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Simulado 40 questões

Questão 1 Mackenzie a um narrador-observador que participa da cena apenas para


A Esmeralda e o Camafeu produzir um efeito de comicidade, como em A cena se estava
tornando patética (linha 13).
— Se eu encontrasse!... b o uso da primeira pessoa na voz narrativa, caracterizando um
— Então?... que faria?... personagem com dupla função: narrador-personagem.
— Atirar-me-ia a seus pés, abraçar-me-ia com eles e lhe diria: c um narrador-protagonista que conhece e participa de toda a
“Perdoai-me, perdoai-me, senhora, eu já não posso ser vosso história, impondo juízo de valores, como em E o infeliz amante
esposo! arrancou debaixo da camisa um breve (linha 06).
[5] tomai a prenda que me deste...” d o recurso do flashback, iniciado com — Espere, tornou D.
E o infeliz amante arrancou debaixo da camisa um breve, que Carolina (linha 23), para elucidar uma ação ocorrida no passado
convulsivamente apertou na mão. com consequências no presente.
— O breve verde!... exclamou D. Carolina, o breve que contém
e um narrador que, em perspectiva futurista, exalta a vida
a esmeralda!...
moderna, a velocidade e a sociedade urbana.
[10] — Eu lhe diria, continuou Augusto: “recebei este breve que já
não devo conservar, porque eu amo outra que não sois vós, que é Questão 2 UECE
mais bela e mais cruel do que vós!...”
Diversas características culturais marcaram o Brasil durante o
A cena se estava tornando patética; ambos choravam e só
Segundo Reinado (1840-1889), dentre as quais destacou-se
passados alguns instantes a inexplicável Moreninha pôde falar e
[15] responder ao triste estudante. a a realização da Semana de Arte Moderna, também chamada
— Oh! pois bem, disse; vá ter com sua desposada, repita-lhe o de Semana de 22, que ocorreu em São Paulo e congregou
que acaba de dizer, e se ela ceder, se perdoar, volte que eu serei grandes nomes do modernismo.
sua... esposa. b o surgimento de uma literatura que unia o lirismo à crítica
— Sim... eu corro... Mas, meu Deus, onde poderei achar essa social e ao realismo fantástico e que tinha em Jorge Amado e Dias
[20] moça a quem não tornei a ver, nem poderei conhecer?... onde Gomes seus grandes ícones.
meu c o aparecimento de grupos teatrais como o Oficina e o Arena,
Deus?... onde?... que davam ênfase aos autores nacionais e usavam a arte para
E tornou a deixar correr o pranto, por um momento suspendido. criticar a situação do País.
— Espere, tornou D. Carolina, escute, senhor. Houve um dia,
d o predomínio de uma literatura de construção da identidade
quando a minha mãe era viva, em que eu também socorri um
nacional, como o romantismo indianista de José de Alencar e
velho
Gonçalves Dias.
[25] moribundo. Como o senhor e sua camarada, matei a fome de
sua
família e cobri a nudez de seus filhos; em sinal de reconhecimento
também este velho me fez um presente: deu-me uma relíquia
milagrosa que, asseverou-me ele, tem o poder uma vez na vida de
quem a possui, de dar o que se deseja; eu cosi essa relíquia
dentro
[30] de um breve; ainda não lhe pedi coisa alguma, mas trago-a
sempre
comigo; eu lha cedo... tome o breve, descosa-o, tire a relíquia e à
mercê dela encontre sua antiga amada. Obtenha o seu perdão e
me terá por esposa.
— Isto tudo me parece um sonho, respondeu Augusto, porém,
[35] dê-me, dê-me esse breve!
A menina, com efeito, entregou o breve ao estudante, que
começou a descosê-lo precipitadamente. Aquela relíquia, que se
dizia
milagrosa, era sua última esperança; e, semelhante ao náufrago
que
no derradeiro extremo se agarra à mais leve tábua, ele se
abraçava
[40] com ela. Só falta a derradeira capa do breve... ei-la que cede
e
se descose... Salta uma pedra... e Augusto, entusiasmado e como
delirante, cai aos pés de D. Carolina, exclamando:
— O meu camafeu!... o meu camafeu!...
Joaquim Manoel de Macedo, A Moreninha.
No excerto, está presente:
Questão 3 FAGOC a 1, 2, 4, 3.
A partir do estudo da Literatura, é possível observar que as b 2, 3, 4, 1.
escolas literárias podem ser divididas de acordo com o momento c 3, 4, 1, 2.
histórico em que se manifestam. A partir de tal pressuposto, d 3, 4, 2, 1.
relacione adequadamente as imagens que retratam as
características e/ou o momento histórico referente a determinado Questão 4 ACAFE
movimento literário. Texto
( ) Romantismo.
( ) Simbolismo. MEUS OITO ANOS MEUS OITO ANOS
( ) Arcadismo. Casimiro de Abreu Oswald de Andrade
( ) Barroco.
Oh! que saudades que tenho Oh que saudades que eu
A sequência está correta em tenho
Da aurora da minha vida, Da aurora de minha vida
Da minha infância querida Das horas
Que os anos não trazem mais! De minha infância
Que amor, que sonhos, que flores, Que os anos não trazem
mais
Naquelas tardes fagueiras Naquele quintal de terra
À sombra das bananeiras, Da Rua de Santo Antônio
Debaixo dos laranjais! Debaixo da bananeira
[...] Sem nenhum laranjais
[...]

Sobre o poema de Oswald de Andrade, é correto afirmar que:


a o autor usou um recurso denominado bricolagem, uma vez que
criou um texto a partir de fragmentos de diversos outros textos
com os quais dialoga, em um processo de citação extrema.
b trata-se de uma paródia que, de forma tendenciosa, pauta-se
pela recriação de um texto com caráter contestador e crítico, em
tom jocoso.
c constitui-se de uma paráfrase do texto Meus Oito Anos, de
Casimiro de Abreu, atribuindo-lhe uma nova “roupagem”
discursiva, embora mantendo a mesma ideia contida no texto
original.
d é uma citação, pois Oswald de Andrade incorpora a seu texto
partes do texto de Casimiro de Abreu, com quem dialoga. Todavia,
por não expressar a citação entre aspas, caracteriza-se como
plágio.

