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PÓS MODERNISMO

CONCRETISMO

O movimento concretista despontou em 1952, com o


lançamento da revista Noigrandes.

O movimento concretista despontou em 1952, com o


lançamento da revista Noigrandes.

Os principais nomes do grupo concretista são:

 Augusto de Campos

 Décio Pignatari

 Haroldo Campos

 Ferreira Gullar.

 Pedro Xisto,

 Wlademir Dias Pino


Abandonando o discurso tradicional, o concretismo privilegia os
recursos gráficos das palavras, o “desenho” do poema e não o
seu conteúdo.

Havia a necessidade de se elaborar uma nova linguagem


poética que acompanhasse e refletisse o crescente e dinâmico
capitalismo que se fortalecia na sociedade brasileira.
CARACTERÍSTICAS

Ideograma: apelo à comunicação não verbal;

Tendência à substantivação e à objetividade;

Polissemia, trocadilho, justaposição de termos, aliterações,


assonâncias;

Valorização do espaço, letra, cor e disposição de palavras. O


verso tradicional é abolido.

Atomização: comumente as palavras são desmanchadas,


criando outras significações.

Metacomunicação: simultaneidade da comunicação verbal e


não-verbal.

Estrutura verbivocovisual: valorização do campo visual, do


aspecto gráfico da letra, da cor e da disposição das palavras.

Atende ao propósito da sociedade capitalista industrial –


Comunicação rápida, imagética.
NEOCONCRETISMO (1959)

O poeta neoconcreto acreditava que o sentido do texto devia


nascer da interação que o teria com o texto.

O poema neoconcreto convoca o leitor para também


estabelecer as relações do texto, contribuindo para “explicitar,
intensificar, concretizar” a vocação da palavra de expressar
múltiplos sentidos.

Ou seja, era o leitor quem dava “realidade ao poema”.

Para mostrar a importância da interação do leitor com o texto,


os neoconcretos usavam dobras e recortes na página para
reproduzir poemas-objeto (como cubos de encaixe).

Participam desse movimento o poeta Ferreira Gullar e os


artistas plásticos Ligia Clark, Lígia Pape e Hélio Oiticica.
Lygia Pape nos concedeu esse depoimento:

"Nós nos separamos do Grupo Concreto de São Paulo porque


eles queriam criar um projeto de dez anos de trabalho para o
futuro. O grupo do Rio achou que era racionalismo demais. Nós
queríamos trabalhar com a intuição, mais soltos.”
Não, 1959/2005
Poema Enterrado
POESIA PRÁXIS

Em janeiro de 1962, o poeta Mário Chamie lançou o livro Lavra


lavra, obra seminal do grupo práxis.

“As palavras são corpos vivos. Não vítimas passivas do


contexto”(Chamie, 1962, p. 114).

Eis um fragmento da do poema “LAVRA DOR”, de Mário Chamie:

LAVRA: Onde tendes pá, o pé e o pó.


sermão da cria: tal terreiro.
DOR: Onde tenho pó, o pé e a pá
quinhão da via: tal meu meio
de planar sem água e sombra
LAVRA: Onde está o pó, tendes caimbra;
agacho dói ao rés e relva
“Agiotagem”
um
dois
três
o juro: o prazo
o pôr/ o cento/ o mês/ o ágio
porcentagio.
dez
cem
mil
o lucro: o dízimo
o ágio/ a moral/ a monta em péssimo
empréstimo.
muito
nada
tudo
a quebra: a sobra
a monta/ o pé/ o cento/ a quota
haja nota
agiota.

fragmento do poema
"Lavrador", Mário Chamie
POEMA PROCESSO

Disposição radical à discursividade da poesia: o sentido da


palavra poema é tão ampliado que ele pode denominar uma
performance ou um objeto gráfico (como figuras geométricas,
perfurações no papel, etc.) e o livro deixa de ser o suporte
tradicional.

O poema/processo relega a palavra a segundo plano, utilizando


quase exclusivamente signos visuais.

