Você está na página 1de 3

Nota biográfica do autor

 O autor cujo nome é José Martiniano de Alencar nasceu a 1º de maio de 1829 e faleceu com 48 anos a 12 de
dezembro de 1877. Mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro, mas viveu também em São Paulo, onde se formou
na Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
O Dramaturgo, romancista, jornalista e poliítico foi um dos maiores representantes do romantismo brasileiro foi
também bastante ligado a temas como o nacionalismo e indianismo, também explorados nesta obra.

Este autor escreveu ainda muitas obras de grande importância nacional como Cinco Minutos ( 1856 ) e A Viuvinha 
tornando-se um dos maiores romancistas brasileiros.

Sinopse:

Escrita no decorrer da geração do romantismo, época esta na qual o Brasil era recentemente independente de Portugal,
tratam-se temas como a idealização da figura do Índio, bem como o trauma do processo colonial.

A invasão portuguesa não despertou afeto do povo brasileiro pelos portugueses, pelo contrário, devido ao facto dos
portugueses terem lavado para lá doenças, guerras territoriais, escravatura, entre outros, a receção do povo brasileiro
não foi a melhor.

Esta obra tem como principal assunto o enlace amoroso entre a índia Iracema, representante do povo nativo americano
, e Martim, colonizador português do século XVI, explorando a diferença de costumes que existem entre as suas raças.
O autor constrói uma narrativa que remonta à criação da pátria brasileira: esse encontro de raças teria gerado o povo
brasileiro.

Personagens:

 Iracema, uma índia Tabajara, conhecida como a virgem dos lábios de mel, é filha do pajé
da tribo, Araquém. Iracema é detentora do segredo da jurema. Esse segredo está
relacionado com uma espécie de bebida de uma planta que é usada nos rituais religiosos
da tribo. Para isso, o juramento é de que a índia se mantenha virgem até transmitir o
segredo para outro integrante da tribo de Tabajaras.

 Araken é o pajé da tribo Tabajara e o pai de Iracema; sabedoria


 Martim é um colonizador português que traz para os índios, no momento da colonização, a
fé cristã, além de uma cultura mais civilizada. Além disso, Martim representa os
portugueses, que chegaram em terra para a exploração da região; europa
 Poti é amigo fiel de Martim e guerreiro potiguar. Poti e Martim eram muito amigos, e o
companheiro abandonou a tribo de origem para viver com Martim em uma cabana;
amizade
 Caubi é o irmão de Iracema e guerreiro Tabajara; amor fraterno
 Irapuã é o inimigo do europeu Martim e guerreiro dos Tabajaras; cíumes inveja
 Jacaúna é o chefe dos índios potiguaras;
 Japi é o cachorro de Martim; lealdade
 Moacir, que significa filho do sofrimento, é o filho de Martim e da índia Iracema. Este filho
vai significar a união de duas realidades (europeia e americana) bem como o sofrimento e
amor de iracema
Vistas as personagens foi possível perceber que estas estão divididas em 3 grupos
O primeiro da tribo dos tabajaras, tribo de Iracema, à qual pertence a sua família (irmãos, pai,
etc e mais tarde o seu filho). Mas o conceito de família entre eles não é o mesmo para nós nem
para as outras tribos existentes na época, existem regras que têm de seguir à risca, incluindo
até poder sacrificar alguém que lhes é querido.
O grupo rival o grupo dos pitiguaras.
outro, grupo ao qual pertence Martim, seu amigo, seu chefe e seu cão japi. Grupo este com
outras culturas muito diferentes da tribo de Iracema, o que gerou muitas dúvidas a Martim,
por este ser um herói, colonizador e dá tudo pelo seu povo.

Relação capa história:


 Nesta edição da obra a capa apresentada mostra uma rapariga provavelmente pertencente a uma tribo de
Índios devido à sua saia feita de folhas.
Esta rapariga aparenta estar retraída e escondida, o que pode ser um indicador de medo e vergonha do facto de
ser da india que é ou pelo medo que da Guerra colonial, período este do decorrer da obra.
É notável também uma divisão da capa em duas cores, o castanho e o verde divididos pelos conflitos da
guerra colonial, cores estas que simbolizam o europeu Martim, colonizador português, a verde e com mais
superfície colorida com a respetiva cor devido à supremacia dos povos europeus e a castanho com menos
superfície colorida Iracema, Índia da tribo tabajara.

 Com a leitura das primeiras páginas e chegada ao final do 1º capítulo a vontade de continuar a ler não era a
maior mas não pelo conteúdo da obra. Esta mostrava-se interessante devido à diversificação cultural
apresentada e história dos países em questão e respetiva guerra colonial. Mostravam-se muito bem os conflitos
do século XVI bem como as restrições e regras das tribos apresentadas tal como a de Iracema. Estas páginas
geraram também curiosidade relativamente ao desenrolar da relação de Martim e Iracema que começou com
um ato violento e repentino de Iracema sobre Martim mas que resultou em hospitalidade e bondade por parte
de iracema ao cuidar e acolher Martim.

