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A PROSA DO ROMANTISMO

Caminhante Sobre o Mar de Névoa, de Caspar David Friedrich

Henrique Landim
ROMANCE DE FOLHETINS
Estas histórias de leitura rápida eram publicadas todos os dias
nos jornais em espaços determinados e destinados ao
entretenimento, era o Folhetim, gênero importado da França, e
que com o gradual desenvolvimento das cidades, em especial o
Rio de Janeiro, ocasionou a criação de inúmeros jornais diários,
encontrou amplo espaço de publicação na capital do Império, e
no interior do país. A leitura das publicações de romances de
folhetim e muitos outros costumes influenciaram de uma
maneira marcante a formação da identidade nacional brasileira,
que assimilava os modelos europeus e os adaptava ao nosso
cotidiano, em um momento de construção do estilo de vida que
estava sendo adotado pelo povo brasileiro.
O ROMANCE ROMÂNTICO
No Brasil, o romance romântico (em Macedo, Alencar, Bernardo Guimarães, Franklin
Távora, Taunay) elaborou a realidade, a partir do ponto de vista que norteou todo o
nosso Romantismo, ou seja, o nacionalismo literário. O nacionalismo na literatura
brasileira consistiu, basicamente, em escrever sobre coisas locais; no romance, a
consequência foi a descrição de lugares, cenas, fatos e costumes do Brasil, ampliando
largamente a visão da terra e do homem brasileiro. O romance se desdobra numa
larga frente que não cessaria de se ampliar e refinar. Iniciado em fins do decênio de 30,
com algumas novelas pouco apreciáveis, toma corpo em 1843 com O Filho do
Pescador, de Teixeira e Sousa, e A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, no ano
seguinte.
Há três graus na matéria romanesca, determinados pelo espaço em que se
desenvolve a narrativa:

CIDADE: Vida Urbana

CAMPO: Vida Rural

SELVA: Vida Selvagem


O ROMANCE INDIANISTA
O Romance Indianista, tipicamente brasileiro, foi um das principais tendências do nosso Romantismo. O
prestígio do indianismo - que trazia o índio e os costumes indígenas como foco literário - junto ao
público foi amplo e imediato. Vários fatores contribuíram para a sua implantação. Dentre eles citamos:
As ideias do pensador iluminista e pré-romântico Jean Jacques Rousseau. Segundo ele o homem
originalmente é puro, mas é corrompido ao entrar em contato com a civilização. Portanto, Rousseau via
no homem primitivo o modelo de ser humano. No Brasil essas ideias encontraram plena aceitação entre
os artistas e o publico, já que nosso índio podia ser identificado como o bom selvagem de Rousseau; por
não contarmos com a riquíssima matéria aventuresca medieval do Romantismo Europeu: o cavaleiro
medieval representava a figura do herói romântico, justo fiel, corajoso, forte e ético. No Brasil, o herói
cavaleiro não poderia existir, pois não houve Idade Média, então, nosso índio passou a representar a
pureza, a inocência do homem não corrompido pela sociedade, além de assemelhar-se aos heróis
medievais. O próprio Brasil, recém-independente, passou a ser visto como uma espécie de "paraíso
americano" a salvo da decadência cultural das civilizações portuguesa e europeia em geral

Exemplo: Iracema, de José de Alencar


Iracema (1865), de José de Alencar
PERSONAGENS:

1. Iracema, índia tabajara, guardadora do segredo da jurema, planta alucinógena;


2. Martim, colonizador português, baseado em Martim Soares Moreno;
3. Araquém, pajé tabajara e pai de Iracema;
4. Caubi, guerreiro tabajara e irmão de Iracema;
5. Irapuã, chefe dos tabajaras, principal inimigo de Martim;
6. Andira, velho guerreiro, irmão de Araquém;
7. Poti, guerreiro potiguara e aliado de Martim;
8. Jacaúna, chefe dos potiguaras;
9. Moacir, filho de Iracema e Martim;
10. Japi, cão de Martim.
Iracema (1865), de José de Alencar
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO:
01 - Leia o texto a seguir:

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais
longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia
no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o
sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu,
mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. (ALENCAR, José
de. Iracema: lenda do Ceará. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 15.)

