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FILOSOFANDO II

O ESPIRITO DO JUDÔ

DANYS
QUEIROZ
INTRODUÇÃO
 Durante minha vida judoística, eu já li vários livros a respeito
de judô, mas sempre sinto a falta de explicações sobre este
tema, infelizmente, nossos professores estão mais preocupados
em aplicar com perfeição uma técnica do que investir tempo
refletindo sobre o judô, ou o seu espírito.
 O que eu procuro fazer aqui, é uma reflexão sobre cada citação
do shihan ( mestre ), que é o verdadeiro judô, Jigoro Kano,
quando pensou em judô; pensou na vida, e não meramente em
desporto, mas, se não estamos refletindo ou levando nossos
alunos a perceberem estes pensamentos, como lhes passaremos
a disciplina? O respeito tão propalados por nós professores?
INTRODUÇÃO
 Sem o espírito do judô não nos diferenciamos em nada do
vôlei, basquete ou outro desporto qualquer, ainda estamos
vendo o judô como uma arte marcial? (arte da guerra) será
que é isto que foi realmente criado pelo shihan?

 Nossos livros muito deles não fazem a menor citação sobre


a história, ou a pessoa de Jigoro Kano, muito menos sobre a
sua filosofia, que é o verdadeiro judô.
INTRODUÇÃO
 Aqueles que acham que judô é uma técnica bem
aplicada, por favor, recomecem sua prática ou reflita
sobre o que seja o verdadeiro judô.
 Não quero aqui esgotar o assunto, mas apenas alertar a
todos nós como professores e educadores, da
necessidade de darmos mas ênfase ao teor filosófico e
educacional do judô, e não apenas de sua técnica, que é
maravilhosa.
1 – CONHECER-SE E
DOMINAR-SE, E
DOMINAR-SE É
TRIUNFAR.
 Conhecer é a base para todo e qualquer progresso. E nesta
citação o shihan Jigoro Kano nos dá um grande desafio que
é lutar contra nós mesmos, mas ele com sua sapiência nos
mostra a arma para conseguirmos tal feito, que é o
autoconhecimento.

 Com este conhecimento você poderá empreender este


combate com amplas possibilidades de vitória, sabedores
que nós estamos em um eterno processo de mudança em
nossa luta, tornando-a infinda e desafiadora. ”domina aos
outros e tu és grande, domina-te e serás um gigante”.
2 – QUEM TEME
PERDER JÁ ESTÁ
VENCIDO.
 O judô é um esporte de confronto e nós estamos todos os dias
competindo e colocando à prova nossos conhecimentos e
habilidades técnicas; mas como nós vivemos em sociedade nos
deparamos com algumas exigências desta.
 Como exemplo: que é de sempre vencer.

 Já que nós estamos na “ era nos fortes “ ou seja, não se admite


perder, por ser demonstração de fraqueza, e para não
enfrentarmos a possibilidade de derrota fugimos da competição,
colocando a culpa em outros, nas circunstâncias, nos colocando
como superiores ao adversário, inventando lesões, ou outros
meios de fuga ou desculpas que possamos criar para evitar o
confronto, ou mesmo reconhecermos que não podemos vencer o
adversário.
 Nos damos como derrotados sem mesmo enfrentarmos
nossos adversários. É neste momento que nos tornamos
covarde, não porque perdemos, mas por não termos
enfrentado ou mesmo por nos dá por vencido antes mesmo
de iniciar o combate. Não devemos, nunca, fugir dos
embates e combates da vida.
 O shihan Jigoro Kano nos desafia a enfrentarmos todo e
qualquer adversário com coragem, não quer dizer que não
tenhamos ansiedade ou mesmo medo, mas devemos
enfrentar dando o melhor de nós mesmos, buscando sempre a
vitória, se não conseguirmos, devemos tirar lições desta
derrota para os próximos combates.

 Sempre enfrentá-los de cabeça erguida e com um só


pensamento que é a vitória. Mesmo naqueles os quais
tenhamos tido experiência da derrota. O desafio aqui não é
sermos sempre vencedores, mas sim, sempre lutarmos por
aquilo que acreditamos, e em nós mesmos.
3 – SOMENTE SE APROXIMA DA
PERFEIÇÃO QUE A PROCURA
COM CONSTÂNCIA, SABEDORIA
E, SOBRETUDO COM
HUMILDADE.
 o novo desafio lançado pelo mestre agora é nos
aproximarmos da perfeição.

