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2.

ORIGEM: A classificação das obras literárias podem ser feitas de acordo com critérios semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais e outros. Na história, houve várias
classificações de gêneros literários, de modo que não se pode determinar uma categorização de todas as obras seguindo uma abordagem comum. A divisão clássica é, desde
a Antiguidade, em três grupos. Essa divisão partiu dos filósofos da Grécia antiga, Platão e Aristóteles, quando iniciaram estudos para o questionamento daquilo que representaria o literário
e como essa representação seria produzida. De acordo com as teorias de Platão (A república) e Aristóteles (Poética), podem ser definidos três gêneros literários (ou categorias, arquétipos)
principais: o lírico, o épico (ou narrativo) e o dramático. Apesar dessa esquematização ser uma aproximação – cada gênero é um tipo ideal, isto é, não existe empiricamente na forma pura
ou absoluta. E apesar de ter sido combatida, essa divisão continua útil. Segundo alguns autores, essas três classificações básicas correspondem, em termos gerais, às faculdades
psíquicas da antiga tripartição da alma humana de Platão: sentimento, pensamento e vontade; além de abranger inúmeras categorias menores, comumente denominadas subgêneros; que
tornam as distinções entre os gêneros e categorias flexíveis.
Proposição (exórdio): introdução da obra com apresentação do herói e do tema.
3. DIVISÃO Atualmente chamado de narrativo, o “gênero épico” incluía Invocação: parte em que o herói pede auxílio e inspiração as divindades.
TRIPARTIDA: as longas narrativas histórico-literárias de grandes Dedicatória: a epopeia sempre é dedicada a alguém.
acontecimentos, chamadas de EPOPEIAS. Narração: narração dos feitos heroicos.
GÊNEROS (do grego“epos” = “verso heroico” + “poiein” = “fazer”) Epílogo: encerramento da obra.
LITERÁRIOS  Épico  Elementos: Psicológico Interno Rural
(Narrativo) Espaço/Lugar: local onde se passa a narrativa. Físico Externo Urbano
Social Tempo Cronológico
1. ETIMOLOGIA - O termo “gênero” origina-se do latim genus, eris,

Atualmente, os estudiosos optam por classificá-los em: narrativo,


que significa nascimento, descendência, origem, e refere-se a um conjunto

literárias. Sendo por muito tempo dividido em três categorias: épico, lírico e
dramático. Tal divisão foi proposta na Grécia antiga (384 - 322 a.C.) pelo
de características temáticas e formais intrínsecas às manifestações

narrado Tempo: duração das ações da narrativa e desenrolar dos fatos na história. Tempo Psicológico
r Situação inicial (apresentação) - início de toda história. Apresentação  Complicação  - Quebra do equilíbrio, iniciando
Conta Enredo: trama formada pelos de personagens, cenário e tempo. o conflito entre protagonista e antagonista.
história acontecimentos ocorridos Desenvolvimento ― Sequência de ações que vai do início do Problema.
e vivenciados pelas personagens.  conflito ao clímax na busca de solução.  Clímax ― Momento tenso no qual o conflito
dramático e lírico, visto que não se prioriza mais o gênero épico.

Desfecho ― Final da narrativa. Apresenta o que ocorre depois da resolução do conflito. chega ao limite e algo tem de ser feito para
Personagens: quem participa da história. Principais (protagonistas e antagonistas) Plana que tudo se resolva. 
Secundárias(coadjuvantes ou figurantes Redonda (esférica)
Caricatural
 Em 1ª pessoa Narrador-personagem
Narrador: O narrador é quem conta a história. Narrador-testemunha
 Em 3ª pessoa Narrador observador (neutro)
Narrador onisciente (intruso)
Drama em grego significa “ação”, portanto o dramático é um gênero literário cujos os textos são feitos com o intuito de serem encenados ou dramatizados. Esse gênero
 Dramático surgiu na Grécia Antiga como, originalmente, uma forma de louvação religiosa ao deus Dionísio (Baco).
Personagen  Características Texto em forma de diálogos; Dividido em atos e cenas; Presença das rubricas; Sequência da ação dramática
s: falas e Classificação:
ações Tragédia (do grego antigo τραγῳδία, composto de τράγος, "cabra" e ᾠδή, "música"). Características: tom sério, solene; protagonista enfrenta grandes dificuldades;
apresentam linguagem mais formal; ação inicial feliz, mas desfecho fatal;personagens nobres: reis, príncipes sofrem destino imposto pelos deuses.
a história Comédia (grego "komoidía" ("komos" remete ao sentido de procissão). Na Grécia havia dois tipos de procissão que eram denominadas "komoi“). Características: tom
Eu-lírico cômico, ridículo; temática ligada ao cotidiano; foco na sátira à sociedade e aos vícios humanos; linguagem coloquial; situação inicial complicada, mas que acaba em final
filósofo grego Aristóteles.

Express feliz; presença de personagens estereotipados que simbolizam defeitos humanos(avareza, a mesquinhez etc).
a Tragicomédia - misturam-se elementos trágicos e cômicos. Significava também a mistura de elementos da realidade e da imaginação.
emoçõe Farsa - pequena peça teatral caracterizada pelo teor ridículo e caricatural, que critica a sociedade e seus hábitos.
s Do latim, “lyricu”, faz referência ao instrumento musical de corda (lira) que os rapsodos (nome dado as pessoas que tocavam lira) tocavam enquanto declamavam poemas.
Características:
 Lírico Quem enuncia no poema é uma voz poética, o (eu-lírico), uma entidade fictícia criada pelo autor da obra, e não um narrador;
Possui um caráter subjetivo, por se tratar da expressão de sentimentos e de emoções, linguagem conotativa e da figuras de linguagem;
Estrutura é formada por estrofes, rimas e versos com aspectos de musicalidade associada a métrica;
Exteriorização de um mundo interior e individual do eu poético; O autor é a pessoa real, que escreve a poesia e cria o sujeito lírico para falar dos seus sentimentos. 
 Divide-se em subgêneros (hino, ode, écloga, idílio, epitalâmico, haicai, elegia, sátira, soneto) ao combinar rimas; ritmos; temas; número de sílabas poéticas, estrofes e versos.
Os Gêneros Literários
RESUMO DOS GÊNEROS LITERÁRIOS