Em termos de genealogia literária, o fragmento apresentado pertence a uma obra do gênero narrativo.
Não obstante, sua linguagem se utiliza de elementos do gênero

a) dramático
b) cômico
c) lírico
d) épico
e) trágico
02 - Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais
longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia
no bosque como seu hálito perfumado (...) Cedendo à meiga pressão, a virgem reclinou-se ao peito do
guerreiro, e ficou ali trêmula e palpitante como a tímida perdiz (...) A fronte reclinara, e a flor do sorriso
expandia-se como o nenúfar ao beijo do sol (...). Em torno carpe a natureza o dia que expira. Soluça a
onda trépida e lacrimosa; geme a brisa na folhagem; o mesmo silêncio anela de opresso. (...) A tarde é a
tristeza do sol. Os dias de Iracema vão ser longas tardes sem manhã, até que venha para ela a grande
noite. (ALENCAR, José de. Iracema. 36. ed. São Paulo: Ática, 2001, p. 12),

Os fragmentos anteriores constroem-se estilisticamente com figuras de linguagem, caracterizadoras do


estilo poético de Alencar. Apresentam eles, dominantemente, as seguintes figuras:

a) comparações e antíteses.
b) antíteses e inversões.
c) pleonasmos e hipérboles.
d) metonímias e prosopopeias.
e) comparações e metáforas.
03 - (UFU-MG) Sobre Iracema, de José de Alencar, podemos dizer que:

1) as cenas de amor carnal entre Iracema e Martim são de tal forma construídas que o leitor as percebe
com vivacidade, porque tudo é narrado de forma explícita.
2) em Iracema temos o nascimento lendário do Ceará, a história de amor entre Iracema e Martim e as
manifestações de ódio das tribos tabajara e potiguara.
3) Moacir é o filho nascido da união de Iracema e Martim. De maneira simbólica ele representa o
homem brasileiro, fruto do índio e do branco.
4) a linguagem do romance Iracema é altamente poética, embora o texto esteja em prosa. Alencar
consegue belos efeitos linguísticos ao abusar de imagens sobre imagens, comparações sobre
comparações.

Assinale:

(A) se apenas 2 e 4 estiverem corretas.


(B) se apenas 2 e 3 estiverem corretas.
(C) se 2, 3 e 4 estiverem corretas.
(D) se 1, 3 e 4 estiverem corretas.
04 - A próxima questão refere-se ao texto abaixo.

Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias
ensombradas de coqueiros;
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à
flor das águas.

Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como um todo, é possível afirmar que:

(A) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças indígenas da
América.
(B) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os Pitiguaras.
(C) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais perfeito da
prosa poética na ficção romântica brasileira.
(D) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como um romance
histórico.
(E) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e significa “lábios de fel”.
05 - Considere os dois fragmentos extraídos de Iracema, de José de Alencar.

I. Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela? Onde vai como branca
alcione buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano? Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce,
mar em fora. Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no
berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem.

II. O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu das praias do Ceará, levando no frágil barco o filho e o cão fiel. A
jandaia não quis deixar a terra onde repousava sua amiga e senhora. O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da
pátria. Havia aí a predestinação de uma raça?

Ambos apresentam índices do que poderia ter acontecido no enredo do romance, já que constituem o começo e o fim da
narrativa de Alencar. Desse modo, é possível presumir que o enredo apresenta

A) o relacionamento amoroso de Iracema e Martim, a índia e o branco, de cuja união nasceu Moacir, e que alegoriza o processo
de conquista e colonização do Brasil.
B) as guerras entre as tribos tabajara e pitiguara pela conquista e preservação do território brasileiro contra o invasor estrangeiro.
C) o rapto de Iracema pelo branco português Martim como forma de enfraquecer os adversários e levar a um pacto entre o
branco colonizador e o selvagem dono da terra.
D) a vingança de Martim, desbaratando o povo de Iracema, por ter sido flechado pela índia dos lábios de mel em plena floresta e
ter-se tornado prisioneiro de sua tribo.
E) a morte de Iracema, após o nascimento de Moacir, e seu sepultamento junto a uma carnaúba, na fronde da qual canta ainda a
jandaia.
O ROMANCE URBANO
Surge num período que compreendeu o fim do Condoreirismo e o início do Romance
Indianista. O Romance Urbano ou de Costumes faz menção às obras que retratam o Brasil no
período do Segundo Reinado (1831-1840). Principalmente com habitação no Rio de Janeiro,
as obras buscavam apontar os aspectos mais negativos da vida urbana e uma crítica ao
cotidiano burguês. De modo irônico, as obras faziam menções sarcásticas a vida carioca de
meados do século XIX. O Romance Urbano tem por característica abordar um enredo de
disputas amorosas, intrigais entre casais e as desigualdades socioeconômicas da época. Além
disso, o desfecho da história comumente é feliz e com o amor como a salvação.

Exemplo: Senhora, de José de Alencar


Senhora (1875), de José de Alencar
O romance “Senhora” foi publicado pela primeira vez em 1875 e é organizado em quatro partes que
definem uma transação comercial, simbolizando metaforicamente o casamento por interesse.

Resumo
Senhora faz uma crítica à união matrimonial por interesses financeiros. O casamento é descrito como
uma transação comercial, o que fica explícito nos títulos das quatro partes que compõem a obra: “O
preço”, “Quitação“, “Posse” e “Resgate”.

