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ESPUMA PARA COMBATE INCÊNDIO

IVAN MELIM
ENG. DE SEGURANÇA DO TRABALHO
BOMBEIRO DE AERÓDROMO GERENTE DE SESCINC
INTRODUÇÃO

Os agentes extintores são as substâncias que atuam sobre a combustão de


diferentes formas, com o objetivo de debelar o incêndio a partir dos
métodos de extinção de incêndios. Quando se trata da extinção de incêndios,
é importante que os agentes extintores sejam utilizados de forma correta,
seguindo as normas de utilização em conformidade com as classes de
incêndio.
AGENTES EXTINTORES

São denominados agentes extintores as substâncias capazes de interromper


uma combustão, seja por resfriamento, abafamento ou simultaneamente por
ambos os processos. Eles são normalmente utilizados através de
equipamentos portáteis ou sistemas fixos adequados e destinados a
proporcionar a proteção e a extinção do fogo.
A água, a espuma, os pós químicos e os agentes gasosos são os agentes
extintores, normalmente utilizados para combate de incêndio. Basicamente
os agentes extintores são divididos em Agentes Principais e Agentes
Complementares.
AGENTES PRINCIPAIS

São assim chamados pela capacidade de extinguir grandes


incêndios sem a necessidade de um agente complementar.
AGENTES COMPLEMENTARES
São denominados complementares porque, ao mesmo tempo em que
permitem a dominação rápida de um incêndio (quando aplicados em regime
suficiente), requerem, geralmente, a aplicação simultânea de um agente
principal, a fim de obter o controle permanente e a extinção total do
incêndio.
Geralmente, os agentes complementares não possuem ação apreciável de
resfriamento sobre os combustíveis que estão queimando e, em incêndios de
grandes proporções, seu efeito extintor é de caráter passageiro.
Esses agentes são particularmente efetivos em casos de fogo em lugares
confinados, onde é difícil a aplicação do agente principal,
ÁGUA
A água é o agente extintor mais empregado, em virtude do seu baixo custo
e da facilidade de obtenção. Age principalmente por resfriamento, devido a
sua propriedade de absorver grande quantidade de calor, se transformando
em vapor. E quanto maior a sua fragmentação, maior e mais rápida a sua
capacidade de se vaporizar e, conseqüentemente, absorver calor.
PROCESSO DE VAPORIZAÇÃO

A transformação da água em vapor faz com que seu volume aumente cerca de
1.700 vezes. Este grande volume de vapor d’água desloca um volume igual da
atmosfera ambiente ao redor do fogo, reduzindo deste modo, a quantidade de
oxigênio e de gases disponíveis para sustentar a combustão. Esse é um fator
de considerável influência na extinção de incêndios em ambientes fechados,
onde o vapor gerado expulsa o oxigênio e os gases inflamáveis do ambiente,
promovendo o abafamento, além de reduzir a temperatura (resfriamento) e
melhorar a visibilidade
CUIDADOS DEVEM SER OBSERVADOS

Em razão da existência de sais minerais em sua composição química, a água


conduz eletricidade e, se aplicada de maneira inadequada em equipamentos
energizados, pode conduzir uma descarga elétrica ao bombeiro.
Quando utilizada em combate ao fogo em reservatórios contendo
combustíveis líquidos de baixa viscosidade, há o risco dela se concentrar no
fundo do reservatório e provocar transbordamento do líquido que está
queimando, espalhando o fogo.
FENÔMENOS REALACIONADOS AO
INCÊNDIO
Em se tratando de combustíveis líquidos de alta viscosidade (óleos,
piche, petróleo, etc.), existe o risco do calor, que está sendo transmitido
pela parede do reservatório e através do próprio combustível, fazer com
que a temperatura da água que se acumulou no fundo, chegue aos 100
ºC, provocando sua ebulição, transformando-a em vapor. Isso faz com
que seu volume seja rapidamente aumentado (cerca de 1700 vezes).
Essa rápida expansão tem como conseqüência o fenômeno denominado
“boil over”, que é uma erupção (extravazamento muito violento) do
combustível em chamas, aumentando rapidamente a área do
incêndio e pondo em risco todo o pessoal que está trabalhando no
local da emergência.
CUIDADOS DEVEM SER OBSERVADOS