ÉPICO LÍRICO DRAMÁTICO

 Longo poema narrativo;  Essencialmente poético;  Representação de um


 Temática histórica;  Predomina subjetividade; acontecimento por atores;
 Presença de herói;  Expõe estado emocional do  Diálogos, monólogos e apartes;
 Feitos heroicos de um povo; “eu-lírico”, seus pensamentos e  Indicação dos personagens no
 Conta os fatos do passado; pontos de vista; início de cada fala;
 Relato objetivo.  Combinação de sons, ritmos e  Rubricas;
significados.  Presença de luzes, cores, sons,
Epopeia: longo poema que narra os cenários, vestimentas.
feitos heroicos de um herói que Soneto: poema de dois quartetos e
representa um povo. dois tercetos, sobre emoções e Tragédia: fato trágico que causa
sentimentos. catarse a quem assiste, ou seja,
Ode: canto, poema de exaltação. provoca alívio emocional da audiência.
Hino: poema destinado a glorificar a Inspira dó e horror.
pátria ou louvar as divindades.
Comédia: fato cômico que causa riso.
NARRATIVO Elegia: tematiza acontecimentos
Tragicomédia: é a mistura de
tristes ou a morte de alguém.
Idílio e écloga: poemas bucólicos, elementos trágicos e cômicos.
 Narrativa em prosa; Farsa: caricatural, de critica à
pastoris. A écloga difere do idílio, por
 Presença de narrador, personagem apresentar diálogo. sociedade, porém sem questionar
e uma sequencia de fatos; Epitalâmio: homenagem às núpcias valores.
 Início, clímax, desfecho. de alguém. Auto: em verso, apresenta
Sátira: censura aos defeitos humanos, personagens simbólicos que mostram
 Conto novela, romance, crônica, mostra o ridículo de uma dada o lado negativo ou positivo dos
fábula, etc. situação. sentimentos humanos.
GÊNEROS LITERÁRIOS - QUADRO COMPARATIVO
O SURGIMENTO DA NARRATIVA
O verbo NARRAR tem origem no verbo latino Pintura rupestre pode ser
narro, as, āvi, ātum, āre, que significa contar, obra de arte mais antiga do
expor narrando, narrar, dar a saber. Este,por sua mundo. Figuras encontradas
vez, é derivado do adjetivo gnārus, a, um, que numa caverna da Indonésia
significa “que conhece”, “que sabe” (Dicionário podem ter até 44 mil anos
Houaiss).
ROMANCES EPOPEIAS HISTÓRIAS EM CONTOS
QUADRINHOS LENDAS

Pertencem ao
gênero narrativo

FOTONOVELAS PARÁBOLAS MITOS FÁBULAS CRÔNICAS

ANEDOTAS CORDÉIS NOVELAS MEMORIAIS APÓLOGOS


ORIGEM DO GÊNERO ÉPICO

A palavra epopeia vem do grego épos, “verso”, mais poieô, “faço”, e refere-se à narrativa, em


forma de versos, de um fato grandioso de interesse de um povo. Trata-se de uma poesia objetiva,
impessoal, cuja característica principal é a presença de um narrador contando fatos do passado.
Quanto ao tema, predomina-se a narração de fatos heroicos da história de um povo.

Principais características gênero épico

→ Quanto ao tema
•Narra a aventura de um herói e suas façanhas guerreiras.
•Presença de elementos da mitologia greco-romana.

→ Quanto à estrutura
•Poema narrado em terceira pessoa.
•Divide-se em cantos ou livros.
•Predomínio da objetividade.
•Tende a apresentar as seguintes partes: introdução, invocação, narração e epílogo.
PRINCIPAIS EPOPEIAS:

•Ilíada, de Homero (em torno de 850 a.C): uma das mais


importantes da literatura mundial, narra diversos
acontecimentos da guerra de Troia, centrando-se em
episódios conhecidos como a ira de Aquiles;
•Odisseia, de Homero: escrita posteriormente à ilíada, narra
as viagens de Odisseu (ou Ulisses) após a tomada de Troia e
o regresso do herói ao seu reino de Ítaca;
•Eneida, de Virgílio (70-10 a.C.): escrita no século I a.C.,
narra a história de Eneias, um troiano que viaja pela região da
atual Itália e norte da África e se torna ancestral dos romanos;
•A Divina Comédia, de Dante Alighieri (1265-1321): escrita
no século XIV e narrada em versos, descreve, de maneira
rigorosamente simétrica, uma viagem pelo Inferno, Purgatório
e Paraíso;
•Os Lusíadas, de Camões (1524-1579): escrita no século
XVI, narra a viagem de Vasco da Gama às Índias. A epopeia
exalta os grandes feitos históricos de ilustres portugueses.
Nota: Homero é considerado o autor das duas mais importantes epopeias do Ocidente. Os gregos antigos geralmente acreditavam nele como um indivíduo histórico, mas os
estudiosos modernos são céticos quanto a isso. Para eles, resumindo aqui nas palavras do historiador e filósofo Richard Tarnas, Homero foi "uma personificação coletiva de toda a
memória grega antiga"
O primeiro livro do mundo: a Epopeia de Gilgamesh
GÊNERO NARRATIVO
O NARRADOR

•Narrador: Entidade criada pelo autor para


contar a história, podendo ser uma personagem
do texto.
•Autor: é a pessoa que existe fisicamente, quem
cria a história.

Memórias póstumas de Brás Cubas:


narrador: Brás Cubas
Autor: Machado de Assis
A palavra narrador é derivada da palavra
latina narro que significa permitir que algo se
torne conhecido. Por isso, o narrador é uma
entidade narrativa que tem o profundo
conhecimento da história a ser contada e a
torna pública aos leitores pelo ato narrativo.
Foco Narrativo
O foco narrativo é a escolha que o escritor faz no modo como
os fatos serão narrados. Isso pode se dar de forma Impessoal
(narrador em 3ª pessoa) ou pessoal (narrador em 1ª pessoa).
No segundo caso, o escritor

precisa escolher pela visão de qual personagem será acompanhada a história.


