequados.
Permissão de entrada: Autorização escrita que é
fornecida pelo empregador, ou seu representante com
habilitação legal, para permitir e controlar a entrada em
um espaço confinado.
Reconhecimento: Processo de identificação dos
ambientes confinados e seus respectivos riscos.
33.3.4.1 - Todo trabalhador designado para
trabalhos em espaços confinados deve ser
submetido a exames médicos específicos para a
função que irá desempenhar.
Avaliação de local: Processo de análise onde os riscos aos
quais os trabalhadores possam estar expostos num espaço
confinado são identificados e quantificados.

Auto-resgate: Capacidade desenvolvida pelo trabalhador


através de treinamento, que possibilita seu escape com
segurança de ambiente confinado em que entrou em IPVS.

Condição de entrada: Condições ambientais que devem


permitir a entrada em um espaço confinado onde haja critérios
técnicos de proteção para riscos atmosféricos, físicos, químicos,
biológicos e/ou mecânicos que garantam a segurança dos
trabalhadores.
Supervisor de Entrada: Pessoa com capacitação
específica (subitem 33.3.5.6) e responsabilidade pela
determinação se as condições de entrada são aceitáveis
e estão presentes numa permissão de entrada.

33.3.5.5 A capacitação dos Supervisores de Entrada deve ser


realizada dentro do horário de trabalho, com conteúdo
programático estabelecido no subitem 33.3.5.4, acrescido de:

a) identificação dos espaços confinados;


b) critérios de indicação e uso de equipamentos para controle de
riscos;
c) conhecimentos sobre práticas seguras em espaços confinados;
d) legislação de segurança e saúde no trabalho;
e) programa de proteção respiratória;
f) área classificada;
g) operações de salvamento.
Trabalhador autorizado: Profissional com capacitação
que recebe autorização do empregador, para entrar em um
espaço confinado permitido.
Vigia: Trabalhador que se posiciona fora do espaço confinado
e monitora os trabalhadores autorizados, realizando
todos os deveres definidos no programa para entrada em
espaços confinados.
33.3.4.7 O Vigia deve desempenhar as seguintes funções:
a) manter continuamente a contagem precisa do número de
trabalhadores autorizados no espaço confinado e assegurar
que todos saiam ao término da atividade
b) permanecer fora do espaço confinado, junto à entrada, em
contato permanente com os trabalhadores autorizados;
c) adotar os procedimentos de emergência, acionando a
equipe de salvamento, pública ou privada, quando
necessário;
d) operar os movimentadores de pessoas;
e) não realizar outras tarefas que possam comprometer o
dever principal que é o de monitorar e proteger os
trabalhadores autorizados;
f) ordenar o abandono do espaço confinado sempre que
reconhecer algum sinal de alarme, perigo, sintoma, queixa,
condição proibida, acidente, situação não prevista ou quando
não puder desempenhar efetivamente suas tarefas, nem ser
substituído por outro Vigia.
IMPORTANTE!
33.3.5.3 Todos os trabalhadores autorizados e Vigias devem
receber capacitação periodicamente, a cada doze meses.

33.3.5.4 A capacitação deve ter carga horária mínima de


dezesseis horas, ser realizada dentro do horário de trabalho,
com conteúdo programático de:
a) definições;
b) reconhecimento, avaliação e controle de riscos;
c) funcionamento de equipamentos utilizados;
d) procedimentos e utilização da Permissão de Entrada e
Trabalho;
e) noções de resgate e primeiros socorros.
Equipe de resgate: Pessoal capacitado e
regularmente treinado para retirar os
trabalhadores dos espaços confinados em
situação de emergência e prestar-lhes os
primeiros-socorros.
Equipamentos de resgate: Materiais necessários
para a equipe de resgate utilizar nas operações de
salvamento em espaços confinados.
RISCOS
RESPIRATÓRIOS

CONTAMINANTES

DEFICIÊNCIA DE
OXIGÊNIO
Recomendações,
Seleção e uso de respiradores
... .As recomendações abrangem o
uso de equipamento de proteção
respiratória cuja finalidade, é a de
dar proteção contra a inalação de
contaminantes nocivos do ar e
contra a deficiência de oxigênio na
atmosfera do ambiente de
trabalho.
• Valores sugeridos para entrada e trabalho?