Questão 5 CESMAC
Dramaturgo, dicionarista e crítico literário, o maranhense
Gonçalves Dias (1823-1864) firmou o seu nome como um dos
mais importantes poetas românticos brasileiros. Dentre os poemas
abaixo, qual é de sua autoria?
a Deus! O Deus! Onde estás que não respondes?
Em que mundo, em que estrela tu te escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde, desde então, corre o infinito...
Onde estás, Senhor meu Deus?;
b Quem passou pela vida em branca nuvem
e em plácido repouso adormeceu,
quem não sentiu o frio da desgraça,
quem passou pela vida e não sofreu,
foi espectro de homem, não foi homem,
só passou pela vida, não viveu;
c Alma cheia de fogo e mocidade
Que ante a fúria dos reis não se acobarda,
Sonhava nesta geração bastarda
Glórias e liberdade;
d Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.;
e Vozes, veladas, veladoras, vozes,
volúpias dos violões, vozes veladas,
vogam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Questão 6 CESMAC Questão 7 UDESC
Senhor Deus dos desgraçados! Leia o Texto 1 para responder à questão 43.
Dizei-me vós, senhor Deus!
Se é mentira... se é verdade TEXTO 1
Tanto horror perante os céus?
Ó mar, por que não apagas [1] [...] D. Maria chamou por sua sobrinha, e esta apareceu.
Co’a esponja de tuas vagas, Leonardo lançou-lhe os
De teu manto este borrão?... olhos, e a custo conteve o riso. Era a sobrinha de D. Maria já muito
Astros! Noites! Tempestades! desenvolvida,
Rolai das imensidades! porém que, tendo perdido as graças de menina, ainda não tinha
Varrei os mares, tufão!” adquirido a beleza de
Castro Alves moça: era alta, magra, pálida: andava com o queixo enterrado no
peito, trazia as
A Literatura também versa sobre grandes problemas sociais que [5] pálpebras sempre baixas, e olhava a furto; tinha os braços finos
afetaram a história brasileira. e compridos; o cabelo,
cortado, dava-lhe apenas até o pescoço, e como andava mal
O poema de Castro Alves, sob a forma de uma prece, (intitulado penteada e trazia a
Tragédia no Mar) refere-se: cabeça sempre baixa, uma grande porção lhe caia sobre a testa e
a às condições dos grupos transportados pelos navios negreiros. olhos, como uma
viseira. Trajava nesse dia um vestido de chita roxa muito comprido,
b a outros males que atingiriam as condições climáticas da
quase sem roda, e
época. de cintura muito curta; tinha ao pescoço um lenço encarnado de
c a catástrofes que aconteceram à época do poeta. Alcobaça.
d a efeitos maléficos vividos pelas populações litorâneas [10] Por mais que o compadre a questionasse apenas murmurou
e aos desastres químicos que afetaram a população dos algumas frases
escravos. ininteligíveis com voz rouca e sumida. Mal a deixaram livre,
desapareceu sem olhar
para ninguém. Vendo-a ir-se Leonardo tornou a rir-se
interiormente.
Quando se retiraram, riu-se ele pelo caminho à sua vontade. O
padrinho indagou a
causa da sua hilaridade; respondeu-lhe que não se podia lembrar
da menina sem rirse.
[15] – Então lembras-te dela muito a miúdo, porque muito a miúdo
te ris.
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um Sargento de
Milícias. CT Editora Ltda, São Paulo, pp. 38 e 39.
Em relação à obra Memórias de um Sargento de Milícias, de
Manuel Antônio de Almeida, e ao Texto 1, analise as proposições.

I. Pode-se inferir que o caráter do personagem Leonardo


caracteriza a obra como “nãoromântica”.
II. As personagens apresentadas por Manuel Antonio de Almeida,
na obra, em relação à classe social, são pessoas populares, não
pertencem à burguesia.
III. A observação do padrinho de Leonardo (linha 16), sugere que o
afilhado estaria sempre a lembrar-se da sobrinha de D. Maria,
porque estava interessado nela.
IV. Reescrevendo o período “respondeu-lhe que não se podia
lembrar da menina” (linha 14), no futuro do pretérito, assim ficaria
“responder-lhe-ia que não poder-se-ia lembrar da menina.”
V. Em relação à linguagem que o autor apresenta, na obra, pode-
se classificá-la como culta, comparando-a a outros escritores deste
período literário, a exemplo, Machado de Assis e José de Alencar.

Assinale a alternativa correta.


a Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
b Somente as afirmativas I, II, III e V são verdadeiras.
c Somente a afirmativa IV é verdadeira.
d Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras.
e Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
Questão 8 UPF Texto base 1
Considere as afirmações a seguir em relação ao período de Nasceu o dia e expirou.
formação da literatura brasileira. Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite.
Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da
I. Ao longo do século XVI, a literatura brasileira é formada, lua, que esperam a volta da mãe ausente.
predominantemente, por textos informativos sobre a natureza e o Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem,
homem brasileiro, escritos por viajantes e missionários europeus. sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a
II. Nos séculos XVII e XVIII, verificam-se influências do Barroco virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos
europeu na incipiente literatura brasileira e, também, nas artes ardentes amores
plásticas e na música nacionais, sendo que as produções Iracema recostase langue ao punho da rede; seus olhos negros e
relativamente originais dessas últimas artes permitem que se fale fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram
de um “Barroco brasileiro”. n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela
III. De meados do século XVIII até a eclosão do Romantismo, na serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim
primeira metade do século XIX, o estilo literário dominante nas sobre o peito do guerreiro.
letras nacionais é o Arcadismo, caracterizado por uma oposição José de Alencar, Iracema.
sistemática ao avanço do racionalismo iluminista, cuja influência
busca neutralizar através da celebração da natureza e da vida no Questão 10 FUVEST
campo. PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1
Está correto apenas o que se afirma em: No texto, corresponde a uma das convenções com que o
a I e III. Indianismo construía suas representações do indígena
b II. a o emprego de sugestões de cunho mitológico compatíveis com
c III. o contexto.
d I e II. b a caracterização da mulher como um ser dócil e desprovido de
vontade própria.
e II e III.
c a ênfase na efemeridade da vida humana sob os trópicos.
Questão 9 UFN d o uso de vocabulário primitivo e singelo, de extração oral-
Com base na associação entre período literário, autor, obra e popular.
personagem da obra citada, analise as proposições, tendo em e a supressão de interdições morais relativas às práticas
vista as associações realizadas. eróticas.

I - Romantismo:
José de Alencar: O Guarani (Peri)
Joaquim Manuel de Macedo: A Moreninha (Carolina)

II - Realismo:
Machado de Assis: Dom Casmurro (Capitu)
Machado de Assis: A Cartomante (Iracema)

III - Naturalismo:
Aluísio de Azevedo: O Cortiço (João Romão)
Aluísio de Azevedo: O Mulato (Sérgio)

IV - Modernismo de 30 ou Segunda Fase do Modernismo


Brasileiro:
Graciliano Ramos: Vidas Secas (Fabiano)
José Lins do Rego: Menino de Engenho (José Paulino)

A propósito dessa questão, pode-se afirmar que:


a Todas as associações estão corretas em todas as proposições.
b Nenhuma proposição apresenta todas as associações
corretas.
c Apenas as proposições I, II e III estão corretas.
d Apenas as proposições II e III estão corretas.
e Apenas as proposições I e IV estão corretas.
Questão 11 UCS Questão 13 PUC-RS
Observe a reprodução da obra Iracema, de José Maria de INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o excerto abaixo,
Medeiros. retirado da obra As vítimas algozes, de Joaquim Manuel de
Macedo.