Tipos de narradores
1 - Narrador-personagem: é o que conta a história da qual é participante. Ele é narrador e personagem ao
mesmo tempo, e conta a história em 1ª pessoa.

“Quando avistei-a sozinha na arquibancada da quadra, percebi que era a melhor oportunidade para
definitivamente conhecê-la. Então pedi a meu melhor amigo Fabrício que me ajudasse com o plano que eu tinha
bolado. Mas enquanto eu passava algumas coordenadas para Fabrício vi Marcos da 8ª série se aproximar e
sentar ao lado dela. Será que eles estavam ficando? Mas logo o Marcos...”
2 - Narrador-testemunha: é o que conta a história da qual é participante. Ele é coadjuvante (secundário) e
não o protagonista da história. Nesse caso, ele é chamado de narrador-testemunha, pois registra os
acontecimentos sob um prisma individual, no entanto, por tratar-se de um personagem secundário da
trama, não existe a sobrecarga de emoções na narração. Da mesma maneira que o narrador-
protagonista, ele também possui uma percepção restrita do que se passa.
3 - Narrador-observador (neutro): é o que conta uma história como alguém que observa o que acontece. Transmite para o leitor apenas os fatos que consegue observar e conta a história em 3ª pessoa, como nesse trecho:

“Aos quatorze anos, Miguel Strogoff, que desde os onze acompanhava o pai nas frequentes incursões pela estepe, matara seu primeiro urso. A vida na
estepe dera-lhe uma força e resistência incomuns e o rapaz podia passar vinte e quatro horas sem comer e dez noites sem dormir, sem aparentar
excessivo desgaste físico, conseguindo sobreviver onde outros em pouco tempo morreriam. Era capaz de guiar-se em plena noite polar, pois o pai lhe
ensinara os segredos da orientação – valendo-se de sinais quase imperceptíveis na neve e nas árvores, no vento e no voo dos pássaros.”
(Júlio Verne, Miguel Strogoff, p. 16)

4 – Narrador intruso (onisciente): Não participa da história, mas faz várias intervenções com comentários e opiniões acerca das
ações das personagens. O foco narrativo é em 3ª pessoa.

“Flávia logo percebeu que as outras moradoras do prédio, mães dos amiguinhos do seu filho, Paulinho, seis anos, olhavam-na com um ar
de superioridade. Não era para menos. Afinal o garoto até aquela idade — imaginem — se limitava a brincar e ir à escola.”

“Se tinha medo, então era para a natação mesmo que ele iria
entrar. Os medos devem ser eliminados na infância. Paulinho
ainda quis argumentar. Sugeriu alpinismo. Foi a vez de os pais
tremerem. Mas o medo dos pais é outra história. Paulinho
entrou para a natação.”

(Carlos Eduardo Novaes. A cadeira do dentista e outras crônicas.


São Paulo: Ática, 1994. p. 15-7.)
Esquematizando!
PERSONAGEM
Pode ser um humano, um animal, um ser fictício, um objeto ou qualquer coisa que o
autor inventar. Também podem ter nomes ou não, e ter qualquer tipo de
personalidade. A personagem sofre e pratica ação dentro do enredo.

PERSONAGEM PRINCIPAL: é aquela que desempenha o papel central, sendo


fundamental para o desenvolvimento da trama. Pode ser classificado em
Protagonista e Antagonista.
Protagonista é o personagem mais importante da obra. A história gira em torno
dele.
Antagonista: é o personagem que rivaliza o protagonista, quase sempre batalha
com o mesmo no final da obra. O antagonista não precisa ser necessariamente
uma pessoa, podendo ser um objeto, um animal ou um fato que dificulte os
objetivos do protagonista (como a situação financeira do mesmo, problemas
culturais e/ou sociais, deficiências físicas e/ou psicológicas etc.). 
PERSONAGEM SECUNDÁRIO: é aquela que assumem um papel de menor
importância, mas não deixa de ser importante para o desenrolar da trama, já que dá
suporte à história tecendo pequenas ações em torno das personagens principais.
No filme "Náufrago" (Cast
Away - 2001) Tom Hanks era o
protagonista; tendo a ilha, o mar
e a solidão eram antagonistas.

Sr Wilson, o personagem secundário


E COMO PODE SER
A PERSONAGEM?
Personagem plana: estática, sem evolução, sem grande vida interior; por outras palavras: a
personagem plana comporta-se da mesma forma previsível ao longo de toda a narrativa.

Personagem redonda ou esférica: dinâmica, dotada de densidade


psicológica, capaz de alterar o seu comportamento e, por conseguinte, de
evoluir ao longo da narrativa, como acontece com alguns personagens dos
desenhos abaixo.. 
Personagem caricatural: representa um grupo
profissional ou social.
ESPAÇO
O espaço na narrativa é o lugar físico ou psicológico onde as personagens circulam, onde as ações se realizam.
Articula-se com as personagens, estabelecendo com elas uma interação Podemos analisar o espaço como: 

ESPAÇO INTERNO ESPAÇO EXTERNO ESPAÇO URBANO

ESPAÇO RURAL ESPAÇO SOCIAL ESPAÇO PSICOLÓGICO

O espaço físico pode ser descrito detalhadamente ou suas características, sendo externo ou interno, urbano ou rural.
Já o espaço psicológico  é um ambiente que é interior ao personagem. É como se a história invadisse um fluxo de
sentimentos e pensamentos, dessa forma, não é possível saber se está se passando em um local físico ou não.
ESPAÇO SOCIAL

É o espaço que apresenta as condições


COMUNIDADES
psicológicas, morais e socioeconômicas em que
atuam as personagens. O ambiente pode, entre HOSPÍCIO
outras coisas, situar as personagens na época;
no grupo social e nas condições em que se
passa a história, fornecer pistas para um
desfecho macabro ou trágico, projetar os
conflitos vividos por elas. Um ambiente macabro SERTÃO NORDESTINO
pode refletir a morbidez de uma personagem,
uma história de amor pode pedir um cenário TRIBO INDÍGENA
romântico e um romance policial, becos e ruas
escuras de uma grande cidade.

