Você está na página 1de 34

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

( UFRRJ )

História Antiga II

Professor Luís Eduardo Lobianco

O PERÍODO HELENÍSTICO (331 a.C. a 30 a.C.) e a


permanência da cultura helenística, com grande
ênfase na parte Oriental do Império Romano (fins do
século I a.C. ao século IV d.C. (triunfo do Cristianismo).
Moeda comemorativa
das vitórias Alexandrinas na Índia
(Alexandre representado com a cabeça coberta
por pele e presas de elefante)

in BRIANT, Pierre. Alexander The Great. The Heroic Ideal. Tradução do francês para o
inglês: Jeremy Leggatt. London: Thames & Hudson, 2005, p. 104.
Alexandre e o Egito:
Moeda com imagem de Alexandre
associado ao deus faraônico Amon
(elo com o Santuário de Siwah)
in BRIANT, Pierre. Alexander The Great. The Heroic Ideal. Tradução do francês para o
inglês: Jeremy Leggatt. London: Thames & Hudson, 2005, p. 58.

CHIFRES DE
CARNEIRO
(atributo do
deus AMON)
Alexandre como Faraó diante do deus Min
(Paredes do Santuário (Capela) de Luxor (Vale do Nilo – Alto Egito)

in BRIANT, Pierre. Alexander The Great. The Heroic Ideal. Tradução do francês para o
inglês: Jeremy Leggatt. London: Thames & Hudson, 2005, p. 59.

ALEXANDRE DEUS
(FARAÓ) FARAÔNICO
MIN
(deus da
fertilidade –
reprodução e
SINAL DE princípio gerador
- e patrono das
REVERÊNCIA rotas do deserto
Oriental
Mapa do Império de Alexandre &
os Reinos Helenísticos
(Ptolomaico – Egito e Selêucida – “Ásia Ocidental” - Síria)
(séculos IV a.C. - I a.C. (ano 30 a.C.) )

in ALEXANDER, Pat (direção). Enciclopédia Ilustrada da Bíblia . Tradução: Edwino A. Royer.


São Paulo: Paulinas, 1987, p. 343.

REINO PTOLOMAICO (Lágida) - REINO SELÊUCIDA -


EGITO (Ásia Ocidental) SÍRIA
Helenismo / Helenização (no Oriente)
• Helenismo: Droysen (2ª metade do século XIX)
DROYSEN, J.G. Geschichte des Hellenismus, APUD PAUL, André. O Judaísmo Tardio.
História Política. Tradução: Benôni Lemos. São Paulo: Paulinas, 1983, p. 93.
Recorte Cronológico:
Da derrota de Dario III (Império Persa Aquemênida), por
Alexandre, o Grande (331 a.C.) até o fim do Reino
Ptolomaico (Egito) (30 a.C.) - suicídio de Cleópatra VII e
Marco Antônio.
Definição:
“Contato e mescla de elementos culturais gregos
e orientais”.
Cultura Helênica + Culturas (Próximo) Orientais = Helenismo
Helenismo / Helenização (no Oriente)
• ATENÇÃO: É fundamental perceber-se, que a
helenização na parte oriental do Império Romano
(Grécia, Ásia Menor, Síria, Judéia e Egito),
significou não apenas a presença da cultura grega,
trazida por Alexandre da Macedônia, e preservada
nos Reinos Helenísticos (Ptolomaico e Selêucida),
até estes serem conquistados por Roma (séc. I a.C.),
mas também a permanência das culturas locais,
nativas do Oriente Próximo, portanto trata-se de
um hibridismo cultural, que prosseguiu durante o
Império Romano.
Helenismo / Helenização (no Ocidente)
• Embora o maior legado da cultura helenística,
durante o Império Romano, tenha estado presente
no Oriente Próximo, portanto, a partir da morte de
Cleópatra VII e Marco Antônio (30 a.C.), o ORIENTE
ROMANO seja considerado culturalmente
HELENIZADO, mais do que romanizado (segundo o
historiador Ramsay MacMullen, in “Romanization in The
Time of Augustus”), o HELENISMO também penetrou
na cidade de Roma, e portanto atingiu a capital do
Império, ainda que a porção ocidental do mesmo
tenha sofrido uma influência do HELENISMO
muitíssimo MENOR, em comparação com a parte
oriental do Império Romano.
EXEMPLOS de HELENIZAÇÃO
na parte ORIENTAL do Império Romano
(presença de elementos culturais GREGOS)
• MITOLOGIA,
• RELIGIÃO,
• INDUMENTÁRIA (vestimenta / roupas),
• CULTURA MATERIAL (objetos da cultura grega),
• ARQUITETURA,
• DIREITO,
• LÍNGUA GREGA,
• FILOSOFIA GREGA (o Estoicismo, por exemplo).
MITOLOGIA (grega),
RELIGIÃO híbrida: nome grego de deus egípcio)

Iconografia (imagem)
de moeda de Alexandria (Egito Romano),
sob a dinastia dos Imperadores Antoninos
(século II d.C.)
Agathós Daímōn
(com Triptólemo)

Moeda do 18ºano de ADRIANO


(133-134 d.C.)

