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EXMA SRA. DRA. JUÍZA DA 1ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECÓ (SC)

Processo n.º: 01111-2009-009-12-00-1


Reclamante: Lori José Volpi
Reclamada: J. A. Indústria e Comércio de Máquinas Ltda.

LUIZ FERNANDO ROHENKOHL, Engenheiro de Segurança do


Trabalho, Reg. CFEAA-220093629-0, perito nomeado no processo
acima referenciado, tendo concluído a incumbência que lhe foi
confiada, (fls. 257) com assentamento em seus conhecimentos e
amparado na legislação vigente, apresenta este Laudo Técnico
Pericial que contém 8 folhas, solicitando que o mesmo seja
incluído nos referidos autos.

Permanecendo a inteira disposição para eventuais


esclarecimentos que vierem a se fazer necessários, requer de V.
Exa., em virtude das horas utilizadas no levantamento das
informações, na análise dos dados obtidos, a redação do presente
Laudo. Solicita que V. Exa. arbitre seus honorários
profissionais o qual estima em 5 (cinco) salários mínimos,
acrescidos de R$ 100,00 (cem reais) para ressarcir as despesas
havidas com deslocamento de Erechim a Chapecó, local de trabalho
do Autor, valores estes atualizáveis até a data do efetivo
pagamento.

Nestes termos

Espera deferimento

Erechim / Chapecó, 20 de janeiro de 2010.

Luiz Fernando Rohenkohl


Engenheiro de Segurança do Trabalho
CFEAA-220093629-0
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LAUDO TÉCNICO PERICIAL

PARA VERIFICAÇÃO DE EXPOSIÇÃO A

RISCOS INSALUBRES

1. IDENTIFICAÇÃO
Laudo Técnico Pericial para verificação de exposição a riscos
caracterizadores de insalubridade ou periculosidade no processo
em que são partes Lori José Volpi e, J. A. Indústria e Comércio
de Máquinas Ltda, já identificados nos autos.

Para executar seu trabalho, compareceu este perito no dia 16 de


dezembro de 2009, às 10h30min, na sede da reclamada, onde foi
recebido pelo Sr. Alexandro Fávero = Engenheiro de Segurança do
Trabalho e Assistente Técnico da Ré que estava acompanhado da
Srta. Suzana Pompermaier responsável pelo Setor de Recursos
Humanos.
O Autor compareceu acompanhado de seu Procurador.
As partes prestaram os esclarecimentos solicitados pelo perito e
posteriormente acompanharam na vistoria ao ambiente de trabalho.

2. IDENTIFICAÇÃO DO LOCAL PERICIADO


Rua Frei Bruno, 500E – Chapecó – SC.

3. DESCRIÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO


A requerida dedica-se a fabricação e manutenção de máquinas para
a indústria frigorífica.
Está estabelecida num prédio de alvenaria simples, piso de
concreto, cobertura em 2 águas com telhas de fibro cimento, pé
direito com aproximadamente 6 metros, iluminação
predominantemente natural auxiliada com lâmpadas fluorescentes.
O autor trabalhava com um torno mecânico marca Tormax 30A com
barramento de 3 metros.

4. ANÁLISE QUALITATIVA
4.1 DA FUNÇÃO DO TRABALHADOR
O autor era torneiro mecânico
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4.2 DAS ETAPAS DO PROCESSO OPERACIONAL


As tarefas do autor consistiam em usinar peças metálicas ou de
nylon para manutenção ou fabricação de máquinas para a indústria
frigorífica.
Estas peças poderiam ser eixos, chavetas, rodas dentadas ou
outras onde fazia retíficas, roscas, rebaixos, furos e outras
tarefas utilizando torno mecânico.
Utilizava como líquido refrigerante para as peças uma solução de
água com óleo de corte, para a limpeza da máquina Dyncool e para
limpeza das peças óleo diesel e estopa.

4.3 DOS POSSÍVEIS RISCOS OCUPACIONAIS


Dada às características do ambiente o perito investigou os
possíveis riscos a saúde do trabalhador previstos na Lei
6514/77, Portaria 3214/78 e 518/03, Normas Regulamentadoras nos
15, 16 e seus anexos, bem como a Lei 7369/85 regulamentada pelo
Decreto 93.412/86.

4.3.1 RUÍDO (Anexo 1)


A intensidade do ruído no ambiente de trabalho pode chegar a 102
dB(A), porém atenuada pela utilização de protetores auditivos.

4.3.2 NÍVEIS DE RUÍDO DE IMPACTO (Anexo 2)


Sem exposição

4.3.3 EXPOSIÇÃO AO CALOR (Anexo 3)


Sem exposição

4.3.5 RADIAÇÕES IONIZANTES (Anexo 5)


Sem exposição

4.3.6 TRABALHOS SOB CONDIÇÕES HIPERBÁRICAS (Anexo 6)


Não executados pelo Autor.