RUA ESCURA CEMITÉRIO


TEMPO
O tempo na narrativa é o período que assinala o percurso cronológico que vai do início ao fim da
história. É definido por marcadores temporais, que determinam a duração da história e o período em
que os fatos ocorreram. Às vezes o marcador temporal indica explicitamente a época em que se
passa a história. Em outras circunstâncias , esses marcadores não são explicitados, mas há no texto
outros indícios de época, como, por exemplo, os objetos que compõem a decoração de um
ambiente, a roupa que a personagem usa, a referência a um tipo de transporte

IDADE MÉDIA PERÍODO NOTURNO


TEMPO CRONOLÓGICO

O tempo cronológico é o tempo real, é o tempo da natureza, dividido em dias, semanas, estações do ano, e etc.
É o tempo marcado pelo relógio. Esse tempo é denominado como tempo externo, justamente por estar a parte
do personagem, por ser externo a ele.  Pode ser medido por meio do relógio, da passagem dos dias, das
estações do ano etc. Pode se apresentar como:
- Linear: quando os acontecimentos seguem um ordem hierárquica (princípio, meio e fim)
- Não-linear: quando não se apresenta em ordem

“Na segunda-feira voltou o menino armado com a sua competente pasta a tiracolo, a sua lousa de
escrever e o seu tinteiro de chifre; o padrinho o acompanhou até a porta. Logo nesse dia portou-se de
tal maneira que o mestre não se pôde dispensar de lhe dar quatro bolos(…)”
(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Ateliê, 2000.)

TEMPO HISTÓRICO

É quando a narrativa retrata passagens e


épocas históricas (Guerras mundiais,
.
Revoluções, Descobrimentos etc.) Exemplo: A
menina que roubava livros, de Markus Zusak.
TEMPO PSICOLÓGICO ESPAÇO E TEMPO MÍTICO

O tempo psicológico possui um sentido subjetivo, pois o que Quando a narrativa apresenta elementos
predomina não é a ação da personagem, mas sim os que não pertencem ao mundo natural,
seus pensamentos, lembranças, reflexões e sentimentos dentro como por exemplo fantasmas, demônios,
de um determinado contexto. Ou seja, sabemos que o nosso seres mitológicos, folclóricos etc.
próprio pensamento não é linear, ele vai e vem no passado, no
presente e até mesmo no futuro. Portanto, quando se fala de uma
obra com tempo psicológico, estamos querendo dizer que a
produção literária foi realizada com foco no interior da personagem
e é o oposto do tempo cronológico.   Ao contrário do cronológico,
não é igual para todos. Exemplo: Monólogo interior, fluxo de
consciência

“Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do


mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha
uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía
cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por
onze amigos. Onze amigos!”  
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas).
ENREDO
O Enredo é o encadeado de ações executadas ou a executar pelas personagens numa ficção, a fim de
criar sentido ou emoção no espectador. É deverbal de enredar, que significa prender, colher na rede. Constitui um relato de fatos
vividos pelos personagens e ordenados em uma sequência lógica e temporal, por isso ele se organiza pela colocação de verbos
de ação que indicam a movimentação das personagens no tempo e no espaço por meio de recursos narrativos como o mistério, o
suspense, o flash back, os intervalos, etc. No que concerne a ordem do enredo, ele pode ser linear ou não linear.
ESTRUTURA DO ENREDO
Em seu desenvolvimento são narrados os fatos, iniciando-se pela Situação inicial ― Também chamada de
complicação, centrando-se num conflito, responsável pelo nível de apresentação, é o início de toda história. É o momento
tensão da narrativa e finalizando com o clímax da história. Dessa forma, em que o narrador apresenta os personagens, o
a apresentação/representação de situações, de personagens nelas cenário, o tempo, etc. Nesse momento ele prepara o
envolvidas e as sucessivas transformações que vão ocorrendo entre leitor para os acontecimentos a serem narrados. 
elas, criam-se novas situações, até se chegar à final – o desfecho do
enredo. Desenvolvimento ― Parte do texto narrativo que se
inicia no aparecimento do conflito e vai até o clímax.
Nele os personagens, na busca pela solução do
conflito, desenvolvem uma sequência de ações.
 Complicação ― É o início do embate entre
protagonista e antagonista. É quando se inicia o
conflito (a oposição entre essas duas forças). O
equilíbrio inicial é quebrado através do embate para
que a ação se desenvolva. 
 Clímax ― Momento de maior intensidade dramática
da narrativa. É nesse momento que o conflito fica
insustentável, algo tem de ser feito para que a
situação se resolva. 

Desfecho ― É como os fatos (situação) se resolvem


no final da narrativa. Pode ou não apresentar a
resolução do conflito. O importante é que novos
conflitos não podem aparecer. 
GÊNERO LÍRICO
O gênero lírico originou-se na Grécia
Antiga, época em que a manifestação
poética era apresentada ao publico
oralmente, em forma de canto, o qual era
acompanhado por um instrumento musical
chamado lira. Sua manifestação em forma de
canto perdura até o final da Idade Média,
momento a partir do qual o gênero lírico passa
a ter na palavra escrita seu principal meio de
difusão.

Esse registro no papel contribuiu para


que cada vez mais os poetas
experimentassem formas mais sofisticadas
de composição, como o uso da métrica, a
construção de rimas, a seleção vocabular e a
disposição das palavras no espaço gráfico.
Essas características, porém, isoladamente,
não definem o gênero lírico, que também
apresenta como traço principal a manifestação
da subjetividade.
A lira é um instrumento de Existem instrumentos com nomes
cordas conhecido pela sua vasta semelhantes para uso em fanfarras, em
utilização durante a antiguidade. orquestras e outros grupos. Chamamos também
As récitas poéticas dos antigos de Liras os instrumentos para marcha que são
gregos eram acompanhados pelo tocados em pé e não possuem caixas acústicas;
seu som, ainda que o instrumento facilitando a mobilidade e as evoluções.
não tivesse origem helênica.
O Relógio
Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.
Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.
Umas vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.
Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;
e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,.
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
— Eu faço versos como quem morre.
Teresópolis, 1912
O “Eu lírico”, como uma das principais características do gênero lírico, é a manifestação da subjetividade, ou seja, a
manifestação de aspectos ligados à interioridade de um sujeito, dá-se o nome de eu lírico à voz que se expressa no poema. No
entanto, há que se atentar para o fato de que o eu lírico não necessariamente corresponde à voz do poeta, afinal, ele pode
materializar em seu poema um eu lírico distinto de seu eu biográfico. Assim, é possível que um poeta com uma identidade
masculina crie em seu poema um eu lírico com identidade feminina, ou vice e versa, bem como um poeta adulto pode expressar a
voz poética de uma criança ou a de um ser inanimado.

