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21/11/2023 00:33 Teorias aplicadas em contabilidade

Teorias aplicadas em contabilidade


Prof. José Américo Pereira Antunes

Descrição Fontes teóricas da Contabilidade, teorias econômicas, teorias normativa


e positiva, base teórica do patrimônio líquido.

Propósito Apresentar a profunda transformação imposta pelo último século à


Contabilidade: de uma ferramenta destinada ao controle do patrimônio
ao papel de fonte de informações das entidades, com o propósito de
minimização da assimetria de informações, bem como de cumprimento
dos múltiplos contratos relativos às firmas e aos agentes econômicos.

Objetivos

Módulo 1 Módulo 2

Paradigmas e a Teorias econômicas


classificação da teoria aplicadas em contabilidade
contábil
Identificar as principais teorias econômicas
aplicadas em contabilidade.
Reconhecer os paradigmas e a
classificação da teoria contábil.

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Módulo 3 Módulo 4

Teorias normativa e positiva Teorias sobre o patrimônio


da Contabilidade líquido
Comparar as teorias normativa e positiva da Descrever as teorias sobre o patrimônio
Contabilidade. líquido.

meeting_room Introdução
Primeiro, estudaremos as fontes teóricas da Contabilidade, dando ênfase
aos diferentes paradigmas aplicados à solução dos problemas contábeis, à
classificação e à verificação das teorias da Contabilidade, e às teorias
econômicas aplicadas à área.

Depois, conheceremos as duas abordagens teóricas aplicadas à


Contabilidade: teoria normativa ou prescritiva e teoria positiva. Por fim,
estudaremos o patrimônio líquido e suas teorias.

1 - Paradigmas e a classificação da teoria contábil


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os paradigmas e a classificação da teoria
contábil.

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Paradigmas da teoria da
contabilidade
Este módulo utiliza a mesma lógica de abordagem e de distribuição de assuntos
proposta por Hendriksen e Van Breda (1999). Já o conteúdo está atualizado ao
status presente da teoria contábil.

Para resolver problemas relacionados à Contabilidade, em


geral, recorre-se a um paradigma específico, isto é, busca-se
um referencial teórico ou prático para sustentar a solução
apresentada.

Os seis paradigmas mais comuns são:

Fiscal

Legal

Ético

Econômico

Comportamental

Estrutural

Paradigma fiscal
Uma abordagem comum para lidar com problemas contábeis é essencialmente
prática e consiste em recorrer ao interesse fiscal na matéria. Logo, muitos
iniciantes em Contabilidade tendem a enfatizar a matéria com base nas
necessidades impostas pela Receita Federal.

Entretanto, os objetivos da Contabilidade Fiscal são diferentes da divulgação de


dados financeiros. Como consequência, a Contabilidade Fiscal chega a
resultados diferentes daqueles relativos à Contabilidade Financeira.

Comentário

É indiscutível que o reflexo contábil das exigências fiscais impeliu a


Contabilidade a um desenvolvimento significativo. Para citar alguns exemplos, a
definição de percentuais para depreciação com base na legislação do Imposto
de Renda motivou a discussão sobre o conceito na teoria da Contabilidade e
criou uma uniformidade na adoção dessa prática.

Outro exemplo de discussão teórica, motivada, inicialmente, por fins fiscais, é a


determinação da mensuração do estoque pelo valor de custo ou de mercado –
dos dois o menor.

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A influência fiscal na Contabilidade e a facilidade com que as normas de


Imposto de Renda são aceitas como princípios e práticas contábeis são
problemáticas. Nesse contexto, há alguns exemplos clássicos que não custa
relembrar:

1. Qualquer método de depreciação


aceitável para fins fiscais também é aceito
para fins contábeis, independentemente de
obedecer ou não à boa teoria da
Contabilidade na situação envolvida.

2. O método UEPS [para avaliação de


estoques e determinação do custo da
mercadoria vendida] deverá ser utilizado
para fins de divulgação de dados
financeiros se for utilizado na declaração
[de Imposto de Renda].

3. Itens que poderiam ser capitalizados, em


relatórios financeiros, são lançados como
despesa, tal como previsto na declaração
de [Imposto de Renda], para que a empresa
consiga dedução fiscal o mais [rápido]
possível.

(HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999, p. 24.)

A legislação fiscal impulsionou a adoção de boas práticas contábeis, gerando


uma análise mais crítica de procedimentos e conceitos contábeis. Entretanto, é
importante observar que, apesar de a Contabilidade sofrer bastante o efeito da
legislação fiscal, esta última não se relaciona com a teoria da Contabilidade.

Paradigma legal
Uma abordagem comum para lidar com problemas contábeis consiste em
recorrer ao interesse legal na matéria. Existem semelhanças entre o tratamento
dado pelo Direito e pela Contabilidade em um sem número de assuntos.
Contudo, os fins buscados podem não ser os mesmos.

O paradigma legal normalmente reflete o interesse no lucro para o pagamento de


Imposto de Renda ou de dividendos, ou seja, não tem foco no aumento de valor
da empresa ou em sua eficiência operacional. Isso gera uma série de limitações
para que a Contabilidade atinja seus objetivos de geração de informações
financeiras úteis.

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Paradigma ético
O paradigma ético à teoria da Contabilidade é vinculado aos conceitos de
verdade, justiça e equidade. Entretanto, esses conceitos são flexíveis e podem
levar a várias interpretações na teoria contábil.

Em suma, o paradigma ético pode levar a múltiplas interpretações na abordagem


contábil e não parece ser um bom guia em questões teóricas.

Verdade
Na Contabilidade, o conceito de verdade pode ser diferente, dependendo da
pessoa: o fato contábil pode estar de acordo com os fatos, ser objetivo e
verificável, ou estar relacionado com a avaliação de ativos em preços vigentes
ou com princípios já consolidados.

Paradigma econômico
Há três paradigmas econômicos na teoria de Contabilidade: o macroeconômico,
o microeconômico e o socioempresarial.

Paradigma macroeconômico expand_more

Os países podem basear seus conceitos e suas práticas contábeis em


objetivos macroeconômicos. Sendo assim, no paradigma
macroeconômico da teoria econômica, o foco está na divulgação de
indicadores da economia do país ou de determinado setor de atividade.

Paradigma microeconômico expand_more

No paradigma microeconômico, o enfoque está na divulgação de


indicadores no nível da empresa (neste caso, a empresa é a entidade
econômica). Uma crítica a esse paradigma é que não leva em conta as
externalidades negativas à sociedade que a empresa pode gerar, como,
por exemplo, desemprego, poluição etc., a não ser que haja restrições
legais.

Paradigma socioempresarial expand_more

O paradigma socioempresarial leva em conta fatores negativos


ocasionadas pela empresa à sociedade. Um exemplo dessa abordagem é
a Demonstração do Valor Adicionado (DVA), atualmente, um dos

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relatórios contábeis obrigatórios para as companhias abertas no Brasil,


que busca medir a contribuição da empresa para a sociedade de maneira
mais ampla.