 Primeiro o que é a perfeição?

 Perfeito seria sem falhas ou defeitos; sabendo que isto é


inatingível, o shihan nos desafia a aproximarmos o máximo
possível da perfeição, sabendo que este objetivo é difícil, o
shihan nos mostra o caminho para atingirmos este objetivo:
Primeiro constância, aqui significa: freqüência, assiduidade,
nunca desistir, não recuar diante dos obstáculos já que temos
um objetivo em mente.
 O segundo é a sabedoria (aplicação do conhecimento
adquirido).
 Não no sentido de conhecermos tudo ou tornarmo-nos
intelectuais, mas sim saibamos distinguir o que é bom ou
ruim para o nosso progresso.
 Se o que ora se apresenta contribuirá ou não para esta
caminhada, ou ainda, criar estratégias para adquirirmos
maiores conhecimentos sem nunca perdermos o objetivo
desta busca constante e infinda.
 A nossa arma principal é a humildade; humildade não
significa como muitos pensam, aceitar tudo de todos sem
questionar, isto é submissão;
 O shihan nos convida a percebermos todas as pessoas que
estão ao nosso redor como potenciais professores;
 Não subestimarmos o conhecimento ou a capacidade dos
outros de nos ensinar, “ ninguém é tão pequeno que não
tenha o que ensinar e ninguém é tão grande que não tenha
o que aprender “.
 Ou mesmo aprendermos diante de qualquer evento que se
apresente a nós, durante nossa vida.
 4 – QUANDO VERIFICARES COM
TRISTEZA, QUE NADA SABES,
TERÁS FEITO TEU PRIMEIRO
PASSO NO APRENDIZADO
 Uma das tarefas mais difíceis no processo ensino
aprendizagem é reconhecermos o nosso estado de ignorância
. diante de um fato novo, ou mesmo de uma visão diferente da
que possuímos, do que pensávamos conhecer.

 É quando nós percebemos este novo, que abrimos a nossa


mente para aprender e crescer, não simplesmente como
judoca, mas sim, como seres humanos, pensantes e
participantes de uma sociedade competitiva e que exige um
crescente progresso de cada um de nós.
 Só não cresce, aquele que se percebe conhecedor total de
um assunto.

 Quando verificamos que ainda temos o que aprender,


começamos a trilhar o verdadeiro caminho da
aprendizagem.

 Devemos sempre nos colocar na posição de aprendizes,


mesmo daquilo que imaginamos conhecedores.
5 – NUNCA TE ORGULHES DE
HAVER VENCIDO UM
ADVERSÁRIO. AO QUE
VENCESTE HOJE, PODERÁ
DERROTAR-TE AMANHÃ. A
ÚNICA VITÓRIA QUE PERDURA
É A QUE SE CONQUISTA SOBRE
A PRÓPRIA IGNORÂNCIA.
 Normalmente se vincula o desempenho em uma arte ou
esporte aos resultados obtidos em competições, em que o
principal objetivo é a vitória sobre um adversário que
supostamente tem o mesmo objetivo.
 Mas o que é vencer? Será apenas um ippon bem aplicado?
Com quem estamos competindo? com o outro ou com nós
mesmos ?
 Se a sua luta é apenas com o seu adversário, você ainda
não aprendeu o que é judô, e o orgulho da vitória é
plenamente justificado.
 Se você, é realmente um praticante de judô, você vai
perceber que vencer é importante, mas não o essencial.

 E nunca pensarmos, que por vencê-lo hoje, seremos


imbatíveis perante aquele adversário, que é a soberba.

 A cada, shiai, o resultado, pode se modificar de acordo


com a nossa preparação, e nesse segundo combate, poderá
se inverter o resultado que tanto nos orgulhou, mas, o
shihan nos mostra que vencer o outro, não pode, e nem
deve ser o objetivo principal da nossa prática judoística, e
do dia a dia do judoca.
 A única vitória que devemos perseguir de forma incansável, é
vencer a nossa ignorância, que é a falta de conhecimento e
humildade .
 A nossa maior competição, não é com um suposto adversário,
mas sim, com nós mesmos; e este adversário que na realidade é
um irmão de prática judoística, que tem o mesmo propósito,
que é crescer e não vencer um ao outro, mas sim, a nós
mesmos.
 Somos sempre vencedores independentes do resultado, quando
aprendemos alguma coisa que nos torne melhor do que quando
iniciamos o shiai.
 Cada vez que vencemos a nós mesmos, ou a nossa ignorância.