Havia no terreiro cães a velar; mas o homem compra os cães


como compra homens; a uns, pedaços de carne; aos outros, mais
ou menos moedas de ouro. Simeão comprara os cães e um negro
escravo da cozinha, e entrava todas as noites na casa de João de
Sales. A casa de João de Sales estava pois de noite à mercê das
intenções e de quaisquer projetos de Simeão; mas que casa há aí,
onde haja escravos e sobretudo escravas, cuja segurança não
esteja exposta às consequências do instinto animal e da boa ou
má vontade do elemento escravo? Simeão era, pois, durante duas
horas em cada noite mais do que o amante da mucama, o árbitro
das vidas e da fortuna de João de Sales e de sua família. Ainda
bem que Simeão, o escravo, ali ia somente como animal que o
instinto arrasta em procura da sua igual; se fora ladrão ou
assassino tinha tido abertas a janela da sala e a porta da cozinha.
Analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das afirmativas a
Com base no excerto, assinale a única alternativa INCORRETA:
seguir, tendo como base a relação entre o sentimento romântico
expresso na pintura e as propostas da escola romântica na a Apesar de Macedo ser um autor da escola romântica, o excerto
literatura brasileira. apresenta algumas marcas do realismo: tipificação social, sentido
de observação e de experiência.
( ) A inocência e a sensualidade com que o amor e a figura b Percebe-se que Simeão tem total consciência do seu poder
feminina eram tratados por alguns autores românticos fazem parte sobre a casa de João de Sales.
também do quadro acima. c No trecho, o narrador apresenta uma crítica negativa ao
( ) O tédio e a solidão da mulher de meados do século XIX, homem, capaz de subornar para atingir seus objetivos.
atestados pelos poemas de Álvares de Azevedo, entre outros
d Ao comparar homem e cão, o narrador iguala o ser racional e o
poetas, estão inscritos tanto na pintura acima como na terceira irracional, reduzindo-os a elementos facilmente corrompíveis.
fase da escola romântica.
( ) A liberdade presente nas raízes do Romantismo, influenciado e A comparação entre animal e escravo permite-nos analisar o
pelo lema da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e contexto social daquela época.
fraternidade), é sugerida na pintura acima, como vivência, e, no Texto base 2
Condoreirismo de Castro Alves, como desejo.
Texto para a questão
Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses,
de cima para baixo. Era no tempo do rei.
Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da
a V–V–V Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse tempo - O
b F–V–F canto dos meirinhos -; e bem lhe assentava o nome, porque era aí
c V–F–V o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe
d V–F–F (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos
de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do
e F–V–V
tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e
Questão 12 EsPCEx respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia
judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a
Leia o fragmento a seguir e marque a alternativa correta.
demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto
eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes,
Que auroras, que sol, que vida, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual se passavam os
que noites de melodia
terríveis combates das citações, provarás, razões principais e
Naquela doce alegria, finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava o processo.
Naquele ingênuo folgar!
Daí sua influência moral.
O céu bordado d’estrelas,
Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de
A terra de aromas cheia, milícias.
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar! Questão 14 FGV-SP

Quanto à estrofe transcrita, é correto afirmar que PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 2
a faz parte de um poema de Olavo Bilac, evidenciando a A presença, no introito do livro, de amplas considerações a
complexidade do fazer poético. respeito do aparato judiciário existente no Rio de Janeiro do
b é construída por antíteses, evocando a realidade espiritual e a período joanino, já indica a relevância, na obra,
realidade concreta, respectivamente, “céu” e “terra”- e pertence ao a da crítica à crueldade do sistema prisional da época.
poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens.
b das relações problemáticas de numerosas personagens com a
c exalta, com liberdade formal, a natureza brasileira, espaço em lei e a moral.
que se desenvolvem os temas indianistas – poesia indianista de
c das dificuldades que tinham os pobres para obter acesso à
Gonçalves Dias.
Justiça.
d explora o tema saudosismo e pertence ao poeta
ultrarromântico Casimiro de Abreu. d do rigor com que então se aplicava a lei.
e do peso da burocracia estatal sobre a vida dos colonos de
e expressa a proposta nacionalista da primeira geração
origem portuguesa.
modernista - Manifestos pau-brasil e Nhengaçu verde-amarelo – e
pertence a Cassiano Ricardo.
Texto base 3 Questão 17 USF
Da leitura de 'lracema', de José de Alencar, responda a questão. Analise as afirmações abaixo e assinale (V) para as verdadeiras e
(F) para as falsas no que diz respeito às escolas literárias no Brasil
Questão 15 UVA e às obras lidas para este vestibular.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 3
( ) Sentimento de mundo, de Carlos Drummond de Andrade, é
O pai de Iracema era: composta por poemas que registram uma abordagem nada
otimista da realidade. Tal concepção nasce da maturidade do
a Araquém.
autor, que derrama um olhar cuidadoso sobre as temáticas e as
b Irapuã. políticas sociais.
c Andira. ( ) A segunda fase do Modernismo brasileiro representa uma
d Caubi. continuidade do primeiro momento dessa Estética. A única
diferença notada é a separação da prosa e da poesia. A
Questão 16 PUC-Campinas irreverência e a ironia serão seguidas e, em alguns casos,
E, afinal, pergunta ele [Rousseau], como é esse negócio de “ricos” amplificadas. ( ) No Romantismo nacional, um dos grandes autores
e “pobres”, como é que é? Esta desigualdade, para Rousseau, não é José de Alencar, que escreve narrativas cujos temas variam. Há
é “natural”, não decorre da Natureza − pois naquela época se romances urbanos, indianistas, históricos e regionais. Entre esses
falava assim − do próprio Homem. Ela decorre da história dos últimos, encaixa-se Til.
homens e das relações múltiplas que entre eles se estabelecem e ( ) Memórias póstumas de Brás Cubas, a obra que marca o
que provocam, como produtos derivados, uma porção de encerramento do Romantismo no Brasil, apresenta várias
males como: a miséria e a opulência, o poder de um lado e, de inovações, temática e linguisticamente falando. O tema – a vida
outro, os pobres desditados; os governantes, de um lado, e, de vista por um morto –, é inédito na história de nossa literatura. A
outro, os pobres governados. Tudo isso, dizia Rousseau, tudo isso coloquialidade e a oralidade ali registrados antecipam a revolução
que vemos hoje em nossa frente, essas diferenças todas entre linguística que será concretizada apenas com o Modernismo.
nobres, burgueses, camponeses, etc. não são nada naturais e ( ) O cortiço, obra máxima do Naturalismo em nosso país, traz,
precisam acabar. Sim, precisam acabar, pois é esta “desigualdade” entre suas características, a presença do determinismo – seja da
a fonte absoluta e única de todos os males sociais. raça, do meio ou da história. As personagens Pombinha e
(Luiz Salinas Fortes. O Iluminismo e os reis filósofos. São Jerônimo são exemplos dessa abordagem. Ambos, em contato
Paulo: Brasiliense, 1982. p. 67) com a lama moral da estalagem, são desviados de seus caminhos.
Ao formular sua tese acerca das boas qualidades da Natureza,
que fazem do homem um ser naturalmente bom, se vale Rousseau Assinale a correta.
do conceito bom selvagem, que viria a prosperar entre escritores a V – V – V – V – F.
românticos brasileiros que, como
b V – F – V – F – V.
a Álvares de Azevedo e Machado de Assis, tomaram esse tema c V – F – V – V – V.
em reforço à campanha abolicionista.
d V – V – V – F – F.
b Gregório de Matos e Gonçalves de Magalhães, viram nessa
e F – V – F – F – F.
tese um argumento para a independência nacional.
c Castro Alves e Olavo Bilac, propagaram suas ideias
republicanas a partir da idealização da cidadania.
d Gonçalves Dias e José de Alencar, tomaram essa tese em
reforço à consolidação dos ideais nacionalistas.
e Manuel Antônio de Almeida e Aluísio Azevedo, valeramse
dessas ideias para satirizar os privilégios dos colonizadores.
Questão 18 UEL Questão 21 ESPM
O Cabeleira entretanto atravessava matos, riachos e tabuleiros por
novos caminhos que, infatigável e ousado, ia abrindo, em direitura
ao lugar do seu nascimento.
Sentia-se atraído para esse lugar por uma saudade infinda, por
uma confiança enganosa e fatal. Parecia-lhe que ninguém, nem a
justiça dos homens nem a de Deus, na qual desde os mais verdes
anos o tinham ensinado a não acreditar, teriam poder para
arrancá-lo desses sombrios e protetores esconderijos, dessas
grutas insondáveis, perpetuamente abertas às onças e a ele,
perpetuamente fechadas ao restante dos animais e dos homens
que não se animavam a transpor-lhes o escuro limiar com receio
de ficarem sepultados para sempre em tão medonhos sarcófagos.
Tendo-se afastado do pé da mata onde haviam sido vencidos e
capturados em seus redutos os outros malfeitores, descreveu uma
oblíqua de cerca de uma légua no rumo do ocidente e desceu
depois a uma distância donde pudesse ter debaixo das vistas o
Tapacurá, que lhe servia de guia através do sertão.
(TÁVORA, F. O Cabeleira. São Paulo: Martin Claret, 2003. p.133.)

Com base no fragmento e na totalidade do romance, assinale


a alternativa correta.
a A alusão a bandidos perseguidos e derrotados pelo
protagonista ratifica sua trajetória: de foragido a colaborador com a
lei.
b A associação entre a condição do protagonista e as onças
revela a inaptidão do primeiro para reverter sua índole.
c A referência a algo que lhe ensinaram corresponde ao contato
com a mãe durante a infância.
d A indicação do sentimento de saudade aponta para o estágio Quando os jornais anunciaram para o dia 1o deste mês uma
de regeneração experimentado pelo protagonista. parede de açougueiros, a sensação que tive foi mui diversa da de
e A travessia de novos caminhos significa a disposição do todos os meus concidadãos. Vós ficastes aterrados; eu agradeci
protagonista para a diversificação de práticas cruéis naquela ao céu. Boa ocasião para converter esta cidade ao vegetarismo.
região. Não sei se sabem que eu era carnívoro por educação e
vegetariano por princípio. Criaram-me a carne, mais carne, ainda
Questão 19 CESMAC carne, sempre carne. Quando cheguei ao uso da razão e
Nome central da poética romântica, o poeta maranhense organizei o meu código de princípios, incluí nele o vegetarismo;
Gonçalves Dias (1823-1964) foi um dos criadores e um dos mas era tarde para a execução. Fiquei carnívoro. Era a sorte
propagadores da literatura indianista, movimento literário humana; foi a minha. Certo, a arte disfarça a hediondez¹ da
considerado um dos pontos alto do romantismo brasileiro. Dentre matéria. O cozinheiro corrige o talho. Pelo que respeita ao boi, a
os títulos abaixo, qual obra se inscreve na poesia indianista e que ausência do vulto inteiro faz esquecer que a gente come um
foi escrita pelo poeta maranhense? pedaço do animal. Não importa, o homem é carnívoro.
a Iracema. Deus, ao contrário, é vegetariano. Para mim a questão do paraíso
terrestre explica-se clara e singelamente pelo vegetarismo. Deus
b O Guarani. criou o homem para os vegetais, e os vegetais para o homem; fez
c Os Timbiras. o paraíso cheio de amores e frutos, e pôs o homem nele.
d O Uraguai. (Machado de Assis)
e A Confederação dos Tamoios.
¹hediondez: qualidade do que é repelente, repulsivo, horrendo.
Questão 20 FDF A frase: “A arte disfarça a hediondez da matéria” significa que:
Tudo isso fizera Berta... fora ela quem, diligente abelha, fabricara, a sem a arte do cozinheiro, seria muito chocante comer o animal
sugando as flores de sua alma, aquele mel perfumado, de que os todo de uma vez.
dois amantes libavam a fina essência. b a obra de arte é um novo olhar sobre a realidade o qual aponta
O trecho acima é do romance Til de José de Alencar, e refere-se para os aspectos repulsivos desta.
ao jogo amoroso que envolve Berta, Miguel e Linda. Dele se pode
c a perícia do cozinheiro, por princípio, ajuda ao homem ser
dizer que traduz
carnívoro.
a o conjunto de ações de convencimento exercidas sobre Miguel d o papel da arte acaba sendo o de mascarar certos aspectos
para aproximá-lo de Linda e torná-los namorados. repugnantes da realidade.
b a conclusão de que era ela, Berta, quem amava Miguel; mas e o cozinheiro maquia a carne do boi, para não chocar o
por Linda, e assim, o teria por direito. consumidor carnívoro.
c a certeza de que era Linda quem Miguel amava; mas na
pessoa dela, Berta, e assim, ela o perderia para sempre.
d a decepção dela diante da perda irreversível de seu amor por
Miguel que se envolve completamente com Linda.
e a frustração de Berta ao sentir-se sugada pela amiga que se
aproveita para arrebatar-lhe o namorado.
Questão 22 FAMERP Questão 23 UNITINS
É fato sabido que a trajetória de João Cabral começa Fragmento 1:
num surrealismo despojado da escrita automática, passa pelo
ardor da construção e da lucidez, discute a pureza e a “Por que escrevo? Antes de tudo porque captei o espírito da
decantação da poesia antilírica e, descartando a desconfiança língua e assim às vezes a forma é que faz conteúdo. Escrevo
(então em moda) quanto à possibilidade de dizer o mundo e os portanto não por causa da nordestina mas por motivo grave de
seus conflitos, assume, de Morte e vida severina em diante, o ‘força maior’, como se diz nos requerimentos oficiais, por ‘força de
lado sujo da miséria do Nordeste. lei’.
(Modesto Carone. “Severinos e comendadores”. In: Roberto E eis que fiquei receoso quando pus palavras sobre a
Schwarz (org). Os pobres na literatura brasileira, 1983.) nordestina. E a pergunta é: como escrevo? Verifico que escrevo de
Segundo Modesto Carone, o trecho que melhor ilustra a última ouvido assim como aprendi inglês e francês de ouvido.
fase da poesia de João Cabral é: Antecedentes meus do escrever? Sou um homem que tem mais
a O mar, que só preza a pedra, dinheiro que os que passam fome, o que faz de mim de algum
que faz de coral suas árvores, modo desonesto. E só minto na hora exata da mentira. Mas
luta por curar os ossos quando escrevo não minto. Que mais? Sim, não tenho classe
da doença de possuir carne, social, marginalizado que sou. A classe alta me tem como um
monstro esquisito, a média com desconfiança de que eu possa
b Sobre o lado ímpar da memória
desequilibrá-la, a classe baixa nunca vem a mim. Não, não é fácil
o anjo da guarda esqueceu escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas
perguntas que não se respondem.
como aços espelhados. Ah que medo de começar e ainda nem
c Com peixes e cavalos sonâmbulos sequer sei o nome da moça. Sem falar que a história me
pintas a obscura metafísica desespera por ser simples demais.”
do limbo. LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro:
d Ó face sonhada Rocco,1998, p.18/19.
de um silêncio de lua,
na noite da lâmpada Fragmento 2:
pressinto a tua.
e As nuvens são cabelos “Todas as madrugadas ligava o rádio emprestado por uma
crescendo como rios; colega de moradia, Maria da Penha, ligava bem baixinho para não
são os gestos brancos acordar as outras, ligava invariavelmente para a Rádio Relógio,
da cantora muda; que dava ’hora certa e cultura’, e nenhuma música, só pingava em
som gotas que caem – cada gota de minuto que passava. E
sobretudo esse canal de rádio aproveitava intervalos entre as tais
gotas de minuto para dar anúncios comerciais – ela adorava
anúncios. Era rádio perfeita pois também entre os pingos do tempo
dava curtos ensinamentos dos quais talvez algum dia viesse a
precisar saber. Foi assim que aprendeu que o Imperador Carlos
Magno era na terra dele chamado Carolus.”
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro:
Rocco,1998, p.37.

