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Inferir uma

informação implícita
de um texto
Em toda construção textual há um
objetivo comunicativo. Nesse
processo de comunicação entre autor-
texto-leitor, há informações contidas
no texto de maneira explícita e de
maneira implícita. 
As informações explícitas são aquelas
manifestadas pelo autor no próprio texto, isto
é, elas aparecem na superfície do texto. Desse
modo, não é preciso que o leitor faça muitas
reflexões, ou que leve muito tempo para
notá-las, pois as informações estão escritas,
nítidas, claras, objetivas. 
Observe o poema a seguir.
De manhã
a minha sombra
Com meu papagaio e o meu macaco
Começam a me arremedar.
E quando saio
A minha sombra vai comigo
Fazendo o que eu faço
Seguindo os meus passos.

Depois é meio-dia.
E a minha sombra fica do tamaninho
De quando eu era menino.
Depois é tardinha.
E a minha sombra tão comprida
Brinca de pernas de pau.
Minha sombra , eu só queria
Ter o humor que você tem,
Ter a sua meninice,
Ser igualzinho a você.

E de noite quando escrevo,


Fazer como você faz,
Como eu fazia em criança:
Minha sombra
Você põe a sua mão
Por baixo da minha mão,
Vai cobrindo o rascunho dos meus poemas
Se saber ler e escrever.
LIMA, Jorge de. Minha Sombra In: Obra Completa. 19. ed. Rio de Janeiro: José Aguillar Ltda., 1958
De acordo com o texto, a sombra
imita o menino

(A) de manhã.
(B) ao meio-dia.
(C) à tardinha.
(D) à noite.
As informações implícitas não são
manifestadas pelo autor no texto, mas
podem ser subentendidas. Muitas vezes,
para efetuarmos uma leitura eficiente, é
preciso ir além do que foi dito, ou seja, ler
nas entrelinhas do que está dito. Essas
informações podem ser construídas pelo
leitor por meio da realização de inferências
que as marcas do texto permitem. 
Veja o exemplo a seguir:
Luísa parou de tomar café.
O que está explícito e implícito no exemplo?
Bem, a informação dita, escrita, explícita é que Luísa parou
de tomar café. Isso quer dizer que, se parou de tomar é
porque antes ela tomava café. Essa informação não está
escrita, não está explícita no texto, mas pode ser
compreendida graças às pistas dadas na frase. Nesse caso, o
verbo “parar”, conjugado na 3ª pessoa do singular, no tempo
pretérito perfeito do indicativo, “parou”, indica que uma ação
que estava em curso acabou.
Observe, agora, como os implícitos podem aparecer em
questões. Leia o texto a seguir.
O Homem que entrou pelo cano
      Abriu a torneira e entrou pelo cano. A princípio incomodava-o a estreiteza
do tubo. Depois se acostumou. E, com a água, foi seguindo. Andou
quilômetros. Aqui e ali ouvia barulhos familiares. Vez ou outra um desvio, era
uma seção que terminava em torneira. 
      Vários dias foi rodando, até que tudo se tornou monótono. O cano por
dentro não era interessante. 
      No primeiro desvio, entrou. Vozes de mulher. Uma criança brincava. Então
percebeu que as engrenagens giravam e caiu numa pia. À sua volta era um
branco imenso, uma água límpida. E a cara da menina aparecia redonda e
grande, a olhá-lo interessada. Ela gritou: “Mamãe, tem um homem dentro da
pia”. 
      Não obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A menina se cansou, abriu o
tampão e ele desceu pelo esgoto. 
BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Cadeiras Proibidas. São Paulo: Global, 1988, p. 89.
O conto cria uma expectativa no leitor pela situação
incomum criada pelo enredo. O resultado não foi o
esperado porque
(A) a menina agiu como se fosse um fato normal. 
(B) o homem demonstrou pouco interesse em sair
do cano. 
(C) as engrenagens da tubulação não funcionaram. 
(D) a mãe não manifestou nenhum interesse pelo
fato.
Para responder essa questão, é preciso que o leitor faça um exercício de interpretação
mais aprofundado, pois deve considerar as pistas dadas pelo texto. Nem tudo está dito de
maneira explícita.
No texto, quando a menina grita a mãe, fica implícito que ela não agiu normalmente em
relação ao homem que estava no cano. Em “Vários dias foi rodando, até que tudo se
tornou monótono. O cano por dentro não era interessante.” Fica explícito que o cano não
era interessante para o homem, que já estava chato, monótono. Essa informação não está
no fim do texto, não é o resultado da narrativa. O funcionamento das engrenagens é
mencionado no meio do texto e também não quebra as expectativas do leitor em relação
ao que está acontecendo.
Na letra D, temos a mãe manifestando nenhum interesse pela situação fora do comum
que sua filha está presenciando. No fim do texto, no último parágrafo é dito: “Não obteve
resposta. Esperou, tudo quieto. A menina se cansou, abriu o tampão e ele desceu pelo
esgoto.” De quem a menina não obteve resposta? Da mãe. A ausência dessa resposta
deixa implícito que a mãe, ao não responder, demonstrou desinteresse pela situação. Essa
informação não está escrita, com essas palavras, mas, pelo contexto e pelas pistas
deixadas no último parágrafo, é facilmente compreensível que essa seja a resposta
correta para o enunciado. 

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