ESTOU TONTO Agora


(Álvaro de Campos, in "Poemas“ Heterónimo de Fernando Pessoa) Todas as manhãs me levanto
Tonto ...
Estou tonto,
Tonto de tanto dormir ou de tanto pensar, Sim, verdadeiramente tonto...
Ou de ambas as coisas. Sem saber em mim e meu nome,
O que sei é que estou tonto Sem saber onde estou,
E não sei bem se me devo levantar da cadeira Sem saber o que fui,
Ou como me levantar dela. Sem saber nada.
Fiquemos nisto: estou tonto.
Mas se isto é assim, é assim.
Afinal Deixo-me estar na cadeira,
Que vida fiz eu da vida? Estou tonto.
Nada. Bem, estou tonto.
Tudo interstícios, Fico sentado
Tudo aproximações, E tonto,
Tudo função do irregular e do absurdo, Sim, tonto,
Tudo nada. Tonto...
É por isso que estou tonto ... Tonto.
OS TIPOS DE POEMAS LÍRICOS MAIS COMUNS
O soneto (do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som) é um poema de forma fixa, composto por
quatro estrofes, sendo que as duas primeiras são constituídas por quatro versos, cada uma, os quartetos, e as duas últimas de
três versos, cada uma, os tercetos. A forma mais comum é a que contém dez sílabas métricas por verso, classificando-se
como decassílabo.
A balada também é um poema de forma fixa. Ela apresenta uma estrutura estrófica, com três oitavas (oito versos) e um quarteto
(quatro versos) ou uma quintilha (cinco versos) no lugar do quarteto. Esta última estrofe menor recebe o nome de oferenda ou
ofertório. Quanto à estrutura métrica, apresenta versos octossílabos. Uma balada contém, em todas as estrofes, um verso ligado
ao tema que é repetido continuamente, funcionando como chave de ouro. A balada surgiu no século XIV na França medieval.
Segue abaixo um exemplo de balada do escritor medieval francês François Villon:
Criado na França medieval, o RONDÓ é um poema de forma fixa composto de três estrofes totalizando treze versos, donde
dois formam duas quadras, seguidas de uma quintilha. No entanto, devemos lembrar que ele pode surgir de maneira variada
quanto a quantidade de versos e estrofes. Assim, há três tipos de Rondó: o rondó francês, o rondó dobrado e o rondó
português. Segue abaixo um exemplo do escritor brasileiro Manuel Bandeira, formado por cinco estrofes (23 versos: 4
quartetos e 1 sétima):
Também chamada de “quadra” ou “quadrinha”, AS TROVAS são poemas de uma estrofe que foram criados no século XIII.
Representa uma poesia de quatro versos heptassílabos (com 7 sílabas poéticas) e que juntos formam uma estrofe.
Poema de origem japonesa criado
no século XVI, os HAICAIS são
formados por três versos, e
seguem a estrutura abaixo:
 Primeiro verso: apresenta 5
sílabas poéticas (pentassílabo)
 Segundo verso: apresenta 7
sílabas poéticas (heptassílabo)
 Terceiro verso: apresenta 5
sílabas poéticas (pentassílabo)
Veja abaixo um exemplo do
escritor brasileiro Afrânio Peixoto:
GÊNERO DRAMÁTICO
ESTRUTURA DO TEXTO DRAMÁTICO

A estrutura do texto dramático, independentemente de ser feitos em verso ou em


prosa, atua como facilitadora da dramatização. Para tal, fornece elementos auxiliadores
da representação, como indicações do cenário, da música, da iluminação, do figurino,...,
bem como outras indicações cênicas - chamadas rubricas ou didascálias - que guiam o
ator durante a peça de teatro. Didascália ou rubrica são indicações cênicas para indicar
como determinada ação, como determinada cena, como determinado espaço ou como
determinada fala devem ser feitos em uma peça de teatro.
Assim, um texto do gênero dramático apresenta esses dois tipos de conteúdos: o
discurso direto das personagens e as indicações cênicas (rubricas ou didascálias).
Os textos dramáticos estão subdivididos em atos e cenas e apresentam o nome da
personagem que dialoga antes da sua fala, marcando assim a sua entrada em cena.
Normalmente segue uma sequência linear de: situação inicial, complicações com um
ponto culminante (tensão) e desfecho.
Atualmente, as peças teatrais tentam aproximar os conflitos vividos pelas
personagens dos conflitos vividos pela audiência, privilegiando-se a liberdade de
expressão. Com a tendência atual de converter qualquer tipo de texto para
representação teatral, são cada vez mais infrequentes textos puramente do gênero
“MOSTRE-ME UM HERÓI E EU ESCREVEREI UMA TRAGÉDIA.”
F. SCOTT FITZGERALD