A água pode ser utilizada a partir de viaturas de combate a incêndio ou a


partir dos dispositivos de sistemas fixos de extinção (mangueiras,
canhões, chuveiros de segurança). No estado líquido, pode ser aplicada
através de jato compacto ou pleno (erradamente chamado de sólido), jato
chuveiro e jato neblina ou pulverizado.
APLICAÇÃO DE ÁGUA EM JATO COMPACTO OU
PLENO

• Como o próprio nome diz, é o jato em que a água toma uma forma contínua,

não ocorrendo sua fragmentação na saída do esguicho. É utilizado quando se

deseja maior alcance e maior penetração da água no combustível.

• Por não estar fragmentado, o jato contínuo chegará ao ponto desejado com

maior impacto, atingindo camadas mais profundas do material em chamas, o

que pode ser observado em materiais fibrosos (classe A).


ALCANCE DO JATO É A DISTÂNCIA MÁXIMA

Alcance do jato é a distância máxima que um jato pode atingir sem perder sua
eficiência. Essa eficiência é prejudicada por duas forças: a gravidade e o atrito
com o ar. Estas forças produzem no jato um efeito denominado “ponto de
quebra”. O “ponto de quebra” é o ponto a partir do qual o jato perde a
configuração de jato contínuo e passa a se fragmentar em grandes gotas que
cairão ao solo, não penetrando no material como se desejava e, muitas vezes,
nem chegando até ele.
Para se eliminar o efeito nocivo destas forças, o bombeiro deve alterar a
velocidade e o volume do jato ou se aproximar do objetivo, se possível. Os
esguichos agulheta, os de vazão regulável e o universal, bem como os canhões
dos CCI, permitem a formação de jato compacto.
APLICAÇÃO DE ÁGUA EM JATO CHUVEIRO

Quando aplicada em forma de chuveiro, a


água fragmenta-se em grandes gotas. Esse
tipo de jato atinge uma área maior do
incêndio, possibilitando um controle eficaz.
É usado quando se pretende uma maior e
mais rápida absorção de calor. A
fragmentação da água permite absorver
maior quantidade de calor que o jato
contínuo.
Porém, esse tipo de jato possui pouco alcance, necessitando que os
bombeiros se aproximem do material em chamas (figura). Os esguichos de
vazão regulável e o universal permitem a formação de jato em forma de
chuveiro. A amplitude do jato em forma de chuveiro pode ser regulada de
acordo com a necessidade de operação. Essa regulagem pode chegar ao
ponto de formar uma cortina d’água, que permite proteção dos bombeiros e
materiais não incendiados contra o calor radiado.
APLICAÇÃO DE ÁGUA EM JATO NEBLINA

Os jatos em forma de neblina ou pulverizado, são gerados por fragmentação da


água em partículas finamente divididas, através de mecanismos do esguicho. O
ar ficará saturado como uma fina névoa, e as partículas de água parecerão estar
em suspensão. Este tipo de jato deve ser aplicado a pequenas distâncias, caso
contrário, as partículas serão levadas para longe do fogo por correntes de ar
(vento e convecção). Em virtude desta fragmentação, a água se vaporiza mais
rapidamente que nos jatos contínuo e chuveiro, absorvendo o calor com maior
rapidez.
Na forma de neblina, a água protege com mais eficiência os bombeiros e o
material não incendiado, do calor radiado. O jato em forma de neblina
somente é conseguido com a utilização da extensão apropriada do esguicho
universal e em determinados tipos de chuveiro de segurança utilizados para
proteger equipamentos energizados (figuras).
ESPUMA

Agente extintor cuja ação principal de extinção é o abafamento e


secundária, o resfriamento, por utilizar água na sua formação. A espuma
conduz corrente elétrica. Quanto ao processo de formação, a espuma pode
ser química ou mecânica.
A espuma química, que continha CO2 em suas bolhas, entrou em desuso e,
atualmente, não é mais fabricada. Já as espumas mecânicas, que possuem
ação superior às espumas químicas, possuem bolhas de ar.
A rigor, a espuma é mais uma das formas de aplicação da água, pois se
constitui de um aglomerado de bolhas de ar (ou CO2) envoltas em películas
de água.
ESPUMA MECÂNICA