4.3.7 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES (Anexo 7)


Sem exposição

4.3.8 VIBRAÇÕES (Anexo 8)


Sem exposição

4.3.9 FRIO (Anexo 9)


Sem exposição

4.3.10 UMIDADE (Anexo 10)


Sem exposição

4.3.11 AG. QUÍMICOS C/LIMITES DE TOLERÂNCIA (Anexo 11)


Sem exposição

4.3.12 POEIRAS (Anexo 12)


Sem exposição
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4.3.13 AG. QUÍMICOS S/LIMITES DE TOLERÂNCIA (Anexo 13)


Enfatizou o autor os trabalhos de usinagem de peças com a
utilização de óleo de corte refrigerante.
Verificando o óleo utilizado trata-se de DYNCOOl cuja composição
química é a seguinte: Ácido bórico, Benzotriazol, Butilglicol,
Nitrito de Sódio, Oleína, Sassafraz, Triazina, Trietamolamina e
água.
Esclarece o perito que muito embora apresentem riscos à saúde os
produtos químicos citados acima não estão inseridos na
legislação específica que trata da insalubridade.
Também disse o autor que quando necessário realizar a limpeza de
peças, utilizava óleo diesel e estopa tendo esclarecido que
nestas oportunidades dispunha de luvas de látex.
Logo relativamente aos agentes químicos caracterizadores de
insalubridade sou de parecer que não ocorreu exposição.

4.3.14 AGENTES BIOLÓGICOS (Anexo 14)


Sem exposição
4.4 USO DE E.P.Is.
EPIs fornecidos: cfme fls. 72: calça e jaleco, botinas, luvas de
látex, protetor auditivo de inserção CA 5745, óculos, respirador
PFF2.

Esclarecemos que o efetivo uso dos equipamentos de proteção


individual citados atende ao art. 191, item II e 194 da CLT, bem
como aos itens 6.2 da NR 6, 15.4 e 15.4.1.b da NR 15 constante
da Portaria 3214/78.

4.5 DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO AO RISCO


Sem exposição aos agentes de risco caracterizadores de
insalubridade previstos em nossa legislação.

5. BIBLIOGRAFIA
ACGIH – Limites de Exposição para Substâncias Químicas e Agentes
Físicos, ABHO – Associação Brasileira de Higienistas
Ocupacionais, 2002
BUONO NETO A. e outro. Perícias Judiciais na Medicina do
Trabalho. SP, LTr, 2008
GERGES, Samir N.Y. Ruído: Fundamentos e Controle, S.N.Y Gerges,
Florianópolis, 1992.
GOES, Roberto C., Toxicologia Industrial-um guia prático para
prevenção e primeiros socorros, RJ, Previnter, 1997.
MENDES, René. Patologia do Trabalho, RJ, Ed. Atheneu, 2003.
PATNAIK, Pradyot. Guia Geral – Propriedades Nocivas das
Substâncias Químicas, Belo Horizonte, Ergo Ed, 2003.
SALIBA, Messias T. Curso Básico de Segurança e Higiene
Ocupacional, SP, LTr, 2008.
SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO. Manuais de Legislação 58ª ed.
Atlas, SP, Atlas, 2006.
VIEIRA, Sebastião I. Manual de Saúde e Segurança do Trabalho,
SP, LTr, 2005.
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6. APARELHOS DISPONÍVEIS e TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO


a) Dosímetro marca Simpson, modelo 897, tipo 2, calibrado
segundo a norma ANSI S1.4-1983 e S1.25-1978
b) Calibrador marca Simpson, modelo 887-2. meter Sound
Measuring System Model 897,
c) Termômetro de Globo modelo TGD-200 marca Instruterm.
d) As avaliações de natureza qualitativa foram realizadas
através de inspeção ao local de trabalho do Autor, sendo
as considerações e conclusão baseadas na bibliografia
citada no item 5 do presente laudo.

7. QUESITOS DO AUTOR: (fls. 260)

7.1 Quais as principais atividades desenvolvidas pelo


reclamante na função de torneiro mecânico na reclamada?
Havia exposição a quais agentes insalubres? Qual o grau e o
tempo de exposição?
Resposta:
a. As atividades desenvolvidas constam dos itens 4.1 e 4.2
do laudo.
b. Negativo – vide item 4.5 do laudo.
c. Tempo de exposição consta no item 4.5 do laudo.
d. Grau consta no item 9 do laudo.

7.2 Quais os produtos químicos utilizados pelo autor enquanto


operava torno na empresa reclamada? Poderia esta ser
considerada uma atividade insalubre? Por quê?
Resposta:
a. Vide os produtos químicos no item 4.3.13 do laudo.
b. Negativo – vide considerações no item 4.3.13 do laudo.