Procura explorar as possibilidades poéticas contidas em signos


não-verbais

O fundador do movimento é Wlademir Dias-Pino.


PÓS MODERNIDADE
CONTEXTO HISTÓRICO (1960/ 1970)

 Guerra Fria;
 Revolução Cubana;
 Assassinato de John Kennedy;
 Guerra do Vietnã;
 Construção do muro de Berlim;
 Independências de mais de vinte países africanos.
 Criação da OLP;
 Revolução cultural da China;
 Indira Ghandi tornou-as a primeira ministra da Índia;
 Assassinato de Luther King;
 Na França as manifestações de Maio de 68;
 Revolução do Cravos em Portugal;
 Redemocratização espanhola;
 Guerra Civil em El Salvador;
Esses conflitos e suas consequências afetaram
a expressão artística e cultural em todo mundo,
inclusive no Brasil.

Herbert Marcuse e Norman Brown


questionavam a gênese e o sentido dos
fenômenos da repressão, da alienação e da
dominação da sociedade industrial.

Os anos 1950 ficaram marcados como a década


da beat generation.

O marco símbolo foi a publicação do poema


“Howl” de Allen Ginsberg.
No cinema, James Dean, ator que personificava
a personificava a rebeldia e as angústias
“juventude transviada”.
Surge o rock’ n’ roll.

Jerry Le Lewis, Chuck Berry, Little Richard,


Billy Haley, Elvis Presley entre outros.
Tudo isso explodiu no início da década 1960.

A contracultura defendia sobretudo a busca do


amor, do prazer e da liberdade.

Condenava a guerra, a sociedade de consumo, o


Capitalismo selvagem, os padrões familiares
squares e convenções sociais como virgindade
e casamento.

O movimento hippe foi a principal expressão da


contracultura.
A música teve papel fundamental na
consolidação de novos valores.

Beatles, Bob Dylan, Rolling Stones, Led


Zeppelin, The animals, The Who, The mamas
and The papas, Genesis, Yes, Deep Purple,
Mothers of invention, Joan Benz, Joe Cocker,
entre outros.
FESTIVAIS.
MOVIMENTOS PARA OS DIREITOS CIVIS.

Gay Pouver;

Women´s Lib;

Black Power.
O BRASIL E A REPRESSÃO

CONTEXTO HISTÓRICO.

 Ditadura Militar;

 Passeata dos Cem Mil;

 Greves;

 Formação de grupos radicais de esquerda


(MR-8 e VRP);

 Criação do DOI - Codi;

 Abertura política.
Os anos de 1960 e 1970 representaram uma
profunda inovação nas artes brasileiras.

O cinema novo

Cineastas:

Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e


Cacá Diegues.

Suas produções aliaram técnicas


cinematográficas da vanguarda internacional à
denúncia de graves problemas sociais
brasileiros.
Glauber Rocha

“o cinema novo é um projeto que se realiza na política da


fome, e sofre, por isto mesmo, todas as fraquezas
consequência da sua insistência”.

Glauber Rocha
BOSSA NOVA
Teoricamente o movimento começou 1959 com
o lançamento do disco Chega de Saudades de
João Gilberto.

Características principais da bossa nova:


 
As principais influências da bossa nova foram o
jazz norte-americano e o samba, choro, o blues e
a moda de viola.
 
Ritmo calmo e suave.

Violão e piano como principais instrumentos


musicais de acompanhamento.
 
Utilização do tom coloquial na narrativa das
canções.
 
Músicas cantadas em tom baixo e calmo, como
se fosse uma fala ou uma narração.
 
Letras poetizadas, principalmente as
elaboradas pelo poeta Vinícius de Moraes.

Temas descompromissados e ligados à vida


cotidiana da classe média (principalmente
carioca), amores e exaltação de elementos da
natureza (praias, vento, chuva, sol, etc.).
Cantores e cantoras de destaque

João Gilberto
Vinícius de Moraes
Tom Jobim (Antônio Carlos Jobim)
Nara Leão
Baden Powell
João Donato
Marcos Valle
Roberto Menescal
Ronaldo Bôscoli
Toquinho
Edu Lobo
JOVEM GUARDA

“O futuro pertence à jovem guarda porque a


velha está ultrapassada”.
O movimento musical teve início 1965.

