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RESGATE E REABILITAÇÃO DE UM EXEMPLAR DE LOBO-MARINHO-SUBANTÁRTICO

(Arctocephalus tropicalis) NO SUL DA BAHIA-BRASIL


SEMINARA, C.; SATURNINO, A. M.; MANNINA, N. B.; SILVA, R.P.; BAZZO, P. M.; IKEDA, J.; DÓREA-REIS, L. W.; SERRA, S.
INSTITUTO MAMÍFEROS AQUÁTICOS- SEDE: Av Pinto de Aguiar. Rua dos Radioamadores, 73.
Pituaçu. Salvador-BA, Brasil Telefax: 55 71 3461-1490/ S. O. S Encalhes 0800 025 1000
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INTRODUÇÃO  
Nos últimos anos, na região nordeste do Brasil se tornou comum a ocorrência de pinípedes, representados
por machos juvenis e adultos, em sua maioria debilitados, devido aos longos deslocamentos. A espécie
Arctocephalus tropicalis (GRAY, 1872), lobo-marinho-subantártico tem distribuição nas ilhas ao norte da
Convergência Antártica (Figura 1). No Brasil a espécie realiza visitas ocasionais, sendo frequente para o litoral
do estado da Bahia, nordeste do Brasil, onde marcam presenças anuais.
O presente estudo visa relatar os procedimentos de resgate e reabilitação de um exemplar de A. tropicalis,
resgatado no litoral sul da Bahia.

RELATO DE CASO
Atendendo a condicionante CGPEG/DILIC/IBAMA no processo de licenciamento do Bloco BM-J-2 (Queiroz
Galvão Petróleo e Gás) o Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) – nó da REMANE/CMA/ICMBio através do
Projeto de Monitoramento de Praias resgatou na Praia de Atalaia, Canavieiras/Bahia/Brasil (-15,70935S/-
38,921300W) um exemplar da espécie Arctocephalus tropicalis (Tombo IMA03561), macho, adulto, medido
173cm (Figura 2 e 3). Para o resgate utilizou-se captura manual, utilizando rede guia, escudos de madeira e
caixa de transporte (Figura 4). O animal foi relocado para a base avançada do IMA em Ilhéus, para Presença ocasional Área de distribuição
tratamento adequado. O indivíduo apresentava-se apático, pesando 40kg e evidente grau de desidratação.
Figura 1: Distribuição da espécie Arctocephalus tropicalis. Fonte: BASTIDA &
Realizou-se exame clínico geral onde se observou trauma dentário, ocasionando um processo inflamatório RODRIÍGUEZ, 2003)
agudo (gengivite). Este comprometimento orofaríngeo possivelmente originou o padrão de vocalização
diferenciado dos demais animais da mesma espécie em reabilitação (Figura 5).
A partir de então foi aplicado o protocolo de emergência interno do IMA e de acordo com o score corpóreo,
grau de desidratação, debilidade e comportamento, constituído das seguintes etapas:
Recepção: Período de 48 horas
- Repouso e contato restrito com a piscina (Figura 6).
- Hidratação via sonda gástrica: suplementação vitamínica associado a anti-inflamatório e
antibioticoterapia a cada 12 horas (Figura 7).
- Colheita de material para exames laboratoriais cujos laudos evidenciaram alterações compatíveis com
jejum prolongado e desidratação (Figura 8).
Estabilização: Período de 15 dias
- Utilizou-se dieta líquida hipercalórica a base de papa de peixe, água e suplementação vitamínica.
- No 3º dia se iniciou a alimentação sólida forçada que contribuiu para melhora no comportamento
(Figura 9).
- Continuidade dos medicamentos prescritos na recepção.
- Monitoramento dos padrões comportamentais. Figura 2: Local de resgate do exemplar de Arctocephalus tropicalis.
Manutenção: Período de engorda e acompanhamento
- Aumento gradativo da alimentação com suporte vitamínico (Figura 10).
- Ao 25º dia de reabilitação, o indivíduo já se alimentava voluntariamente demonstrando importante ganho de peso (7,5Kg), utilização da piscina adaptativa com
frequência, e normalização do padrão vocal (Figura 11). O acesso à piscina permanente foi liberada apenas 150 dias após sua recepção.
- Atualmente, o exemplar dispõe de boa saúde, sendo mantido em cativeiro em cumprimento à recomendação XXV-6 do Scientific Committee on Antarctic Research
(SCAR), do qual o Brasil é signatário.
- (Figuras 12). à recomendação
A XXV-6 do B
C

Figura 3: Situação do exemplar Figura 5: Perda de 70% do canino direito com Figura 6: Exemplar
Figura 4: Operação de resgate do exemplar de A. tropicalis. (A) Guiando o animal até a caixa de
no momento do resgate. intensa inflamação local. mantido em local
transporte. (B) Acomodação realizada. (C) Posicionamento da caixa de transporte no veículo de resgate.
restrito para descanso.
A B

Figura 7: Manejo para hidratação Figura 8: Colheita de sangue da Figura 9: Alimentação forçada Figura 10: Oferta de pescado.
via sonda gástrica. veia glútea caudal. com peixes inteiros. Figuras 11 : Comparativo do score corpóreo. (A) Na recepção; (B) Ao 25º
B BIBLIOGRAFIA dia de reabilitação.

AGRADECIMENTOS
A
Batisda, R.; Rodríguez, D. 2003. Mamíferos Marinos de Patagonia y Antartida. 1ª ed. Vasquez Mazzini
Edtores, Buenos Aires, 208p.
Aos membros da equipe do Instituto
Mamíferos Aquáticos
Ruoppolo, V.; Pinho da Silva, R.; Wagner, L.; Norberto, G. 2007. Protocolo para o resgate, reabilitação,
A Queiroz Galvão Exploração e Produção
marcação e reintrodução de pinípedes no Brasil.
S.A pela oportunidade.
A CGPEG/DILIC/IBAMA pelo atenção dada
Rocha-Campos, C.; Cãmara, G. 2011. Plano de ação nacional para conservação dos mamíferos
Figura 12: (A/B) Manutenção em à fauna marinha nos processos de
aquáticos. Grandes cetáceos e Pinipedes: versão III. Instituto Chico Mendes de Conservação da
cativeiro pós- reabilitação. licenciamento de atividades do ramo
Biodiversidade. 156p.
petrolífero.

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