A peça teatral grega Antígona é a continuação dramática


de Édipo Rei de Sófocles. Depois da tragédia ocorrida na primeira
peça, a desgraça parece ter sido o legado deixado por Édipo aos
seus quatro filhos (Etéocles, Polinice, Antígona e Ismênia). Com sua
partida para o exílio, os filhos lutaram pelo poder e chegaram a um
acordo de revezamento no comando a cada ano. No entanto,
Etéocles, que foi o primeiro a governar, ao fim do mandato, não quis
ceder o lugar do poder ao irmão Polinice, que revoltado foi para a
cidade vizinha e rival da grande Tebas.
Ali, reunindo um exército aliado, Polinice enfrentou o irmão
visando ao trono de Tebas. O conflito acabou com os dois se matando
e, então, assumiu o poder o tio Creonte, irmão de Jocasta, esposa de
Édipo que também morreu na primeira peça. Usando de seu poder,
Creonte estabeleceu que o corpo de Polinice não receberia as
honrarias tradicionais dos funerais, pois este tinha lutado contra a
pátria. Já ao irmão, Etéocles, o rei determinou que fossem dadas tais
honrarias fúnebres. Além disso, determinou pena de morte a quem
desobedecesse as suas ordens.
A ORIGEM DA TRAGÉDIA
A tragédia tem sua origem no mesmo contexto em que surgiu o teatro, quando os rituais
primitivos eram o elo entre os homens e seus deuses. Esses rituais eram realizados em forma
de catarse, onde todos os praticantes se envolviam no transe sem distinção de papéis. Na medida
em que os rituais primitivos vão se estilizando e tornando-se litúrgicos, vai surgindo uma
hierarquia, indispensável para a organização dos cultos aos deuses e em se tratando de teatro ao
deus Dionísio. Esta hierarquização vai criando os papéis dos sacerdotes e celebrantes dos cultos,
surgindo nesse processo pessoas centralizadoras do "culto" e as participantes do mesmo, dando
início aos elementos atores e público. A tragédia surge juntamente com a comédia, no teatro grego,
sendo que a primeira possuía um caráter nobre dentro das comemorações ao deus da fertilidade,
capturava a essência humana e a sua relação com os sentimentos profundos de amor, ódio, medo,
traição, etc., enquanto que a comédia surgiu das canções fálicas e tratava de assuntos do cotidiano,
da vida comum dos homens. Nas dionisíacas, festas em homenagem ao deus Dionísio, havia
concursos de tragédias, cujo prêmio para o vencedor era uma cabra. Acredita-se que a origem da
palavra tragédia tenha vindo de "tragos", que em grego significa cabra ou bode, animal que era
sacrificado para o ritual dionisíaco. Há outra possibilidade sobre sua origem, que poderia ter
surgido da palavra "tragoi", que em grego significa adoradores ou seguidores de Dionísio.
“É, pois, a tragédia imitação de uma ação de caráter elevado, completa e de certa 
extensão, em linguagem ornamentada e com várias espécies de ornamentos 
distribuídos pelas diversas partes [do drama], [imitação que se efetua] não por
narrativa, mas mediante atores, e que, suscitando o terror e a piedade , tem por
efeito a purificação dessas emoções.”
Aristóteles - Poética

CATARSE é um termo grego (kátharsis) que significa purificação do espírito humano, ou seja, é um


livramento das imperfeições. A catarse é o método de expulsão, pois coloca para fora aquilo que é anormal à
natureza humana em sua totalidade. A pintura, a música, o cinema, o teatro, entre outras formas de
apreciação, podem ser consideradas formas de gerar uma catarse. Esse termo foi desenvolvido pelo
filósofo Aristóteles na obra “Poética”, durante a Grécia Antiga. De acordo com ele, a catarse é ativada por
uma tragédia e isso é que provoca uma descarga emocional. acreditava-se que ao assistir as apresentações
das tragédias, saia-se do teatro purificado e transformado. Os tragediógrafos mais conhecidos do período
clássico são Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Suas obras são apresentadas até hoje.
PRINCIPAIS AUTORES DA TRAGÉDIA GREGA

Autores trágicos Por se tratar de uma sociedade antiga,


deve-se muito à arqueologia o resgate dessa memória. A partir
de alguns registros, acredita-se que foram cerca de 150 os
autores trágicos. Os três tragediógrafos que conhecemos,
Ésquilo, Sófocles e Eurípedes escreveram cerca de 300 peças,
das quais apenas 10% chegaram até nós.

 Ésquilo (cerca de 525 a.C. a 456 a.C.) Considerado o


fundador do gênero, sete peças suas sobreviveram à
destruição do tempo: "Os Persas", "Sete contra Tebas", "As
Suplicantes", "Prometeu Acorrentado", "Agamêmnon",
"Coéforas" e "Eumênides".

 Sófocles (496 a.C. a 406 .a.C.) Importante tragediógrafo,


também trabalhava como ator. Entre suas peças estão a
trilogia "Édipo Rei", "Édipo em Colona" e "Antígona“.

 Eurípides (485 a.C. a 406 a.C.) Pouco se sabe sobre sua


vida. Ainda assim, é dele o maior número de peças que
chegaram até nós. São 18 no total, entre elas: "Medéia", "As
Bacantes", "Heracles", "Electra", "Ifigênia em Áulis" e
"Orestes".
https://www.youtube.com/watch?v=54IvlAa1D-c

https://www.youtube.com/watch?v=WLWNW3-g81A

A tragédia Otelo é sobre esse general mouro e nobre de Veneza. Ele se casa
com Desdêmoda, sem a permissão do pai da moça. Após o casamento, Otelo
promove Cassio ao posto de tenente, o que causa inveja a Iago, pois este queria o
posto e se achava mais merecedor do mesmo. Iago arruma um jeito para que
Cassio seja afastado do cargo e em vingança, decide enganar Otelo, inventando
que sua esposa, Desdêmoda o estava traindo com Cassio.
Otelo a principio não acredita na traição e exige que Iago prove o que diz
Iago então manipula seu senhor para que ele acredite na traição e lhe dê o posto
de tenente. Louco de fúria Otelo acredita em tudo que Iago lhe fala, sem acreditar
em mais ninguém nem mesmo em sua esposa.
Juntos Iago e Otelo planejam o assassinato de Cassio, mas este dá
totalmente errado e Rodrigo, amigo de Iago, apaixonado por Desdêmoda, acaba
morto em seu lugar. Acreditando que Cassio estava morto, Otelo assassina sua
esposa sem saber de sua inocência.
Ao final do livro, Emília, esposa de Iago, esclarece a verdade e todos
descobrem que Iago é o vilão que orquestrou tudo para que pudesse manipular
Otelo e conseguir o que queria.Ao descobrir a verdade, Otelo se mata para poder
se juntar a Desdêmoda.
A ORIGEM DA COMÉDIA