As grandes influencias da Jovem Guarda foram


Elvis Presley, The Beatles, Rolling Stones e
Chuck Berry.

Roberto Carlos foi um dos pioneiros da Jovem


Guarda com as músicas Splish Splash, Parei na
Contramão e O Calhambeque.

O movimento popularizou as guitarras no Brasil


dominado pelos violões da Bossa Nova.
O início do movimento foi marcado por muitos
covers de músicas em inglês.

A “guerra” entre os dois movimentos era


tamanha, que a Bossa Nova também tinha seu
programa na televisão: O Fino da Bossa.

Foi pouco censurada pelo regime, justamente


pelo conteúdo da música ser mais leve:
“brotos”, velocidade, carros, amor. Eram
músicas sem conotação política.
Em 1968, com a implementação do AI-5, o
programa da TV termina.

A grande característica do movimento era o


estilo dos participantes:

Os homens, a exemplo dos Beatles, passaram a


usar cabelos longos, calças mais justas e com
cintura baixa, cinturões de couro com fivelas
grandes, botinhas com salto carrapeta, cores
contrastantes.
As mulheres, além dos longos cabelos lisos,
passaram a usar calças jeans ou minissaias
com botas de cano longo( muitas até o joelho) e
uma maquiagem mais forte.

Oficialmente, a Jovem Guarda acabou em 1968,


com o programa de TV, mas o acervo musical
deixa o movimento mais vivo do que nunca.
TROPICÁLIA
Caminhando contra o vento Ela pensa em casamento
Sem lenço, sem documento E eu nunca mais fui à escola
No sol de quase dezembro Sem lenço, sem documento,
Eu vou Eu vou

O sol se reparte em crimes, Eu tomo uma coca-cola


Espaçonaves, guerrilhas Ela pensa em casamento
Em cardinales bonitas E uma canção me consola
Eu vou Eu vou

Em caras de presidentes Por entre fotos e nomes


Em grandes beijos de amor Sem livros e sem fuzil
Em dentes, pernas, bandeiras Sem fome sem telefone
Bomba e brigitte bardot No coração do brasil
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça Ela nem sabe até pensei
Quem lê tanta notícia Em cantar na televisão
Eu vou O sol é tão bonito
Eu vou
Por entre fotos e nomes Sem lenço, sem documento
Os olhos cheios de cores Nada no bolso ou nas mãos
O peito cheio de amores vãos Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou Eu vou
Por que não, por que não Por que não, por que não...
O Tropicalismo foi um movimento de ruptura que sacudiu
o ambiente da música popular e da cultura brasileira
entre 1967 e 1968.

Participantes:

Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, da


banda Mutantes, Nara Leão.

Os letristas:

José Carlos Capinan e Torquato Neto.

Maestros:

Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzela.

O artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte.


O Tropicalismo misturou rock, bossa nova, samba, rumba,
bolero e baião. A ordem era experimentar, considerar
várias possibilidades em todos os sentidos.

Sua atuação quebrou as rígidas barreiras que


permaneciam no País.

Pop x folclore.

Alta cultura x cultura de massas.

Tradição x vanguarda.

Os diálogos com obras literárias como as de Oswald de


Andrade ou dos poetas concretistas elevaram algumas
composições tropicalistas ao status de poesia.
Poema visual;

Quebra da linearidade horizontal;

Batman (herói branco) + macumba


(religião de matrizes africanas)

Baobá (árvore africana) + Bat


(morcego) + iê, iê música da
jovem guarda + Obá (entidade da
macumba ou oba saudação ou
interjeição + Ba (ama de leite).

Popular / branco / americano


(batman).