A ideia subjacente à DVA é que a Contabilidade Social engloba a dos acionistas


da empresa, uma vez que abrange um grupo maior. Outra ideia é que as
demonstrações financeiras também podem ser consideradas bens públicos e,
como tal, também devem lidar com outros bens públicos (como o meio
ambiente, por exemplo).

Paradigma comportamental
Um paradigma alternativo ao paradigma econômico apoia o desenvolvimento
das teorias da Contabilidade sob o prisma psicológico e comportamental.

Comentário
Neste paradigma, a importância da informação contábil como mensagem
dirigida aos usuários e a reação desses mesmos usuários diante da informação
contábil representam a essência da proposta.

Desse modo, a mensuração das reações econômicas e comportamentais dos


indivíduos submetidos ao processo de comunicação da informação contábil é o
foco de avaliação do paradigma comportamental.

Paradigma estrutural
O paradigma estrutural consiste no tratamento tradicional aplicado à
problemática contábil. Trata-se da abordagem de um problema contábil com o
recurso da própria lógica contábil, aplicada por similaridade.

Nesse sentido, e com recurso claro à lógica normativista, o


tratamento de um novo evento contábil é feito em moldes
similares aos utilizados em eventos contábeis anteriores.

Este paradigma também revela a preocupação em manter uma consistência


macro da representação contábil: uma busca constante pela uniformidade no
processo contábil de reconhecimento, mensuração e divulgação.

A ruptura dessa cadeia de


procedimentos somente acontece
quando um evento inédito, ou seja,
não compatível com nenhuma lógica
anterior conhecida, exige a definição
de um novo molde.

Para tal, a busca de princípios básicos


pode se fazer necessária.

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video_library Paradigmas da teoria da Contabilidade


Neste vídeo, abordaremos os principais paradigmas da contabilidade: fiscal,
legal, ético, econômico, comportamental e estrutural.

Classificação das teorias de


Contabilidade
O paradigma utilizado na abordagem de problemas de Contabilidade é a primeira
parte da solução.

A solução completa também exige a aplicação de uma teoria adequada.


Paradigma e teoria formam um par que deve manter consistência e, uma vez
submetido à verificação, mostrar-se apto como solução para o problema
contábil.

De maneira geral, as teorias utilizadas em conjunto com os paradigmas


contábeis são:

question_answer psychology history_edu


Teoria como Teoria como Teoria como
linguagem raciocínio decreto

Teoria como linguagem


A primeira teoria parte do pressuposto de que a Contabilidade é uma linguagem.
Este entendimento deriva do papel de tradutor de eventos econômicos para uma
linguagem binária universal de débitos e créditos.

Assim, a Contabilidade utiliza mecanismos próprios da linguagem para


transmitir suas informações e deve responder às seguintes perguntas aplicáveis
a qualquer linguagem, conforme sugerido por Hendriksen e Van Breda (1999, p.
29):

Que efeito terão as palavras sobre os ouvintes?


Que significado terão essas palavras, se houver algum?

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As palavras fazem sentido lógico?

O estudo da linguagem é dividido em três fotos de interesse:

Pragmática: efeito da linguagem.

Semântica: significado da linguagem.

Sintaxe: lógica ou gramática da linguagem.

Os paradígmas contábeis abordam os problemas contábeis a partir desses


focos de estudo, e então, podem ser classificados segundo a teoria da
linguagem.

Paradigma comportamental Paradigma estrutural

Os paradigmas O paradigma estrutural é


comportamental e sintático, uma vez que a
econômico são close abordagem é concentrada
pragmáticos, pois se na lógica da linguagem
apoiam no efeito da contábil.
linguagem.

A importância de cada um desses focos de estudo da linguagem varia no tempo,


em concordância com a ênfase dada à pesquisa contábil, podendo ser no
presente ou no passado.

Contudo, independentemente da primazia deste ou daquele foco de interesse, a


harmonia de funcionamento dos três focos de estudo da linguagem em conjunto
é fundamental, pois abarca toda a complexidade da teoria da Contabilidade, seja
no aprimoramento do entendimento da informação contábil transmitida
(semântica), seja na conexão entre os diferentes dados financeiros (sintaxe).

Presente
No presente, o predomínio da pesquisa positiva revela a hegemonia da
orientação pragmática.

Passado
No passado, a pesquisa normativa conferia maior relevância às orientações
semântica e sintática.

Teoria como raciocínio


Segundo a Filosofia, há duas formas elementares de raciocínio:

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Dedutivo: o raciocínio dedutivo flui do geral para o particular, ou seja, a


partir de uma ou mais declarações (premissas), avança até uma
conclusão logicamente certa.

Indutivo: em oposição ao dedutivo, o raciocínio indutivo flui do


particular para geral, isto é, experiências e observações são compiladas
para criar uma verdade geral.

Transportando essa abordagem para a Contabilidade, também há duas


possibilidades de formular a teoria contábil.

Raciocínio dedutivo Raciocínio indutivo

A partir do raciocínio O raciocínio indutivo parte


dedutivo, os postulados da prática consagrada
contábeis representam as como solução para os
generalizações. Os problemas contábeis, a fim
postulados dão origem aos close de formalizar princípios
princípios contábeis, que, gerais.
por sua vez, oferecem
soluções aos problemas
contábeis.

Indução e dedução são complementares em Contabilidade.

Quase todas as teorias incluem elementos tanto do raciocínio dedutivo quanto


do raciocínio indutivo. Dessa forma, não há primazia de um ou outro, mas o
interesse em articulá-los de maneira eficiente na busca da melhor construção
teórica possível.

Atenção!

A vantagem do enfoque indutivo reside em não ser necessariamente limitado por


um modelo ou estrutura preestabelecido. Os pesquisadores têm liberdade para
fazer qualquer observação que julguem relevante. A principal desvantagem do
processo indutivo reside no fato de que os observadores tendem a ser
influenciados por ideias preconcebidas de quais são as relações relevantes e
que dados devem ser observados. Outra desvantagem do enfoque indutivo é a
de que, em Contabilidade, os dados brutos tendem a ser diferentes em cada
empresa. As relações também podem ser diferentes, o que dificulta a
generalização.

Teoria como decreto


As teorias como decreto podem ser descritivas (positivas) ou prescritivas
(normativas).

Teorias prescritivas podem derivar tanto do raciocínio dedutivo quanto do


indutivo. Seu propósito é prescrever quais dados contábeis devem ser

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transmitidos aos usuários da informação contábil, assim como a maneira de


apresentá-los.

Essa linha de abordagem se formou a partir da natureza


essencialmente prática que deu origem à Contabilidade. Em
seu início, a constituição da Contabilidade tratou de resolver
problemas concretos a partir de prescrições de como fazer.
Entender o problema em sua essência não era importante.

