Você está na página 1de 25

Redes de Dados e de Voz

Capítulo 1

Introdução

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 1


Evolução das telecomunicações

1837 – Telégrafo
1844 – Código Morse (primeiro envio oficial de uma mensagem)
1870 – Fibra óptica
1876 – Telefone (Alexander G. Bell)
1895 – Transmissor radio (Marconi)
1957 – Satélite (Sputnik)
1936 – Invenção do PCM (Reeves) – transmissão digital
1964 – Concepção da comutação de pacotes (Baran)
1966 – Proposta de utilização de fibra óptica (Kao)
1968 – 1ª central de comutação digital (tecnologia TTL)
Se Alexander
1973 – Ethernet (Metcalfe) Bell voltasse
hoje aos vivos,
1978 – 1º sistema de rádio móvel celular analógico não
reconheceria a
1981 – TCP/IP sua invenção!...

1985 – Proposta da SONET (Belcore)


1996 – Cabo submarino óptico TAT12/13 (122 880 circuitos)

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 2


Fibra óptica

A fibra óptica é um meio de


transmissão (fabricado em
vidro/polímeros) com capacidade
de transmitir luz. Tal filamento
pode apresentar diâmetros
variáveis, dependendo da
aplicação, desde diâmetros
ínfimos, da ordem de
micrômetros (mais finos que um
fio de cabelo) até vários
milímetros.

Existem 5 razões para usar fibra óptica


1. Dimensão reduzida;
2. Largura de Banda;
3. Maior segurança e imunidade;
4. Economia;
5. Tecnologia moderna.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 3


Fibra óptica – Comunicações óptica

• Constituem o suporte da transmissão da rede fixa.


• Comunicações em frequência muito elevada (≈193 THz),
recorrendo a conversores electro-ópticos (lasers) e opto-eléctricos
(PIN).
• A fibra óptica apresenta atenuações bastante reduzidas (~ 0.2
dB/km) o que permite ligações com várias dezenas de quilómetros.
Para ligações longas, é necessário usar repetidores (amplificadores
ou regeneradores). Relação entre um espaçamento no domínio
da frequência () e um espaçamento no
domínio do comprimento de onda ():
𝑐
|∆ 𝑣|= 2
∆𝜆
𝜆0
As 2ª e 3ª janelas são mais atractivos
devido às melhores características de
atenuação e dispersão: usados nos
sistemas a elevados débitos e longa
distância.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 4


Princípio do telefone

O telefone é um dos dispositivos de telecomunicações desenhados


para transmitir sons por meio de sinais elétricos nas vias
telefónicas.
 É constituído por
um gerador de
pulsos magnéticos
e o transdutor.
 Quando se fala,
faz-se vibrar uma
haste magnética
envolta por um
enrolamento de
fio.
 Gera uma corrente
potente para o
outro aparelho, na
outra
extremidade, que
faz vibrar o fone
do ouvido.

Fonte: J. Pires, RT - IST


© Duano Silva Redes de Dados e Voz 5
Cabos de fibra óptica submarino

 SAT-3/WASC (South Atlantic


3/West Africa Submarine Cable) é
um cabo de comunicações
submarino que liga Portugal e
Espanha para a África do Sul
(passando por Luanda, Angola),
com ligações para diversos países
da África Ocidental. Faz parte do
sistema de cabo
SAT-3/WASC/SAFE, onde o SAFE
(South Africa Far East) cabo
ligações África do Sul para a Ásia.
O sistema SAT-3/WASC/SAFE
fornece um caminho entre Ásia e
Europa para o tráfego de
telecomunicações que é uma
alternativa para as rotas de cabos
que passam através do Oriente.
Fonte: Wikipedia

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 6


Cabos de fibra óptica submarino

WACS (West Africa Cable System)


é um cabo de comunicações
submarino que liga UK à África
do Sul (passando por Luanda,
Angola), com ligações para
diversos países da Europa e
da África Ocidental.
ADONES (Angola Domestic
Network System) é um cabo
de cerca de 1.800 km,
construído em 2009 na costa
de Angola, interligando
Benguela, Cabinda, Luanda,
Lucira, Namibe, Nzeto, Porto
Amboim e Soyo.
Fonte: Wikipedia

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 7


Normalização em Telecomunicações

 O carácter internacional das telecomunicações implica


normalização em aspectos tais como:
 aspectos técnicos (qualidade de serviço, interfaces, etc.);
 planificação geral da rede (estrutura da rede, números
telefónicos internacionais, etc.);
 problemas de exploração e gestão (preços das chamadas
internacionais, análise de tráfego, etc.).