 Verdadeiramente estamos sendo vencedores sem o perigo do


revés.
6 – O PRATICANTE DE JUDÔ
NÃO SE APERFEIÇOA PARA
LUTAR, LUTA PARA SE
APERFEIÇOAR.
 Este talvez seja o cerne de tudo o que foi escrito até o
momento, crescer sempre, seja como filho, pai, cidadão e
também como judoca.

 Evoluir sempre, em todas as esferas da relação humana.

 O shihan nesta citação, demonstra o verdadeiro valor das


técnicas e da arte criada por ele, que é o de meio, ou seja,
caminho para algo superior, que é o crescimento interno e
evolução do homem na sociedade.
 Nunca simplesmente derrubar, imobilizar ou finalizar
(estrangular ou chave de braço).

 O caminho que percorre para aprender todas estas


técnicas, é que realmente é o judô.

 Judô não é a técnica, e sim, a busca que nós fazemos para


adquirir este conhecimento técnico que produzirá naquele
que o busca, o autocrescimento e o autoconhecimento.
7 – SABER CADA DIA UM
POUCO MAIS,
UTILIZANDO O SABER
PARA O BEM, ESSE É O
CAMINHO DO
VERDADEIRO JUDOCA.

 Crescer é o objetivo único e continuo da pratica do judô.

 Mas fica uma pergunta o quer fazer com este


crescimento?

 O shihan, não só nos indica, mas praticamente nos ordena


o caminho a ser seguido.

 Que é o bem. Não nos disse em que área da vida


devemos seguir, mas sim o nosso norte, seja em que área
nós escolhamos.
 Sempre fazer o bem, independente de lugar ou atividade,
contrastando com tudo o que foi dito por muitas artes
naqueles dias e hoje.

 Não há sentido, em você aprender uma arte para


digladiar com outros em ruas e bares.

 A paz e o bem são os únicos caminhos que podem fazer


sentido para aqueles que praticam o verdadeiro judô.
8 – PRATICAR O JUDÔ É EDUCAR
A MENTE A PENSAR COM
VELOCIDADE E EXATIDÃO, BEM
COMO O CORPO A OBEDECER
COM JUSTEZA. O CORPO É UMA
ARMA CUJA EFICÁCIA DEPENDE
DA PRECISÃO COM QUE SE USA A
INTELIGÊNCIA.
 Nesta citação, muitos ao lê-la podem pensar que o shihan
está nos incitando à violência; longe de tal pensamento os
praticantes de judô.

 O que o shihan nos indica, é que não podemos pensar no


corpo sem o devido ajuste da mente e o seu uso em total
dependência da inteligência.

 Porque, quando se usa a inteligência, jamais usaríamos o


nosso corpo para um ato violento.
 Porque, ai sim, estaríamos sendo contraditórios com tudo
o que foi escrito até o presente momento e com toda a
filosofia apregoada pelo shihan.

 Aqui também fica explícito que conteúdo técnico quando


utilizado com o devido sincronismo com a mente, pode
se tornar uma arma muito eficiente, que nós só
poderemos utilizá-la em situações extremas, para não
incorrermos em contradição com a filosofia judoística e
com nós mesmos.
9 – NAS ÁGUAS DO RIO
DA VIDA, CHEGA MAIS
LONGE, QUEM NADA
COMO DEVE, QUANDO
DEVE E ATÉ ONDE DEVE.
 Neste momento, o shihan, enfim nos mostra com toda a clareza
o propósito do judô; a vida, ele não disse tatame, não disse
Dojô, não foi dito shiaijô. Mas sim vida.
 Devemos transferir tudo o que aprendemos para a vida, com
conhecimento de nós mesmos e de toda a situação que nos
circunda.
 Sabendo exatamente onde ir, ou seja, com objetividade na nossa
vida e não ficarmos gastando tempo naquilo que não irá nos
trazer nem um benefício em prol do nosso objetivo maior.
 Para podermos chegar ao nosso objetivo, temos que criar
estratégias, que é justamente o quando, onde, como e até onde.
 Sem nunca fugirmos do foco principal.
10- CEDER PARA
VENCER.
 Este na nossa vida, é de difícil aplicação, porque nos parece
uma derrota aparente no momento inicial da ação, mas que,
com a continuidade vai-se percebendo que a ação inicial se
torna em progresso para o nosso objetivo.