Posteriormente, por volta da década de 1960, observou-se a ascensão da teoria


descritiva, voltada para o entendimento do problema e de sua natureza,
deixando a prescrição em segundo plano.

Embora mais relacionada ao raciocínio indutivo, é incorreto afirmar que a teoria


descritiva não apresente elementos do raciocínio dedutivo. A combinação
desses dois esforços representa o universo de aplicação da teoria da
Contabilidade. O interesse da Contabilidade teórica acomoda as duas vertentes
da teoria como decreto.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Uma entidade adquire um maquinário novo, e o setor responsável por


depreciações não sabe como realizá-las. Consultado, o contador orienta que
a depreciação siga o mesmo critério sugerido pela Receita Federal para
máquinas em geral. A orientação conferida explicita a técnica de depreciação
a ser utilizada, a vida útil a ser adotada e as rubricas contábeis que devem ser
sensibilizadas.

Esse exemplo representa uma aplicação da Contabilidade segundo qual


abordagem teórica?

A Teoria como linguagem

B Teoria como decreto

C Teoria como raciocínio

D Teoria como estrutura

E Teorica como alicerce

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Parabéns! A alternativa B está correta.

A abordagem da teoria como decreto pode ser aplicada tanto pelo ângulo
prescritivo, ou como deve ser feito algo, quanto pelo ângulo descritivo,
relacionado ao entendimento do evento segundo as reações que provoca no
usuário da informação contábil. Neste caso, a opção pela prescrição
detalhada de como o processo contábil deve ser conduzido revela um
exemplo claro da teoria como decreto pelo ângulo prescritivo.

Questão 2

Uma entidade atua no ramo de mineração e explora minério de ferro. A


exploração do minério impõe pesados custos ambientais, como a escavação
de minas profundas a céu aberto. A legislação, contudo, não exige que as
mineradoras reconheçam contabilmente o passivo ambiental nem recuperem
o meio ambiente após a exaustão da mina.

A assembleia de acionistas da companhia instou os administradores a


constituir a referida contingência ambiental na forma de um passivo que
fosse suficiente para recuperar o meio ambiente à sua condição original.

Esta situação é exemplo de qual dos paradigmas aplicados para resolver


questões contábeis?

A Legal

B Econômico

C Ético

D Fiscal

E Científico

Parabéns! A alternativa C está correta.

A aplicação do paradigma ético sobrepõe as noções de justiça e equidade ao


conceito econômico de lucro. Logo, ainda que a legislação não exigisse, os
acionistas impuseram a constituição de contingência contábil, o que implica
separar parte dos lucros com o propósito de ressarcir a sociedade pela
exploração econômica realizada.

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2 - Teorias econômicas aplicadas em contabilidade


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as principais teorias econômicas aplicadas em
contabilidade.

Teorias econômicas
Duas abordagens teóricas se sucederam na tarefa de elaborar uma teoria para a
Contabilidade. São elas:

history_edu image_search
Abordagem normativa Abordagem positiva
Inicialmente dominante, a abordagem normativa estabelece como a
Contabilidade deve proceder para representar o evento econômico
adequadamente, em particular, e a realidade econômico-financeira da empresa,
em geral. Parte de um modelo teórico que considera ideal para prescrever
práticas contábeis específicas.

Posteriormente, a abordagem positiva, datada da década de 1960, adota como


ponto de partida uma perspectiva totalmente diferente. A partir da investigação
empírica das relações que envolvem a Contabilidade, procura descrevê-la e
inferir comportamentos futuros. Desse modo, a escolhas contábeis apresentam
relações econômicas com as informações divulgadas e com as reações dos
usuários da informação contábil.

Abordagem normativa
Dispensa análises quantitativas que conectem a abordagem contábil à teoria
econômica para estabelecer uma relação funcional entre ambas. Como tais
padrões teóricos estão dados e são indiscutíveis, não há espaço para
investigações ou pesquisas.

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Saiba mais

A teoria econômica e a teoria das finanças são o ponto de partida da


formulação de hipóteses na pesquisa contábil, as quais são investigadas
empiricamente com o propósito de verificar o comportamento dos agentes
econômicos.

É inegável que a Contabilidade se desenvolve sobre um pano de fundo


econômico, uma vez que seus objetivos incluem prover informações para
usuários envolvidos em interações comerciais e financeiras. Nada mais
coerente, portanto, que a elaboração de noções gerais sobre Contabilidade seja
baseada na conduta dos usuários, individual e coletivamente, em questões
econômicas.

Como ciência que processa e comunica informações, a


Contabilidade está sujeita aos efeitos dos mesmos interesses
e incentivos que afetam os indivíduos. Sua formulação
teórica deve contemplar as proposições de outras ciências
que tratem dessas questões. Sendo assim, a prevalência da
abordagem positiva em detrimento da normativa abriu espaço
para a absorção de teorias oriundas de outros campos das
Ciências Sociais, sobretudo da Economia.

As organizações podem ser vistas como conjuntos de contratos implícitos ou


explícitos entre indivíduos ou grupos de indivíduos, como gerentes, investidores,
credores, funcionários, auditores e governo. Essas partes têm preferências
distintas, as quais podem gerar conflitos de interesse. As informações contábeis
podem ajudar a mitigar esses problemas, facilitando a elaboração de contratos
mais adequados.

De maneira geral, a Contabilidade desenvolve-se sobre a tríade:

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Reconhecimento

Trata da conversão do evento


econômico e da informação
contábil por meio do
lançamento.

Mensuração

Cuida da quantificação do
evento por meio de alguma
técnica de atribuição de valor
escolhida pela Contabilidade.

Evidenciação

Veicula a informação aos


usuários nela interessados.

A Contabilidade explicita o comportamento da riqueza da entidade e dos


indivíduos que dela participam. Assim, a evolução da teoria da firma explica a
crescente importância da Contabilidade no contexto das organizações.

Teoria da firma
A teoria da firma é concebida sob o modelo de empresa descrito pela teoria
clássica. Nessa empresa, as figuras de proprietário e administrador se
confundem.

Em consequência, as funções centrais da empresa, ou seja, o provimento de


capital, na figura do investidor ou do credor, e a gestão da entidade são
conduzidas pelo mesmo indivíduo: o proprietário-administrador.

Sob tal arranjo, hoje irrealista, não há


que se falar em conflito de agência
tampouco em assimetria de
informação – concepções teóricas
relevantes que não encontram lugar na
teoria da firma.

Além da limitação teórica da teoria da


firma, um segundo aspecto relevante
trata do esvaziamento do papel da
Contabilidade. Nesse contexto, a
finalidade da Contabilidade limita-se

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ao monitoramento da riqueza da
entidade, enquanto o subsídio à
tomada de decisão e o provimento de
informações necessárias à
formalização de contratos perdem o
sentido.

O advento da corporação moderna provocou a ruptura do paradigma anterior ao


trazer para o cerne das organizações o conflito de agência.