 No plano das redes nacionais a normalização também é


importante de modo a:
 garantir a compatibilidade dos sistemas de diferentes
fabricantes;
 assegurar uma qualidade de serviço mínima a todos os
utilizadores;
 respeitar as convenções internacionais.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 8


Principais Organizações de Normalização

 International Telecommunication Union (ITU): Agência da ONU


responsável por todos os sectores das telecomunicações. Os
seus principais órgãos são:
 ITU Telecommunications Sector (ITU-T): Estudo de questões
técnicas, métodos de operação e tarifas para as redes de
transporte, redes telefónicas e de dados.
 ITU Radiocommunications Sector (ITU-R): Estudo de
questões técnicas e operacionais relacionadas com rádio-
comunicações, incluindo ligações ponto-a-ponto, serviços
móveis e de radiodifusão e ligações via satélite.

 O ITU é o principal organismo de normalização a nível mundial


na área das telecomunicações e das tecnologias de informação
e inclui 191 países como membros.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 9


Principais Organizações de Normalização

 European Telecommunications Standards Institute (ETSI):


Criado em 1988 para desenvolver as normas necessárias para
uma rede de telecomunicações pan-europeia. Teve um papel
importante no desenvolvimento da norma GSM.

 International Organization for Standardization (ISO): É uma


federação de organismos de normalização de vários países
(mais de 130). A norma OSI (Open System Interconnection) é
a mais conhecida na área das telecomunicações. O organismo
americano ANSI (American National Standards Institute)
também tem dado contribuições importantes. Refira-se, por
exemplo a normalização das cablagens.

 The Intitute of Electrical and Electronics Engineering (IEEE): É


a maior organização profissional em todo o mundo. O LAN/MAN
standards committee tem tido um papel muito importante na
área das redes com várias normas relevantes, como sejam a
802.3 (Ethernet) e o 802.11 (Wireless LAN).

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 10


Tipos de equipamentos

 O equipamento básico pode-se dividir em vias de transmissão e


elementos (dispositivos) de rede. Os elementos de rede
incluem equipamento terminal, equipamento de comutação,
sistemas de sinalização e gestão e servidores.
 Vias de transmissão: suporte de transmissão (cabos de pares
simétricos, cabo coaxial, fibra óptica, feixes hertzianos, etc.) +
repetidores (amplificadores, regeneradores).
 Equipamento terminal: interface com a rede (telefone,
computador, PPCA/IP-PABX, etc.).
 Equipamentos de comutação: comutadores digitais nas redes
telefónicas (comutação de circuitos), routers (comutação de
pacotes) nas redes de dados;
 Sistemas de sinalização e gestão: responsáveis por
processarem a informação de sinalização e gestão.
 Servidores: Dispositivos com capacidade para armazenar
informação (servidores de WWW e cabeças de rede nas redes
CATV, etc.).

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 11


Topologias de redes

A topologia é o arranjo (físico ou lógico) com que se interligam os


equipamentos de rede (também chamados dispositivos) usando um
determinado meio de transmissão (guiado ou não guiado)

1 2

 Redes em malha: caracterizada por um


número alto de ligações (todos os pontos 3

ligados entre si).


5

2
 Redes em estrela com comutação
centralizada: menos ligações, com um
1

3
ponto central que representa um mas
5 4
alto custo de comutação.

 Redes hierárquicas/em árvore: níveis 1 2 3

entre os pontos interligados, existindo


um ponto em que os ramos menores se 5 4

ligam. 6

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 12


Topologias de redes

 Topologia física de rede: representa a forma como os


equipamentos se interligam entre si usando os meios de
transmissão.
 É comum representar-se uma rede usando o conceito de grafos
G(V,E), onde o V= (v1, v2, …, vN) representa o conjunto de
vértices/nós e E = (e1, e2, …, eL) o conjunto de ligações/links;
 Pode-se igualmente representar a topologia física usando uma matriz
designada matriz de adjacências.
 A matriz de adjacência tem dimensão NXN e o elemento da matriz
vale 1 se existe ligação entre o nó de origem e de destino; e zero no
caso contrário.
 Topologia lógica de rede: descreve o fluxo de tráfego que
ocorre na rede.
 É geralmente representado pela matriz de pedidos. Em outras
ocasiões, a matriz de encaminhamento dá uma ideia do caminho
lógico pelo qual a informação passa da origem até ao destino.
 Na matriz de pedidos o elemento da matriz vale 1 se existe um
pedido (fluxo de tráfego) entre um nó de origem e um de destino; e
zero no caso contrário.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 13


