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Tema 2: O que é Teoria da Contabilidade?

Bárbara Carneiro, Bruno Ferraz e Raquel Sales

EAC 5720 – Teoria da Contabilidade


Prof. Dr. L. Nelson Carvalho
Professores colaboradores: Dr. Guillermo O. Braunbeck e Dr. Eduardo Flores

São Paulo, 2017


Definições de Teoria
O que é uma teoria?

Uma definição básica (Iudícibus, 2012):

Conjunto de postulados e teoremas que, sistematicamente


apresentados, formam a base de uma ciência.

Para o paradigma positivista: “Explicar regularidades


observadas” (Bryman, 2008)
• Posição ontológica: realismo
• Postura epistemológica: objetivismo
Definições de Teoria
O que é uma teoria?

Duas visões distintas sobre o que é teoria (Martins, 2012):


• Para o paradigma positivista, teorias são: "... um conjunto de
constructos inter-relacionados, definições e proposições que
apresentam relações entre variáveis, de forma a explicar e/ou
predizer seu comportamento."
• Outros paradigmas, podem não buscar explicações no mesmo
sentido.
Definição ampla de teoria (Mora, 2004):
• “teoria é um corpo coerente de conhecimentos sobre um campo de
objetos; quando esse corpo de conhecimento é formalizado, origina-
se uma teoria axiomática”
Definições de Teoria
O que é uma teoria?

Considerações importantes (Farias, 2010):


• Doutrina x Quadro teórico x Teoria x Teoria científica (Bunge, 1980)
• Conceito de proposição científica (Bunge, 1980):
o Representar um aspecto do mundo real
o Pode ser avaliada como verdadeira ou falsa
• Constructos (Farias, 2010):
Definições de Teoria
O que é uma teoria contábil?

Exemplo stricto sensu (Farias, 2010):


• Modelo teórico de Nobes (1998):
o Explicar a existência de diferentes sistemas contábeis no mundo
o Assume que as diferenças existem devido aos objetivos da
divulgação em cada país
o Três variáveis: tipo de cultura, sistema financeiro e sistema
contábil
• “O modelo proposto por Nobes (1998) é composto de um conjunto
de constructos expressos por meio de proposições, que são
testadas empiricamente por meio de suas variáveis, medidas sob a
forma de indicadores.”
Definições de Teoria
O que é uma teoria contábil?

Considerações lato sensu (Iudícibus, 2012):


• “[...] uma teoria única geralmente aceita, para a contabilidade, não
existe até hoje. [...] (Riahi-Belkaoui, 1964)”
• Não sabemos ao certo o conteúdo completo de uma teoria contábil
• Requesitos amplos e restritivos (muito a se abordar com a
necessidade de se atender os requesitos de outras teorias, além de
ser testável empiricamete)
• “As orientações das pesquisas são tão heterogêneas que levam mais
ao transbordamento da teoria do que a uma tendência central.”
• “Na nossa contabilidade atual apenas seus objetivos estão
claramente definidos.” Ainda falta a definição clara do objeto
Definições de Teoria
O que é uma teoria contábil?

Teoria contábil segundo Most, 1977:


• “... the systematic statement of principles and methodology, as
distinct from practice.”
• O autor define teoria contábil como o estabelecimento de princípios
e metodologias que devem orientar a prática contábil.
• Esses principios evoluiram em paralelo à utilização da contabilidade
na história
• Crítica/discussão: uma teoria geral da contabilidade deve ser
normativista ou positivista?
Definições de Teoria
Para que serve, ou deveria servir, uma teoria
contábil?
Segundo Watts & Zimmerman (1979), as funções de uma
teoria contábil estão relacionados aos custos de ageciamento
Em economias pouco reguladas:
• Demanda pedagógica (ensino padronizado da prática contábil)
• Demanda por informação (impacto das decisões gerenciais)
• Demanda por justificativa (auditorias)

Em economias muito reguladas:


• Processo político (contas públicas)
• Intervenção governamental (regulação e fiscalização)
O Dilema Positivo / Normativo
Diferença entre teoria positiva e normativa

A dicotomia positivo-normativo (Martins, 2012):


• Como é X como deve ser (Weber, 2004)
• Fatos X valores (Weber, 2004)
• Afirmações normativas não são
“negócio da ciência”, embora
sejam relevantes (Weber, 2004)
• Sec. XX: normativo como cientificamente
ilegítimo (excluído da economia)
• O positivismo nega o normativismo, Fonte: Martins, 2012

considera conhecimento irrelevante


O Dilema Positivo / Normativo
Diferença entre teoria positiva e normativa

A dicotomia positivo-normativo (Martins, 2012):