7.3 Quais produtos ou combustíveis que eram utilizados para


limpeza de peças e ferramentas de trabalho do autor? No
trabalho e manutenção de máquinas e equipamentos o autor
sempre utilizava equipamentos de proteção? A luva de lã é
indicada para operador de torno? Porque no autor usava este
EPI e qual a sua eficiência?
Resposta:
a. Utilizava óleo diesel conforme relatado no item 4.3.13
do laudo.
b. Afirmativo em relação aos riscos presentes no momento.
c. Particularmente eu não aconselharia a utilização de
luvas de lã. Também não houve menção da utilização de
luvas de lã durante a perícia.

7.4 Em contato com agentes insalubres, a utilização de EPI


elimina ou somente reduz os efeitos a saúde do trabalhador?
Quais as possíveis conseqüências?
Resposta:
a. Eliminar ou neutralizar, depende o agente de risco e o
equipamento de proteção utilizado.
b. Prejudicada.
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7.5 O autor sofreu algum tipo de alergia a produtos químicos


utilizados na função de torneiro durante o contato de
trabalho? Houve exames médicos e qual o produto que foi
identificado? Porque os equipamentos de segurança
utilizados não eliminaram totalmente esse risco?
Resposta: Prejudicada. Quesito médico.

7.6 Considerando que o autor estava autorizado a trabalhar na


manutenção e como operador de torno com as demais máquinas
em funcionamento, qual o nível de ruído que o autor estava
exposto no ambiente de trabalho? Quais os riscos a saúde do
trabalhador?
Resposta: Em relação ao ruído vide o item 4.3.1 do laudo.

7.7 A empresa possuía durante todo o contrato de trabalho do


autor programas de segurança e saúde no trabalho? Quais os
EPIs utilizados efetivamente pelo autor quanto ao ruído e
qual a orientação do fabricante, bem como houve manutenção
e reposição para haver eficiência no equipamento do autor?
Resposta:
a. Afirmativo. Foi disponibilizado durante a perícia.
b. Relativamente aos EPIs vide comentários no item 4.4 do
laudo.
c. Relativamente a manutenção temos que aceitável pois
segundo consta sempre houve a reposição e os EPIs
disponibilizados não exigem manutenção (quando estraga
troca-se todo o EPI).

8. QUESITOS DA RECLAMADA: (fls. 261)

8.1 Antes de trabalhar para a ré, o autor trabalhou em outras


empresas? Em quais atividades? Por que período?
Resposta: Prejudicada.

8.2 A empresa ré possui CIPA? A empresa ré tem Programa de


Prevenção de Riscos e Acidentes?
Resposta: Afirmativo para ambas as respostas.

8.3 Segundo o PPRA o autor da ação faz jus ao benefício de


insalubridade? Por quê?
Resposta: Prejudicada – O PPRA não é documento para
caracterizar ou não condição de insalubridade.

8.4 O autor tinha contato com produto chamado Dyncool? Segundo


o fabricante deste produto (INQUIBRA), trata-se de
lubrificante sintético ecologicamente correto e que não
possui valores tóxicos (vide:
http://www.inquilibra.com.br/fichas/características/DYNCOOL
.pdf). Este produto tornaria o serviço insalubre? Em caso
positivo, o uso de EPIs elidiria a insalubridade?
Resposta: Negativo – vide comentários no item 4.3.13 do
laudo.
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8.5 O uso de EPIs no local onde o autor trabalhava elide a


possível insalubridade acarretada por ruídos?
Resposta: Afirmativo – vide comentários no item 4.4 e 4.5
do laudo.

8.6 Quais os EPIs que eram utilizados pelo autor e quais EPIs o
Sr. Perito encontrou na empresa, a disposição dos torneiros
da ré?
Resposta: Vide comentários no item 4.4 do laudo.

8.7 Queira o Sr. Perito tecer outras considerações que reputar


pertinentes.
Resposta: Vide teor do laudo.

9. CONCLUSÃO

Em analisando as condições de trabalho do autor, Sr. Lori


José Volpi, quando executava as tarefas pertinentes as funções
de “torneiro mecânico” este perito é de parecer que o mesmo não
laborou exposto aos riscos caracterizadores de insalubridade
conforme previsto em nossa legislação.

Conclusão fundamentada na Lei 6514/77, Portaria 3214/78,


NRs 6 e 15 e seus anexos.

Erechim / Chapecó, 20 de janeiro de 2010.

Luiz Fernando Rohenkohl


Engenheiro de Segurança do Trabalho
CFEAA-220093629-0
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Foto do local de trabalho do autor


Em primeiro plano o torno mecânico que o mesmo operava

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