A origem da comédia é a mesma da tragédia: as festas ao deus Dioniso. A palavra comédia vem
do grego "komoidía" ("komos" remete ao sentido de procissão). Na Grécia havia dois tipos de
procissão que eram denominadas "komoi". Numa, os jovens saiam às ruas, fantasiados de animais,
batendo de porta em porta pedindo prendas, brincando com os habitantes da cidade. No segundo
tipo, era celebrada a fertilidade da natureza.
Apesar de também ser representada nas festas dionisíacas, a comédia era considerada um
gênero literário menor. É que o júri que apreciava a tragédia era nobre, enquanto o da comédia era
escolhido entre as pessoas da plateia. Também a temática diferia nos dois gêneros. A tragédia
contava a história de deuses e heróis. A comédia falava de homens comuns.
A encenação da comédia antiga era dividida em duas partes, com um intervalo. Na primeira,
chamada "agón", prevalecia um duelo verbal entre o protagonista e o coro. No intervalo, o coro
retirava as máscaras e falava diretamente com o público para definir uma conclusão para a primeira
parte. A seguir, vinha a segunda parte da comédia. Seu objetivo era esclarecer os problemas que
surgiram no "agón". A comédia antiga, por fazer alusões jocosas aos mortos, satirizar personalidades
vivas e até mesmo os deuses, teve sempre a sua existência muito ligada à democracia. A rendição
de Atenas na Guerra do Peloponeso, no ano de 404 a.C., levou consigo a democracia e,
consequentemente, pôs fim à comédia antiga.
PRINCIPAL REPRESENTANTE DA COMÉDIA GREGA

 Aristófanes (447 a.C. a 385 a.C.) Considerado o maior


autor da comédia antiga, escreveu mais de 40 peças,
das quais conhecemos apenas 11, entre elas:
"Lisístrata", "As Vespas", "As Nuvens" e "Assembleia de
Mulheres".

 Menandro (343 a.C. a 291 a.C.) Mais de 100 peças suas


chegaram recentemente até nós. Muitas conhecemos
apenas por título ou por fragmentos citados por outros
autores antigos, com exceção de "O Misantropo", uma
de suas oito peças premiadas, cujo texto completo,
preservado num papiro egípcio, foi encontrado e
publicado em 1958.
Questão 1: Considere o texto a seguir:
Oficina irritada

Eu quero compor um soneto duro


como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.
Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.
Esse meu verbo antipático e impuro
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro.
Ninguém o lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.
Carlos Drummond de Andrade

Os gêneros literários possibilitam a classificação dos textos de acordo com suas funções e especificidades. Pode-se dizer que
“Oficina irritada”, de Carlos Drummond de Andrade, pertence ao gênero lírico, porque
(A) no poema há um eu lírico que fala sobre suas intenções de compor um soneto e quais efeitos ele vai provocar.
(B) no poema o eu lírico narra e descreve minuciosamente seu processo de criação poética e o quanto ela é trabalhosa.
(C) o poema dramatiza uma situação em que o poeta enfrenta dificuldades para compor seu poema com personagens
complexos.
(D) o poema está todo em discurso direto e discurso indireto livre, mesclando a voz do narrador com a voz das personagens.
(E) o poema disserta sobre a importância de se compor um poema difícil de ler, o que faz dele mais argumentativo.
Questão 2: Considere o texto a seguir:
Profundamente
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Quando ontem adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Na noite de São João
Minha avó
Havia alegria e rumor
Meu avô
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Totônio Rodrigues
Vozes cantigas e risos
Tomásia
Ao pé das fogueiras acesas.
Rosa
No meio da noite despertei
Onde estão todos eles?
Não ouvi mais vozes nem risos
— Estão todos dormindo
Apenas balões
Estão todos deitados
Passavam errantes
Dormindo
Silenciosamente
Profundamente.
Apenas de vez em quando BANDEIRA, Manuel. Os melhores poemas de Manuel Bandeira/Seleção de Francisco de
O ruído de um bonde Assis Barbosa. 12 ed. São Paulo: Global, 1998, p. 85–86. (Melhores poemas: 7)
Cortava o silêncio
Como um túnel. Observando as sequências textuais e sabendo que os gêneros
Onde estavam os que há pouco literários podem combinar suas características, é correto afirmar que
Dançavam esse poema é marcado por uma estrutura fortemente
Cantavam (A) narrativa, impregnada de lembranças do eu lírico.
E riam (B) descritiva, caracterizada pela presença de imagens visuais.
Ao pé das fogueiras acesas? (C) dissertativa, assinalada pela reflexão sobre fatos da vida do eu
— Estavam todos dormindo lírico.
Estavam todos deitados (D) argumentativa, indicada pelo tom interrogativo do poema.
Dormindo (E) imperativa, assinalada pelo uso de perguntas retóricas.
Profundamente
Quando eu tinha seis anos
Questão 3: Em um poema escrito em louvor de Iracema, Manuel Bandeira afirma que, ao compor esse livro, Alencar:

“[...] escreveu o que é mais poema


Que romance, e poema menos
Que um mito, melhor que Vênus.”
Segundo Bandeira, em Iracema:
(A) Alencar parte da ficção literária em direção à narrativa mítica, dispensando referências a coordenadas e personagens históricas.
(B) O caráter poético dado ao texto predomina sobre a narrativa em prosa, sendo, por sua vez, superado pela constituição de um mito literário.
(C) A mitologia tupi está para a mitologia clássica, predominante no texto, assim como a prosa está para a poesia.
(D) Ao fundir romance e poema, Alencar, involuntariamente, produziu uma lenda do Ceará, superior à mitologia clássica.
(E) Estabelece-se uma hierarquia de gêneros literários, na qual o termo superior, ou dominante, é a prosa romanesca, e o termo inferior, o mito.

