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Língua Portuguesa – 2ª Série do Ensino Médio

Ainda é possível ser romântico?

Objetivo da aula: Texto argumentativo (foco:


escrita); gênero Artigo de Opinião.
Habilidades: Formular opinião sobre determinado
fato artístico, científico ou social, defendendo-a por
meio de argumentação lógica.
O que faremos hoje?

• Relembrar o Romantismo.
• Ler um trecho de “Iracema”, de José de Alencar.
• Refletir sobre o modo como os casamentos eram
vistos nos séculos XIX e XX.
• Elaborar um artigo de opinião para apresentar ao
professor.
Compartilhe no chat...

Num mundo como o nosso, com tantos


relacionamentos vazios e sem sentido, ainda é
possível viver uma história de amor como as dos
filmes românticos e das narrativas encontradas
nas obras literárias do Romantismo?
Relembrando: Caderno do Aluno, pág. 109

O Romantismo iniciou-se em 1836, logo após a


independência política do Brasil, sendo influenciado
pelos ideais da Revolução Francesa e da
Independência dos Estados Unidos, contrapondo-se
ao colonialismo português e buscando uma
identidade nacional.
Este movimento literário foi dividido em três
diferentes gerações, sendo a primeira conhecida
como Nacionalista/Indianista, a segunda como
Ultrarromântica e a terceira, Condoreira.
“Iracema” – José de Alencar

MNBA/Wikimedia Commons https://pt.wikipedia.org/wiki/Iracema#/media/Ficheiro:Iracema_hi.jpg


“Iracema” – José de Alencar
“[...] Além, muito além daquela serra, que
ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a
virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais
negros que a asa da graúna, e mais longos que seu
talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso;
nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito
perfumado.

Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000136.pdf>


Mais rápida que a corça selvagem, a morena
virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava
sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e
nu, mal rocando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia
a terra com as primeiras aguas.
Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um
claro da floresta.
Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais
fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia
silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos.
Escondidos na folhagem, os pássaros ameigavam o canto.
[...]”
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000136.pdf>
No excerto: “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais
negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O
favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no
bosque como seu hálito perfumado”.
Quais figuras de linguagem aparecem
neste trecho?
(A) Pleonasmo e antítese.
(B) Eufemismo e hipérbole.
(C) Metonímia e antítese.
(D) Metáfora e comparação.
Zenon Barreto/CC BY/
(E) Catacrese e metonímia. Wikimedia Commons

SÃO PAULO-SP. São Paulo Faz Escola. Caderno do Aluno, 2ª série, Vol. 2, p. 112.
No excerto: “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos
mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de
palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha
recendia no bosque como seu hálito perfumado”.
Quais figuras de linguagem aparecem
neste trecho?
(A) Pleonasmo e antítese.
(B) Eufemismo e hipérbole.
(C) Metonímia e antítese.
(D)Metáfora e comparação.
Zenon Barreto/CC BY/
(E) Catacrese e metonímia. Wikimedia Commons

SÃO PAULO-SP. São Paulo Faz Escola. Caderno do Aluno, 2ª série, Vol. 2, p. 112.
“[...] Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda
a roreja, como a doce mangaba que corou em manhã de
chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as
flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata,
pousado no galho próximo, o canto agreste.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca
junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá
chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha
matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos
fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e
as tintas de que matiza o algodão.

Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000136.pdf>


Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta.
Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra;
sua vista perturba-se.
Diante dela e todo a contemplá-la, está um
guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau
espírito da floresta. Tem nas faces o branco das
areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das
águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos
cobrem-lhe o corpo. [...]”

Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000136.pdf>


No excerto:
“Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é
guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das
areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas.
Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo”.

Qual é a maior diferença entre


Iracema e o “guerreiro estranho”
que surge a observá-la?

Mizunoryu/CC BY-SA/ Wikimedia Commons


https://pt.wikipedia.org/wiki/Iracema#/media/
Ficheiro:Est
%C3%A1tua_de_Iracema_de_Messejana_3.JPG
“[...] Foi rápido, como o olhar, o gesto de
Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de
sangue borbulham na face do desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a
cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro
aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é
símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que
da ferida.

Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000136.pdf>


O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto,
não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a
uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que
causara.
A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e
compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema
quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido,
guardando consigo a ponta farpada.[...]”

Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000136.pdf>


“O guerreiro que encontra Iracema é Martim, que formarão o par
romântico da história. Nesta cena, ao se conhecerem, Iracema lança uma
flechada e fere Martim.”
A cena é tratada com suavidade.
Na sua opinião, por que o guerreiro “Sofreu mais d’alma
que da ferida”?

MASP/ Wikimedia Commons


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ira
cema_(Antonio_Parreiras,_1909).jpg
“[...] O guerreiro falou:
— Quebras comigo a flecha da paz?
— Quem te ensinou, guerreiro branco, a
linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas,
que nunca viram outro guerreiro como tu?
— Venho de bem longe, filha das florestas. Venho
das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os
meus.
— Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos
tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém,
pai de Iracema. [...]”
ALENCAR, José de. Iracema. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000014.pdf>.Acesso em: 12 nov. 2019.
A produção literária da 1ª e 2ª gerações românticas, do século XIX,
destacou a mulher como figura idealizada.
Identifique no trecho retirado da obra “Iracema”, características
que comprovem essa afirmação.
Comente.
Na aula anterior, nós lemos um trecho do
romance “Senhora”, de José de Alencar. Nele, Seixas
casa-se com Aurélia por interesse em seu dinheiro.
Em “Iracema”, do mesmo autor, Iracema e
Martim se relacionam por um verdadeiro amor,
muito embora Martim nunca se satisfaça apenas com
o amor da moça, deixando-a sozinha para guerrear.
Ironicamente, em “Senhora” há um final feliz
e em “Iracema”, não.
Vamos elaborar um artigo de opinião a partir das
questões levantadas nas nossas duas últimas aulas...
Relembrando as questões da aula anterior...

Qual é a sua opinião em relação ao casamento por


interesse financeiro, de poder, por status ou prestígio
social? Comente.
Você acredita que se não há dinheiro, não há amor?
Por quê?
No Caderno do Aluno, na página 113, você
encontrará dois links com dois textos de apoio que o
auxiliarão a produzir o seu artigo de opinião; são eles:
• Artigo: Casamento, um contrato social: práticas
matrimoniais no Brasil oitocentista.
• Artigo: Casamento por interesse financeiro.
Releia os textos “Senhora” e “Iracema” e os indicados na
página 112 do Caderno do Aluno do 2º bimestre e,
considerando a questão polêmica: “Todo relacionamento
envolve algum tipo de interesse?”, elabore o seu artigo
de opinião.
Vamos relembrar a estrutura de um artigo de opinião?
Questão polêmica, responda no chat:

Todo relacionamento envolve algum tipo de interesse?


Tese:

O seu posicionamento.
• Argumento 1 (defesa da posição)
• Argumento 2 (defesa da posição)
Conclusão
Assuma o papel de um articulista para escrever um
artigo de opinião, posicionando-se a respeito da
questão polêmica “Todo relacionamento envolve
algum tipo de interesse?”.
Seu texto poderá ser publicado num blog ou
compartilhado via redes sociais com o objetivo de
promover reflexões sobre os temas tratados,
oferecendo conteúdo diversificado, gratuito e
relevante para seus leitores.
REVISANDO O ARTIGO DE OPINIÃO

Após a produção do texto, revise-o e, se necessário,


reescreva-o. Seguem algumas dicas para apoiá-lo nesta
etapa de revisão:
O título está adequado ao assunto?
Atendeu ao contexto de produção, considerando:
• Gênero;
• Público-alvo;
• Lugar onde vai circular;
• Posição social do autor?
Elementos estruturais do texto:

• Posicionou-se claramente frente à questão polêmica?


• Os argumentos estão desenvolvidos para defesa de seu ponto de
vista?

• Concluiu o texto retomando o posicionamento assumido na tese?


Análise linguística:

• Empregou a linguagem adequada ao gênero?

• Atendeu às normas de convenção da escrita?


• Utilizou organizadores textuais (conjunções, advérbios e locuções)
para articular os argumentos entre si?
O que fizemos hoje?

• Relembrar o Romantismo.
• Ler um trecho de “Iracema”, de José de Alencar.
• Refletir sobre o modo como os casamentos eram
vistos nos séculos XIX e XX.
• Elaborar um artigo de opinião para apresentar ao
professor.

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