A partir do momento em que as figuras de proprietário e administrador são


dissociadas, o modelo de firma da teoria clássica deixa de representar a
realidade, e um novo paradigma se faz necessário. Esse novo paradigma deve
articular teoricamente os conflitos entre os papéis de proprietário e
administrador, os quais são retratados pela teoria da agência.

Teoria contratual da firma


A teoria contratual da firma oferece uma nova concepção da firma. Segundo ela,
o eixo central não está mais na figura do proprietário-administrador, mas no
conjunto de contratos por meio dos quais os interessados na firma regulam suas
interações.

Atenção!

Cada interessado é movido por um incentivo próprio: sua contribuição para a


organização e a recompensa recebida em troca dessa contribuição. Essa relação
particular entre o interessado e a firma representa um contrato. E o coletivo
desses contratos representa a firma.

Esse novo arranjo de relações motiva conflitos, como a assimetria de


informação e o problema agente-principal.

Assimetria de informação
Quando alguma das partes de uma transação financeira detém mais
informações que a outra e, então, pode tomar decisões mais acertadas, surge a
assimetria de informação.

Há dois casos principais de assimetria de informação: seleção adversa e risco


moral. Veja a seguir o que Scott (2015) fala sobre assimetria da informação:

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filter_1 A seleção adversa ocorre porque partes de uma transação


econômica, como gestores de empresas, dispõem de
melhores informações sobre a condição atual e as
perspectivas futuras da empresa do que os investidores
externos.

filter_2 Os gestores em questão podem explorar essa vantagem


informacional de diversas maneiras. Podem, por exemplo,
comportar-se oportunisticamente, enviesando ou
gerenciando as informações divulgadas aos investidores,
talvez para aumentar o valor das opções de ações que
eventualmente possuam. Eles podem atrasar ou liberar
seletivamente as informações com antecedência para
investidores ou analistas selecionados, permitindo que
insiders, inclusive eles próprios, beneficiem-se à custa de
investidores comuns.

filter_3 Tais táticas são adversas aos interesses dos investidores


comuns, pois reduzem sua capacidade de tomar boas
decisões de investimento. Em consequência, a
desconfiança quanto à possibilidade de divulgação de
informações tendenciosas poderá levar os investidores a
desconsiderar os títulos da empresa como opções de
investimento, reduzindo a eficiência do mercado de capitais.

filter_4 Nesse sentido, a Contabilidade e os relatórios contábeis


representam um mecanismo para mitigar a seleção adversa,
por meio da comunicação oportuna de informações
fidedignas.

O risco moral surge quando o cumprimento do contrato por uma das partes não
é observável pela outra parte. Um exemplo de risco moral deriva das operações
de resgate conduzidas pelos Tesouros Nacionais em crises econômicas.
Suponha que as instituições financeiras saibam, de antemão, que o Estado as
socorrerá em caso de dificuldades em uma crise econômica.

Nesse cenário, o que impediria que as instituições financeiras incorressem em


risco excessivo, buscando maximizar seu retorno, visto que, em caso de

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insucesso da estratégia, não haveria risco para a entidade ou para os seus


acionistas?

O risco moral ocorre devido à


separação de propriedade e controle,
que caracteriza a maioria das grandes
entidades comerciais. É efetivamente
impossível para acionistas e credores
observar diretamente a extensão e a
qualidade dos esforços dos gestores
em seu nome.

Em consequência, o gestor poderá tentar se esquivar dos esforços, atribuindo a


fatores fora de seu controle eventual a deterioração do desempenho da
empresa.

De maneira similar, o gestor poderá distorcer as informações prestadas aos


acionistas para encobrir um mau desempenho. Obviamente, se isso acontecer,
haverá sérias implicações tanto para as partes contratantes quanto para o
funcionamento eficiente da economia.

Como a Contabilidade pode atuar para reduzir a assimetria de


informação?

Ora, um dos objetivos da Contabilidade é a evidenciação. Logo, como canal de


transmissão de informações entre os dois polos da relação contratual, a
Contabilidade está em posição privilegiada para reduzir a assimetria
informacional entre ambos. Dessa forma, quanto mais eficiente a comunicação
realizada pela Contabilidade, mais nivelado estará o ambiente informacional.

Nesse contexto, os padrões contábeis garantem um nível mínimo de


informações financeiras, que podem ser usadas na tomada de decisões ou na
elaboração de contratos. A definição de padrões contábeis que contemplem a
proteção dos investidores – o polo mais frágil da relação contratual – torna-se
fundamental.

Evidenciação
É a comunicação aos usuários da informação contábil sobre os eventos
econômicos resultantes da ação dos gestores.

Atenção!
As informações corporativas são um bem tão complexo e importante, que as
forças do mercado, por si só, não são capazes de conter a falha representada
pela assimetria de informação (risco moral e seleção adversa).

Assim, a definição de padrões contábeis pode atuar como um instrumento


regulatório que mitigue essa falha de mercado, por meio da ampla divulgação de
informações úteis aos investidores e outros usuários das demonstrações
financeiras.

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video_library Assimetria da informação e risco moral


Neste vídeo, explicaremos os conceitos de assimetria da informação e risco
moral nas teorias da contabilidades e situações em que podemos aplicar esses
conceitos.

Teoria da agência
A teoria da agência propõe-se a explicar o comportamento das partes envolvidas
em uma firma: o agente, contratado para representar os interesses de terceiros, e
o principal, que corresponde a esses terceiros.

Essa teoria considera a firma como uma interseção dos


relacionamentos entre agente e principal, e busca
compreender o comportamento organizacional por meio do
exame de como ambos maximizam sua própria utilidade.

O exemplo mais claro desses relacionamentos ocorre entre os gestores de uma


empresa e seus proprietários. É fácil perceber como a maximização do interesse
dos gestores pode entrar em conflito com os interesses dos proprietários, pois
os objetivos de ambos podem não estar em perfeita concordância.

De maneira geral, os proprietários têm um interesse de longo prazo na empresa,


enquanto os gestores tendem a focar no curto prazo, sobretudo na maximização
de sua remuneração. Esse potencial conflito de interesses motiva o
estabelecimento de contratos que alinhem os interesses de proprietários e
gestores.

Nesse ambiente de claro conflito de interesses, as partes querem saber se


receberam o que contrataram. Os investidores externos querem saber se podem
confiar nas informações oriundas de empresas e gestores. A desconfiança cria
demanda para a prestação de serviços de auditoria e para a elaboração de
padrões contábeis que comuniquem, com clareza, as informações necessárias à
mitigação do potencial conflito de interesses entre gestores e proprietários.

Contabilidade e governança
corporativa
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Na teoria contratual da firma, a relação entre agente e principal deriva de um


contrato, no qual o dever do agente é contribuir com a organização de maneira
determinada, adquirindo direito à compensação.

Comentário

O contrato será tanto mais eficiente quanto melhor alinhar os interesses de


agente e principal em prol da firma. Sendo assim, o contrato eficiente inibe
comportamentos oportunistas do administrador que prejudiquem os acionistas.

