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TEORIA GERAL DA

SEGURANÇA PÚBLICA
Discussão da noção de Segurança Vs
Segurança Pública
Fernando Francisco Tsucana (PhD)
A segurança nos primórdios da vida humana

• Vida em sociedade: necessidade de um código de


convivência
e de um grupo de pessoas para garantir o cumprimento
desse
código de convivência social;
• O nascimento do Estado, como ficção que reúne povo,
território e governo;
• Surgimento da figura do “Servidor Público”;
• Função do “Servidor Público”.
A segurança pública na Antiguidade
• Platão tratava do assunto segurança como de grande
importância para a constituição das Cidades Estados
(polis);
• Quem seriam os guardiões da paz e da tranquilidade
da cidade?
• “Sendo assim, filósofo, irascível, ágil e forte será
aquele que destinamos a tornar-se um bom guardião
da cidade” (NAZARENO, 2005, p.17).
Função da Polícia na história
Em algumas partes do mundo oriental e ocidental:

No Egito - os magistrados exerciam funções policiais;


Na Grécia - A polícia confundia-se com o conjunto das
instituições que governavam a cidade.
Em Roma - as funções policiais confundiam-se com as
de judicatura.
A SEGURANÇA, ENQUANTO NECESSIDADE
BÁSICA DA VIDA HUMANA EM SOCIEDADE
POSSUI DUAS DIMENSÕES:

SEGURANÇA

INTERNA PÚBLICA

Visa garantir um código de


Referente à garantia da convivência social : Legislação
SOBERANIA NACIONAL
Segurança Pública
OBJECTO LABORAL

é a garantia do cumprimento do código de


convivência social, intervindo sobre os
conflitos de interesses pessoais para garantir o
interesse colectivo.

não há quem seja inimigo. Há, sim, infractor da lei que,


naquele momento, transgrediu uma norma vigente será,
na forma da lei, objecto de intervenção do Estado para
que seja restaurada a Ordem Pública.
Funções
SEGURANÇA INTERNA SEGURANÇA PÚBLICA
 é decorrente do agir, ou da  procedimento de governo que
prontidão para agir, de um grupo busca fazer pelo povo tudo aquilo
de servidores públicos; que ele não consegue fazer por si
só;
treinados e com os equipamentos
necessários para responder com o uso da  visa garantir um código de
força bélica a todas as violações, ou
possibilidade de violações, das
convivência social,
fronteiras do país; materializado no arcabouço
legal vigente;
 com o desejo de garantir o
exercício livre e soberano do  Estão expressas as vontades e
desejos do povo, elaboradas e votadas
governo. pelo Poder Legislativo.
Nota importante
O infractor não é um inimigo dos servidores
públicos encarregados da garantia da
segurança pública;
Ele é um cidadão, por isso, credor de todos os
direitos e garantias individuais, que cometeu
um acto infraccional a um dispositivo legal e,
por isso e somente por isso, deve ser
sancionado na forma da lei.
POR ISSO...
• Não há espaço para a aplicação da teoria de
“TOLERÂNCIA ZERO”;
• Todos os procedimentos a serem seguidos
no tratamento do Infractor estão regulamentados;
• O princípio de “Pela Lei e Ordem” é segregacionista:
-Na segurança moderna e na segurança Democrática
-A primasia é o segurança do Povo e não do Estado.
Os 9 princípios de Sir Peel
Versão Resumida dos 9 Princípios de Sir Peel
01 A missão fundamental da polícia é a prevenção do crime e da desordem, e não a repressão.
02 A capacidade da polícia de cumprir o seu dever depende da aprovação de sua acção pelo
público.
03
Para obter e conservar o respeito e a aprovação do público, a polícia deve poder contar com
a sua cooperação voluntária na tarefa de assegurar o respeito das leis.
04 O grau da cooperação do público com a polícia diminui na mesma proporção em que a
necessidade do uso da força aumenta.
05 É pela demonstração constante da sua ação imparcial, e não quando ela cede aos caprichos da opinião do
público, que a polícia obtém o apoio da população.

06
A polícia não deve recorrer à força física a menos que ela seja absolutamente necessária para fazer cumprir a
lei ou para restabelecer a ordem e, mesmo assim, somente após ter constatado que seria impossível obter
esses resultados pela persuasão, conselhos ou advertências.
Os 9 princípios de Sir PeeL – cont.
07 A polícia deve manter com o público uma relação fundada na idéia de que
a polícia é o público e o público é a polícia.
A polícia se deve manter (ater) ao exercício estrito das funções que lhe são
08 confinadas e se abster de usurpar, mesmo em aparência, aqueles que competem
ao poder judiciário.