Substância Entrada Trabalho


Oxigênio 20,9 % > 20,5 %

Inflamáveis 0% do L.I.E. < 5% do L.I.E.

Monóxido de Carbono 0 ppm < 25 ppm

Dióxido de Nitrogênio 0 ppm < 1 ppm

Sulfeto de Hidrogênio 0 ppm < 10 ppm


MEDIDAS DE CONTROLE PARA
ESPAÇOS CONFINADOS
a) identificar, isolar e sinalizar os espaços confinados
para evitar a entrada de pessoas não autorizadas;
b) antecipar e reconhecer os riscos nos espaços
confinados;
c) proceder à avaliação e controle dos riscos físicos,
químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos;
ANÁLISE DE RISCOS

Objetivo: procura identificar os perigos nos


trabalhos a serem desenvolvidos nos espaços
confinados, quantifica os riscos associados para o
trabalhador e propõe medidas para o seu controle.

“Identifica o SESMT como assessoria para


assuntos específicos de SMS”
ANÁLISE DE RISCOS
(passos a serem seguidos)
 Identificar os perigos;
 Estimar o risco de cada perigo – probabilidade e
gravidade do dano;
 Decide se o risco é tolerável ou não.
ANÁLISE PRELIMINAR DE
RISCOS – APR (itens da planilha)

 EVENTO: todo o acidente com potencial


para causar danos;
 CAUSAS: são os fatores responsáveis
pelo perigo, podem envolver tanto falhas de
equipamentos e/ou humanas;
 CONSEQUÊNCIAS: são os efeitos dos
eventos;
ANÁLISE PRELIMINAR DE
RISCOS – APR (itens da planilha)

 FREQUÊNCIA: é a estimativa que um determinado


tipo de evento poderá ocorrer.

 
.
FREQUÊNCIA
 
CLASSE FREQÜÊNCIA DESCRIÇÃO
  Eventos que poderão
ocorrer mais de uma vez
A FREQÜENTE durante a vida útil da
instalação. Incluem
eventos que já ocorreram
no passado e que
provavelmente ocorrerão
com alguma
regularidade.
Eventos que poderão
B MODERADA ocorrer pelo menos uma
vez durante a vida útil da
instalação.

Eventos que poderão


C REMOTA ocorrer pelo menos uma
vez durante a vida útil da
instalação.

São eventos de
D EXTREMAMENTE acontecimento não
REMOTA esperado durante toda a
vida útil da instalação
ANÁLISE PRELIMINAR DE
RISCOS – APR (itens da planilha)

 SEVERIDADE: magnitude das conseqüências à


segurança, meio ambiente, à saúde ou ao patrimônio -
que um determinado evento poderá provocar.

 
.
SEVERIDADE

 CLASSE SEVERIDADE DESCRIÇÃO

Provoca mortes ou lesões


I CATASTRÓFICA graves em várias pessoas;
Danos irreparáveis.
Probabilidade remota de
morte de funcionários
e/ou terceiros;
II CRÍTICA Provoca lesões de
gravidade moderada em
funcionários e/ou
terceiros;
Provoca lesões leves em
III MARGINAL funcionários e/ou
terceiros;
Danos leves.

1-Não ocorrem lesões;


IV DESPREZÍVEL 2-Sem danos ou danos
insignificantes.
RELAÇÃO ENTRE FREQUÊNCIA E SEVERIDADE

RISCO AÇÃO

Implantação das
1 CRÍTICO medidas mitigadoras é
imprescindível
Implantação das
2 SÉRIO medidas mitigadoras é
recomendável

3 MODERADO Decisão gerencial

Não é necessário a
4 DESPREZÍVEL implantação das
medidas mitigadoras

modelo
d) prever a implantação de travas, bloqueios, alívio, lacre
e etiquetagem;

SÓ PODE SER RETIRADA PELO


EXECUTANTE DA PERMISSÃO
PARA TRABALHO
Travamento ou Bloqueio é o ato de colocar um
dispositivo mecânico de forma que o espaço
confinado a ser trabalhado fique isolado do
restante do processo.