O preço
Na primeira parte, Aurélia, rica frequentadora da corte, é disputada pelos jovens da sociedade, em
razão de seus dotes físicos e financeiros. Ela envia seu tio e tutor para negociar seu casamento com
Fernando Seixas — rapaz de origem simples, mas que mantinha hábitos de moço rico – oferecendo a
ele um dote para que ele se case com ela. No entanto, há uma condição: ele não saberia a identidade
da noiva antes de aceitar o acordo. A princípio relutante, Seixas aceita.
Quitação
Na segunda parte, por meio de um fashback, revela-se a origem humilde de Aurélia e o início de sua
relação com Fernando, que a abandonou por outra mulher. Também é esclarecido o motivo da ascensão
social de Aurélia, que herdara a fortuna do avô que fora, antes, indiferente a ela.

Posse
Na terceira parte, Fernando está casado com Aurélia. Um casamento, porém, de aparências, em que ela
o humilha por tê-lo “comprado”. Revelam-se, portanto, as contradições entre o falso comportamento do
casal, em sociedade, e a real hostilidade que alimentam, na intimidade.

Resgate
Na quarta parte, a paixão que Aurélia ainda nutre por Fernando começa a suplantar o desejo de
vingança. Ele também muda de comportamento: deseja devolver o dinheiro do dote e se ver livre. Mas,
ao se despedir da jovem esposa, esta lhe faz uma grande declaração de amor. A partir de então,
apaixonados, vivem um final feliz.
PERSONAGENS:

1. Aurélia Camargo
2. Emília Camargo
3. Pedro Camargo
4. Emílio Camargo
5. Lourenço Camargo
6. Fernando Seixas
7. D. Firmina Mascarenhas
8. Adelaide do Amaral
9. Lemos
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

01 - (ITA) O romance Senhora (1875) é uma das obras mais representativas da ficção de José de -
Alencar. Nesse livro, encontramos a formulação do ideal do amor romântico: o amor verdadeiro e
absoluto, quando pode se realizar, leva ao casamento feliz e indissolúvel. Isso se confirma, nessa
obra, pelo fato de:

a) o par romântico central — Aurélia e Seixas — se casar no início do romance, pois se apaixonam
assim que se conhecem.
b) o amor de Aurélia e Seixas surgir imediatamente no primeiro encontro e permanecer intenso até
o fim do livro, quando o casal se une efetivamente.
c) o casal Aurélia e Seixas precisar vencer os preconceitos socioeconômicos para se casar, pois ela é
pobre e ele é rico.
d) a união efetiva só se realizar no final da obra, após a recuperação moral de Seixas, que o torna
digno do amor de Aurélia.
e) o enriquecimento repentino de Aurélia possibilitar que ela se case com Seixas, fatos que são
expostos logo no início do livro.
02 - A questão central, proposta no romance Senhora, de José de Alencar, é a do casamento.
Considerando a obra como um todo, indique a alternativa que NÃO condiz com o enredo do
romance.
a) O casamento é apresentado como uma transação comercial e, por isso, o romance estrutura-
se em quatro partes: preço, quitação, posse, resgate.
b) Aurélia Camargo, preterida por Fernando Seixas, compra-o e ele, contumaz caça-dote, sujeita-
se ao constrangimento de uma união por interesse.
c) O casamento é só de fachada e a união não se consuma, visto que resulta de acordo no qual
as aparências sociais devem ser mantidas.
d) A narrativa marca-se pelo choque entre o mundo do amor idealizado e o mundo da
experiência degradante governado pelo dinheiro.
e) O romance gira em torno de intrigas amorosas, de desigualdade econômica, mas, com final
feliz, porque, nele, o amor tudo vence.
O ROMANCE REGIONALISTA
Explora o nacionalismo literário, já encontrado no Indianismo, mas diferente das demais
correntes do romantismo, sofre menos as influências europeias. É fruto da tomada de
consciência dos valores específicos da cultura brasileira, está ligado às particularidades de
grupos sociais em suas diferentes regiões. Essa corrente do romantismo apresenta as
especificidades de clima, costumes e língua diferentes entre si em um país que, por ter
dimensões continentais, tem impressa a diversidade. As obras que marcam o Romance
Regionalista são apresentadas em folhetins, que eram capítulos apresentados de maneira
periódica, quase sempre semanais, em jornais. Em comum têm a tentativa de fixar o que os
autores consideram de verdadeiro no Brasil, o sertão e a paisagem intacta.