Planos de Rede

 Numa rede de telecomunicações podem-se individualizar três


panos: Plano de utilizador, Plano de controlo e Plano de gestão.
 Plano de utilizador: responsável por transferir a informação do
utilizador através da rede. Assegura o suporte físico.
 Plano de controlo: responsável pelo processo de sinalização
associado ao estabelecimento, supervisão e terminação de
ligações. Exemplo de planos de controlo: Sistema de
sinalização nº 7, GMPLS (Generalized Multiprotocol Label
Switching), etc.
 Plano de gestão: Funções a nível de detecção e correcção de
falhas (gestão de falhas), configuração dos elementos de rede
(gestão de configuração), monitorização de desempenho
(gestão de desempenho), autorização de acesso (gestão de
segurança).

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 14


Redes de Telecomunicações

 Uma rede de telecomunicações compreendem o conjunto dos


meios técnicos (de natureza electromagnética) necessários
para transportar e encaminhar, tão fielmente quanto possível,
as informações à distância.
 As informações são representadas na forma de sinais cuja sua
característica define o seu tipo em sinais analógicos (aqueles
que possuem representação continua no tempo), digitais
(discretos no tempo) ou ópticos (representados como luz).
 As telecomunicações tem os seguintes ramos:
 Transmissão: transporte fiável de informações à distância;
 Comutação: encaminhamento da informação (por em
contacto dois utilizadores quaisquer, de acordo com as suas
ordens);
 Controlo e Gestão: responsável pela dinâmica (controlo) e
pela fiabilidade (gestão) das redes. A função do controlo é
implementada através de sinalização.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 15


Comutação de circuitos

 Na comutação de circuitos é estabelecida pela rede uma ligação


(circuito) entre dois utilizadores (chamado e chamador) para a
transferência de informação a qual é mantida durante toda a
comunicação.
 Envolve três fases: estabelecimento do circuito, transferência de
dados, e terminação.
 Os circuitos podem ser comutados ou semi-permanentes. Os
primeiros, como é o caso dos circuitos telefónicos, são
estabelecidos por acção do plano de controlo. Os segundo, como
é o caso dos caminhos nas redes SDH e dos canais ópticos nas
redes OTN são estabelecidos pela acção do plano de gestão.
 Como os recursos usados na ligação são reservados durante todo
o tempo em que a ligação está activa esta solução é apropriada
para o tráfego de voz, mas não é adequada para o tráfego de
dados que é bursty por natureza.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 16


Comutação de pacotes

 Na comutação de pacotes a informação é segmentada em


pacotes, que por sua vez são enviados através da rede de nó
para nó até atingirem o destino.
 Na comutação com datagramas a cada pacote inclui um
cabeçalho com informação do destino e da fonte. Cada pacote é
encaminhado individualmente através da rede, podendo
diferentes pacotes com o mesmo destino seguirem caminhos
diferentes.
 Na comutação por circuitos virtuais por sua vez requer o
estabelecimento prévio de uma circuito virtual entre a fonte e o
destinatário, o qual é seguido por todos os pacotes. O processo
de comunicação envolve três fases como na comutação de
circuitos. D
R E D E S

5
E
R E D E S 2
S
E

R
1 3

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 17


Segregação das redes
 As redes de telecomunicações podem ser analisadas segundo o
critério de camadas em rede de transporte e rede de serviço.
 A camada de rede de serviços funciona como cliente da camada
de rede de transporte.
 A camada de rede de transporte proporciona capacidade de
transporte de grande volume de informação, de acordo com os
requisitos definidos pela camada de rede de serviços. Em geral
esta camada usa tecnológicas de multiplexagem para o
agrupamento da informação na origem e a separação no
destino.
 A camada de rede de serviços é aquela que proporciona e
facilita a entrega dos serviços ao utilizador final, tais como as
redes telefónicas, redes de dados, redes FTTx, redes WLL ou
ainda redes móveis.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 18


Hierarquização da Rede de telecomunicações
 Uma rede de telecomunicações de dimensão nacional é
representada por uma estrutura hierárquica com três níveis:
núcleo, metro e acesso.
 A estrutura hierárquica é comum à rede de transporte e de
serviços.
Na rede de núcleo e na rede metropolitana
Núcleo
a topologia física é normalmente imposta 100s-1000s km
pela camada de transporte. Malha

A rede de acesso usa uma grande Metro


variedade de tecnologias e topologias, e é 10-100 km
Anel
responsável por uma fracção muito
importante do investimento feito numa Acesso
<10 km
rede. Anel, estrela, etc.