Regionalista/ negro/ brasileiro/


(macumba).
Hélio Oiticica define em poucas palavras o
movimento conhecido como poesia marginal.
POESIA MARGINAL OU GERAÇÃO MIMEÓGRAFO

Coloquialismo, o uso de uma linguagem permeada por gírias,


próxima da fala do jovem da época;

Presença do cotidiano, abordagem de aspectos “banais” da


experiência real;

Humor, deboche, visão dessacralizada dos grandes temas, “anti


arte”, postura anti intelectual;

Resgate dos procedimentos de construção poética da primeira


geração modernista, especialmente de Oswald de Andrade (uso
do poema-piada);

Textos curtos, diretos;


 “Literatura do eu”, expressão direta da experiência,
aparentemente (ou não) confessional, testemunhal;

 Diluição da fronteira entre arte e vida;

 Experimentalismo, improviso, arriscar-se ao erro mesmo em


detrimento da “perfeição formal”.

 A afetividade com relação ao mundo, a descoberta da


existência e do sexo, a ousadia de dizer.
Ana Cristina Cesar (1952-1983)
Características

Presença do feminino.

Eu-poético criado por Ana César é delicadamente aberto sobre


o corpo e a sexualidade.

Um mundo intimista puramente feminino revela-se em vários de


seus poemas.

Adjetivação no gênero feminino.

Presença do cotidiano.

Confessional, não autobiográfico.

Texto colagem: apropria-se de outros autores, distorcendo-os,


reescrevendo-os, parafraseando ou parodiando (Alguns críticos
chamam essa característica de vampirismo).

Linguagem cinematográfica.

Intertextos.
“enquanto leio meus seios estão a descoberto”.

I
Enquanto leio meus seios estão a descoberto. É difícil
concentrar-me ao ver seus bicos. Então rabisco as
folhas deste álbum. Poética quebrada pelo meio.

II

Enquanto leio meus textos se fazem a descoberto. É


difícil escondê-los no meio dessas letras. Então me nutro
das tetas dos
poetas
pensando no meu seio.
Cacaso (Antônio Carlos Ferreira de Brito 1944-1987)

Criador da coleção Frenesi, escrevia artigos em jornais


comentando a obra de Chacal, Ana Cristina César e outros.

Estreou em 1968, com o livro Palavra cerzida, em que revelava


certa influência simbolista.

Em 1970, sua poesia passa a ser mais descarnada, coloquial e


humorada.

Compositor profissional.

Linguagem coloquial.

Sua produção apresenta em alguns poemas uma maior


consciência dos impasses da relação entre arte e vida,
Lar doce lar
(para Maurício Maestro)

Minha pátria é minha infância:


por isso vivo no exílio
Jogos florais
 I
 Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.
 
Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.
 
II
 Minha terra tem Palmares
memória cala-te já.
Peço licença poética
Belém capital Pará.
 
Bem, meus prezados senhores
dado o avançado da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.
 
(será mesmo com dois esses
que se escreve paçarinho?)
Paulo Leminski (1944 - 1989)

Concisão, irreverência, coloquialidade e o rigor da construção


formal. 

Uso dos recursos visuais da publicidade, dos provérbios e


trocadilhos da cultura popular e da forma, elementos herdados
da poesia concretista.

Leminski era um apaixonado pela cultura japonesa.

Reconhecido como um mestre do haikai.


“a noite”

a noite
me pinga uma estrela no olho
e passa

“de som a som”

de som a som
ensino o silêncio
a ser sibilino
de sino em sino
o silêncio ao som
ensino
Significado simbólico do círculo, segundo Chevalier e Gheerbrant:

O movimento circular é perfeito, imutável, sem começo e fim, e nem


variações [...] A figura do círculo simboliza igualmente as diversas
significações da palavra: um primeiro círculo simboliza o sentido literal;
um segundo círculo, o sentido alegórico; um terceiro, o sentido místico
(2006, p. 250-254).
“Marginal é quem escreve à margem”

Marginal é quem escreve à margem,


deixando branca a página
para que a paisagem passe
e deixe tudo claro à sua passagem.

Marginal, escrever na entrelinha,


sem nunca saber direito
quem veio primeiro,
o ovo ou a galinha.

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