O uso correto da vírgula é essencial para se comunicar bem.
Colocada no lugar errado, a pontuação
altera e até distorce o real sentido que um texto pretende passar. E, ao contrário do que muita gente pensa, aplicar corretamente a vírgula é menos complicado do que se imagina. Para isso, basta ter consciência de algumas regras (e consultá-las sempre que for necessário). 1 – Nada de pausa para respirar: De cara, é preciso desfazer o conceito equivocado de que a vírgula é “uma pausa para respirar” dentro de uma oração ou entre orações de um mesmo período. Uma coisa não tem a ver com a outra, até porque as pessoas respiram de modos diferentes. – Quando no colégio se explica ‘pausa na escrita’, o aluno é induzido a pensar que se trata de uma pausa como reflexo da fala. Há professores que brincam dizendo que, se a vírgula indicasse uma pausa, pessoas que respiram muito na fala colocariam vírgula em todo o texto, o que, definitivamente, não é o correto – explica a professora de Português e coordenadora do programa de Leitura, Interpretação e Produção Textual do Colégio Mopi, Christiana Leal. 2 - Sujeito e predicado nunca se separam O emprego correto da vírgula exige que se tenha clareza sobre quais são os termos integrantes de uma oração. O que é um sujeito, o que é um objeto, o lugar do verbo, o que é um adjunto adverbial e a sua posição na oração. Essa consciência evita que se cometa o erro mais grosseiro em relação à pontuação, que é o de separar o sujeito do predicado numa frase. Ex.: O presidente da França (sujeito) visitou o Brasil (predicado) 3 – Casos de vírgula obrigatória Há, porém, casos em que a aplicação da vírgula é indispensável: – Deslocamento sintático Ex.: À noite, vou ver meu irmão. O ‘à noite’ é um adjunto adverbial de tempo que está deslocado para destacar o período do dia. A forma direta seria “ Vou ver meu irmão à noite (sem vírgula). Já com a inversão, é necessária a vírgula. – Orações independentes Ex.: O dia cai, a maré sobe, o mar avança. A vírgula é usada para separar orações que não apresentam dependência sintática entre si. – Separação de elementos com funções sintáticas diversas Ex.: Barack Obama, presidente dos EUA, tem duas filhas. Aqui a vírgula é utilizada para isolar o aposto, que é uma palavra ou expressão que explica ou se relaciona com o tema anterior. Ex.: Barack Obama, que governou os EUA por oito anos, terminou seu mandato em 2017. Nesse caso, a explicação sobre o termo anterior é uma oração explicativa e também deve estar entre vírgulas. - Vocativo do sujeito Ex.: Antônio, traga os meus livros, por favor! O exemplo mostra um caso de vocativo, que é um termo usado para chamar, interpelar ou invocar um ouvinte. Antônio, vocativo da frase acima, é isolado então pela vírgula. - Evitar repetições Ex.: Veio o carnaval, com ele o tradicional desfile de blocos na rua. Para indicar a supressão de uma palavra, no caso, o substantivo carnaval. - Separando conjunções Ex.: O time do Brasil jogou bem, porém foi derrotado Sempre usar vírgula antes de conjunções adversativas como porém, contudo, todavia, entretanto, portanto; e antes de mas, quando esta última tem sentido de porém.