09 A prova da eficácia da polícia é a ausência de crimes e de desordem e não a


manifestação visível de sua ação.

Máxima de Sir Peel:


“A POLÍCIA É O PÚBLICO E O PÚBLICO É A
POLÍCIA”
Nova função da polícia
A função da Polícia passa a ser a de manutenção
da ordem pública, da liberdade, da prosperidade
e da segurança individual e da Propriedade.
MISSÃO DA PRM

MANTER
E ORDEM
PRESERVAR

SEGURANÇA

TRANQUILIDADE
PÚBLICA

Veja conceitos básicos de “segurança pública” em Nazareno (2010,pp. 49-54)


ENTRE MANTER E PRESRVAR

• “Manutenção: acto ou efeito de manter; gerência; administração”;


garantia.

• Preservação: “acto ou efeito de preservar e;


Preservar: livrar de algum mal, manter livre de corrupção, perigo ou
dano; livrar; defender; resguardar”.
NB: a maior amplitude está afecta ao vocábulo“preservação” em comparação ao vocábulo
“manutenção”. Porquê?
Justificativa

• A preservação abrange tanto a prevenção quanto à


restauração da Ordem Pública, pois seu objectivo é defendê-la,
resguardá-la, conservá-la intacta. A preservação da Ordem
Pública abrange as funções de Polícia preventiva e a parte de
Polícia judiciária denominada de repressão imediata, pois é
nela que ocorre a restauração da Ordem Pública (NAZARENO,
2010,P.54).
Segurança Pública

É o conjunto de processos políticos e jurídicos,


destinados a garantir a ORDEM PÚBLICA
na CONVIVÊNCIA de homens em sociedade.
Funcionamento Homeostático

É o conjunto de ESTRUTURAS e FUNÇÕES


que deverão produzir actos e processos
capazes de afastar ou eliminar riscos
contra a Ordem Pública
SEGURANÇA PÚBLICA COMO SISTEMA

Estruturas s e

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Subsistemas
A Segurança Pública
Se compreende estruturas e funções,
para a prática de actos,
para a garantia da ordem pública,
ela é, em si mesma, um sistema:
O Sistema da Segurança Pública.
Subsistema
PGR
do MP

Sistema de Subsistema
Subsistema
PRM POLICIAL Segurança JUDICIAL
Pública
TRIBUNAIS
Subsistema
SERNAP PENITENCIÁRIO
Nova função da polícia
O subsistema policial faz parte do Poder Executivo;
o subsistema judicial, do Poder Judiciário;
o subsistema Penitenciário, de ambos os Poderes.
SUBSISTEMAS PODERES

MINISTÉRIO POLICIAL LEGISLATIVO


PÚBLICO

JUDICIAL
EXECUTIVO

PENITENCIÁRIO
I ZA JUDICIAL
S C AL
FI
HISTÓRIA DA POLÍCIA
DO CPM À PRM
Nova função da polícia
A função da Polícia passa a ser a de manutenção
da ordem pública, da liberdade, da prosperidade
e da segurança individual e da Propriedade.
SEGURANÇA PÚBLICA
Relação entre:
a) Delinquentes,
b) Vítimas,
c) Factores da criminalidade e
d) Prevenção
a) Classificação dos Delinquentes
1°- Os Impetuosos
2°- Os Ocasionais
3°- Os Habituais
4°- Os Fronteiriços
5°- Os Loucos Criminosos
Os Impetuosos
• Agem em curto-circuito, por amor à honra, sem
premeditação, fruto de uma anastesia momentânea
do senso crítico.
• Dentre os delitos que praticam relacionam-se
principalmente o crime passional e alguns tipos de
assassinatos e de agressão física.
• Em geral é um criminoso honesto, principalmente
quando se trata de um delito passional dos amantes,
dos maridos e das mulheres traídas.
Os Ocasionais

