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EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A) PRESIDENTE(A) DA 1ª.

VARA DO TRABALHO DE
UBERLÂNDIA-MG

Processo n.º : 01106/03


Reclamante : CLEITON NUNES DE PAULA
Reclamada : FAZENDA JAMAICA E OUTROS

MARCOS NUNES FERREIRA, Técnico em Segurança no Trabalho, Assistente


Técnico da Reclamada, vem mui respeitosamente à presença de V. Excia. apresentar o seu
Laudo Pericial de Insalubridade, fundamentando suas razões como segue.

Termos em que, J. para os devidos fins,


P. Deferimento.

De Orlândia, para Uberlândia 04 de outubro de 2.003.

_____________________________
MARCOS NUNES FERREIRA
Técnico em Segurança no Trabalho
MTE - SP/002578.0

Fazenda Contendas Colônia da Sede, 02 CEP. 14180.000 Fone. (16) 9102-7969 Pontal-SP

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LAUDO PERICIAL

1.- INTRODUÇÃO

Processo n.º : 01.106/2003-03

Reclamante: CLEITON NUNES DE PAULA – CTPS n.º


Função/Período: Tratorista de 01/08/2002 à 06/12/2002

Reclamada: FAZENDA JAMAICA E OUTROS


Endereço: Rodovia 452, Km 6 – Monte Alegre de Minas – MG
CEP. 38420-000

2.- OBJETIVO DA PERÍCIA

Analisar as condições laborais do Reclamante, no que se refere à constatação de


agentes insalubres, conforme solicitação no Termo de Audiência, às fls., identificando e
dimensionando-os, de acordo com a Lei n.º 6.514 de 22.12.1977, Portaria n.º 3.214 de
08.06.1978, NR-15 e seus anexos.

3.- DA REALIZAÇÃO DA PERÍCIA E ACOMPANHANTES

Perícia: De atividade insalubre.


Data: 26 de Setembro de 2.003 Horário: 09 h 30 min.
Local: No endereço reto citado.
Assistentes Técnicos:
Reclamante: não foi designado
Reclamada: Marcos Nunes Ferreira
Acompanhantes/Informantes:
Irai Rodrigues Terra (Perito Oficial)
Marcos Nunes Ferreira (Assistente Técnico da Reclamada) – Acompanhou e fiscalizou os
trabalhos técnicos.

4.- METODOLOGIA UTILIZADA

A metodologia utilizada para a elaboração desse Laudo, segue o prescrito na Portaria


n.º 3.214/78 do Ministério do Trabalho, NR-15 – “Atividades e Operações Insalubres” e Portaria
n.º 3.311/89 do Ministério do Trabalho – “Instruções para Elaboração de Laudo de Insalubridade
e Periculosidade”.

Fazenda Contendas Colônia da Sede, 02 CEP. 14180.000 Fone. (16) 9102-7969 Pontal-SP

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5.- LOCAL DE TRABALHO DO RECLAMANTE.

O Reclamante laborou na propriedade da Reclamada acima epigrafada, que é


constituída de uma ampla área de plantio, onde a mesma cultiva soja e milho, sendo esta
localizada no endereço retro citado.

6.- ATIVIDADES LABORAIS DO RECLAMANTE.

A Fazenda Jamaica e Outros, cultiva em suas dependências soja e milho.


As atividades inerentes ao cultivo retro citado são realizados em áreas agricultáveis
abertas (campo), tanto em solos plantados, quanto em solos a serem cultivados.
O Reclamante laborou neste local, onde realizava a preparação do solo através de
aração e gradeamento, atividade esta realizada com auxílio de um trator. No intervalo entre o
preparo do solo e o plantio, o Reclamante realizara manutenções de cercas entre outras
atividades inerentes a manutenção diária de uma fazenda.
Esta Seção da época do pacto laboral da Reclamante, não sofreu nenhuma
alteração significativa, pois o processo de preparo e plantio de solo é o mesmo. Neste local o os
acompanhantes da perícia disseram que o mesmo realizava todas as atividades retro citadas.
Esta versão foi confirmada pelos Lideres e Encarregados da Fazenda. Segundo os informantes,
o Reclamante também aplicou Herbicidas na lavoura durante algum período, não sendo este
precisado pelos mesmos, mas segundo os mesmos, este período não excedeu uma semana.

7.- AGENTES AGRESSIVOS ENCONTRADOS NO LOCAL DE TRABALHO DO RECLAMANTE

Agentes Físicos: ruído.


Agentes Químicos: Herbicida (Zapp QI)
Agentes Biológicos: nenhum.