 Duas das situações para mim mais marcantes foram para mim:
Quando Irarema atinge e fere Martim com uma flecha, atitude para mim que descreve o medo constante e os
sentimentos provocados pelo clima de guerra das pessoas que vivem na época retratada. Situação essa com a
qual não lidamos, mas que podemos imaginar.
A outra, esta que mais ouvimos falar e que infelizmente acontece nos dias de hoje. Tal como em muitas obras
romancistas, nesta existe um amor proibido, o qual não segue a regra acabando os protagonistas por se
envolver. No entanto para a tribo de Iracema, este amor implicava a sua morte, mas mesmo assim esta decide
avançar e acabou grávida de um filho de Martim. Este, descobrindo que ía ser pai partiu em missão como
colono e guerreiro ignorando tudo o que iracema fez por eles e pelo seu filho arriscando até a própria vida,
deixando a mulher e filho sozinhos, e que embora tenham aguentado, mais tarde iracema morre com mágoa e
tristeza. Infelizmente para todos estes casos de abandono são cada vez mais frequentes e que cabe a nós
geração futura alterar.

Passagem significante:

“O cristão moveu o passo vacilante. De repente, entre os ramos das árvores, seus olhos viram,
sentada à porta da cabana, Iracema com o filho no regaço e o cão a brincar. Seu coração o
arrastou de um ímpeto, e toda a alma lhe estalou nos lábios:

— Iracema!...

A triste esposa e mãe soabriu os olhos, ouvindo a voz amada. Com esforço grande, pôde erguer o
filho nos braços e apresentá-lo ao pai, que o olhava extático em seu amor.

— Recebe o filho de teu sangue. Chegastes a tempo; meus seios ingratos já não tinham alimento
para dar-lhe!”

Como podem perceber o excerto escolhido está relacionado com uma situação anteriormente relatada e
uma das mais marcantes, para mim no livro. Nesta passagem, Martim chega, depois de algum tempo ao
pé de sua esposa e de seu filho, mas esta estava muito fraca e já não tinha nem leite para amamentar seu
filho. Por essa razão com a chegada de Martim, Iracema entrega-lhe o filho que é dele de sangue
gastando assim as últimas forças que lhe restavam para apresentar a seu filho o pai.
Esta foi para mim a passagem mais marcante na obra, uma vez que mesmo tendo Martim abandonado a
sua esposa quase a dar à luz, esta mostrou não guardar rancor e sim o amor e as suas memórias de
felicidade juntos e agarrou-se a esses mesmos sentimentos para dizer as suas últimas palavras e
acreditando que deixaria o seu filho em boas mãos.

Fora do contexto literário, esta obra conta com muitas peças realizadas ao longo dos anos algo
de orgulho ao autor sendo este dramaturgo. Esta peça tem-se realizado ao longo de gerações
e gerações pelo facto de expressar uma fase muito importante da história, a guerra colonial e
a aproximação de 2 mundos, o mundo selvagem e o mundo velho resultando esta junção o
que chamamos hoje de América e que na obra é o filho da protagonista. No entanto o que fez
mais sucesso foi o filme. Iracema foi adaptado para o cinema em 1979, sob o título de Iracema, a
virgem dos lábios de mel. Dirigido por Carlos Coimbra, também autor do roteiro, mas em pouco tempo este
filme foi tirado do ar devido ao facto da protagonista Iracema ser sexualizada.

Relação com temas atuais:


Os temas tratados nesta obra explícitos anteriormente remetem para muitos conceitos tratados nos
dias de hoje como a descriminação, já que na obra as pessoas são muito reconhecidas e julgadas pela
sua etenia. A situação de guerra, o medo constante que algo possa acontecer, embora que aqui em
Portugal não seja sentido felizmente, existe muitos países onde as pessoas que lá habitam vivem com
medo da guerra ou até mesmo abandonam a sua terra natal para puderem encontrar vidas melhores.
Por último algo que acontece em todo o mundo e nesta obra, também aconteceu foi o abandono de
família de Martim, que na sociedade atual é evidenciado pelos pais das crianças que não querem
assumir o filho seja pelas razões que forem e deixam as mães dos mesmos abandonadas.
.
Opinião e recomendação
Na minha opinião esta obra é bastante complexa na medida em aborda situações bastante traumáticas,
problemas raciais, guerra a fase complicada pós guerra e muitos preconceitos e falta de aceitação uns dos
outros. Relata muito bem o modo de vida das tribos existentes bem como os seus problemas recorrendo
muito na obra a metáforas fugindo do significado literal das palavras sendo a compreensão da obra mais
complicada como por exemplo o enlace amoroso entre Martim e Iracema ser a união que originará um novo
mundo com características de ambas as partes. No entanto a obra não deixa de ser um romance e recomendo
bastante a apreciadores do mesmo bem como de suspense, história, mitoliogia e principalmente de desafios
como perceber por completo a obra.

Você também pode gostar