• O normativo não implica necessariamente em julgamentos de valor,
mas sim em propor ações práticas que são baseadas julgamentos de
valor.
• Mesmo no positivismo existem julgamentos de valor.
• O autor sugere a quebra dessa visão dicotômica na contabilidade.
O Dilema Positivo / Normativo
Diferença entre positivismo e teoria positivista

Positivismo:
• Segundo Broedel, o positivismo deve ser encarado como uma forma
de pesquisa, e não como teoria (Iudícibus, 2012).
• Watts e Zimmerman (1990) afirmam que o uso do termo
positivismo, na contabilidade, se trata apenas de um rótulo para
identificar a pesquisa orientada por métodos hipotético-dedutivos e
baseada em teorias econômicas neoclássicas.
• Ontologia: realidade objetiva, livre de valores
• Epistemologia: observar objetos à distância
• Metodologia: hipotético-dedutiva e falseamento
O Dilema Positivo / Normativo
Diferença entre positivismo e teoria positivista

Teoria positivista:
• Teoria que busca encontrar relações de associação e causalidade
entre as variáveis.
• Não tem caráter normativo, pois deve analisar a relações como se
apresentam. Portanto, não deve oferecer orientações práticas.
• Se baseia em proposições empiricamente testadas e não falseadas.

Diferença:
• O positivismo consiste em uma meneira de fazer ciência que possui
ontologia, epistemologia e metodologias próprias, enquanto uma
teoria positivista apenas foi elaborada com base nessa visão.
O Dilema Positivo / Normativo
Objetivos das teorias contábeis positivas

Teoria contábil explicativa/descritiva (positiva) (Kabir, 2011):


• Se baseia em métodos das ciências naturais (métodos quantitativos,
mais especificamente: hipotético-dedutivos).
• Fundamentada em teorias do paradigma econômico neoclássico,
como a Hipótese dos Mercados Eficientes, o Modelo de Precificação
de Ativos Financeiros e a Teoria da Agência.
• Contribuição limitada para a prática contábil.
O Dilema Positivo / Normativo
Objetivos das teorias contábeis positivas

Objetivos (Watts & Zimmerman, 1990):


• Quando surgiu (dec. 60) tinha como tema principal o impacto da
informação contábil sobre os mercados.
• Posteriormente, procurou relacionar elementos da teoria da
agência, como os custos de contrato (agenciamento e informação),
com as escolhas contábeis.
• Trata de temas como: estruturas de capital, gerenciamento de
resultados, remuneração dos gestores, entre outros.
• Em geral, a teoria contábil positiva busca entender como são as
relações entre as escolhas e elementos contábeis e a gestão
organizacional ou o mercado.
O Dilema Positivo / Normativo
Objetivos das teorias contábeis normativas

Teoria contábil normativa:


• Prevaleceu no mainstream da pesquisa contábil até a ascenção da
teoria contábil positiva na déc. 70 (Kabir, 2011).
• Fortemente relacionada à prática contábil.
• Apresenta juizo de valor na medida em que é baseada em
prescrições.
O Dilema Positivo / Normativo
Objetivos das teorias contábeis normativas

Objetivos (Watts & Zimmerman, 1979):


• Procura prescrever, a partir da pesquisa, como a informação contábil
deve ser apresentada ao usuário.
• Tem a responsabilidade de servir como referência aos agentes para
fins de aprendizado, resolução de conflitos e fiscalização.
• “...é a busca pelo entendimento e descrição da realidade
econômica e sua forma ideal de divulgação” (Martins, 2012).
• Em geral, a teoria contábil normativa tem como objetivo definir
como devem ser apresentadas as informações contábeis aos
usuários.
O Dilema Positivo / Normativo
Relação entre esses tipos de teorias

Relação entre as teorias:


• “Uma boa teoria da contabilidade deve ser tanto positiva
quanto normativa, de forma que explicará as práticas em termos de
sua utilidade.” (Most, 1977)
• Normas contábeis alteradas ou estabelecidas pela teoria normativa
impactam a tomada de decisão dos usuários, esse efeito é analisado
pela teoria positiva (Martins, 2012).
• A teoria normativa define o significado da infomação contábil. Sem
essa informação, as análises da teoria positiva carecem de
interpretação.
A Pesquisa Contábil
Evolução do conhecimento contábil