7.1 - Nível de pressão sonora (ruído):- A exposição constante a altos níveis de


pressão sonora, afetam o sistema nervoso do indivíduo, provocando uma série de distúrbios
neuropsíquicos/somáticos, tais como, redução da capacidade de coordenação motora, insônia,
distúrbios de comportamento, da atividade supra renal, sistema cardiovascular, da visão, redução
do poder de concentração; e finalmente o sistema auditivo, através do trauma acústico, lesão
irreversível e que tende a se agravar pela continuidade da exposição; causando uma série de
seqüelas, tais como, surdez, zumbidos, vertigens, fadigas, neuroses e úlceras gastroduodenal.

7.2 – Herbicidas:- O herbicida aplicado (Zapp QI) é pouco tóxico por se tratar de um
Glifosato Potássico. (tarja verde)

7.3 – Não foram encontrados outros agentes que pudessem ensejar adicional de
insalubridade aos serviços do Reclamante, quando do pacto laboral com a Reclamada.

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8.- TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

As técnicas de avaliação utilizadas pelo Perito estão embasadas nas Normas


Regulamentadoras – Portaria n.º 3.214/78 do Ministério do Trabalho, bem como Portaria n.º
3.311/89 do Ministério do Trabalho.
Os equipamentos relacionados a seguir atendem às normas e especificações
internacionais, em função da ausência de normas nacionais, e foram devidamente calibrados,
para a confiabilidade das leituras efetuadas.

8.1- Ruído: Medição executada com o uso de um Medidor de Nível de Pressão


Sonora (Dosímetro), da marca Q-100 Noise Logging Dosimeter. As leituras foram efetuadas
através da instalação do microfone de captação do aparelho na lapela do paradigma (tratorista da
própria reclamada que trabalhava no preparo de solo) próximo do seu aparelho auditivo; o critério
adotado foi o dB(A), isto é, o instrumento de leitura operando no circuito de compensação “A” e
circuito de resposta lenta (SLOW), para ruído contínuo e intermitente; e comparando a dose
obtida, com os níveis máximos de pressão sonora permitidos, em função do tempo de exposição
a que fica submetido, de acordo com a Portaria n.º 3.214/78 do Ministério do Trabalho, NR-15 -
Anexo n.º 1 – Limites de Tolerância para Ruídos Contínuos e Intermitentes.

8.2- Herbicidas:- O herbicida aplicado (Zapp QI) é pouco tóxico e por se tratar de um
Glifosato Potássico não é considerado agente insalubre de acordo com a Portaria n.º 3.214/78,
NR-15, Anexo n.º 13 – “Agentes Químicos”.

9.- EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO (EPC’s ou EPI’s)

9.1- Durante a inspeção pericial, fomos informados pelos funcionários que serviram
de informantes, que os mesmos utilizam-se de protetor auricular tipo concha, óculos de
segurança lente incolor, luva de raspa, conjunto de aplicação de herbicida, respirador para
vapores orgânicos e luva de látex.

9.2- Durante a inspeção pericial, fomos informado também pelos informantes, que a
Reclamada lhe forneceu Protetor Auricular – Tipo concha para as atividades realizadas com
trator e no dia em que aplicou o herbicida acima mencionado, lhe foi fornecido o conjunto de
aplicação para herbicidas informando também que estes são de uso estritamente individual.

9.3- Considerando as informações acima descritas, eu como Assistente Técnico


posso concluir que; o Reclamante estava exposto em condições de insalubridade somente ao
agente agressivo ruído, sendo este neutralizado pelo uso do protetor auricular tipo concha, assim
como os demais agentes, mesmo não sendo insalubres também estavam protegidos pelo
fornecimento e utilização os EPI´s como descrito acima.

10.- RESULTADOS DAS AVALIAÇÕES E SEUS ENQUADRAMENTOS

10.1- Nível de Pressão Sonora (Ruído): O nível de pressão sonora (ruído) constatado
nos locais de trabalho do Reclamante, são os abaixo relacionados, proveniente dos ruídos
emitidos pelo motor do trator e dos implementos instalados no mesmo (arado e grade
niveladora).

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Dose Leq = Log (D) + 5,117
0,06

- Preparo de solo: ruído mínimo mensurado 69,0 db(a)


Ruído máximo mensurado 100,5 db(a)
Ruído médio mensurado 93,6 db(a)

LOCAL/ATIVIDADE NPS (dB(A)) TE (h/min) LT (h/min)