In BAKHOUM , Soheir. Dieux Égyptiens à Alexandrie sous les Antonins.


Recherches Numismatiques et Historiques. Paris: CNRS Éditons, 1999,
p.p. 185 e 231.
Imperador
aba da clâmide
(saco de grãos) Adriano (busto
laureado e trajando
uma couraça e o
gesto de paludamentum)
semeadura
(trigo) Coroa Pschent (Hórus)
Dupla Coroa do Alto e
Baixo Egito =
clâmide Coroa Nekhbet / Hedjet
chlamús (branca) (Alto Egito) +
Coroa Uadjit / Deshret
(vermelha) (Baixo Egito)
Triptólemo
2 deuses
biga Agathodaimon
(carro de 2 rodas) Agathós Daímōn
RELIGIÃO (deusas alexandrina e grega) ,
INDUMENTÁRIA e CULTURA MATERIAL (gregas),

deusa alexandrina com nome grego

Iconografia (imagem)
de moeda de Alexandria (Egito Romano),
sob a dinastia dos Imperadores Antoninos
(século II d.C.)
EUTHĒNÍA
&
DĒMĒ’TĒR

EUTHĒNÍA = “abundância”

Moeda do 17º ano de TRAJANO


(113 – 114 d.C.)

In BAKHOUM , Soheir. Dieux Égyptiens à Alexandrie sous les Antonins.


Recherches Numismatiques et Historiques. Paris: CNRS Éditons, 1999,
p.p. 178 e 228.
busto laureado do
coroa de louros
Imperador TRAJANO
(98 – 117 d.C.)
égide
deus serpente egípcio
kálathos sobre uma coluna Agathós Daímōn-
Agathodaimon, junto
aokálathos, erguido e
Penteado do kálathos com penteado da dupla
coroa faraônica pschent
(símbolo de domínio sobre
indumentária grega: chitō’n. o Alto e Baixo Egito).

indumentária grega: péplos. Cetro curto na mão


esquerda de Euthēnía

DĒMĒ’TĒR (deusa grega da EUTHĒNÍA (deusa


agricultura, dos grãos, heleno-egípcia - esposa
cereais e da fertilidade) do deus Nilo - símbolo da
terra, dos campos
fertilizados pelo rio Nilo
(Sob a mão direita de e personificação da
Euthēnía há a cabeça de “abundância”)
uma criança: o deus menino
Harpócrates - Hórus, a indumentária grega:
criança. trono himátion.
ARQUITETURA grega

em Jerusalém e na Judéia Romana

(séculos I a.C. e I d.C.)

(segundo a arqueologia e
o texto do historiador judeu
e cidadão romano Flávio Josefo)
(Judéia Romana)
Iconografia Arqueológica e da
Maquete do 2º Templo de Jerusalém

in CALINA, Luiz e CALINA, Andrea Sapolnik – Calina Projetos Culturais e


Sociais (concepção, desenvolvimento, produção e coordenação geral) e
SAMMARONE, Valéria e Publical Comunicações (material promocional e
catálogo). Tesouros da Terra Santa. Do Rei David ao Cristianismo.
Realização: MASP, The Israel Museum ,Jerusalem e Calina Projetos
Culturais e Sociais. São Paulo, 2008, p.p. 58, 65 e 66.
Capitel Coríntio em Jerusalém (século I a.C.)
Collection of Israel Antiquities Authority –
Foto The Israel Museum, Jerusalem, por David Harris.
2º Templo de Jersualém (de Herodes) (séc. I d.C.)
Collection of Israel Antiquities Authority – Fotos The Israel Museum, Jerusalem, por Gadi Adar
Josephus (Titvs Flavivs Josephvs).
(Nascido em Jerusalém: ano 3797 (criação do mundo - calendário
judaico).
1º ano do reinado do Imperador Romano Calígula (37 d.C.).
Morto em Roma: cerca de 100 d.C.)

Seu primeiro livro:


Istoría Ioudaïkoû Polémou Pròs Rōmaíous

História da Guerra dos Judeus contra os Romanos


( A Guerra Judaica )