As implicações da teoria da agência não se limitam ao conflito entre agente e


principal. Há que se considerar, também, o custo de monitoramento da relação
agente-principal como medida para inibir comportamentos inadequados.

Reunidos no conceito mais amplo, denominado governança corporativa, os


conjuntos dessas medidas representam o trade-off entre o custo de monitorar e
o prejuízo de não monitorar – ambos objetos de interesse da Contabilidade.

Trade-off
Ato de escolher algo em detrimento de outro. É uma expressão inglesa muito
utilizada em Administração, Economia e Contabilidade. Neste caso, podemos
interpretar da seguinte forma: se não há monitoramento, há menos custos,
mas aumenta a probabilidade de um prejuízo (causado pelo não
monitoramento).

Como conjunto geral de contratos que


regula as relações entre os
interessados na firma e a própria
firma, a teoria contratual da firma é
absorvida com naturalidade no
universo da governança corporativa: o
subconjunto desses contratos, que
regula, de maneira ótima, a relação de
interesses entre agente e principal, e
entre ambos e a firma.

Diferença entre firma clássica e


teoria contratual da firma
A teoria da firma evoluiu da concepção clássica (e simplificada) da firma, onde
administrador e proprietário se confundem, para um modelo mais robusto,
representado pelo coletivo de contratos entre a firma e seus interessados, não
mais limitado por administradores e proprietários.

Ao ampliar o escopo de relações relevantes da firma, a teoria


contratual da firma também ampliou o seu propósito de
existência.
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Enquanto a concepção clássica definia como objetivo da firma a maximizção de


sua utilidade, ou seja, a maximização do lucro, a teoria contratual da firma
propunha um objetivo mais amplo: a maximização da utilidade de todos os
detentores de contratos. Todos os contratantes com a firma reconhecem a
necessidade de contribuir para seu sucesso e fazer jus à compensação
respectiva.

Papel da contabilidade na teoria


contratual da firma
O coletivo de contratos que representa a concepção de firma na teoria contratual
da firma é dependente de informações que permitam verificar o cumprimento
dos direitos e deveres a eles associados.

Por isso, o provimento de informações


consistentes, isentas e confiáveis, é
central na teoria contratual da firma. E
quem melhor para prover essas
informações do que a Contabilidade?
Assim, como prestadora qualificada
de informações, a Contabilidade é
alçada à máxima relevância pela
teoria contratual da firma.

A amplitude da importância da Contabilidade é ainda realçada pela presença


constante da assimetria de informações na empresa moderna. Nesse contexto,
cabe à Contabilidade prover informações que permitam o monitoramento dos
conflitos de agência e a concepção equilibrada de contratos, assim como seu
cumprimento. Não se trata mais de ferramenta de controle patrimonial, mas de
provedor informacional qualificado.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A companhia ABC teve um trimestre muito ruim. Seu desempenho ficou


aquém do esperado, e a gestão temia algum tipo de retaliação do Conselho
de Administração quando essas informações viessem a público. Para evitar
isso, o gestor alterou as demonstrações contábeis divulgadas, dando um
caráter condicional a resultados que, na verdade, eram definitivos. A
divulgação dessas informações falsas evitou pressão sobre a gestão da
empresa.

A descrição do ocorrido remete à qual teoria econômica utilizada em


Contabilidade?

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A Seleção adversa

B Assimetria de informação

C Teoria dos contratos

D Teoria da regulação

E Seleção tática

Parabéns! A alternativa B está correta.

A assimetria de informação, derivada do conflito agente-principal, é uma falha


de mercado caracterizada pela não uniformidade do acesso à informação.
Em uma situação cujas partes igualmente interessadas detêm informações
mais e menos amplas sobre o contexto em disputa, surge a possibilidade de
tomada de decisões por uma das partes, não acessível à outra.

Questão 2

Renato decidiu comprar um automóvel. Como não dispunha dos recursos


necessários para adquirir um carro zero quilômetro, decidiu pela compra de
um com três anos de uso por 60% do valor de um novo. Saiu satisfeito com o
negócio que fez, pois o carro estava pouco rodado e, aparentemente, em
ótimo estado de conservação.

Na segunda semana de uso, o carro parou de funcionar. No mecânico, Renato


foi informado de que o motor precisaria ser trocado, pois apresentava um
vazamento de óleo impossível de solucionar. O custo do serviço foi orçado
em 30% do valor de um carro novo, o que levaria à redução de preço obtida na
compra para apenas 10%.

O exemplo descrito remete à qual teoria econômica utilizada em


Contabilidade?

A Seleção adversa

B Assimetria de informação

C Teoria dos contratos

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D Teoria da regulação

E Seleção tática

Parabéns! A alternativa A está correta.

A seleção adversa, derivada do conflito agente-principal, é uma falha de


mercado caracterizada pela existência de um aspecto desconhecido por uma
das partes da disputa. No caso, o defeito no carro era de conhecimento
apenas do vendedor, que o escondeu do comprador, levando Renato a fazer
um péssimo negócio.

3 - Teorias normativa e positiva da Contabilidade


Ao final deste módulo, você será capaz de comparar as teorias normativa e positiva da Contabilidade.

Da teoria normativa à teoria


positiva
De acordo com Schmidt (1998), as Ciências Sociais:

Estudam a estrutura geral das sociedades


humanas, as leis do seu funcionamento
normal e desenvolvimento. O seu domínio
próprio é a investigação da vida dos

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homens, dos fenômenos e das relações


sociais, no seu processo de
desenvolvimento histórico e no seu estado
presente.

Schmidt (1998, p. 9)

Estreitando o foco para a Contabilidade, sua natureza social deriva da


preocupação com a maneira segundo a qual “os indivíduos ligados à área
contábil criam, modificam e interpretam os fenômenos contábeis” (SCHMIDT,
1998, p. 15) e os comunicam aos usuários da informação contábil.

Desse modo, o foco de atuação da Contabilidade não se deve limitar a


“apreender, quantificar, registrar e informar os fatos contabilísticos da entidade,
mas em analisar e revisar esses fatos, demonstrando suas causas
determinantes ou constitutivas.” (SCHMIDT, 1998, p. 15.).

Vamos entender a evolução histórica:

filter_1 Ganhando relevância internacional na Idade Média como


prática destinada a registrar transações mercantis, a
Contabilidade estabeleceu-se como técnica e desenvolveu
métodos apurados para reconhecer, mensurar e comunicar
os eventos econômicos. Como técnica, a preocupação do
teórico contábil voltava-se para a prescrição da melhor
maneira de realizá-la, de como “deveria ser” a prática
contábil.

filter_2 Nesse contexto, nada mais natural que a afirmação da


teoria normativa como referencial teórico dominante.
Segundo esse ponto de vista, o propósito da Contabilidade
consiste em capturar os eventos financeiros, mensurá-los
adequadamente e evidenciá-los de maneira útil aos
interessados.

filter_3 A partir da década de 1960, a hegemonia da abordagem


empírica ampliou o horizonte da Contabilidade. As análises
empíricas conduzidas nesse período e que levaram a
contradições em relação às prescrições contábeis vigentes
conduziram a importância de se percorrer o caminho
inverso, ou seja, formular novas teorias que comportassem
os resultados observados. Para tal, era necessário formular
hipóteses e testá-las empiricamente, trazendo a pesquisa
positiva para o centro da Contabilidade.