Fragmento 3:

“Diante da cara um pouco inexpressiva demais de Macabéa,


ele até que quis lhe dizer alguma gentileza suavizante na hora do
adeus para sempre. E ao se despedir lhe disse: – Você, Macabéa,
é um cabelo na sopa. Não dá vontade de comer. Me desculpe se
eu lhe ofendi, mas sou sincero. Você está ofendida? – Não, não,
não! Ah por favor quero ir embora! Por favor me diga logo adeus!.”
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro:
Rocco,1998, p.60.

A partir dos fragmentos e do livro A hora da estrela, de Clarice


Lispector, avalie as assertivas a seguir.

I - O romance de Clarice Lispector não é uma obra linear. Os


fragmentos exemplificam a voz de Rodrigo S.M., que é o narrador
do romance. Na obra, ele faz considerações estético-
metalinguísticas, filosóficas e sociais.
II - O fragmento 1, sobretudo no trecho “Não, não é fácil escrever.
É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como
aços espelhados”, há ênfase no processo de criação da
personagem e na tessitura da narrativa.
III - No fragmento 3, o narrador cita a fala do personagem João, no
momento em que ele demitiu Macabéa do emprego, uma vez que
a moça não conseguia realizar as funções determinadas para ela
no trabalho. Ao dizer “você é um cabelo na sopa”, evidencia a
insignificância e invisibilidade da nordestina.
IV - Embora Macabéa fosse uma nordestina analfabeta, ao ouvir
rádio todas as madrugadas, ela praticamente se tornou uma
autodidata e aprendeu muitas informações que a permitiram
sobreviver sem a angustiante alienação que tinha antes de migrar
para o Rio de Janeiro.
Questão 25 UNCISAL
É correto o que se afirma em
“Manifestado especialmente pela arte, mas manchando também
a apenas I e II. com violência os costumes sociais e políticos, o movimento [...] foi
b apenas I, III e IV. o prenunciador, o preparador e por muitas partes o criador de um
c apenas II e III. estado de espírito nacional. A transformação do mundo, com o
d apenas II e IV. enfraquecimento gradativo dos grandes impérios, com a prática
europeia de novos ideais políticos, a rapidez dos transportes e mil
e I, II, III e IV.
e uma outras causas internacionais, bem como o desenvolvimento
Questão 24 FGV-SP da consciência americana e brasileira, os progressos internos da
técnica e da educação impunham a criação de um espírito novo e
Leia o excerto de uma peça teatral, de 1973.
exigiam a reverificação e mesmo a remodelação da Inteligência
nacional. Isto foi o movimento [...] de que a Semana [...] ficou
Nassau
sendo o brado coletivo principal”.
Como Governador-Geral do Pernambuco, a minha maior
O movimento a que se refere o autor do texto acima, pelas
preocupação é fazer felizes os seus moradores. Mesmo porque
características apresentadas, é o
eles são mais da metade da população do Brasil, e esta região,
com a concentração dos seus quase 350 engenhos de açúcar, a Pré-modernismo, iniciado no Brasil por Euclides da Cunha e
domina a produção mundial de açúcar. Além do mais, nessa Graça Aranha a partir de 1902.
disputa entre a Holanda, Portugal e Espanha, quero provar que a b Modernismo brasileiro, que vem das vanguardas europeias e
colonização holandesa é a mais benéfica. Minha intenção é fazê- se consolida como movimento a partir de 1922.
los felizes… sejam portugueses, holandeses ou os da terra, ricos c Romantismo, movimento que rompeu com a tradição europeia
ou pobres, protestantes ou católicos romanos e até mesmo judeus. na busca pelos valores nacionais.
Senhores, a Companhia das Índias Ocidentais, que financiou a
d Realismo, movimento em que Machado de Assis inova ao criar
campanha das Américas, fecha agora o balanço dos últimos um “defunto-autor”.
quinze anos com um saldo devedor aos seus acionistas da ordem
de dezoito milhões de florins e Naturalismo, que apresenta romances de tese, com clara
conotação social.
Moradores Texto base 4
Viva! Já ganhou! (...) Viva ele! Viva! Texto
(Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra. Calabar: o elogio da
traição, 1976. Adaptado) Vicente de Carvalho
Biografia
Sobre o fato histórico ao qual a obra teatral faz referência, é
correto afirmar que Vicente de Carvalho (Vicente Augusto de
Carvalho), advogado, jornalista, político,
a as bases religiosas da colonização holandesa no nordeste magistrado, poeta e contista, nasceu em Santos,
brasileiro produziram uma organização administrativa que SP, em 5 de abril de 1866, e faleceu na mesma
privilegiava a elite luso-brasileira, ao oferecer financiamento com [5] cidade em 22 de abril de 1924. (...)
juros subsidiados e parcelas importantes do poder político aos Vicente de Carvalho foi, durante toda a sua vida,
grandes proprietários católicos. um jornalista combativo. Até 1915, sua atuação na
b a grande distância entre as promessas de tolerância religiosa e imprensa foi quase ininterrupta. Em 1889, era
a realidade presente no cotidiano dos moradores da capitania de redator do Diário de Santos, fundando, no mesmo
Pernambuco deu-se porque os dirigentes da companhia holandesa [10] ano, o Diário da Manhã, da mesma cidade. Ali
impuseram o calvinismo como religião oficial e perseguiram as manteve ainda colaboração em A Tribuna e
demais religiões. fundou, em 1905, O Jornal. Até 1913 colaborou n’O
c a presença da Companhia das Índias Ocidentais no nordeste Estado de S. Paulo. No fim da vida, cansou-se do
da América portuguesa trouxe benefícios aos proprietários luso- jornalismo, mas continuou em contato com seus
brasileiros, como o financiamento da produção, mas reproduziu a [15] leitores através dos versos que publicava nas
lógica do colonialismo, ao concentrar a riqueza no setor mercantil páginas de A Cigarra.
e não no produtivo.
d a felicidade prometida pelos invasores holandeses não pôde Poeta lírico, ligou-se desde o início ao grupo de
ser efetivada em função da lógica diplomática presente na relação jovens poetas de tendência parnasiana. Foi grande
entre Portugal e Holanda, pois se tratava de nações inimigas artista do verso, da fase criadora do
desde o século XV, em virtude da disputa pelo comércio oriental. [20] Parnasianismo. Da sua produção poética ele
próprio destacou poemas que são de extrema
e as promessas dos invasores holandeses se confirmaram, e a
beleza, como: “Palavras ao mar”, “Cantigas
elite ligada à produção açucareira e ao comércio colonial foi
praianas”, “A ternura do mar”, “Fugindo ao
amplamente beneficiada, principalmente pelo livre comércio, o que
cativeiro”, “Rosa, rosa de amor”, “Velho tema” e
explica a resistência desses setores sociais ao interesse português
[25] “Pequenino morto".
em retomar a região invadida pela Holanda.
Segundo ocupante da cadeira 29, foi eleito em 1º
de maio de 1909, na sucessão de Artur Azevedo, e
recebido por carta na sessão de 7 de maio de
1910.
Fonte: http://www.academia.org.br/academicos/vicente-
decarvalho/biografia. Acesso em 03 abr. 2018.
Questão 26 FMC Questão 29 UEMS

PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 4 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 5

Leia o fragmento seguinte para responder à questão Em referência ao discurso do poema, pode-se afirmar que

“Poeta lírico, ligou-se desde o início ao grupo de jovens poetas de I. a preocupação exagerada em conhecer cientificamente o mundo
tendência parnasiana.” (linhas 17 e 18) distancia o homem da percepção da beleza e simplicidade do
mundo real.
É característica da estética parnasiana a II. nele, o autor revela uma postura extremamente humanista sobre
a comparação da poesia à música. o mundo que o rodeia.
III. embora encantadores, os sabiás devem ser estudados pela
b presença de religiosidade profunda. ciência.
c preocupação formal na busca da palavra exata.
d preocupação nacionalista excessiva. É verdadeiro o que se afirma em
e presença de imagens sensoriais. a I apenas.
Questão 27 FIMCA b I e II apenas.
No início do século XX, a Literatura Brasileira passou por c I e III apenas.
mudanças relevantes em um período que ficou conhecido como d I, II e III.
Pré-modernismo a que se relacionam as características: e III apenas.

I. A linguagem utilizada modifica-se, tornando-se indireta e Questão 30 UEA - SIS


subjetiva. O sermão há de ter um só assunto e uma só matéria. Por isso
II. A literatura Pré-modernista deu voz a elementos marginalizados Cristo disse que o lavrador do Evangelho não semeara muitos
da cultura brasileira. gêneros de sementes, senão uma só: Exiit, qui seminat, seminare
III. Há uma aproximação entre o momento histórico vivido e a semen1 . Semeou uma só semente, e não muitas, porque o
trama desenvolvida nos romances. sermão há de ter uma só matéria, e não muitas matérias. Se o
lavrador semeara primeiro trigo, e sobre o trigo semeara centeio, e
Está correto o que se afirma em sobre o centeio semeara milho grosso e miúdo, e sobre o milho
a I, II e III. semeara cevada, que havia de nascer? Uma mata brava, uma
b I, apenas. confusão verde. Eis aqui o que acontece aos sermões deste
c II, apenas. gênero. Como semeiam tanta variedade, não podem colher cousa
certa. Quem semeia misturas, mal pode colher trigo.
d I e II, apenas.
1. Saiu quem semeia a semear a semente.
e II e III, apenas. (Antônio Vieira. Sermão da Sexagésima. Sermões, 1959.)
Questão 28 FDV
Nesse trecho do Sermão da Sexagésima, Padre Antônio Vieira
Plínio Marcos escreveu a peça Dois perdidos numa noite suja afirma que
em 1966. “Repórter de um tempo mau”, como se autodenominava,
a o êxito de um sermão está relacionado à escolha de um só
o dramaturgo traz para a cena um conjunto de tipos à margem da
tema.
sociedade.
b os lavradores devem semear trigo, centeio, milho e cevada.
Sobre a peça, é incorreto afirmar que: c Cristo castiga o lavrador que planta um só gênero de semente.
a Aborda temas como a exclusão, a violência e situações d a eficácia de um sermão deve-se ao fato de semear muitas
extremas como a miséria. sementes.
b A peça não tematiza conflitos ligados à sexualidade e à e o sucesso de um bom sermão depende da variedade dos
identidade de gênero. assuntos tratados.
c Na obra, comparecem diversas formas de preconceitos Questão 31 UnirG
sociais.
A respeito da obra de Machado de Assis, assinale a alternativa
d Um tema que se evidencia é a busca pelo “caminho fácil” do incorreta.
crime.
a Preocupa-se mais com a análise das personagens do que com
e O individualismo exacerbado é um dos temas da obra que
a ação.
mantém sua atualidade.
b Descreve a realidade com forte conteúdo otimista.
Texto base 5 c Usa o humor frequentemente para criticar o ser humano e suas
Considere o poema a seguir, para responder à questão. fraquezas.
d O narrador conversa com o leitor e analisa a própria narrativa.
A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sabiá
Mas não pode medir seus encantos.
A ciência não pode calcular quantos cavalos de força
existem
Nos encantos de um sabiá.

Quem acumula muita informação perde o condão de


adivinhar: divinare.