JOSEPHUS. The Jewish War. Tradução do Grego para Inglês de H. ST. J. THACKERAY. Loeb
Classical Library. Cambridge, Massachusetts e London: Harvard University Press, 1989. Livro I,
401/402 e 408 / 409 e 414/415 (trecho com alguns fragmentos), p.p. 188 a 197.
“ Assim, no décimo quinto ano de seu reinado (22 a.C.) , ele
(Herodes Magno) restaurou o Templo (de Jerusalém) (...) . As
colunas Herodes reconstruiu das fundações; a fortaleza ele
restaurou com um pródigo gasto ... , e denominou-a Antonia
em honra a Antonio (Marco Antonio). Seu próprio palácio, ...
ele edificou na cidade alta, (...). Sua (de Herodes Magno)
atenção foi atraída por uma cidade na costa, chamada Torre
de Straton, a qual, (...). Esta ele reconstruiu inteiramente com
pedra branca, e adornou com os mais magníficos
palácios(...).”
“Em uma proeminência voltada para a entrada do porto
erguia-se o Templo de César (o Imperador Augusto),
marcante por sua beleza e grandes proporções; ele continha
uma estátua colossal do imperador, não inferior a de Zeus
Olímpico (mais relevante dos deuses gregos), a qual serviu
para seu modelo, e outra de Roma (deusa que na mitologia
romana personificava o Estado no final do século II a.C.)
rivalizando com aquela de Hera (deusa grega, irmã e esposa
de Zeus deusa dos deuses) em Argos.”
“A cidade Herodes dedicou à província (da
Judéia), o porto aos navegadores em suas
águas, a César a glória desta nova fundação,
para a qual ele (Herodes), consequentemente,
deu o nome de Cesaréia ( Marítima).
O resto das edificações - anfiteatro, teatro,(...).

( negrito e inserções sublinhadas, de Lobianco ).


Cesaréia Marítima (século I d.C.)
in CONNOLLY, Peter. A Vida no Tempo de Jesus de Nazaré. Tradução: Maria das Mercês de
Mendonça Soares. Lisboa / São Paulo: Editorial Verbo. 1988, p.p. 32 e 33.
LÍNGUA grega e DIREITO grego

em Sentença Judicial pronunciada pelo Praefectvs (Prefeito)


Romano do Egito Sulpicivs Similis
(a mais alta autoridade, abaixo do Imperador).

(Egito Romano - início do século II d.C. -


reinado do Imperador Trajano, de 98 a 117 d.C.)

Papiro de Oxyrhynchus (POxy) nº 3015


“Fragmentos de Registros da Corte (Tribunal)”
The Oxyrhynchus Papyri. Volume XLII. Tradução e Notas: P. J.
PARSONS. London: Egypt Exploration Society, 1974, p.p. 53 a 55.
“ ... kállistón estin autoùs dik]aiodoteîn
p[rò]s toùs Aigyptíōn nómous ...”

“ ... é melhor eles próprios fazerem a justiça de acordo


com as leis dos Egípcios (dos Gregos) ...”

Observação: inserção sublinhada de Lobianco. Ver


explicação no próximo “slide”.
Observação: de acordo com P. J. Parsons , tradutor e
comentarista deste volume XLII da Coleção dos Papiros de
Oxyrhynchus:

“ ... o prefeito anuncia sua intenção em julgar de acordo com


“as leis dos Egípcios”(...). O edito e as decisões em 3015
ajustar-se-iam à tese de Taubenschlag sobre
“hoi tōn Aigyptíōn nómoi”
(as leis dos Egípcios): ele sugeriu que a expressão designa um
novo código, introduzido no segundo século (d.C.) e aplicável
a todos os “Egípcios” , no sentido romano (incluindo ... os
gregos das metrópolis).”

(inserções sublinhadas e/ou negritadas de Lobianco).


Portanto, é perfeitamente possível que, na
verdade, a lei referida no fragmento
anteriormente transcrito, refira-se ao direito
grego, e sabe-se que trata, posteriormente, de
questões testamentárias.

Note-se que a decisão do Prefeito Romano é


escrita em GREGO e NÃO em latim ou em
língua egípcia, embora ele esteja no Egito
Romano.
Perì Tōn Déka Logōn hoi Kephálaia Nomōn Eîsin

No que concerne aos Dez Mandamentos


Estes são as Principais dentre as Leis – O Decálogo

Introdução por F. H. Colson

Fílon de Alexandria

PHILO. VII. O Decálogo. Tradução do grego para inglês e texto da


Introdução por F. H. Colson. Cambridge, Massachusetts e London: Loeb
Classical Library. Harvard University Press, 1984, p. 4.
“O último Mandamento contra o “desejo”
dá a Phílon (Fílon) uma oportunidade para
dissertar em termos estóicos (...).
“Diz-se, com frequência, que, da filosofia
estóica, só extraímos a posteridade ética,
resumida em algumas formas edificantes: “Seja
estóico”; “Suporte e abstenha-se”.

(negritos de Lobianco).

ILDEFONSE, Frédérique. Os Estóicos I. Zenão – Cleantes –


Crisipo. Coleção Figuras do Saber. Tradução: Mauro Pinheiro.
São Paulo: Editora Estação Liberdade, p. 13.
10º Mandamento:

“Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás


a sua mulher, nem o seu escravo, nem a sua escrava,
nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma
que pertença a teu próximo.”

( Livro do Shemót / ÊXODO, 20, 17).

(negritos de Lobianco).

A Bíblia de Jerusalém. Tradução do texto em língua portuguesa, diretamente dos


originais. Tradução das introduções e notas de La Sainte Bible, edição de 1973,
publicada sob a direção da “École Biblique de Jérusalem”. Edição em língua francesa:
Les Éditions Du Cerf, Paris, 1973. São Paulo: PAULUS, 1995, p. 135.
BIBLIOGRAFIA

(citada ao longo desta apresentação)

Você também pode gostar