Exemplo: Inocência, de Visconde de Taunay


Inocência (1872), de Visconde de Taunay
Personagens:

Inocência: Tem uma grande beleza e delicadeza de traços, nem parece moça do sertão. Isso vai ser fundamental no
despertar da paixão entre ela e Cirino e também na compreensão da atitude que ela irá tomar posteriormente, afinal, de
alguma forma, ela não era uma típica moça do sertão. Essas características são importantes para a compreensão do
desenrolar da história.
Cirino Ferreira de Campos: prático de farmácia, autopromovido a médico ambulante. Tinha mais ou menos 25 anos,
presença agradável, olhos negros e bem rasgados, barbas e cabelos cortados quase à escovinha. Era tão inteligente
quanto decidido. "Doutor" Cirino era caridoso, bom doava a própria vida em defesa do amor.
Manecão: Homem rude, mas decente, trabalhador, sério e acumulou fortuna, era dotado também de uma certa
macheza. Alto, forte, pançudo e usava bigode. Enfim, vaqueiro bruto do sertão. Pessoa fria que matava, se fosse preciso,
em defesa de sua honra.
Martinho dos Santos Pereira (Pereira): Homem de mais ou menos 45 anos, gordo, bem disposto, cabelos brancos, rosto
expressivo e franco. Pessoa honesta, hospitaleiro, severo e não trocava a sua palavra nem pela vida. Condensa em si
desconfiança e ingenuidade, além de ser durão e conservador.
Tico: Anão que vivia na fazenda, mudo, mas que foi capaz de entregar lnocência ao pai. Ele a vigiava e detinha profundo
respeito e admiração pela mesma. Guardião de Inocência. Mudo, raquítico, esperto e fez por um momento, o papel de
fofoqueiro.
Meyer: Um naturalista, que teve a sinceridade de elogiar Inocência, acabou por ser vigiado por Pereira, mas era muito
dedicado a profissão que exercia, portanto viajava muito.
O ROMANCE HISTÓRICO
Gênero literário em que a narrativa ficcional se relaciona com fatos históricos. A composição das
personagens e dos cenários é feita de modo que estejam em concordância com documentos e dados
históricos, oferecendo ao leitor uma noção da vida e dos costumes da época. O romance histórico surgiu
no século XIX com o escocês Walter Scott (1771-1832). Ele foi considerado o primeiro a usar esse estilo,
sendo o clássico Ivanhoe sua obra mais famosa. No Brasil, há importantes obras que reconstroem com
detalhes a história do país, sendo José de Alencar um dos primeiros a escrever usando esse gênero. Os
romances indianistas também são considerados como romances históricos pois também tratam de
temas históricos.

Exemplo: Memórias de um sargento de milícias, de Manoel Antônio de Almeida


Memórias de um Sar. de Milícias (1852), de Manoel Antônio de Almeida
PERSONAGENS:

1. Leonardo Pataca
2. Maria da Hortaliça
3. Leonardinho
4. Barbeiro / padrinho
5. Parteira / Madrinha
6. Padre
7. D. Maria
8. Luisinha
9. José Manoel
10. Cigana
11. Vidinha
12. Chiquinha
13. Toma Largura
14. Major Vidigal
15. Vizinha
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
QUESTÃO 01 (Fuvest)
“Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do
negócio, e viera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos
empossado, o que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer
o quê, uma certa Maria de hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e bonitona. O Leonardo,
fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão. Ao sair do
Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o
ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se
como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremando beliscão nas costas da mão
esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado;
ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença d serem desta vez um pouco mais
fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.”
(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)

Neste excerto, o modo pelo qual é relatado o início do relacionamento entre Leonardo e Maria:

a) manifesta os sentimentos antilusitanos do autor, que enfatiza a grosseria dos portugueses em oposição ao
refinamento dos brasileiros.
b) revela os preconceitos sociais do autor, que retrata de maneira cômica as classes populares, mas de maneiras
respeitosa a aristocracia e o clero.
c) reduz as relações amorosas a seus aspetos sexuais e fisiológicos, conforme os ditames do Naturalismo.
d) opõe-se ao tratamento idealizante e sentimental das relações amorosas, dominante do Romantismo.
e) expressa um elevado sentimento lírico bem aos moldes de um dos maiores escritores lusos, Luiz Vaz de Camões.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

QUESTÃO 02
Considerando as seguintes afirmações:

I. Reconstitui a paisagem urbana do Rio de Janeiro do começo do século XIX.


II. Suas personagens revelam tradição, cultura e sentimentos elevados.
III. Dá relevância à análise dos conflitos psicológicos das personagens.
IV. Substitui a gravidade da narrativa por situações humorísticas.
V. Critica a visão burguesa do casamento como meio de ascensão social.

Com base na leitura do livro Memórias de um Sargento de Milícia, de Manuel Antônio de Almeida assinale
a única alternativa CORRETA:

A) I e II.
B) II e III.
C) I e IV.
D) II e V.
E) III e IV.

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