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filter_4 O advento da abordagem positiva (empírica) revestiu a


Contabilidade com o método científico. Se, antes, a
prescrição de soluções dispensava a investigação
quantitativa do fenômeno subjacente, nesta nova fase, a
investigação quantitativa, apoiada em modelagem
econômica e estatística, precede a descrição do fenômeno
e permite antecipá-lo.

Teoria normativa
A teoria normativa contábil caracteriza-se por ser aquela que explica o fenômeno
contábil na perspectiva do “deve ser”, do que seria o “mais correto e adequado”.

O normativismo contábil baseia-se na lógica dedutiva, que pressupõe a definição


de uma estrutura conceitual prévia, a partir da qual as prescrições para resolver
problemas concretos serão deduzidas, e a utilidade da informação contábil será
maximizada para os usuários finais.

A limitação dessa abordagem é a necessidade de uma longa experimentação


para que tais prescrições sejam verificadas na aplicação prática da
Contabilidade.

Atenção!
A abordagem normativa é consequência de uma abordagem prática dos
problemas contábeis, porque foi desenvolvida por praticantes de Contabilidade,
membros da profissão contábil, e não por acadêmicos.

Diante de um problema qualquer, a abordagem prática verifica práticas análogas


e prescreve um tratamento similar. No caso de um problema inédito, a
abordagem prática dá um passo atrás: recorre aos postulados, aos conceitos
mais gerais que regem a Contabilidade, e propõe um tratamento novo, o qual,
desse momento em diante, será convertido em fonte de solução para problemas
futuros.

Do ponto de vista da pesquisa contábil, portanto, trata-se de


recomendações diretas do que deve ser e de como deve ser
feito.

Em consequência de ter surgido com base na prática contábil, a aplicação do


método científico de formular hipóteses, testá-las empiricamente e, a partir
disso, propor interpretações econômicas para o comportamento do problema
investigado é desnecessária.

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Teoria positiva
A abordagem positiva adota o método científico, o que significa uma sequência
lógica de investigação que pode ser enunciada nas quatro etapas a seguir:

Etapa 1

Formulação de hipóteses para a questão de pesquisa, amparadas na


teoria econômica ou de finanças.

Etapa 2

Levantamento de dados relacionados ao problema investigado.

Etapa 3

Verificação empírica das hipóteses, com o recurso ao ferramental


estatístico.

Etapa 4

Interpretação do fenômeno econômico, sugerindo um comportamento


que pode ser utilizado em generalizações posteriores.

Um exemplo de abordagem positiva trata da relevância da informação contábil


para a precificação de empresas listadas em bolsa. Nesse sentido, a
investigação é centrada no efeito da divulgação de relatórios contábeis,
sobretudo o lucro contábil, no preço das ações dessas empresas.

Como resultado de investigações dessa natureza, a teoria positiva oferece


explicações de como são estabelecidas as relações contábeis e por que são
estabelecidas dessa forma, em franca oposição à abordagem normativa,
preocupada em prescrever como tais relações deverão ser.

Saiba mais
A abordagem positiva foi importada da pesquisa em Economia, por volta da
década de 1960. O trabalho de Ball e Brown (1968) foi essencial para a aceitação
do paradigma da pesquisa positiva na área contábil. A relevância desse trabalho
pode ser medida por sua influência sobre Watts e Zimmerman (1986),
formuladores da teoria positiva da Contabilidade, ao afirmarem que o trabalho
despertou enorme interesse por pesquisas contábeis relacionadas ao mercado
de capitais.

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Mais recentemente, com a adesão do Brasil às Normas Internacionais de


Contabilidade, o interesse pela pesquisa positiva nesta área aprofundou-se. As
Normas Internacionais de Contabilidade, cuja natureza é essencialmente
baseada em princípios, não fazem prescrições de comportamento. Ao contrário
disso, define apenas o princípio subjacente ao assunto e permite múltiplas
escolhas dentro dos limites definidos.

Nesse ambiente, o espaço da abordagem normativa reduz-se consideravelmente


ou mesmo desaparece, na medida em que o espaço de manobra para
prescrições é muito pequeno. Já a abordagem positivista encontra terreno fértil
para se expandir.

Diante de múltiplas escolhas contábeis, ou seja, múltiplas


hipóteses para se abordar um problema, qual delas adotar?

Ora, uma alternativa seria aquela que produzisse melhores resultados em termos
de qualidade da informação contábil. Mas como saber qual escolha seria essa?
Por que não as investigar empiricamente, segundo o método científico?

As múltiplas escolhas contábeis são


múltiplas hipóteses que aguardam ser
validadas empiricamente. A
investigação científica fornece os
elementos necessários que podem
orientar o profissional na tomada da
melhor decisão do ponto de vista
contábil.

O contexto produzido pelas normas


internacionais trouxe a pesquisa
contábil para dentro das empresas e
exige do profissional de Contabilidade
capacitação técnica para transitar em
um meio antes desnecessário.

Para ilustrar a questão, tomemos como exemplo o CPC 48 – Instrumentos


Financeiros. De acordo com esse pronunciamento contábil, os instrumentos
financeiros devem ser mensurados pelo custo amortizado ou pelo valor justo.

Naturalmente, o gestor da entidade está diante não de uma escolha de método


de mensuração, mas de uma escolha de modelo de negócios, pois esta
determinará o método de mensuração.

Seguindo adiante, vamos assumir que a opção recaia sobre o valor justo. Há três
tipos de valor justo:

Instrumentos financeiros
líquidos – valor de negociação.

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Instrumentos financeiros
ilíquidos, mas com outros
similares líquidos – valor destes.

Instrumentos financeiros
ilíquidos, que é caso geral
observado – um modelo interno
de mensuração.

Nesse caso, será necessária uma nova escolha de modelo. Por que não aquele
que apresenta melhor reação no preço de mercado da empresa ou aquele que
adota premissas conservadoras irreais?

Novamente, observa-se espaço para a


pesquisa positiva. O foco da
abordagem positiva aplica-se com
perfeição a dilemas dessa natureza.
Cabe investigar empiricamente
hipóteses que permitam compreender
a reação do usuário da informação
contábil às diferentes escolhas
contábeis possíveis.

A partir disso, é possível inferir comportamentos futuros e orientar a adoção de


escolhas contábeis ótimas para produzir as informações contábeis mais úteis,
maximizando a utilidade do usuário da informação contábil.

video_library Teoria normativa e teoria positiva


Neste vídeo, comentaremos os principais pontos das teorias normativa e
positiva e exemplos de suas aplicações na contabilidade.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

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Questão 1

Assinale a alternativa que apresenta um exemplo de teoria positiva da


Contabilidade.

