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Martim precisa partir. Iracema então leva o amado até o encontro do seu amigo Poti.

Ao chegar ao limite, Iracema não quer deixar Martim e continua a caminhar com ele.

Martim, apaixonado por Iracema e também querendo ficar junto dela, decide fazer uma cabana próxima a uma
aldeia amiga para morarem; eles e o Poti.

Os dois vivem felizes em sua cabana. Até um dia que Iracema descobre que está grávida.

Martim precisa ir defender sua tribo junto com o Poti. O guerreiro parte sem se despedir de sua amada. Após o
retorno, Martim sente falta de sua terra e fica com o pensamento distante de Iracema.

Iracema, grávida, sente a falta de seu esposo. Quando o bebê nasce, vai procurar Martim, descobre que ele foi
novamente para a guerra, e volta para a cabana.

Iracema recebe a visita de seu irmão Caubi, que fica feliz em conhecer seu sobrinho. Porém, de tanta tristeza e
saudade que sente, Iracema não tem mais leite para amamentar seu filho. Martim então chega e ela lhe entrega seu
filho, chamado de Moacir, e, em seguida, vem a falecer.

Contexto

Sobre o autor

José de Alencar nasceu no Ceará em 1829, veio com sua família para o Rio de Janeiro em 1830 e com 14 anos mudou-
se para São Paulo. Além de escritor, foi político, advogado e jornalista. Longe da vida boêmia comum aos homens da
segunda metade do século XIX, dedicava grande parte de sua vida à literatura. Tornou-se um dos maiores romancistas
de nossa literatura. Além de Iracema, possui grandes clássicos, como Cinco Minutos, O Guarani, A Viuvinha, Lucíola,
O gaúcho, Senhora, entre outros. Em sua obra podemos notar traços da realidade da sociedade brasileira daquela época,
e oposições como o branco e o índio, as cidades e o sertão.

Importância do livro

Publicado em 1865, Iracema, obra de José de Alencar, faz parte da tríade dos romances indianistas (juntamente com
O Guarani e Ubirajara), sendo considerado o mais maduro deles, pois admite várias interpretações, com uma excelente
estrutura narrativa.

É considerado um poema em forma de prosa, com características épicas, em que tanto Martim como Iracema são
heróis. Iracema é uma típica heroína que representa o romantismo: espera o amado, se entrega a ele, fica com
saudades, e morre por essa saudade.

Período histórico

Iracema possui personagens históricos, ou seja, que realmente existiram e fizeram parte da História do Brasil.
Martim e Poti são um exemplo. Além disso, o livro é escrito após a regularização da colonização do Ceará.

ANÁLISE

Iracema possui um narrador onisciente. Através de uma linguagem tipicamente brasileira e cheia de metáforas e
palavras indígenas, não só em Iracema como em outras obras, o autor demonstra características que o levam a uma
singularidade na representação e afirmação da cultura brasileira. Em seus diálogos com Martim, Iracema tem em
sua fala traços da oralidade, onde são encontradas diversas expressões indígenas, estruturas sintáticas semelhante
aos que os índios utilizavam, tendo em vista sua dificuldade com a Língua Portuguesa. Sendo assim, o livro torna-se
permeado de múltiplas interpretações, segundo o significado e entendimento de cada leitor.
Iracema, na obra, representa a cultura indígena, e possui uma postura submissa a Martim, representando assim o
ideal de submissão que o índio teria ao branco.

Apesar de ser incomum na cultura indígena, Iracema se mantém casta até o encontro com Martim.

Não poderia ser diferente, já que seria inaceitável um branco se casar com uma índia que não fosse casta, segundo
as tradições religiosas.

Se por um lado Iracema representa todo o imaginário indígeno, Martim traz a figura do branco colonizador, que é
também guerreiro, assim como o índio, e igualmente forte, se comparado a ele.

Além disso, fica dividido entre a cultura branca e indígena; ao se afastar da sua cultura, sente falta dela.

Essa saudade que Martim sente de sua tribo é o motivo que o leva a se manter distante de Iracema, durante o
desenrolar da trama.

Iracema como mito de fundação da cidade de Ceará

O romance de Martim e Iracema tem como metáfora a criação do Ceará. Através da história, o autor cria uma
lenda de como o estado teria sido criado.

Pois quando Iracema morre, ela é enterrada por Martim e seu amigo Poti à beira de um coqueiro de que ela gostava
muito.

Diante desse coqueiro, sempre se ouvia um lamento; era o lamento de sua ave de estimação, que sentia sua falta.
Assim, o canto da jandaia se chamava de Ceará, onde ali foi fundada.

PERSONAGENS

Martim: representa a cultura colonizadora. Herói, participa de várias lutas em defesa do seu povo. Fica dividido entre
a sua cultura e a de Iracema.

Iracema: caracterizada no livro com a famosa frase “índia dos lábios de mel”, é admirada pela sua beleza. Carrega
consigo a castidade, já que é sua obrigação da cultura diante dos deuses. Heroína rápida, como uma flecha. Após sua
união com Martim, torna-se submissa a ele.

Araquém: pai de Iracema. Pajé, recebe Martim em sua cabana e o protege.

Poti: amigo fiel de Martim, está sempre com ele nas lutas.

Caubi: irmão de Iracema.

Moacir: filho da dor, de Iracema e Martim.

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