continentais, fiscalizar o narcotráfico no Brasil não é nem um pouco fácil. Afinal, este é um país que faz fronteira com dez países, três dos quais são produtores de cocaína (Bolívia, Peru e Colômbia), fronteira com o Paraguai, que produz maconha e cocaína em menor quantidade. A cocaína e a heroína colombianas que tem como destino a Europa passam pelo Brasil. Apenas o porto de Santos transporta por ano 75 milhões de toneladas, neste contexto, algumas dezenas de toneladas destas drogas são difíceis de encontrar como uma agulha num palheiro. Bolívia, Peru e Colômbia não possuem as plantas necessárias para produzir os produtos químicos (éter e acetona) utilizados no refinamento da base de cocaína. Já o Brasil possui uma indústria química enorme e, aqui, é muito fácil montar uma empresa de comercialização de diversos produtos químicos sem a menor fiscalização. Isto foi um fator decisivo para atrair a atenção dos narcotraficantes para fazer do Brasil um lugar de processamento e exportação da droga. A droga consumida no Brasil não é a colombiana, muito pura e destinada a mercados com maior poder aquisitivo. Aqui se consome a maconha paraguaia e a cocaína oriunda da Bolívia. Estas drogas entram no país através de pequenos aviões e caminhões. O Brasil se tornou vulnerável à ação dos traficantes produtores por ser um país importante tanto pelo consumo interno - alto número de usuários (a ONU considera consumidor aquele que faz uso de droga ao menos uma vez por ano) - quanto pela posição geográfica para atingir o mercado internacional, funcionando como um entreposto rumo aos países da Europa e África Ocidental na sedimentação do crime organizado transnacional. Portanto, as drogas ingressam no país de variadas formas, aproveitando sua vasta extensão territorial e de fronteiras. É de extrema complexidade o controle e a fiscalização, em razão das inúmeras possíveis rotas áreas, marítimas e terrestres, ainda mais dificultada pelas criativas técnicas de dissimulação e a força aguda do dinheiro da corrupção. Ao adentrarem no país, chegam às cidades para as mãos dos traficantes varejistas. São os distribuidores e os donos das bocas de fumo que têm a missão de guardar e vender aos usuários. Para tal, se fixam em locais de difícil acesso, pobres, de grande concentração de pessoas, e possuem forte armamento, que servem para a proteção de suas operações, geralmente em favelas ou comunidades carentes. Como esses lugares não são receptivos a estranhos, aparecem as figuras dos vapores e dos traficantes delivery que se encarregam que as drogas cheguem aos consumidores do asfalto. Ademais, devido o grande consumo das classes sociais mais abastadas, que preferem a comodidade e a não exposição, os serviços de entrega de drogas em domicílio estão bastante difundidos. Os traficantes organizam suas operações ao longo de rodovias, estradas, e avenidas pela propensão de impor um ritmo mais vantajoso aos seus negócios. • Enfim, observando uma peculiaridade nacional, imperioso que qualquer planejamento de combate ao tráfico de drogas e armas seja constante e intenso nas vias principais de uma cidade ou região. O policiamento reforçado das rotas internas de circulação/distribuição das drogas trará um desconforto ao crime organizado capaz de atingir sua lucratividade e reduzir os casos de violência, atingindo ainda por via reflexa o tráfico de armas e as quadrilhas de roubo de cargas.