A espuma mecânica é obtida através da mistura de água com um líquido


gerador de espuma (LGE) e a aspiração simultânea de ar atmosférico através
de um esguicho próprio
DOSAGEM

O líquido gerador de espuma deve ser utilizado na dosagem especificada


pelo seu fabricante. Para a utilização em combate a incêndio em aeronaves,
os LGE que podem ser utilizados, segundo a Resolução 517, 14 de maio
de 2019.
A mistura a 1% é obtida utilizando 99 partes de água com 1 partes de LGE.
CLASSIFICAÇÃO DAS ESPUMAS MECÂNICAS

De acordo com suas peculiaridades, as espumas podem ser classificadas em:


QUANTO A RAZÃO DE EXPANSÃO
A razão da expansão da espuma é calculada por meio da quantidade de mistura e da
quantidade de água necessárias para atendimento da emergência, conforme Quadro 2:
A partir do cálculo inicial, a espuma é feita por meio do esguicho formador
de espuma, ilustrado na figura 6.
A espuma pode ser feita também por meio do dispositivo de espuma de alta
expansão (figura ).
Figura - Dispositivo Formador de Espuma de Alta Expansão:
QUANTO A FORMAÇÃO DE CAMADA ISOLADORA
Quanto a formação de camada isoladora, as espumas podem ser classificadas
como

Um exemplo de como funciona a camada isoladora de espuma é apresentado na


figura , abaixo
QUANTO À SUA COMPOSIÇÃO QUÍMICA
ESPUMAS ORGÂNICAS
Basicamente existem 2 tipos de espumas orgânicas: a espuma protéica e a
fluoproteica. A espuma protéica é formada através de LGE de origem orgânica
obtido pela hidrólise de proteínas orgânicas (chifre e casco de boi, feijão de
soja etc.). Esses LGE continham produtos para estabilizar a espuma, inibir a
corrosão e a proliferação de bacterias, e reduzir o ponto de congelamento. A
espuma fluoproteica tem a mesma composição da protéica, acrescida de
flúor.
Ambas caíram em desuso devido ao fato de serem altamente corrosivas,
chegando a formar crostas (cristalização) nas tubulações dos caminhões de
bombeiro de aeródromo, possuírem baixo tempo de vida útil em estoque, além
de possuírem cheiro extremamente desagradável.
ESPUMAS SINTÉTICAS

São as que oferecem as melhores vantagens e versatilidade:


• Velocidade de extinção altíssima;
• Formação de uma camada isoladora (filme, película ou membrana) sobre
a superfície do líquido, impedindo a reignição;
• Tempo de vida em estoque superior a 20 (vinte) anos;
• Total compatibilidade com os pós químicos;
• Podem ser utilizados com equipamentos sem aspiração de ar (embora a
sua melhor expansão é verificada quando utilizada nos equipamentos com
aspiração de ar);
• Não apresentam sedimentação.
Basicamente existem 2 tipos de espumas sintéticas: a espuma para
hidrocarbonetos e a espuma para solventes polares.

