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O Porto

Aki Kaurismaki
O Porto –Aki • Regressar a casa- Ulisses (“Odisseia”) navega com o
objetivo de regressar a sua casa, em Ítaca.
Kaurasmaki • Iniciar uma nova vida – Eneias (“Eneida”) foge de
Troia em chamas, invadida pelos gregos, com a
missão de fundar uma nova cidade (Roma)
Há várias • Aventura/Descobrir novos mundos: por exemplo, a
viagem de Bartolomeu Dias que passou pela
razões para primeira vez o Cabo da Boa Esperança, permitindo o
acesso ao Índico e á Índia.
uma viagem
marítima
O Porto –
Aki Viagem: Iniciar uma nova vida – Imigrantes – os novos Eneias.
Kaurasmaki Eneias tinha como missão fundar uma nova cidade, novos
hábitos, novos costumes. Fugiu de uma cidade que estava a ser
destruída. Os imigrantes partem para construírem o seu próprio
futuro e fugirem à guerra e à miséria, vão também eles, porque
Qual a trazem os seus hábitos e costumes, construir uma nova cidade

viagem neste
filme?
Cansado da sua pouca sorte como escritor, Marcel Marx
(André Wilms) deixa a sua vida para trás e parte com a
mulher Arletty (Kati Outinen) para Le Havre, uma pequena
cidade portuária da Normandia, França. Ali, num recomeço
incomum, ele torna-se engraxador de sapatos, algo que
O Porto – faz alegremente e sem perder o otimismo nem a dignidade
que lhe é característica. É então que conhece Idrissa
Aki (Blondin Miguel), uma criança africana refugiada, que
planeia chegar a Londres, onde encontrará a família.

Kaurasmaki Sem saber o que fazer àquela criança, decide levá-la


consigo para casa e tornar-se seu protetor. Porém, mesmo
contra o cinismo da sociedade, dos problemas que
acabam por surgir com a polícia e da doença que ameaça
a vida de Arletty, ele não desiste da sua luta por um mundo
Sinopse melhor.
Realizado pela finlandês Aki Kaurismäki e estreado no
festival de Cannes, onde foi aplaudido pelo público e pela
crítica, "Le Havre" ganhou o Fipresci - Prémio da Crítica
Internacional e o Prémio Louis Delluc, um dos mais
prestigiantes galardões franceses. 
Realizador finlandês, nascido em 4 de abril de 1954. Aki
Kaurismäki começou sua carreira como assistente de realização
nos filmes do seu irmão mais velho Mika Kaurismäki. O seu
primeiro filme foi “Crime e Castigo” (1983), adaptação do
O Porto – famoso romance de Dostoiévski.
Em matéria de prémios, o filme mais bem sucedido de
Aki Kaurismäki foi The Man Without a Past que ganhou o Grand Prix
no Festival de Cannes em 2002 e foi nomeado para o Óscar
Kaurasmaki como Melhor Filme de Língua Estrangeira em 2003. Entretanto,
Kaurismaki recusou estar presente na cerimónia, dado que não
se sentia com espírito para festas numa nação que estava em
guerra (Guerra do Iraque). Lights in the Dusk, o filme seguinte de

Realizador
Kaurismäki, foi escolhido para ser o representante finlandês na
categoria Melhor Filme em Língua Estrangeira. Kaurismäki
novamente decidiu boicotar o prémio e recusou a indicação
como protesto contra a política exterior do Presidente dos
Estados Unidos, George W. Bush. A mesma situação aconteceu
com este filme.
Aki Kaurismäki vive uma parte significativa do ano em Viana do
Castelo (normalmente durante o inverno), mais concretamente
em Afife onde tem uma vivenda. Tem um relacionamento

O Porto – próximo com o Cineclube Ao-Norte de Viana do Castelo, tendo já


apresentado os seus filmes na sala desta associação.

Aki A personagem do engraxador neste filme foi, segundo palavras


do próprio em entrevista ao Público:

Kaurasmaki “Tinha a ideia de um homem que vê um rapaz na água e decide


ajudá-lo. Mas não sabia que tipo de homem era: rico, pobre,
classe média, operário - e, sendo assim, que tipo de operário?
Demorei quase um ano a encontrar isso, (…) E um dia encontrei
Realizador um engraxador em Viana. Engraxei os sapatos, que já estavam
brilhantes... Decidi que a personagem iria ser engraxador,
obviamente. Ele pediu três euros, eu dei-lhe vinte. "Não, é
demasiado", disse. "Não, não, é muito pouco", disse eu. Ele até
tinha um cão, até roubei isso [para o filme].”
A ação do filme decorre numa cidade portuária com o mar
mesmo ao lado. Muitas vezes, ao longo do filme, Marcel
atravessa o porto a caminho de casa. Também é no porto que ele
O Porto – conhece a personagem do refugiado. No fim, Idrissa, o refugiado
embarca finalmente para Inglaterra, como era seu desejo, num

Aki barco de um pescador. Assim, embora não se passe no mar, o


filme tem o ambiente marítimo sempre presente. O mar é
pressentido como lugar de paz, de sossego e de sonho.
Kaurasmaki No início do filme, Marcel encontra-se a engraxar sapatos numa
estação de comboios onde é maltratado e assiste a um
assassinato. Na parte final, encontra-se a bordo de um barco de

O Mar
pesca onde assiste a uma partida feliz e ao melhor da
solidariedade humana. Assim, há este contraste entre terra e
mar, sendo que o mar e a sua possibilidade de fuga e partida (na
estação apenas assistimos aos passageiros que chegam) é aqui
visto como algo positivo.

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