• São os levados pelas condições pessoais e


influências do meio.
• Os factores têm muito peso. Os delitos que
mais praticam são o furto e a fraude.
Criminosos Habituais
• São aqueles cujos marginais são incapazes de
readquirir uma existência honesta.
• Cometem todo o tipo de delitos como assaltos,
tráfico de drogas e assassinatos em série.
• Esses últimos são conhecidos como "assassinos
de aluguer ou justiceiros".
• O criminoso habitual é o que tem como profissão
o crime; sai de casa para "trabalhar" cuja
actividade é o delito.
Criminosos Fronteiriços
• Não são propriamente doentes mentais e também
não são normais.
• Apresentam permanentes deformidades do senso
ético-moral, distúrbio de afecto e da sensibilidade
cujas alterações psíquicas os levam ao delito.
• A sua característica principal é a extrema
frieza e insensibilidade moral com que tratam as
vítimas.
Os Loucos Criminosos
• Os delitos que praticam podem ser divididos em dois grandes
grupos:
I - aqueles que agem graças a um processo lento e reflexivo e;
II - aqueles que agem por impulso momentâneo.
• No primeiro caso, a ideia surge do nada, inesperadamente, é a
obsessão doentia e invencível.
• No segundo caso, a deliberação do crime é fruto de uma
impulsão momentânea; é seguido de imediata execução.
• O acto é em curto-circuito, reacção primitiva, sem motivo algum
que possa justificar o tipo de atitude.
TIPOLOGIA DAS VÍTIMAS
Classificações de Benjamín Mendelsohn
a) Classificação baseada na correlação da
culpabilidade entre a vítima e o infractor;
b) Sustenta que há uma relação inversa entre
a culpabilidade do agressor e a do ofendido;
c) A maior culpabilidade de uma é menor que a
culpabilidade do outro.
Classificações de Benjamín Mendelsohn
Existem 5 tipos de vítimas:
1. Vítima completamente inocente ou vítima ideal;
2. Vítima de culpabilidade menor ou vítima por
ignorância;
3. Vítima tão culpável como o infrator ou vítima
voluntária;
4. Vítima mais culpável que o infractor;
5. Vítima mais culpável ou unicamente culpável.
1. Vítima completamente inocente ou
VÍTIMA IDEAL

• É a vítima inconsciente que se colocaria


em 0% absoluto da escala de
Mendelsohn;
• É a que nada fez ou nada provocou para
desencadear a situação criminal, pela qual
se vê danificada/prejudicada.
2. Vítima de culpabilidade menor ou
VÍTIMA POR IGNORÂNCIA;

• Neste caso se dá um certo impulso


involuntário ao delito;
• O sujeito por certo grau de culpa ou por meio
de um acto pouco reflexivo causa a sua própria
vitimização.
• Exemplo: Mulher que provoca um aborto por meios
impróprios pagando com a sua vida, a sua ignorância.
3. Vítima tão culpável como o infractor
ou VÍTIMA VOLUNTÁRIA

• aquelas que cometem suicídio jogando com a


sorte;
• a companheira (o) que pactua um suicídio;
• os amantes desesperados;
• o esposo que mata a mulher doente e se
suicida.
4. Vítima Mais Culpável que o
infractor;
• Vítima provocadora: Os factores têm muito peso. Os
delitos que mais praticam são o furto e a fraude;
• Vítima por imprudência: é a que determina o acidente
por falta de cuidados. Ex. quem deixa o automóvel mal
fechado ou com as chaves na ignição.
5. Vítima mais culpável ou
UNICAMENTE CULPÁVEL
Vítima infractora: cometendo uma infracção o agressor
cai vítima exclusivamente culpável ou ideal, se trata do
caso de legitima defesa, em que o acusado deve ser
absolvido.
Vítima simuladora: o acusador que premedita e
irresponsavelmente joga a culpa ao acusado, recorrendo a
qualquer manobra com a intenção de fazer justiça num
erro.
CONCLUSÃO

Meldelsohn conclui que as vítimas podem


ser classificadas em 3 grandes grupos para
efeitos de aplicação da pena ao infractor:
Concluão – terminação
Primeiro grupo: vítima inocente: não há provocação nem
outra forma de participação no delito, mas sim puramente
vitima;
– Segundo grupo: estas vítimas colaboraram na acção
nociva e existe uma culpabilidade reciproca, pela qual a pena
deve ser menor para o agente do delito(vítima provocadora);
– Terceiro grupo: nestes casos são as vítimas as que
cometem por si a acção nociva e o não culpado deve ser
excluído de toda pena.
Políticas de Segurança Pública
diferenciação

Políticas públicas de segurança


Vs
Políticas de segurança pública
Políticas....1
 “Políticas públicas” são directrizes,
princípios norteadores de acção do poder
público;
 Regras e procedimentos para as relações
entre poder público e sociedade,
mediações entre actores da sociedade e
do Estado;
Políticas...2
 São, políticas explicitadas, sistematizadas ou
formuladas em documentos (leis, programas,
linhas de financiamentos) que orientam acções que
normalmente envolvem aplicações de recursos
públicos.

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