Teoria Normativa x Positiva:


• Predominantemente normativa até 1960
• Linha positiva: incorpora conceitos da economia (Frezatti,2008)
• Previsão e explicação do fenômeno contábil com a utilização de
teorias econômicas neoclássicas (Watts e Zimmerman, 1986)
• Teoria Contratual da Firma, teoria das Agências, teorias de finanças
e a hipótese do mercado eficiente para explicar as escolhas de
métodos contábeis pelos gestores. (Farias, 2010)
• Brasil: esgotamento do normativismo e preocupação recente com a
metodologia da pesquisa e métodos quantitativos propiciou o
crescimento da pesquisa positiva. (Martins, 2012)
A Pesquisa Contábil
Positiva ou Normativa?

• As pesquisas empíricas não substituem as pesquisas normativas,


mas sim confirmam sua importância. (Lopes, 2008)
• O que existe de teoria e prática na contabilidade deve-se ao
movimento normativo. (Lopes, 2008)
• Busca de outras abordagens teóricas, também presentes na
produção de conhecimento em contabilidade: teoria contingencial,
teoria comportamental e teoria crítica. (Iudícibus, 2011)
• “O positivismo deve ser visto como uma forma de pesquisa e não
uma teoria. Cada pesquisa, seja normativa ou positiva é como um
rio que desemboca no mar da teoria da contabilidade”. (Iudícibus,
2012)
A Pesquisa Contábil
Positiva e Normativa

• “Teoria é o vasto oceano do conhecimento contábil acumulado e é


devidamente articulado. Cada pesquisa é como se fosse um rio
desembocando no mar.”
• Positivismo e normativismo são formas de pesquisa que fazem parte
da teoria da contabilidade.
• Economistas institucionais consideram ideias normativas e positivas
em uma adaptação contínua das instituições com o objetivo de
estimular o bem estar das pessoas. (Duindam, 2008)
A Pesquisa Contábil
Positiva e Normativa

Teorias positivas na criação de teorias normativas:


• A partir de 1970: crescimento da teoria positiva
• Teoria positiva: símbolo da pesquisa científica em contabilidade com
a utilização de matemática e estatística.
• Resultado: aumento de pesquisas que buscam consequências de um
ou outro procedimento e desaparecimento de pesquisas que
buscam novas ideias.
• Convivência produtiva: uns criam, outros testam e comprovam. O
ciclo proposto é a criação de teorias por pesquisadores
normativistas e teste e comprovação por aqueles que são adeptos
de “laboratórios” e assim essas pesquisas gerarão novas demandas
por pesquisas normativistas. (Martins, 2005)
A Pesquisa Contábil
Positiva e Normativa

“A academia deve buscar utilizar ambas abordagens: Assim,


talvez chegada a hora de pensar numa convivência mais
produtiva: aceitar que alguns pensam, criam, mas não são
(tão) capazes de provar e comprovar. Outros, pelo contrário,
são adeptos dos “laboratórios” e têm habilidade e
capacidade para essas verificações empíricas, porém podem
ser um tanto quanto estéreis como criadores”. (Martins,
2005)
A Pesquisa Contábil
Positiva e Normativa

Subjetivismo na teoria Normativa e positiva

• A Teoria Contábil Normativa é uma teoria que busca atender


interesses próprios do governo ou empresas, mas são
intituladas como de “interesse da população”. (Watts e
Zimmerman, 1979)
• De acordo com Watts e Zimmerman (1979), não é possível
eliminar o subjetivismo das teorias normativas.
A Pesquisa Contábil
Positiva e Normativa

Subjetivismo na teoria Normativa e positiva

• Por outro lado (Iudícibus, 2011):

“A pesquisa positivista tem a intenção de “desumanizar” os


resultados encontrados (excluindo os juízos de valor)”.
• A teoria contábil positivista é uma tentativa de inscrevê-la no
rol das ciências naturais, sugerindo um processo científico
mais “puro”.
Teoria: Conceitos
 A verdade de uma teoria consiste na sua validade e a sua validade depende da sua capacidade de cumprir as
funções para as quais é solicitada.