Os sabiás divinam.
(BARROS, M. Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record, 2001)
Questão 32 IFPE Questão 34 UFPR
Texto 2 – Mulher proletária Em Morte e vida severina, Severino é um retirante que sai do
Jorge de Lima interior com a intenção de chegar ao litoral, à cidade do Recife.
Quando atinge a Zona da Mata, última região antes da chegada ao
Mulher proletária — única fábrica Recife, diz ele:
que o operário tem, (fabrica filhos)
tu – Nunca esperei muita coisa,
na tua superprodução de máquina humana digo a Vossas Senhorias.
forneces anjos para o Senhor Jesus, O que me fez retirar
forneces braços para o senhor burguês. não foi a grande cobiça;
o que apenas busquei
Mulher proletária, foi defender minha vida
o operário, teu proprietário da tal velhice que chega
há de ver, há de ver: antes de se inteirar trinta;
a tua produção, se na serra vivi vinte,
a tua superprodução, se alcancei lá tal medida,
ao contrário das máquinas burguesas o que pensei, retirando,
salvar o teu proprietário. foi estendê-la um pouco ainda.
Mas não senti diferença
(In: Poesia completa. 2.ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980. entre o Agreste e a Caatinga,
v.1) e entre a Caatinga e aqui a Mata
Jorge de Lima é um poeta representativo da segunda geração a diferença é a mais mínima.
modernista. Analise as proposições abaixo acerca dos recursos Está apenas em que a terra
expressivos que constroem a imagem da “mulher proletária”. é por aqui mais macia;
está apenas no pavio,
I. As metáforas “fábrica” e “máquina humana” são, de certo modo, ou melhor, na lamparina:
desveladas pela construção parentética “fabrica filhos”. pois é igual o querosene
II. Os dois últimos versos na primeira estrofe constituem que em toda parte ilumina,
eufemismos das ideias de mortalidade e de trabalho infantil. e quer nesta terra gorda
III. O trocadilho entre “prole” e “proletária” assinala a função social quer na serra, de caliça,
da mulher no contexto do poema. a vida arde sempre
IV. A gradação na segunda estrofe aponta para a submissão da com a mesma chama mortiça.
mulher e para a salvação do homem operário. […]
V. Os últimos versos do poema sugerem que o trabalho da mulher Sim, o melhor é apressar
pode levar sua família à ascensão social. o fim dessa ladainha,
fim do rosário de nomes
Estão corretas, apenas: que a linha do rio enfia;
a I, II e V é chegar logo ao Recife,
derradeira ave-maria
b II, III e IV do rosário, derradeira
c I, II e III invocação da ladainha,
d II e V Recife, onde o rio some
e I e IV e esta minha viagem se finda.
(MELLO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro:
Questão 33 Unioeste Nova Aguilar, 1994, p. 186-187.)
Com base na leitura do livro Um certo Capitão Rodrigo, de Erico
Verissimo, assinale a alternativa INCORRETA. Considerando o trecho acima e a leitura integral do auto de João
Cabral de Melo Neto, assinale a alternativa correta.
a Ao ouvir o Cap. Rodrigo Cambará gritar: “– Buenas e me
espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de a O auto de João Cabral foi concluído em 1955, tempo em que
talho!”, Juvenal Terra, o irmão de Bibiana, puxando a faca, desafia ainda se iluminavam as casas com lamparinas, e, nessa situação,
o Capitão. a percepção que Severino tem dos lugares que conhece é
b Ao interceder pelo Capitão junto ao pai de Bibiana, o Pe. Lara prejudicada pelas limitações da época e por sua própria
ignorância.
percebe que os Terras – gente teimosa e cabeçuda – quase
sempre iniciavam suas frases com um “mas”, sinal de discordância b A comparação de Recife com a “derradeira ave-maria/ do
em relação ao que os outros diziam. rosário”, assim como as várias rezas que Severino testemunha ao
longo da viagem, mostra a presença constante da religiosidade
c O Cap. Rodrigo Cambará reiterava seu machismo e valentia
como um fator de atraso na vida dos nordestinos.
com ditados populares como: “Cachorro que come ovelha uma
vez, come sempre, só morto se endireita”; “Mulher que muito ri não c Ao final, fica claro para o leitor que a vida no Recife também
pode ser boa coisa” e “Pata de galinha nunca matou pinto”. seria semelhante à das regiões menos desenvolvidas da Caatinga,
d “Sentado à mesa de jogo, com as cartas abertas em leque nas do Agreste e da Zona da Mata, porque a pobreza não é causada
pelas condições naturais, mas por uma estrutura social
mãos” e bebendo muito, Rodrigo Cambará não atende ao
chamado da esposa e, ao chegar em casa, encontra a filha morta. excludente.
e Comparando os dois moços – o futuro genro de Joca d O empenho social de João Cabral de Melo Neto é o de sugerir
Rodrigues, “moço quieto, que se confessava, tomava comunhão e aos retirantes que não saiam de sua terra, visto que, sem preparo,
ia à missa” e “Rodrigo Cambará, que não tinha Deus nem lei e eles enfrentam dificuldades enormes no Recife, valendo mais a
pena procurar desenvolver sua própria região.
zombava da religião” –, o Pe. Lara reconheceu que preferia o
último. e Ao chegar ao Recife, Severino ouve uma longa conversa entre
dois coveiros e, percebendo que sua viagem havia sido inútil,
entende a conversa como uma sugestão e se suicida, atirando-se
no rio Capibaribe.
Questão 35 UEMS
Considere os fragmentos da obra “Livro sobre nada”, para
responder à questão.

I
"...As coisas tinham para nós uma desutilidade poética. Nos fundos
do quintal era riquíssimo o nosso dessaber. A gente inventou um
truque para fabricar brinquedos com palavras..."

II
“o pai morava no fim de um lugar.
Aqui é lacuna de gente _ ele falou:
Só quase que tem bicho andorinha e árvore.
Quem aperta o botão do amanhecer é o arãquã.
Um dia apareceu por lá um doutor formado: cheio de
suspensórios e ademanes.
Na beira dos brejos gaviões-caranguejeiros comiam
caranguejos.
E era mesma distância entre as rãs e a relva.
A gente brincava com terra.
O doutor apareceu. Disse: Precisam de tomar
anquilostomina.
Perto de nós sempre havia uma espera de rolinhas.
O doutor espantou as rolinhas.”
(BARROS, M. Livro sobre nada. Rio de Janeiro:Record, 2001.)

Em referência aos fragmentos apresentados, pode-se afirmar que

I. apresentam exercícios poéticos “descoisificando” o mundo,


buscando uma nova forma de organizá-lo. Nos versos, ocorrem
neologismos e combinações de palavras que invertem os
significados com sentido novo e “desútil”.
II. mostram o poeta com postura de uma criança que percebe o
mundo grandiosamente, fato que não ocorre com o personagem
“doutor”, que perde a noção desse mundo.
III. apresentam perfeita conformidade com os modelos poéticos
vigentes no Modernismo de 22, especialmente no que se refere ao
aspecto nacionalista.