Questão 4: (Enem 2009) - Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem
excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão. (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa)

Considerando a definição apresentada, o fragmento poético da obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, em que pode ser encontrada a
referida figura de retórica é:

(A) “Dos dois contemplo (C) “Areia, vou sorvendo


rigor e fixidez. A água do teu rio” (p. 93).
Passado e sentimento
me contemplam” (p. 91). (D) “Ritualiza a matança
de quem só te deu vida.
(B) “De sol e lua E me deixa viver
De fogo e vento nessa que morre” (p. 62).
Te enlaço” (p. 101).
(E) “O bisturi e o verso.
Dois instrumentos
entre as minhas mãos” (p. 95).
Questão 5(Enem 2009)

O sertão e o sertanejo

Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo
ardor do sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero
desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes
qualquer aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e
vacilante os espaços imensos que se alongam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão
algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento
lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. É cair,
porém, daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas
jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade. Transborda a vida.
TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993 (adaptado).
O romance romântico teve fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o trecho acima, é possível
reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições do Romantismo para construção da identidade da nação é a
(A) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo subdesenvolvimento e pela
falta de perspectiva de renovação.
(B) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que coibiu a exploração
desenfreada das riquezas naturais do país.
(C) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma imagem da terra que revelou
o quanto é grandiosa a natureza brasileira.
(D) expansão dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do território nacional e deu a conhecer
os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros.
(E) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando um conceito de nação centrado
nos modelos da nascente burguesia brasileira.
6. (Castro/PR 2012). É o contexto onde há a 8. Sobre o gênero lírico, considere as afirmações abaixo.
manifestação de um eu, expressa suas emoções, ideias, I. O tema do lírico é sempre o amor, expresso pela voz
mundo interior, são textos subjetivos e a musicalidade das do poeta.
palavras é explorada: II. Uma característica marcante do gênero lírico é a
a) Dramático. existência de uma voz central, que expressa
b) Épico. subjetivamente seu estado de alma.
c) Sonoro.  Está correto o que se afirma em
d) Lírico.
7. (Vestibular 2009 São José) Para fins didáticos, a teoria a) somente I                     
literária distingue três gêneros fundamentais, levando em b) somente II 
conta as características dos elementos estruturais dos c) I e II
textos. Relacione os gêneros literários (coluna 1) com os d) nenhuma                   
tipos de textos (coluna 2).
Coluna 1 9. - É o contexto onde há a manifestação de um eu,
I. lírico Coluna 2 expressa suas emoções, ideias, mundo interior, são
II. dramático ( ) poema textos subjetivos e a musicalidade das palavras é
III. narrativo ( ) romance explorada:
( ) peça teatral a) Dramático.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, b) Épico.
de cima para baixo. c) Sonoro.
a. ( ) I, II, III. d) Lírico. 
b. ( ) I, III, II.
c. ( ) II, III, I.
d. ( ) III, II, I.
10. (Tijucas 2012) Assinale a alternativa correta. 12. (Concórdia 2017) O gênero dramático
a) Os gêneros narrativos e dramáticos sempre são escritos em envolve a literatura teatral em prosa ou em
prosa. verso, aquela para ser apresentada e
b) O gênero lírico se faz na maioria das vezes em versos. encenada e, por esse motivo, o diálogo é um
c) Na frase: “Tua língua materna, nunca vi idioma mais recurso muito utilizado. Dessa forma, a tríade
complicado” há a presença de uma catacrese. essencial dos textos literários dramáticos
d) Na frase: Estou à pensar em uma solução para o caso” a crase elenca:
foi empregada adequadamente. a) A plateia, o local e o figurino
e) A frase: “O aluno cujo o pai vem às reuniões, geralmente é o b) O autor, o texto e o público
mais comportado” não apresenta problemas de coesão. c) A coreografia, o cenário e a plateia
d) O texto, a iluminação e o autor
e) A iluminação, o autor e o figurino
11. (Concórdia 2017) A classificação dos gêneros literários foi
proposta, na antiguidade clássica, pelo filósofo grego Aristóteles
(384 a.C.-322 a.C.), as quais foram divididas em: Gênero Lírico, 13. Assinale a alternativa em que o gênero
Gênero Épico e Gênero Dramático. mencionado NÃO pertence ao grupo da
Assinale a alternativa com as características que os linguagem oral:
representam, respectivamente. a) Conto.
a) Palavra cantada, Palavra Narrada, Palavra Representada b) Cordel. 
b) Palavra Narrada, Palavra Escrita, Palavra Seriada c) Texto dramático.
c) Palavra Dramatizada, Palavra Representada, Palavra Textual d) Canção.
d) Palavra Textual, Palavra Cantada, Palavra Simbolizada
e) Palavra Versada, Palavra Escrita, Palavra Estrutural
14. A literatura é manifestada no mundo da arte através da PALAVRA, seja ela falada ou escrita. Quando falamos em gêneros
literários, estamos falando do conteúdo e da estrutura do texto. Dependendo de como se estruturam, e do seu conteúdo, eles
são classificados.
De acordo com essa classificação, analise as afirmativas abaixo:

I - Os textos literários são divididos em três grandes gêneros: lírico, épico e dramático. Esta divisão existe desde os artistas
clássicos, tendo origem na Grécia através de Aristóteles e subsistindo até hoje.
II - O gênico lírico vem da palavra “lira”, o instrumento musical utilizado pelos gregos para acompanhar seus cantos. Por muito
tempo as poesias eram cantadas, mas depois veio a ser produzida para ser declamada, sem o acompanhamento do
instrumento musical. Não perdeu, porém, a musicalidade, e até hoje faz uso de recursos como rima, rítmica, métrica, estrofes e
versos, combinações de palavras, figuras de linguagem, dentre outros recursos que são essencialmente musicais.
III - Gênero dramático: caracteriza-se por expressar emoções, sentimentos e sensações, sendo um texto subjetivo. Neste caso,
as narrativas não são apresentadas em versos, e sim em prosa. As principais manifestações literárias deste gênero são o
romance, a novela e o conto.
IV - O gênero épico: vem do grego “épos” (verso) + “poieô” (faço), e faz referência à narrativa feita em forma de versos.
Geralmente conta histórias de fatos grandiosos e heróicos sobre a história de um povo. Tem como característica a presença de
um narrador que fala do passado, o que faz com que os verbos apareçam no tempo pretérito.

As afirmativas CORRETAS são:


a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) I, II e IV.
d) Nenhuma das alternativas.
Gabarito: 1A, 2A, 3B, 4D, 5D, 6D, 7B, 8B, 9D, 10B, 11A , 12B, 13A,14C

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