 As funções de uma teoria científica podem ser especificadas como segue:


1º) uma teoria deve constituir um esquema de unificação sistemática para conteúdos diversos. O grau de abrangência
de uma teoria é um dos elementos fundamentais de juízo da sua validade;
2º) uma teoria deve oferecer um conjunto de meios de representação conceitual e simbólica dos dados de
observação. Nesse aspecto, o critério a que deve satisfazer é o da economia dos meios conceituais, ou seja, a sua
simplicidade lógica;
3º) uma teoria deve constituir um conjunto de regras de inferência que permitam a previsão dos dados de fato. Hoje,
essa é considerada uma das tarefas fundamentais de uma teoria científica; e a capacidade de previsão de uma teoria é
o critério fundamental para avaliá-la.

*S. Toulmin, The philosophy of Science, 1953, p. 42


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Teoria: Conceitos

 Duhem:
“Teoria verdadeira não é aquela que dá uma explicação das aparências físicas em
conformidade com a realidade; é sobretudo uma teoria que representa de modo
satisfatório um conjunto de leis experimentais”. (La théorie physique, I, 2, 1).
 
 Hendriksen:
“A set of broad principles that (1) provides a general frame of reference by which
accounting practice can be evaluated and (2) guides the development of new
practices and procedures.”
Teoria como linguagem: a contabilidade seria a linguagem dos negócios.
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Teoria da Contabilidade: Linguagem

Recurso Extraordinário n. 166.772-9


Toda ciência pressupõe a adoção de escorreita linguagem, possuindo os
institutos, as expressões e os vocábulos que a revelam conceito
estabelecido com a passagem do tempo, por força dos estudos acadêmicos
e pela atuação dos pretórios. Já se disse que as questões de nome são de
grande importância, porque, elegendo um nome ao invés do outro, torna-
se rigorosa e não suscetível de mal-entendido uma determinada
linguagem. A purificação de linguagem é uma parte essencial da pesquisa
científica, sem a qual nenhuma pesquisa poderá dizer-se científica
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Teoria da Contabilidade: Linguagem

Para LOURIVAL VILLANOVA (1988), o conhecimento é um fato complexo que


ocorre dentro de um processo comunicacional.

É a relação que se dá entre: (1) a linguagem do sujeito cognoscente e (2) a


linguagem do sujeito destinatário sobre (3) a linguagem do objeto enunciado. Sob
essa ótica, o conhecimento é a relação entre linguagens e significações.

O conhecimento pressupõe a existência de um conceito;


O conceito pressupõe a existência de uma linguagem;
O conhecimento pressupõe a existência de linguagem.
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Teoria da Contabilidade: Linguagem
Segundo sua natureza, a linguagem pode ser classificada em: a) natural ou ordinária; b) técnica; c) científica30; d) filosófica; e)
artística.

a) Linguagem natural aparece como o instrumento por excelência da comunicação entre as pessoas. Espontaneamente
desenvolvida, não encontra limitações rígidas, vindas fortemente acompanhadas de outros sistemas de significação
coadjuvante, entre os quais, quando falada, a mímica.

b) Linguagem técnica é toda aquela que se assenta no discurso natural, mas aproveita em quantidade consideráveis palavras
e expressões de cunho determinado, pertinente ao domínio das comunicações científicas. Não chegando a atingir uma
estrutura que se possa dizer sistematizada, busca transmitir informações imediatas acerca da funcionalidade do objeto,
utilizando, para tanto, número maior ou menor de termos científicos.

c) Linguagem científica é um discurso que se pode dizer artificial, porquanto tem origem na linguagem comum, passando por
um processo de depuração, em que se substituem as locuções carregadas de imprecisão significativa por termos na medida
do possível unívocos e suficientemente aptos para indicar com exatidão os fenômenos descrito. (Paulo de Barros)
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Teoria da Contabilidade: Linguagem
 A semiótica, conhecida como a ciência dos signos, estuda os sistemas sígnicos sob três pontos de vista:

 1. a “semântica”, do grego “semainô” (significar), que estuda a relação entre o sinal e o objeto que ele significa, é o
estudo das significações das palavras; os dicionários são repertórios dessas significações;

 2. a “sintática”, do grego “syntaktikós” (que põe em ordem), estuda as relações estruturais, isto é, a concatenação
dos sinais entre si, sejam eles palavras, símbolos, etc.; podemos falar em conexão ou concatenação gramatical,
lógica e sistemática: 1. conexão léxica ou gramatical, entre palavras numa frase; por exemplo “os homens morreu”
é um erro de sintaxe; 2. concatenação lógica, entre duas expressões dentro de um contexto; e 3. concatenação
sistemática, dentro de um todo orgânico;

 3. a “pragmática”, do grego “pragmatikós” (relativo aos atos que se praticam ou se devem praticar), é a parte da
semiótica que estuda a relação entre os sinais e as pessoas que os utilizam, o emissor e o receptor; a pragmática
envolve as questões de comunicação entre emissores e receptores.
30
Teoria da Contabilidade: Linguagem

 Hendriksen: há poucos estudos contábeis no sentido de ser evidenciada


a semântica da linguagem contábil. Deve haver a maior preciso possível
no emprego dos termos contábeis.