É verdadeiro o que se afirma em


a I e II apenas.
b I, II e III.
c II apenas.
d II e III apenas.
e III apenas.
Questão 36 UFMG visitas e a privada se acoplaram, essa modernidade, de tanto ver,
texto 1 já não vê. O mundo
é projetado como clipe de imagens esfaceladas acompanhadas
A cegueira e o saber 6 por um ruído ou ritmo
qualquer. E, de repente, na “Cidade Luz ”, pagamos caro para
Leio notícia de que foi inaugurado em Paris um restaurante onde comer no escuro.
as pessoas têm
a oportunidade de viver a experiência da vida de um cego, pois aí SANTA’NNA, Affonso Romano de. A cegueira e o saber 6. IN_: A
os clientes comem cegueira e o saber. Rio de Janeiro: Rocco, 2006, p. 26-27.
no mais completo escuro. Chama-se, apropriadamente, Dans Le (Fragmento).
noir (“No escuro”).
Os garçons são cegos, e não apenas servem, mas atuam como Em todas as alternativas abaixo, apresentam-se afirmativas que
guias levando os associam elementos da narrativa de Campo Geral ao texto 1.
fregueses até suas mesas. O restaurante está na moda. Situa-se
ali perto do Beaubourg Preencha os parênteses em branco usando V para afirmativas
e até o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin foi experimentar verdadeiras e F para afirmativas FALSAS.
comer no escuro.
A coisa ocorre assim: “Antes de entrar na sala totalmente escura, I - Em ambos os textos, a ação na narrativa ocorre em espaços
os clientes distintos. ( )
deixam em armários com cadeados, no bar do restaurante, II - O narrador do texto 1 é o mesmo que o narrador de Campo
relógios, isqueiros, Geral. ( )
celulares e qualquer outro objeto que emita a mínima luz. Os III - Em ambos os textos, a ação na narrativa ocorre em um tempo
pratos também são mítico. ( )
escolhidos antes de entrar no recinto. Entre as opções, ‘ menu IV - Em ambos os textos, o ato de comer ultrapassa o paladar. ( )
surpresa’, que só V - No texto 1, as experiências são fabricadas; em Campo Geral,
será descoberto quando o garfo for levado à boca”. A experiência são naturais. ( )
supera qualquer
instalação. As pessoas passam por três ambientes com cortinas Assinale a sequência CORRETA.
nos quais a luz vai a VFFFV
rareando até a sala escura, onde há muito barulho, pois, para b VVFFF
compensar a falta de c FFVFV
visão, as pessoas falam alto. A surpresa aumenta quando o cliente
d FVFFF
descobre que tem
outras pessoas à sua mesa. Questão 37 PUC-SP
Foi um ex-banqueiro e consultor de marketing social quem teve
essa idéia. Tinha medo e repetia que estava em perigo, mas isto lhe pareceu
E diz a matéria veiculada num site da BBC e mandada pela tão absurdo que se pôs a rir. Medo daquilo? Nunca vira uma
médica brasileira Mônica pessoa tremer assim. Cachorro. Ele não era dunga na cidade?
Campos, residente nos Estados Unidos, que alguns clientes Não pisava os pés dos matutos, na feira? Não botava gente na
acham-se ridículos durante cadeia? Semvergonha, mofino.
a experiência, outros têm crise de choro e angústia, mas o fato é
que o restaurante Do trecho acima, da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, é
está sempre lotado. As pessoas pagam para não ver. correto afirmar que
É pitoresco, mas repito: as pessoas pagam para não ver, pagam a emprega o discurso direto para anunciar o contraste entre o
para comerem riso e o medo que acometem o personagem.
no escuro. b expressa o mundo interior do personagem, que atinge e magoa
Não deixa de ser sintomático que se abra um restaurante onde os seu interlocutor com expressões diretas e grosseiras.
que veem
c deixa transparecer o desprezo do narrador, diante da reação
vão experimentar a cegueira, exatamente numa cultura de
do oponente e o reduz a uma substância neutra.
hipervisualização. Como
se estivéssemos fatigados de ver, agora queremos não-ver. Que d confunde narrador, personagem e tipos de discurso, o que
seja por algumas impede o leitor de entender o texto com clareza.
horas, não importa. É como se a poluição visual tivesse chegado a e envolve dois personagens em situação de conflito, Fabiano e o
tal extremo, que soldado amarelo, que destratava pessoas em nome de sua
se sente a necessidade de recuperar outros sentidos, autoridade.
experimentando o “desver”
para, quem sabe, ver de novo.
Tomo esse restaurante como uma metáfora paradoxal de nossa
época. A
modernidade que descobriu e aperfeiçoou a fotografia, e que,
tendo conseguido
essa façanha, mobilizou-a criando o cinema e logo a seguir
instalou a televisão
dentro de nossas casas para que víssemos o mundo e o universo
24 horas por dia;
a mesma modernidade que vem com essa enxurrada de letras e
palavras em camisetas,
vitrines, anúncios luminosos, que nos manda imagens dos
planetas mais distantes
e de detalhes das guerras e misérias mais horrendas; essa
modernidade que é um
constante espetáculo de striptease, no qual o público e o privado,
ou melhor, a sala de
Texto base 6 Questão 39 FAG
Leia o texto para responder a questão A respeito do conto “Pai contra mãe” de Machado de Assis,
assinale a alternativa CORRETA:
Vem um Sapateiro com seu avental e carregado de formas, chega a A felicidade, para o narrador, foi ter acesso àquele livro, mas,
ao batel1 infernal, e diz: para ele, o prazer maior estava no fato de ter em mãos um livro
Hou da barca! “proibido”, “impossível”, “inacessível”; como se aquela felicidade
Diabo – Quem vem aí? estivesse no prazer de usufruir algo proibido, no prazer de cometer
Santo sapateiro honrado, uma transgressão.
como vens tão carregado? b O conto tem início com uma explanação do autor a respeito de
Sapateiro – Mandaram-me vir assi... algumas atividades e produtos relacionados ao período da
Mas para onde é a viagem? escravidão no Brasil, particularmente a repressão aos negros
Diabo – Para a terra dos danados. fujões: a máscara de ferro, que impedia a alimentação, era
Sapateiro – E os que morrem confessados utilizada para afastar o vício da cachaça, que geralmente conduzia
onde têm sua passagem? ao roubo; a coleira de ferro, castigo aplicado a escravos
Diabo – Não cures de mais linguagem! recapturados; para a produção de tais artefatos, recorria-se a
que esta é tua barca, esta! funileiros e ferreiros, atividade então próspera.
Sapateiro – Renegaria eu da festa c O conto mostra um retrato do Brasil e do brasileiro. A vocação
e da barca e da barcagem! para o improviso, a malandragem, a lei do levar vantagens e mais
Como poderá isso ser, confessado e comungado? do que isso, a cultura de valorizar o status, as aparências.
Diabo – Tu morreste excomungado,
não no quiseste dizer. d O golpe do narrador vira uma piada que ridiculariza ainda mais
Esperavas de viver; todos os que acreditaram nele, tornando-os caricaturas grotescas
calaste dez mil enganos, de ingenuidade, da estupidez.
tu roubaste bem trinta anos e O conto traz a história de um menino que não sabia se era ou
o povo com teu mister. não inteligente: às vezes dizia algo que despertava nos adultos um
Embarca, pobre de ti, olhar de satisfação e quando resolvia repetir o que tinha dito,
que há já muito que te espero! muitas vezes, esses adultos não davam a atenção como ele
Sapateiro – Pois digo-te que não quero! esperava que devessem dar.
Diabo – Que te pese, hás de ir, si, si!
(Gil Vicente. Auto da Barca do Inferno. Adaptado.) Questão 40 UNIMONTES
1batel: pequena embarcação. São temas constitutivos da obra Serrano de Pilão Arcado. A saga
de Antônio Dó, EXCETO
Questão 38 FAMEMA a coronelismo.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 6 b críticas às instituições.
c escapismo emocional.
O texto transcrito de Gil Vicente assume caráter d determinismo.
a moralizante, uma vez que traz explícita crítica aos costumes do
personagem.
b educativo, pois o personagem reconhece seu erro e, ao final, é
perdoado.
c humorístico, com intenção de entreter mais do que condenar
comportamentos.
d doutrinário, considerando a devoção do personagem à religião
quando em vida.
e edificante, já que o comportamento do personagem se torna
exemplo a seguir.

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