A contabilização do leasing deve observar a Lei nº


A
11.649/2008.

Fluxos de caixa futuros devem ser estimados para o ativo em


B
sua condição atual.

A divulgação do resultado contábil de uma empresa relaciona-


se positivamente com o preço das ações, ou seja, em média,
C
quando uma empresa divulga lucro, a cotação de suas ações
aumenta.

Qualquer desvalorização de ativo reavaliado deve ser tratada


D
como diminuição do saldo da reavaliação.

A contabilização do leasing deve observar a Lei nº


E
11.649/2018.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A teoria positiva propõe uma abordagem pragmática, em geral fundamentada


empiricamente, para entender o papel da Contabilidade e prever
comportamentos na forma de políticas contábeis que serão usadas pelas
empresas.

Questão 2

Assinale a alternativa que representa uma característica da teoria normativa


da Contabilidade.

Levantamento de hipóteses a respeito do comportamento dos


A
agentes ou da firma frente à informação contábil.

Utilização de um referencial teórico para embasar as


B
hipóteses utilizadas.

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Recomendação de práticas e procedimentos contábeis, bem

C como derivação de trabalhos realizados, em geral, por


praticantes de Contabilidade vinculados à problemática do
exercício da profissão.

D Teste das hipóteses com dados empíricos.

Utilização de múltiplos referenciais teóricos para embasar as


E
hipóteses utilizadas.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Recomendação de práticas e procedimentos contábeis, bem como derivação


de trabalhos realizados, em geral, por praticantes de Contabilidade vinculados
à problemática do exercício da profissão.

4 - Teorias sobre o patrimônio líquido


Ao final deste módulo, você será capaz de descrever as teorias sobre o patrimônio líquido.

Patromônio líquido
Em termos clássicos, o patrimônio líquido apresenta uma definição única e
objetiva na Contabilidade brasileira. Trata-se da diferença ou do resíduo entre
ativos e passivos.

Contudo, na literatura inglesa, o patrimônio líquido apresenta diversas definições,


tais como:

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1. Valor líquido

2. Valor de propriedade

3. Capital

4. Base de capital e lucros retidos

5. Patrimônio líquido dos acionistas

Nesse caso, a denominação utilizada não é relevante, já que o patrimônio líquido


é reconhecido como o valor da empresa na data do relatório. É fato, no entanto,
que a simplificação utilizada na aplicação desse conceito encobre a riqueza de
informações e a extensa base teórica inerente ao patrimônio líquido.

Propriedade e entidade

Teoria da propriedade
A teoria da propriedade coloca no centro da análise a noção de propriedade. De
acordo com essa abordagem, o sistema de partidas dobradas tinha como foco o
proprietário, e o objetivo voltava-se ao reconhecimento da propriedade, a seus
ganhos e a suas perdas.

Teoria da propriedade
Deriva do contexto econômico de sua época, pois foi desenvolvida em um
tempo em que as empresas eram pequenas, e a figura do proprietário se
confundia com a da organização.

Atenção!
Com o advento das grandes empresas, essa teoria teria perdido capacidade
explicativa. O aprofundamento dessa visão ressalta que, sob os termos da lei, as
sociedades são entidades distintas de seus proprietários.

Por isso, a sociedade é um centro de imputação de direitos e obrigações, sendo


efetiva e realmente proprietária de seus ativos e submetida as suas obrigações.
Além disso, o surgimento da responsabilidade limitada torna absurdo presumir
que os proprietários se responsabilizam integralmente pelas dívidas da
sociedade.

Teoria da entidade
A teoria da entidade surge do distanciamento entre o proprietário e a entidade.
Desse distanciamento, decorre a necessidade de prestação de contas e

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comunicação entre ambos.

Teoria da entidade
Pode ser vista por meio da dissociação da figura tríplice entidade-empresário-
proprietário que está na origem dos primeiros empreendimentos comerciais,
em duas figuras distintas: entidade e empresário-proprietário.

Consequentemente, a entidade passa a ter uma vida própria,


suas atividades, objetivos e riqueza não mais se confundem
com aqueles do empresário-proprietário. Este último, embora
detentor dos direitos de propriedade sobre a entidade, não
podia mais acessar sua riqueza livremente, mas segundo as
regras de convivência estabelecidas na legislação comercial
pertinente.

De acordo com a teoria da entidade, não é mais uma extensão do empresário-


proprietário, mas uma persona independente. Tal independência, contudo, impõe
a obrigação de disponibilizar informações aos proprietários acerca, sobretudo,
do lucro, o qual denota simultaneamente a razão de ser da entidade e sua
capacidade de sustentação futura.

Fundos e direitos residuais

Teoria do fundo
A teoria do fundo é uma proposição
teórica que deriva da teoria da
entidade. Ela propõe uma terceira via
em relação às teorias da propriedade
e da entidade, argumentando que,
mais importante que o proprietário ou
a entidade, é o fundo.

De certa forma, a teoria do fundo


simboliza uma radicalização da teoria
da entidade ao redefinir o patrimônio
líquido como a margem de manobra
da entidade após as restrições
impostas pelos passivos sobre as
aplicações definidas para os ativos.

Teoria do fundo
O fundo corresponde a um conjunto de ativos para os quais há
uma aplicação definida, assim como restrições de utilização.

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Desse modo, o patrimônio líquido representa a diferença entre


as aplicações e as restrições.

A restrição imposta pelo lado direito do balanço patrimonial (passivos) ao lado


esquerdo (ativos) limita as possibilidades de aplicação destes, as quais devem
superar essas restrições. O excesso de ativos sobre os passivos representa a
parcela destes que está livre de restrições impostas pelos passivos, ou seja, o
patrimônio líquido, e que pode ser utilizada segundo o interesse da
administração.

Teoria dos direitos residuais


Formulada na década de 1950, nos Estados Unidos, esta teoria define direitos
residuais como aqueles que absorverão perdas inesperadas nos ativos da
entidade.

Tais direitos são mais amplos que o


patrimônio líquido, pois capturam, por
exemplo, os direitos de credores
comuns e excluem os direitos de
acionistas preferenciais. Concebida
em ambiente dominado pelo mercado
de capitais e pela relevância atribuída
ao acionista minoritário, a teoria dos
direitos residuais centra o interesse
das informações contábeis neste
grupo de acionistas — os detentores
dos direitos residuais sobre uma
empresa — e nos credores comuns —
equiparados a acionistas minoritários
na redefinição de patrimônio líquido
na forma de direitos residuais.

Tais detentores de direitos residuais correm o maior risco entre todas as partes
interessadas na entidade, porque serão os últimos da fila a serem reembolsados
em caso de falência da empresa.

