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Memorial Do Convento Caracter I Sticas
Memorial Do Convento Caracter I Sticas
Convento,
de José Saramago
(1982)
Apontamentos
apontamentos
Linguagem e estilo
Cada frase, ou discurso, ou o período, cria-se
dentro de mim mais como uma fala do que
como uma escrita. A possibilidade da
espontaneidade, a possibilidade do discurso em
linha reta, enfim, a direito, é muito maior do que
se eu me colocasse na posição de quem
escreve. No fundo, ao escrever estou colocado
na posição de quem fala.”
José Saramago, in Conversas, Mário Ventura, Publ. Dom Quixote, 1986
Linguagem e estilo
Uma das características mais notórias de José
Saramago é a utilização peculiar da pontuação.
Principal marca: nas passagens do discurso
direto:
eliminação do travessão e dos dois pontos;
a substituição do ponto de interrogação e de outros sinais de
pontuação pela vírgula;
sendo o início de cada fala apenas assinalado pela
maiúscula.
LER EM VOZ ALTA
"Por uma hora ficaram os dois sentados, sem falar. Apenas uma vez Baltasar se levantou para pôr
alguma lenha na fogueira que esmorecia, e uma vez Blimunda espevitou o morrão da candeia que
estava comendo a luz e então, sendo tanta a claridade, pôde Sete-Sóis dizer, Por que foi que
perguntaste o meu nome, e Blimunda respondeu, Porque minha mãe o quis saber e queria que eu o
soubesse, Como sabes, se com ela não pudeste falar, Sei que sei, não sei como sei, não faças
perguntas a que não posso responder, faze como fizeste, vieste e não perguntaste porquê, E agora, Se
não tens onde viver melhor, fica aqui, Hei-de ir para Mafra, tenho lá família, Mulher, Pais e uma irmã,
Fica, enquanto não fores, será sempre tempo de partires, Por que queres tu que eu fique, Porque é
preciso, Não é razão que me convença, Se não quiseres ficar, vai-te embora, não te posso obrigar, Não
tenho forças que me levem daqui, deitaste-me um encanto, Não deitei tal, não disse uma palavra, não
te toquei, Olhaste-me por dentro, Juro que nunca te olharei por dentro, Juras que não o farás e já o
fizeste, Não sabes de que estás a falar, não te olhei por dentro, Se eu ficar, onde durmo, Comigo."
[pág. 56]
ação - estrutura
A obra está dividida em 25 capítulos, apesar de
estes não estarem numerados ou titulados, que
correspondem ao mesmo número de
sequências narrativas na estrutura interna.
Narrador (quanto à participação)
Geralmente, é HETERODIEGÉTICO (surge na
terceira pessoa e não participa na ação)
PORÉM, por vezes, assume o ponto de vista de
algumas personagens (assumindo a primeira
pessoa do singular e até do plural)
HOMODIEGÉTICO
Isso acontece porque o narrador assume o
pensamento de algumas personagens
NARRADOR (focalização)
Geralmente, o narrador assume uma
focalização omnisciente
[págs. 52-53]
PERSONAGENS
D. JOÃO V
Terreiro do Paço
Local onde Baltasar trabalha num açougue, após a sua chegada a
Lisboa. É onde decorre a procissão do Corpo de Deus.
Rossio
Este espaço aparece no início da obra como o local onde decorrem o
auto de fé e a procissão da Quaresma ou dos penitentes.
S. Sebastião da Pedreira
Trata-se de um espaço relacionado com a passarola do padre
Bartolomeu de Gusmão, ligada, assim, ao caráter mítico da
máquina voadora. No época, S. Sebastião da Pedreira era um
espaço rural, onde existiam várias quintas que integravam
palacetes.
Espaço físico Mafra
preparação da procissão:
descrição dos "preparos da festa” feita pelo
narrador, que assume o olhar do povo (as colunas, as
figuras, os medalhões, as ruas toldadas, os mastros
enfeitados com seda e ouro, as janelas ornamentadas
com cortinas e sanefas de damasco e franjas de ouro),
que se sente maravilhado com a riqueza da decoração
(uma reflexão do narrador leva-o a concluir que não se
verificam muitos roubos durante a cerimónia, pois o
povo teme os pretos que se encontram armados à
porta das lojas e os quadrilheiros, que procederiam à
prisão dos infratores)
O espaço social
Procissão do Corpo de Deus
preparação da procissão:
referência do narrador às damas que aparecem
às janelas, exibindo penteados, rivalizando
com as vizinhas e gritando motes
realização da procissão:
o evento começa logo de manhã cedo.
DESCRIÇÃO DO APARATO:
à frente, as bandeiras dos ofícios da Casa dos Vinte e
Quatro, em primeiro lugar a dos carpinteiros em honra a
S. José; atrás, a imagem de S. Jorge, os tambores, os
trombeteiros, as irmandades, o estandarte do
Santíssimo Sacramento, as comunidades (de S.
Francisco, capuchinhos, carmelitas, dominicanos, entre
outros) e o rei, atrás, segurando uma vara dourada,
Cristo crucificado e cantores de hinos sacros
O espaço social
Procissão do Corpo de Deus
CRÍTICA DO NARRADOR:
crítica do narrador às crenças e
interditos religiosos;
CRÍTICA DO NARRADOR:
Censura ao luxo da igreja e à luxúria do
Rei
O tempo histórico
Logo no início do romance, podemos
inferir que a ação tem início no ano de
1711, através da seguinte referência do
narrador:
Referências cronológicas
As referências cronológicas mais importantes são as seguintes: