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15/04/2019 Kim Ki-duk leva às telas o mal-estar moderno com 'Fôlego' - Cultura - Estadão

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Kim Ki-duk leva às telas o mal-estar


moderno com 'Fôlego'
Cineasta sul-coreano fala sobre sua carreira e seu filme, favorito do festival de Cannes do ano
passado

Luiz Carlos Merten, de O Estado de S. Paulo,


08 de abril de 2024 | 16h05

Kim Ki-duk fez seu primeiro longa em 1996, Crocodilo. Passaram-se 12 anos, ele realizou mais 12 - o
14º filme, Bi-Mong, está sendo finalizado e poderá ir para o Festival de Veneza, em setembro. Um filme
por ano, às vezes mais, todos os anos, dá conta de uma atividade incansável. E são filmes que
freqüentam os maiores festivais do mundo - Cannes, Veneza, Berlim. Há um caso Kim Ki-duk no
cinema coreano. Autor de obras belíssimas e perturbadoras como Primavera, Verão, Outono, Inverno e
Primavera e Casa Vazia, ele volta agora com Fôlego. Como sempre, seu tema é o mal-estar
contemporâneo, que enfoca, mais uma vez, a partir de uma mulher. Veja também:Trailer de 'Fôlego'
Trailer de 'Pecados Inocentes' Trailer de 'Três Vezes Amor' Em Cannes, no ano passado, Fôlego era o
favorito de muitos críticos para a Palma de Ouro, que terminou sendo atribuída ao filme romeno 4
Meses, 3 Semanas e 2 Dias, de Christian Mungiu. A história da mulher insatisfeita no casamento e que
se liga, gratuitamente, a esse presidiário que tentou suicídio se constrói por meio de imagens ascéticas.
O tema de Kim Ki-duk parece que vai ser o das paredes nuas, um tema espiritual correlato à pureza,
como diz Jean Tulard, em seu Dicionário de Cinema, sobre Robert Bresson. As paredes da cela
começam nuas, mas terminam preenchidas quando a dupla - a mulher casada e o preso - tentam criar
um universo para eles. Kim Ki-duk inspirou-se em Bresson? Não seria a primeira vez, pois em
Primavera, Verão... e Samaritan Girl, ele já seguiu outro preceito de Bresson, o da queda - Mouchette,
no final de A Virgem Possuída - como movimento para o alto, em busca da graça. O cineasta conversa
com o repórter do Estado e um reduzido grupo de jornalistas em Cannes, sob um sol abrasador. "Sei
quem é Bresson, mas não diria que é uma influência e, se fosse, seria muito subliminar, algo muito
enraizado no meu inconsciente. Não freqüentei escolas de cinema nem comecei a fazer filmes motivado
por um projeto intelectual rigoroso. Freqüentei o Exército e, depois, a escola de belas-artes, em Paris,
porque queria ser pintor. Foi a pintura que me trouxe ao cinema, com o desejo de contar histórias sobre
o mal-estar que observamos nas pessoas, no mundo." Seu cinema produz desconforto no espectador,
um pouco pelo que há de metafórico (e secreto) em histórias como a do rapaz que invade casas não para
roubar, mas para consertar relógios e ordenar o caos que encontra em muitas delas. As feministas
atacam o diretor dizendo que é psicótico e até que é insignificante, como autor. Tanto ódio tem origem
principalmente em O Arco, sobre a garota prometida ao velho que a isola num barco, no mar. Kim Ki-
duk diz que enfrenta esse tipo de problema desde o começo de sua carreira. Seus filmes têm uma
circulação restrita na Coréia, país que se vangloria do sucesso de público do seu cinema, que bate o de
Hollywood no mercado interno. Ele faz filmes para poucos. Seu sucesso é no exterior, nos festivais. Kim
Ki-duk desconversa quando o comparam a diretores como Hong Sang-soo e Lee Chang-dong. Diz que é

https://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,kim-ki-duk-leva-as-telas-o-mal-estar-moderno-com-folego,162257 1/3
15/04/2019 Kim Ki-duk leva às telas o mal-estar moderno com 'Fôlego' - Cultura - Estadão
um autor independente, não do mainstream, e que isso desagrada justamente aos críticos e diretores
que formam o ‘sistema’ do cinema coreano. "Formei-me nas bordas desse sistema. Venho da margem",
ele lembra. Aos 17 anos trabalhava numa fábrica, aos 18 estava no Exército. Foi com o dinheiro que
conseguiu juntar e não com alguma bolsa que ele foi para a França, vendendo seus quadros nas ruas
para conseguir se manter. Tudo isso fez dele um grande observador do mundo. Os filmes de Kim Ki-duk
perturbam porque apresentam idéias complexas por meio de gestos simples. Foi como o presidente do
júri de Cannes em 2007, Stephen Frears, disse que deve ser o bom cinema. Kim Ki-duk considera a
definição ‘estimulante’. Fôlego (Breath, Coréia do Sul/2007, 84 min.) - Drama. Dir. Kim Ki-duk. 14
anos. Cotação: Ótimo

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