As espumas para hidrocarbonetos, conhecidas como AFFF (Aqueous Film


Forming Foam – Espuma Formadora de Filme Aquoso), destinadas ao uso em
derivados de petróleo (gasolina, óleos, querosene, benzeno, tolueno, xileno,
etc.), formando um filme ou película aquosa. Elas não podem ser utilizadas em
solventes polares porque estes destroem o filme aquoso e a espuma, impedindo
a extinção do fogo (figura ).
ESPUMAS PARA SOLVENTES
As espumas para solventes polares são destinadas ao uso em álcool, acetona,
éter, etc. E também pode ser usada em hidrocarbonetos. Ela forma uma
Membrana Polimérica, cuja consistência resiste ao ataque dos solventes
polares (figura )
UTILIZAÇÃO
• As espumas sintéticas podem ser utilizadas a partir de viaturas de combate ao
incêndio ou a partir dos dispositivos de sistemas fixos de extinção
(mangueiras, canhões, câmaras de aplicação em reservatórios de combustível) .
•Apesar dos fabricantes informarem que os LGE sintéticos podem ser
aplicados através de esguichos não aerados, a sua melhor performance é
conseguida com esguichos aerados (providos de dispositivos para aspiração de
ar). Assim, aplicando 1 litro de mistura através de um esguicho aerado, obtem-
se uma expansão para 8 litros (1:8), enquanto, se aplicarmos a mesma
quantidade de mistura através de um esguicho não aerado, obtem-se, no
máximo, 5 litros de espuma
TIPOS DE ESGUICHOS E SUAS UTILIZAÇÕES

O sucesso no combate a incêndios depende, entre outras coisas, do


treinamento da pessoa que manipula o equipamento, da qualidade do sistema
de incêndio e, principalmente, o tipo ideal de esguicho para controlar a vazão
de água.
Você precisa escolher bem o esguicho pois a atuação dele é fundamental
quando utilizado em conjunto com as mangueiras e os canhões monitores.
ESGUICHO REGULAVEL

É o mais popular e o mais usado no combate a incêndio, pois produz desde o


jato compacto até neblina. Alguns deles possuem uma manopla, que abre e
fecha a passagem de água de forma rápida, precisa e contínua, onde você pode
fazer a regulagem.
SISTEMAS ESPECIAIS: SISTEMA DE ESPUMA

O Sistema de Espuma-Água normalmente utiliza o método proporcionador de


pressão balanceada para aplicações de combate a incêndio de líquidos
inflamáveis. Eles foram projetados para controlar com precisão o fluxo do
concentrado de espuma no fluxo de água ao longo de uma grande variedade
de vazões e pressões. Existem dois tipos básicos de sistemas, com tanque
flexível e com bomba, que requerem que a pressão do concentrado de espuma
seja balanceada com a pressão da água no proporcionador, o qual mede a
quantidade adequada de concentrado de espuma para o fluxo de água. A
solução de espuma resultante é canalizada para os dispositivos de descarga
para proteção da área de risco
TANQUES FLEXÍVEIS DE CONCENTRADO DE ESPUMA

• O diafragma elastomérico armazena o concentrado líquido de espuma


descarregado pela entrada de água que aplica pressão ao diafragma.
• Disponíveis tanto nos modelos verticais como horizontais.
• O tubo central interno perfurado do tanque proporciona uma descarga maior
de agente.
• Capacidade de concentrado de espuma de 190 a 5.678 litros.
• Pintura do sistema em vermelho-padrão ou revestido com acabamento
vermelho "CR" em epóxi para uso marítimo ou em ambientes corrosivos.
• Tanques-padrão ou pré-montados com proporcionador para facilitar a
instalação.
TANQUES
PROPORCIONADOR EM LINHA DE 2" E 2 1/2"

• Cada proporcionador é composto por um corpo, bocal de entrada e orifício


dosador, todos fabricados em latão resistente à corrosão.
• O corpo do proporcionador possui entrada com rosca fêmea NPT e saída
com rosca macho NPT, com diâmetros de 2"ou 21/2".
• Claramente marcada no corpo do proporcionador existe uma de direção de
fluxo, bem como o tipo e porcentagem de concentrado para o qual o
proporcionador foi projetado.
• O bocal de entrada é fixado por um anel de retenção de aço inoxidável.
• O orifício dosador é dimensionado de acordo com o tipo e porcentagem de
concentrado de espuma utilizado, também fixado por um anel de retenção de
aço inoxidável.
PROPORCIONADOR EM LINHA DE 2" E
21/2"
SISTEMA DE PROPORCIONADOR DE LINHA
SISTEMA DE CANHÃO MONITOR PORTÁTIL
REUNIR-SE É UM COMEÇO, PERMANECER JUNTOS É UM
PROGRESSO, E TRABALHAR JUNTOS É SUCESSO." (HENRY FORD)

MUITO OBRIGADO PELA SUA


ATENÇÃO!

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