Dispositivo tipo raquete


Instalado na linha.
Onde devo instalar bloqueio?
e) implementar medidas necessárias para eliminação ou
controle dos riscos atmosféricos em espaços confinados;
f) avaliar a atmosfera nos espaços confinados para
verificar se as condições de entrada são seguras;
CUIDADOS DURANTE A
MEDIÇÃO DA ATMOSFERA DO
ESPAÇO CONFINADO
a) Efetue leituras em diferentes níveis de altura;

b) O explosimetro quantifica uma atmosfera explosiva;

c) O equipamento deve estar sempre calibrado;

a) Começa avaliar pelo Oxigênio;

d) Um explosimetro não irá alarmar numa atmosfera rica


de gás.

e) Verifique a presença de gás tóxico.


g) manter condições atmosféricas aceitáveis na entrada e
durante toda a realização dos trabalhos, monitorando,
ventilando, purgando, lavando ou inertizando o espaço
confinado;
h) monitorar continuamente a atmosfera nos espaços
confinados nas áreas onde os trabalhadores autorizados
estiverem desempenhando as suas tarefas, para verificar
se as condições de acesso e permanência são seguras;
i) proibir a ventilação com oxigênio puro;
j) testar os equipamentos de medição antes de cada
utilização;
k) utilizar equipamento de leitura direta, intrinsecamente
seguro, provido de alarme, calibrado e protegido contra
emissões eletromagnéticas ou interferências de rádio-
freqüência;
l) os equipamentos fixos e portáteis, inclusive os de
comunicação e de movimentação vertical e horizontal,
devem ser adequados aos riscos dos espaços
confinados;
RESPONSABILIDADES

Cabe ao Empregador
a) indicar formalmente o responsável técnico pelo cumprimento
desta norma;
b) identificar os espaços confinados existentes no
estabelecimento ou de sua responsabilidade;
c) identificar os riscos específicos de cada espaço confinado;
d) implementar a gestão em segurança e saúde no trabalho em
espaços confinados, por medidas de controle de engenharia,
administrativas, pessoais e de emergência e salvamento, de
forma a garantir permanentemente ambientes com condições
adequadas de trabalho;
e) garantir a capacitação continuada dos trabalhadores sobre os
riscos, as medidas de controle, de emergência e salvamento em
espaços confinados;
f) garantir que o acesso ao espaço confinado somente ocorra
após a emissão, por escrito, da Permissão de Entrada e
Trabalho, conforme modelo constante no anexo II desta NR;
g) fornecer às empresas contratadas informações sobre os riscos
nas áreas onde desenvolverão suas atividades e exigir a
capacitação de seus trabalhadores;
h) acompanhar a implementação das medidas de segurança e
saúde dos trabalhadores das empresas contratadas provendo os
meios e condições para que eles possam atuar em conformidade
com esta NR;
i) interromper todo e qualquer tipo de trabalho em caso de
suspeição de condição de risco grave e iminente, procedendo ao
imediato abandono do local;
j) garantir informações atualizadas sobre os riscos e medidas de
controle antes de cada acesso aos espaços confinados.
Cabe aos Trabalhadores:
a) colaborar com a empresa no cumprimento desta NR;
b) utilizar adequadamente os meios e equipamentos fornecidos
pela empresa;
c) comunicar ao Vigia e ao Supervisor de Entrada as situações de
risco para sua segurança e saúde ou de terceiros, que sejam do
seu conhecimento;
d) cumprir os procedimentos e orientações recebidas nos
treinamentos com relação aos espaços confinados.

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