Preparo de solo 93,6 8h 2:40 h

NPS = Nível de Pressão Sonora


TE = Tempo de Exposição
LT = Limite de Tolerância

Considerando que a Lei n.º 6.514, de 22.12.77, Portaria n.º 3.214, de 08.06.78, NR-
15, Anexo I, estabelece como limite para um ruído de 93 dB(A), uma jornada de exposição de
2:40 h (duas horas e quarenta minutos), e que o Reclamante esteve exposto ao respectivo
agente agressivo, em jornadas diárias de 8 h (oito horas), podemos afirmar que a atividade do
Reclamante era insalubre, com relação a este agente agressivo, durante 3 (três) meses do seu
pacto laboral, sendo que no restante do tempo o mesmo realizara as demais atividades acima
relacionadas inerentes a manutenção diária da fazenda, sem que haja qualquer exposição a
ruído.
Considerando que a Lei n.º 6.514, de 22.12.77, Portaria n.º 3.214, de 08.06.78, NR-
15, Anexo I, estabelece como limite para um ruído uma dosimetria permissível de no máximo 1 e
que o Reclamante esteve exposto ao respectivo agente agressivo, em dose de 3,29, podemos
afirmar que sua atividade é insalubre, com relação a este agente agressivo, no período laborado
no preparo do solo (3 meses), porém o mesmo foi neutralizado com o fornecimento e a
utilização dos protetores auriculares.

10.2- Herbicidas: Constatamos que o Reclamante esteve exposto a aplicação de


herbicidas (Zapp QI) durante um curto período de seu pacto laboral, sendo este não classificados
como insalubres (são Glifosatos Potássicos).
Considerando que a não Lei n.º 6.514, de 22.12.77, Portaria n.º 3.214, de 08.06.78,
NR-15, Anexo XIII, não estabelece como atividade insalubre, o contato com produtos químicos
Glifosatos, podemos afirmar que a sua atividade era salubre, com relação a este agente
agressivo, em todo pacto laborado.

11.- CONCLUSÃO

Pelo resultado das avaliações onde foram analisados os riscos potenciais à saúde e
fixados todos os fatores correlacionados e seguindo as orientações contidas na Portaria n.º
3.311/89 do Ministério do Trabalho e ainda, acima de tudo, que o laudo pericial tem
fundamentação legal nas Normas Regulamentadoras e com a metodologia expressa no seu
corpo, concluímos sob o ponto de vista de Higiene e Segurança do Trabalho e com
embasamento técnico-legal que:
Com o constatado e acima relatado, podemos afirmar que o Reclamante exercia
atividades consideradas insalubres, com relação ao agente agressivo ruído, enquadradas na Lei
n.º 6.514 de 22.12.1977, Portaria n.º 3.214 de 08.06.1978, NR 15, anexo I, Limites de tolerância
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para ruídos contínuos e intermitentes; portanto atividade é insalubre, somente no período em
que o mesmo trabalhava no preparo do solo com trator (3 meses); e que por gerarem
insalubridade, foram neutralizadas pelo uso de Protetores Auriculares, conforme NR 15, item
15.4.1, alínea “b”.
Com o constatado e acima relatado, podemos afirmar que o Reclamante exercia
atividades consideradas salubres, com relação ao agente agressivo Herbicidas, não enquadradas
na Lei n.º 6.514 de 22.12.1977, Portaria n.º 3.214 de 08.06.1978, NR 15, anexo XIII, Agentes
Químicos; portanto atividade salubre, em todo o pacto laborado; e que apesar de não
gerarem insalubridade, foram neutralizadas pelo uso de conjuntos de aplicaçºao de herbicidas,
luvas Impermeáveis e óculos de segurança lente incolor, conforme NR 15, item 15.4.1, alínea “b”.

12 – QUESITOS DO RECLAMANTE

Não tivemos acesso aos quesitos

13 – QUESITOS DA RECLAMADA

Não tivemos acesso aos quesitos

14.- BIBLIOGRAFIA

Para a realização deste Laudo Pericial, foram pesquisados Livros, Folhetos,


Instruções Técnicas, etc., abaixo relacionados:

- Segurança e Medicina do Trabalho - Editora Atlas.


- Riscos Físicos - Fundacentro.
- Riscos Químicos - Fundacentro.
- Engenharia de Segurança do Trabalho - Fundacentro.
- Banco de Dados Sobre Produtos Químicos - Volume I.
- Compêndio de Defensivos Agrícolas - 3a. Edição.
- Revista CIPA.
- Trabalho e Saúde na Industria - Stellman/Daum
- Insalubridade e Periculosidade – Aspectos técnicos e práticos – Tuffi Messias Saliba
e Márcia Angelim Chaves Corrêa.
- Manual Prático – Como elaborar uma perícia de insalubridade e de periculosidade –
Fernandes José Pereira e Orlando Castello Filho.

15.- ENCERRAMENTO

O presente laudo contém 06 folhas, todas descritas no seu anverso, todas rubricadas,
sendo esta última datada e assinada.

De Orlândia, para Uberlândia 04 de outubro de 2.003.

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MARCOS NUNES FERREIRA
Técnico em Segurança no Trabalho
MTE - SP/002578.0
Fazenda Contendas Colônia da Sede, 02 CEP. 14180.000 Fone. (16) 9102-7969 Pontal-SP

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