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Memorial Do Convento Powerpoint 2020
Memorial Do Convento Powerpoint 2020
Memorial Do Convento Powerpoint 2020
"Por uma hora ficaram os dois sentados, sem falar. Apenas uma vez Baltasar se levantou para
pôr alguma lenha na fogueira que esmorecia, e uma vez Blimunda espevitou o morrão da
candeia que estava comendo a luz e então, sendo tanta a claridade, pôde Sete-Sóis dizer, Por que
foi que perguntaste o meu nome, e Blimunda respondeu, Porque minha mãe o quis saber e
queria que eu o soubesse, Como sabes, se com ela não pudeste falar, Sei que sei, não sei como
sei, não faças perguntas a que não posso responder, faze como fizeste, vieste e não perguntaste
porquê, E agora, Se não tens onde viver melhor, fica aqui, Hei de ir para Mafra, tenho lá família,
Mulher, Pais e uma irmã, Fica, enquanto não fores, será sempre tempo de partires, Por que
queres tu que eu fique, Porque é preciso, Não é razão que me convença, Se não quiseres ficar,
vai-te embora, não te posso obrigar, Não tenho forças que me levem daqui, deitaste-me um
encanto, Não deitei tal, não disse uma palavra, não te toquei, Olhaste-me por dentro, Juro que
nunca te olharei por dentro, Juras que não o farás e já o fizeste, Não sabes de que estás a falar,
não te olhei por dentro, Se eu ficar, onde durmo, Comigo."
[pág. 56]
AÇÃO - estrutura
◦ "Mas também não faltam lazeres, por isso, quando a comichão aperta, Baltasar pousa a cabeça no
regaço de Blimunda e ela cata-lhe os bichos, que não é de espantar terem-nos os apaixonados e os
construtores de aeronaves, se tal palavra já se diz nestas épocas, como se vai dizendo armistício em
vez de pazes. " [pág. 93]
◦ "Mas em Lisboa dirá o guarda-livros a el-rei, Saiba vossa majestade que na inauguração do convento
de Mafra se gastaram, números redondos, duzentos mil cruzados, e el-rei respondeu, Põe na conta,
disse-o porque ainda estamos no princípio da obra, um dia virá em que quereremos saber, Afinal,
quanto terá custado aquilo, e ninguém dará satisfação dos dinheiros gastos, nem faturas, nem recibos,
nem boletins de registo de importação, sem falar de mortes e sacrifícios, que esses são baratos. "
[pág. 143]
Focalização interna
[págs. 52-53]
PERSONAGENS
D. JOÃO V
Amante dos prazeres humanos, a figura real é construída através do olhar crítico do
autos de fé;
é o marido que não evidencia qualquer sentimento amoroso pela rainha, apresentando
nesta relação uma faceta quase animalesca, enfatizado pela utilização de vocábulos que
remetem para esta ideia (como a forma verbal" emprenhou" e o adjetivo "cobridor");
PERSONAGENS D. JOÃO V
insatisfeita,
A rainha vive num ambiente repressivo, cujas proibições regem a sua existência e para a
qual não há fuga possível, a não ser através do sonho, onde pode explorar a sua
sensualidade.
Bartolomeu de Gusmão evidenciou, ao longo da obra, uma profunda crise de fé, a que as
leituras diversificadas e a postura "antidogmática" não serão alheios, numa busca
incessante do saber.
A sua personagem risível - era conhecido por "Voador" - torna-o elemento catalisador do voo
do passarola, conjuntamente com Baltasar e Blimunda.
A tríade corporiza o sonho e o empenho tornados realidade, a par da desgraça, também ela,
partilhada (loucura e morte, em Toledo, de Bartolomeu de Gusmão, morte de Baltasar Sete-
Sóis no auto de fé e solidão de Blimunda).
PERSONAGENS
DOMENICO SCARLATTI
Rossio: este espaço aparece no início da obra como o local onde decorrem o auto de
fé e a procissão da Quaresma ou dos penitentes.
A Vela foi o local escolhido para a construção do convento, que deu lugar à
vila nova, à volta do edifício. Nas imediações da obra, surge a "Ilha da
Madeira", onde começaram por se alojar dez mil trabalhadores,
ascendendo, mais tarde, a quarenta mil.
Além de Mafra, são ainda referidos espaços como Pêro Pinheiro, a serra do
Barregudo, Monte Junto e Torres Vedras.
O espaço social
O espaço social
Autos de fé (Rossio)
Neste relato, são de salientar os seguintes aspetos:
o Rossio está novamente cheio de assistência; a população está duplamente em festa, porque
é domingo e porque vai assistir a um auto de fé (passaram dois anos após o último evento
deste tipo);
punição dos condenados pelo Santo Ofício - o povo dança em frente das fogueiras.
O espaço social Tourada
dois toiros saem do curro e investem contra bonecos de barro colocados na praça; de
um saem coelhos que acabam por ser mortos pelos capinhas, de outro, pombas que
acabam por ser apanhadas pela multidão;
preparação da procissão:
descrição dos "preparos da festa” feita pelo narrador, que assume o
olhar do povo (as colunas, as figuras, os medalhões, as ruas toldadas, os
mastros enfeitados com seda e ouro, as janelas ornamentadas com cortinas
e sanefas de damasco e franjas de ouro), que se sente maravilhado com a
riqueza da decoração (uma reflexão do narrador leva-o a concluir que
não se verificam muitos roubos durante a cerimónia, pois o povo teme os
pretos que se encontram armados à porta das lojas e os
quadrilheiros, que procederiam à prisão dos infratores);
O espaço social Procissão do Corpo de Deus
preparação da procissão:
TICA DO NARRADOR:
TICA DO NARRADOR:
A violência das touradas ou dos autos de fé agrada ao povo que, obscuro e ignorante,
se diverte sensualmente com as imagens de morte, esquecendo a miséria em que vive.
O TRABALHO NO CONVENTO
Mafra simboliza o espaço da servidão desumana a que
D. João V sujeitou todos os seus súbditos para
alimentar a sua vaidade.
Vivendo em condições deploráveis, os cerca de quarenta
mil portugueses foram obrigados, à força de armas, a
abandonar as suas casas e a erigir o convento para
cumprir a promessa do seu rei e aumentar a sua glória.
Espaço psicológico
O espaço psicológico é constituído pelo conjunto de
elementos que traduz a interioridade das personagens.
Nesta obra, o espaço psicológico é constituído
fundamentalmente através de dois processos: os sonhos
das personagens, que funcionam como forma de
caracterização das mesmas ou que, num processo que lhes
confere densidade humana, traduzem relações com as suas
vivências e os seus pensamentos.
TEMPO O tempo diegético (tempo da
história)
Trata-se do tempo em que decorre a ação.
O tempo da história é constituído por algumas datas fundamentais.
A ação inicia-se em 1711. D. João V ainda não fizera vinte e dois anos e
D. Maria Ana Josefa chegara há mais de dois anos da Áustria.
O fluir do tempo, mais do que através da recorrência a marcos
cronológicos específicos, é sugerido pelas transformações sofridas
pelas personagens e por alguns espaços e objetos ao longo da obra.
TEMPO O tempo diegético (tempo da história)
O tempo histórico