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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Escola de Engenharia – Departamento de Metalurgia


Centro de Tecnologia – Laboratório de Fundição

Dimensionamento
de Canais e
Massalotes

Prof. Dr. Vinicius Karlinski de Barcellos


Projeto do sistema de alimentação
(canais e massalotes)
 Objetivos:
- Alimentação da peça;
- Sanidade interna da peça;

 Condições básicas na alimentação:


- REQUISITO TÉRMICO: Deve existir um gradiente de temperatura positivo em
direção ao massalote, ou seja, o massalote deve ser o último a solidificar.
- REQUISITO VOLUMÉTRICO: O volume do massalote deve ser suficiente para
compensar as contrações da peça ou seção da peça a qual o mesmo deve atender.
- REQUISITO DA DISTÂNCIA: Geralmente aplicado para peças mais extensas.
Para atender este requisito se deve verificar a distância máxima de cobertura de
cada massalote, para depois calcular a quantidade de massalotes.
Projeto do sistema de alimentação
(canais e massalotes)
 Funções dos canais :

 Reduzir turbulência.
 Não aspirar gases ou ar.
 Não gerar erosão.
 Controlar o tempo de enchimento adequado a peça.
 Gerar gradiente térmico favorável à alimentação.
 Eliminar aspectos subjetivos da prática do vazamento.
Projeto do sistema de alimentação
(canais e massalotes)
 O sistema de alimentação se refere a todos canais e
reservatórios a qual o metal líquido passa para preencher a
cavidade do molde.

 O sistema de alimentação é composto de:

- Funil ou bacia de alimentação


- Canal de descida
- Canais de distribuição
- Canais de ataque
- Massalotes
Elementos dos sistemas de canais
 RELAÇÃO DE ÁREAS

- Relaciona as áreas dos canais e são representadas por três números:


1:1:1

Sendo que:
O primeiro número representa o módulo da área transversal da base do canal descida.
O segundo número representa o módulo da área transversal do canal de distribuição. O
terceiro número representa o módulo da área transversal do(s) canal(s) de ataque.

De acordo com as relações de áreas em uso o sistema de canais pode ser do tipo
convergente ou divergente.
Elementos dos sistemas de canais
 RELAÇÃO DE ÁREAS

SISTEMA CONVERGENTE - Este


sistema também é conhecido
como pressurizado.
Ex: 1 : 0,8 : 0,6

SISTEMA DIVERGENTE - Este


sistema também é conhecido
como despressurizado.
Ex: 1 : 4 : 4
Elementos dos sistemas de canais
 RELAÇÃO DE ÁREAS e AS
LIGAS

•O sistema DIVERGENTE é
recomendado para as ligas com grande
tendência a oxidação e absorção de gases, as
quais necessitam de baixas velocidades nos
canais de distribuição e ataques, em geral
são as ligas de Al; Mg; Cu+Al, Mg, Cr, Si.

•O sistema CONVERGENTE é
recomendado quando se prioriza o
rendimento metálico, enchimento rápido,
são ligas com baixa tendência a oxidação.
Ex. ferros fundidos cinzentos.
Sistema Pressurizado e
Despressurizado

Sistema Pressurizado Sistema Despressurizado


Razão 1:0,75:0,5 Razão 1:3:3
Sistema Pressurizado e
Despressurizado
Vantagens Desvantagens
Pressurizado • Sistemas Mais Leves • Maior perigo de erosão
(maior rendimento do molde
metálico) •Provoca forte
•Sistemas é forçado a turbulência na entrada
trabalhar cheio do jato de metal na
(Favorece fluxo uniforme cavidade da peça.
e separação de
inclusões de escórias e
areias)
Despressurizado • Indicados para ligas • Possibilidade de
muito oxidáveis aspiração de ar nos
alargamentos de seção.
•Possibilidade de
preenchimento
incompleto dos canais.
•Menor Rendimento
Metálico
Canal de descida

 É importante que o canal de descida possua uma conicidade para evitar o descolamento do
metal e apareçam bolhas de ar, oxidação e erosão.
 De acordo com a lei da continuidade, a vazão na base do funil (Qf) e na base do canal de
descida (Qd) são iguais, sendo assim, é possível calcular a área da base do funil.
Canal de descida

 Canal de descida redondo

Ad = área da base do canal de descida (mm2). Af =


área da base do funil (mm2)
D = diâmetro da base do canal de descida ou do
funil (mm).