 A pragmática permite que em ramos diferentes da contabilidade aquele


signo tenha significado distinto, já que a relação entre o receptor e o
emissor é distinta. Isso não significa romper com a cientificidade
contábil.

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Linguagem Contábil e Linguagem Econômica

A linguagem contábil possui fundamentalmente função descritiva: relatar todos os eventos


econômicos que têm reflexo sobre o patrimônio de determinada entidade.

Na descrição das transações econômico-financeiras, a linguagem contábil procura, através de


seus métodos e procedimentos, evidenciar estática e dinamicamente o que ocorreu com o
patrimônio, bem como descreve o valor do conjunto patrimonial em determinado período e
como este variou entre um período e outro.

Os métodos e procedimentos contábeis são apenas meios para se implementar os objetivos
da Contabilidade.
Forma de apresentação do patrimônio X Ciência que permite a apreensão do conhecimento.
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Linguagem Contábil e Linguagem Econômica

As etapas do processo contábil são executadas tendo como


fundamento preceitos contábeis e não econômicos ou jurídicos.
O patrimônio contábil não é um mero reflexo da visão da
economia sobre a realidade;
Produto de três diferentes etapas (reconhecimento, mensuração
e evidenciação)
Reconhecimento: emissão de juízos de valor acerca dos eventos
ocorridos no mundo fenomênico.
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Linguagem Contábil e Linguagem Econômica

A subsunção contábil: é o fenômeno de um fato configurar


rigorosamente à hipótese descrita nos conteúdos semânticos
definidos pelas normas contábeis (ativo, passivo, receita ou
despesa).
Partindo do pressuposto que a linguagem é a mesma, a relação
pragmática (emissor e receptor) pode se alterar e, portanto,
alguns princípios podem ser modificados, fato que acarretará a
alteração dos juízos de valor.
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Contabilidade Financeira

Finalidade: apresentação do patrimônio.

Existência de normas contábeis (sanção).

Normas X Regras (demais ramos).

Iudícibus: “arquivo básico de informação contábil” que teria como


principal característica a possibilidade de ser adaptado de acordo com os
distintos interesses envolvidos.
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Contabilidade Financeira

 Hendriksen e Van Breda: a criação desse arquivo básico é tarefa complexa.


Os enfoques fiscal e legal foram, durante muitos anos, os que mais
influenciaram a produção de regras contábeis, afinal, o resultado obtido
por meio dessa perspectiva não se afastava muito dos objetivos da
contabilidade, que até então se resumiam à geração de informações
financeiras para a administração e credores.
Hendriksen e Van Breda denominaram de “a ascensão do investidor”.
É o que Lopes e Martins classificaram como mudança de um modelo
endógeno para outro baseado na utilidade da informação.
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Contabilidade Financeira

O economista Robert Shiller (Prêmio Nobel de Economia em 2013) afirma


que qualquer modelo de avaliação é apenas uma questão de opinião, que
pode ser objeto de mudanças. Por isso, a estrutura do mundo e da
economia estará sempre sendo objeto de transformações.

OBS: o Prêmio Nobel de Economia do ano de 2013 foi dividido entre três
professores que desenvolveram critérios diversos, e muitas vezes
conflitantes, de precificação de ativos. São eles: Eugene Fama, Lars Peter
Hansen (Universidade de Chicago) e Robert Shiller (Yale).
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Contabilidade Financeira

A intepretação envolve uma decisão acerca do sentido atribuído ao texto pelo intérprete,
dentre as alternativas possíveis, não se podendo falar em um sentido que preceda a
atividade interpretativa.

Em outras palavras, o intérprete não revela um sentido preexistente, mas atribui um
sentido como resultado do processo interpretativo.
(BETTI, Emilio. Interpretazione Della Legge e Degli Atti Giuridici. Milano – Dott. A. Giuffrè
Editore: 1971. p. 57)
Evento: Leitura jurídica, econômica e contábil.
Anticientífico pretender colher elementos do mundo extra contábil para influir na
construção de regras contábeis, que devem ser procedida à luz da Teoria Contábil.
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