Tecnologias de transmissão no acesso: Utilizadores


pares de cobre, cabo coaxial, fibra óptica,
soluções rádio (FWA).
Fonte: J. Pires, RT - IST

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 19


Rede Telefónica Pública Comutada

A topologia mais simples para uma


rede telefónica é a topologia em
estrela, ligando uma central de Central de
comutação
comutação telefónica ao equipamento telefónica
terminal do utilizador. CC

Quando a dimensão da rede aumenta, .

torna-se mais económico dividir essa Telefone


rede em sub-redes de pequenas
dimensões, cada uma servida pela sua
Nº óptimo
própria central de comutação de centrais
telefónica. Custo total
Custo de comutação
Para interligar todas as centrais entre

Custo
si, a solução mais económica é usar
Custo da linha
uma central de nível superior: central
tandem.
Nº de centrais de comutação

Estrutura hierárquica
© Duano Silva Redes de Dados e Voz 20
Estrutura Hierárquica da RTPC

 Uma rede telefónica pública comutada apresenta uma estrutura


hierárquica e uma topologia em árvore não pura, porque à
medida que se sobe na hierarquia aumenta o número de ligações
directas entre centrais do mesmo nível.

Rede internacional Central Internacional

Centros de trânsito
Rede de núcleo
secundário
ou de troncas

Centrais Centros de trânsito


Tandem primários

Rede de junção
Centrais Local

Rede de acesso
ou local Transmissão
Linha de assinante
a 2 fios

A linha de assinante convencionais é constituída por pares de cobre, por


isso esta rede é muitas vezes designada por rede de cobre.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 21


Critérios de Qualidade

 Fidelidade
 As redes de telecomunicações devem garantir que
a informação nas suas diversas formas (voz,
música, vídeo, texto, etc.) é transmitida sem
perdas e alterações.
 Fiabilidade
 As redes de telecomunicações públicas devem assegurar
um serviço permanente e sem falhas (menos de duas
horas de indisponibilidade em 40 anos).
 Plano de transmissão
 Foi definido um parâmetro – o equivalente de
referência (ER);
 O caminho completo de uma ligação telefónica
inclui o percurso do sinal sonoro no ar desde a
boca do locutor até ao microfone e do altifalante
até ao canal auditivo do ouvinte.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 22


Factores determinantes na evolução das TIC

 Capacidade de transmissão
 Os utilizadores consomem cada vez mais
conteúdos usando as redes de serviço. As redes
de transporte devem estar preparadas para
responder aos requisitos de capacidade de
transmissão originadas pelas redes de serviço.
 Potência de processamento
 Os dispositivos dos utilizadores estão mais rápidos e
exigem das redes de telecomunicações maior potência
de processamento dos enormes volumes de informação.
 Capacidade de armazenamento
 A grande geração de conteúdos cria necessidade
de armazenamento de informação em centros de
dados com elevados requisitos de disponibilidade.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 23


Redes do Futuro

Servidores e
 As palavras chave vão
Camada de Serviços
Bases de Dados
ser banda larga,
convergência e
Interface aberta
resiliência.
 A banda larga irá
exigir a aproximação
Camada de Controlo de chamadas da fibra óptica ao
utilizador.
Interface aberta
 A convergência irá
reduzir o número de
tecnologias de rede
usadas tanto na
Camada de Acesso e Transporte Media Gateways e
Redes de Dados

camada de serviço,
IAD
como na camada de
RTPC transporte.

© Duano Silva Redes de Dados e Voz 24


Redes do Futuro

 Residential gateways, são os


equipamentos que provêm a
Rede de sinalização SS7
interface da rede
SoftSwitch
convergente com aparelhos
telefónicos convencionais
através de interfaces
analógicas a dois fios.
Plataformas de Serviços  Enterprise gateways, são os
MGCP/H248/SIP
Rede Telefónica
Pública Comutada
equipamentos que provêm a
Rede IP E1
interface da rede
RTP
RTP
Trunking Gateway
convergente com PABX
através de ligações E1,
utilizando principalmente
E1
Enterprise Gateway
sinalização R2 Digital.
Residencial Gateway  Trunking gateways, são os
PABX equipamentos que provêm a
interface da rede
convergente com a RTPC
Com o surgimento das OTT (Over-the-Top) e com através de ligações E1,
a necessidade de redução de custos, as redes utilizando principalmente
caminham para uma infra-estrutura totalmente IP. sinalização por canal comum
SS7.
© Duano Silva Redes de Dados e Voz 25

Você também pode gostar