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A fênix renascida,

cancioneiro da
poesia barroca
portuguesa
A fênix renascida

Cancioneiro de poesia barroca


portuguesa

Manuscritos desconhecidos
Fixação dos textos

Organização genológico-temática

Atribuição autoral
Edições setecentistas A importância dos prólogos

• 45 mil versos; • Motivações e critérios;

• Editor: Matias Pereira da Silva; • Tomo I - Razão : “[...] desenterrar das


sombras do esquecimento as obras que
há tantos anos estavam sepultadas”;
• 5 Tomos: 1716 – 1728;

• Duas ordens de motivos: estética da


• Ausência de plano prévio; imitação X importância dos poetas
seiscentistas;
As fontes usadas As opções editoriais

• A relação pouco sistemática Opções editoriais:


entre a produção literária e a 1. Correções dos textos;
imprensa;
2. Ordenação em vários tomos;
3. Inclusão de obras de diversos
• Como a poesia lírica é afetada? autores em cada um dos
tomos;
Os autores reconhecidos e os autores anônimos
• Jerónimo Baía;
• António Barbosa Bacelar;
• Francisco de Vasconcelos;
• D. Tomás de Noronha;
• Soror Violante do Céu;
• Diogo Monroy e Vasconcelos;
• Jacinto Freire de Andrade;
• Frei António das Chagas;
Língua Formas

Fênix
renascida

Temas poéticos do Práticas editoriais


período barroco
Se/te a/nos/ de/ pas/tor/ Já/cob/ ser/via
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por soldada pretendia.

Os dias na esperança de um só dia


passava, contentando-se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel, lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que por enganos


lhe fora assi negada sua pastora,
como se a não tivera merecida,

tornando já a servir outros sete anos,


dezia: –Mais servir(i)a, se não fora
p[e]ra tão longo(s) a[m]o[r] tão curta vida.

(Camões, 1989: 887


A POESIA BARROCA EM PORTUGAL
“SETE ANOS DE PASTOR” CAMÕES

Glosa
Antônio Barbosa Bacelar

Pretendo Raquel, serrana bela, Sete anos de pastor Jacó servia;


Porém, como a Raquel só pretendia, Não servia a Labão, servia a ela.
Consolava a esperança só com vê-la, Indo passando um dia e outro dia; Dava-se alento o
muito queria,
E pagava-se só com merecê-la.
Porém, quando por meios tiranos De Raquel se lhe nega a formosura, Agradece a Labão
estes enganos,
Cifrando em mais servir maior ventura, Dizendo: ‘’Servirei, porque os meus anos Com servi-la
hão de ser de eterna dura.”
Fonte: (In: PÉCORA, 2002)
A POESIA BARROCA EM PORTUGAL
SONETO LXXIII

Em dia de cinza sobre as palavras:


Quia pulvis es
Francisco Manuel de Melo
Melhor há de mil anos que me grita Uma voz, que me diz:

“És pó da terra”. Melhor há mil anos que a desterra


Um sono, que esta voz desacredita.
Diz-me o pó que eu sou pó? E a crer me incita Que é o vento quanto neste pó se encerra;
Diz-me outro vento que esse pó erra:

Qual destes a verdade solicita?


Pois, se mente este pó, que foi do Mundo?
Que é do gosto? Que é do ócio? Que é da idade? Que é do vigor constante e amor juncundo?

Que é da velhice? Que é da mocidade? Tragou-me a vida inteira o Mar profundo! Ora
quem diz sou pó, falou verdade.
Fonte: (In: PÉCORA, 2002)

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