 O que é ceder? É não medirmos forças contra o nosso


adversário, pois só gastaríamos energia e tempo resistindo ao
oponente, que no momento demonstra ser superior a nós, e é
neste momento que você cede.

 Ele lhe empurra com mais veemência, o que é a aparente


derrota, mas também é o momento de maior desequilíbrio do
seu oponente, e é neste momento que você usa a força dele
para projetá-lo.
 Esta explicação física, é para que produza um maior
entendimento, ou seja, calmo e passivo para saber exatamente
a hora devida de utilizar o momento de aparente derrota para o
seu crescimento.

 “esteja sempre pronto para ouvir, tardio para falar e


tardio para se irar”.

 Saber o momento certo para agir, e usar a força (atitude) com


inteligência (determinação) é que produzirá o vencer.
11 – JUDOCA É O QUE POSSUI:
INTELIGÊNCIA PARA COMPREENDER
AQUILO QUE LHE ENSINAM;
PACIÊNCIA PARA ENSINAR O QUE
APRENDEU AOS SEUS SEMELHANTES
E FÉ PARA ACREDITAR NAQUILO QUE
NÃO COMPREENDE.
 Nesta citação, o shihan especifica três qualidades que o judoca
deve ter.
 A primeira é a inteligência, para aprender, nós devemos ser
sedentos pelo aprendizado, sempre observar o que está sendo dito e
abrirmos a mente apara o novo ,independente de quem ou o que
seja o professor.
 Ouçamos tudo e retenhamos aquilo que for proveitoso para o
nosso progresso.
 A segunda é a paciência, não mais para aprender, mas sim para
ensinar ao próximo. Nesta citação ele demonstra que o
conhecimento só tem sentido se for passado para outros; nunca
reter, sempre passar, com paciência e determinação, já que nem
todos têm o mesmo talento para o aprendizado mas todos têm o
direito de conhecer o judô; não devemos ser egoísta no
conhecimento e sim altruístas. sem falar que quanto mas ensinamos
mas aprendemos, pois, não existe maior forma de aprender do que
ensinando.
 O terceiro item é a fé.
 Confiar naquilo que nos parece inicialmente sem sentido mas
tenhamos calma e saibamos esperar, para depois de uma analise
profunda e minuciosa constataremos que aquilo que nos parecia
sem sentido, poderá nos trazer grande conhecimento e
crescimento.

 Desacreditar sem um prévio conhecimento é preconceito; só


devemos conceituar aquilo que realmente temos um
conhecimento profundo. se não temos este conhecimento,
devemos esperar o que ocorre com sabedoria e paciência.
12–A FRAQUEZA É SUSCEPTÍVEL, A
IGNORÂNCIA É RANCOROSA, O
SABER É A FORÇA DA
COMPREENSÃO, AQUELE QUE
COMPREENDE PERDOA.
 Encerrando o espírito do judô, que é toda a linha filosófica
do judô e de seu praticante, o shihan encerra fazendo duas
admoestações.

 Uma quanto a fraqueza e a segunda quanto a ignorância.

 Este conjunto, pode nos levar a tomar atitudes e posturas


contrárias ao nosso pensamento e querer; estes dois são
péssimos conselheiros na hora da decisão.

 Como em todas as citações anteriores, o shihan nos mostra


os verdadeiros conselheiros e a atitude a ser tomada.
 o nosso conselheiro sempre deve ser a sabedoria, porque dela
vem a compreensão, e aquele que soube ouvir, analisar, e pesar
as atitudes, só vai restar-lhe um caminho, que é o do perdão,
para aquilo que no começo julgávamos ser uma agressão.

 O caminho do perdão e da compreensão; é o verdadeiro


caminho do judoca.

 Ensinar a derrubar é a tarefa, mais fácil que eu já encontrei,


mas ensinar a perdoar, esta ainda estou a aprender com os meus
professores, alunos, pais, irmãos, amigos, inimigos, se é que os
tenho, e todos aqueles que me circundam, e eu agradeço a
oportunidade que me dão de por em pratica este conhecimento.
AVALIAÇÃO

 Comente sobre cinco das máxima de Jigoro Kano.

 Entregar até segunda feira,

Obrigado

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