A teoria dos direitos residuais enfatiza a preocupação com a mensuração de


ativos e passivos, sobretudo os primeiros, e o efeito que erros de mensuração
podem provocar no direito residual da entidade. Valores superavaliados alteram
a percepção de risco dos acionistas minoritários e credores comuns,
distorcendo o prêmio de risco para a tomada de decisão de investir na empresa.

Empresarial e comando

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Teoria empresarial
A teoria empresarial foi criada em um ambiente dominado pelo surgimento de
grandes corporações de capital aberto com clara separação entre proprietários e
administradores.

Embora compartilhe da visão proposta pela teoria da entidade, a teoria


empresarial amplia consideravelmente o alcance da entidade ao investigar seu
papel e suas interações com a sociedade em que se encontra inserida.

Teoria empresarial
Essa teoria concebe a empresa como um centro de tomada de decisões que
afeta todo o seu entorno, que é ilimitado, pois vai do acionista ao público em
geral.

Comentário

A teoria empresarial argumenta que as responsabilidades da empresa com seu


entorno devem se sobrepor às responsabilidades com o acionista. Por isso, o
conceito de lucro contábil adotado pelas teorias da propriedade e da entidade e
apresentado na demonstração de resultado, qual seja o lucro em benefício dos
acionistas, não se mostra adequado.

A teoria empresarial propõe uma nova forma de calcular o retorno produzido


pela empresa, dessa vez voltado para os interesses mais amplos da sociedade:
o valor agregado ou adicionado.

À vista disso, os salários pagos pela empresa a seus colaboradores têm a


mesma importância dos dividendos distribuídos aos acionistas, os quais têm a
mesma significância dos lucros retidos pela entidade ou dos impostos pagos ao
Estado.

Valor agregado ou adicionado


A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) baseia-se no conceito econômico
de produto — o mesmo do Produto Interno Bruto (PIB) — e, portanto, enfatiza a
produção da empresa como medida de seu desempenho social.

Atualmente, a concepção de empresa


proposta pela teoria empresarial
mostra-se visionária. O modelo
econômico concentrador que
observamos hoje, em que apenas um
ou dois vencedores dominam cada
segmento econômico, exige repensar
o conceito de lucro e de propósito das
entidades, originado em contexto
totalmente diferente.

Caminhamos para inevitáveis monopólios ou duopólios em todos os segmentos


econômicos, mas o propósito das empresas não pode se limitar à maximização

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do lucro em benefício de acionistas e em detrimento da sociedade.

video_library Teorias sobre o patrimônio líquido


Neste vídeo, faremos uma análise sobre as principais teorias contábeis sobre o
patrimônio líquido: propriedade, entidade, fundo, direitos residuais, empresarial e
comando.

Teoria do comando
A teoria do comando tem importância menor dentro do escopo da teoria da
Contabilidade que aborda as teorias do patrimônio líquido. Surge da crítica
recorrente às teorias da propriedade e da entidade, cujo foco restrito ao conceito
de propriedade é limitar seu alcance.

Teoria do comando
Relaxa o conceito de propriedade e o substitui pelo conceito de controle,
menos restrito a uma concepção de base legal e mais voltado para a
percepção prática de quem detém o controle efetivo dos recursos.

Exemplo
A teoria do comando mostra-se apta a capturar estruturas de poder em que a
propriedade é utilizada deliberadamente para tornar opaca a percepção de
comando. Nesses arranjos, a figura do proprietário é mero biombo destinado a
encobrir, e mesmo impedir, a responsabilização do efetivo detentor do comando.

Em que pese sua utilidade como meio de abordagem teórica para situações
específicas, a teoria do comando não encontra espaço para generalizações e
pode ser absorvida por teorias mais amplas que encontrem nela caso particular
de aplicação.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O patrimônio líquido é redefinido para incorporar todos os detentores de


direitos que responderiam por perdas não previstas, como acionistas

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minoritários e credores comuns. Qual das teorias do patrimônio líquido utiliza


este argumento como base?

A Teoria dos direitos residuais

B Teoria da propriedade

C Teoria da entidade

D Teoria empresarial

E Teoria do fundo

Parabéns! A alternativa A está correta.

Na teoria dos direitos residuais, o foco de interesse da Contabilidade é


deslocado para os detentores de direitos sobre a entidade que se
encontrariam desprotegidos em caso de falência. Surgiu no contexto de
popularização do mercado de capitais, em que o acesso à dívida e ao capital
de empresas foi colocado ao alcance do pequeno investidor.

Questão 2

Embora as entidades pertençam aos acionistas ou aos detentores de seu


capital, a Contabilidade formalizou a personalidade jurídica das entidades por
meio do conceito de patrimônio, que corresponde ao coração dessas
entidades e lhes permite uma vida independente da vida de seus
proprietários. Qual das teorias do patrimônio líquido utiliza este argumento
como base?

A Teoria do fundo

B Teoria da propriedade

C Teoria da entidade

D Teoria empresarial

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E Teoria do comando

Parabéns! A alternativa C está correta.

De acordo com a teoria da entidade, a empresa tem personalidade própria,


existência separada da vida de seus proprietários. Nela, o patrimônio líquido
pertence à entidade, e não é permitido ao acionista retirar-se da sociedade a
qualquer tempo, mas apenas obedecendo às condições que regulam essa
relação.

Considerações finais
O papel da Contabilidade foi ampliado e aprofundado no século XX e acelerado
no século XXI. Consolidando-se como provedora qualificada de informações, a
Contabilidade é responsável pela viabilização dos contratos formalizados entre a
entidade e seus diversos interessados, assim como da relação entre a entidade e
a comunidade em que está inserida.

Neste conteúdo, conhecemos as teorias da Contabilidade. Tendo como ponto de


partida os paradigmas teóricos para a solução de problemas na área,
avançamos para as teorias econômicas que amparam a base teórica da
Contabilidade. As teorias normativa e positiva da Contabilidade também foram
debatidas. Por fim, a base teórica do Patrimônio Líquido foi apresentada.

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Neste podcast abordaremos os principais tópicos deste conteúdo.

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21/11/2023 00:33 Teorias aplicadas em contabilidade

Para saber mais sobre os assuntos tratados aqui, leia:

Teoria da Contabilidade, de Hendriksen e Van Breda.

CPC 48 – Instrumentos Financeiros.

Referências
BALL, R.; BROWN, P. An empirical evaluation of accounting income
numbers .Journal of Accounting Research, v. 6, n. 2, p. 159-177, 1968.

HENDRIKSEN, E.; VAN BREDA, M. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio


Zoratto Sanvicente. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

SCHMIDT, P. A classificação da Contabilidade dentre os ramos do conhecimento


humano. Caderno de Estudos, São Paulo, v. 10, n. 17, p. 9-22, jan./abr. 1998.

SCOTT, W. Financial accounting theory .7. ed. London: Pearson, 2015.

WATTS, R. L.; ZIMMERMAN, J. L. Positive accounting theory. New Jersey:


Prentice-Hall, 1986.

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