 Canal de descida quadrado

relação de lado b=2a


Canal de descida
 Conexão do canal de descida e o canal de distribuição
Canal de distribuição e Ataque
 Conexão do canal de distribuição e do canal de ataque
Canal de distribuição

 Sequência incorreta para enchimento de um molde com divisão vertical

 Sequência correta para enchimento de um molde com divisão vertical


Roteiro para Cálculo de
Massalotes
1. Determinação do Módulo(ou dos módulos parciais) da Peça
a. Cálculo dos Módulos Parciais
b. Estabelecimento da Ordem de Solidificação na Peça
c. Determinação dos Pontos Quentes
2. Definição das Partes da Peça a serem Alimentadas
3. Determinação do Número de Massalotes
Uso da Regra da Zona de Ação ou Distância de Alimentação
4. Dimensionamento do Massalote: Requisitos térmicos e
volumétricos;
5. Distribuição dos massalotes ao longo da peça
6. Cálculo do Rendimento Metalúrgico.
Regra dos Módulo
 O cálculo dos Módulos Parciais de uma peça é utilizado para:
- Determinar a sequência de solidificação dos vários elementos da peça.
- Determinar a localização de todos os massalotes.

M = módulo (cm).
V = volume da peça ou seção (cm3).
S = superfície de resfriamento da peça ou seção (cm2).

Mm > Mn > M1 > M2 > M3


Regra dos Módulo
 Se o módulo do massalote é igual ao módulo da peça (Mm = M) não há
garantia que o massalote solidifique depois da peça. Para garantir que o
massalote solidifique depois da peça ou seção o módulo do massalote é
multiplicado pelo coeficiente de segurança “k”.

Mm = módulo do massalote.
Mp = módulo da peça ou seção.
k = coeficiente de segurança encontrado na prática
Posicionamento dos Massalotes
Posicionamento dos Massalotes
Posicionamento dos Massalotes
Cálculo das Dimensões dos
Massalotes
 Relação entre o diâmetro Dm e a sua altura Hm;
- Considerando os três massalotes em seguida, que possuem o mesmo
módulo de resfriamento, Mn = 2,82cm. A única diferença entre eles á a
relação entre a sua altura e diâmetro. O massalote (c) é o mais vantajoso
pois possui o menos volume. Porém, existe a possibilidade do rechupe
entrar na peça.
Cálculo das Dimensões dos
Massalotes
 Relação entre o diâmetro Dm e a sua altura
Hm;

- Massalotes abertos sem cobertura de pó


isolante.

- Massalotes abertos com cobertura de pó


isolante ou com luva exotérmica.

- Massalote direto cego.


Cálculo das Dimensões dos
Massalotes
 Relação entre o diâmetro Dm e a sua altura
Hm;

- Massalotes lateral abertos sem cobertura de


pó isolante ou exotérmico.
Lm = 0,314Dm2

- Massalotes lateral abertos com cobertura


de pó isolante ou exotérmico.

Lm = 0,314Dm2

- Massalote lateral cego.

h = Dm
Lm = 0,314.Dm2
Cálculo das Dimensões dos
Massalotes
 Seção de ligação estrangulada;
Regra da Contração

 O massalote deve ter uma quantidade mínima de metal


liquido suficiente para compensar a contração que a
peça sofre ao ser resfriada.
r = Coeficiente de Contração
Volumétrica
k’ = Coeficiente de Segurança (depende das
condições de
funcionamento do Massalote)
Vc = Volume da cavidade da peça ou
elemento da peça a ser alimentada
Regra da Contração

 O Volume da cavidade Vc.

dS = densidade no estado sólido dL =


densidade no estado líquido Vp =
Volume da peça
P = Peso da peça
Regra da Contração

 O coeficiente de contração r.
BIBLIOGRAFIA
Mariotto, C. L. Albertin, E. Fuoco, R. Sistemas de Enchimento e Alimentação de Peças
Fundidas, 1a edição, Associação Brasileira de Metais (ABM), São Paulo, 1987.

Campbell, J. Castings, Oxford, 1995.

Webster, P. D. Fundamentals of Foundry Technology, Norwich, 1980.

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Determinação dos Sistemas de


Massalotes e Canais. Volumes I a VI. Belo Horizonte, 1987.

Fundição: Mercado, Processos e Metalurgia. Gloria de Almeida Soares. UFRJ. Abril de


2000.

The Foundry Process. Acesso em 03 de set. 2012.


http://www.castingstechnology.com/public/documents/000000000000129.pdf

Fundição: Processos e Tecnologias Correlatas. Roquemar de Lima Baldam e Estéfano


Aparecido Vieira. 2ª. ed. rer. São Paulo: Editora Érica, 2014.

ASM Handbook - Volume 15 Casting - Editora ASM (ISBN: 0871700212)

Material de aula: Prof. Guilherme O. Verran. Disciplina: Fundição. UDESC, 2014.

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