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Ética e diversidade

A importância da inclusão e da
dignidade humana
Ética e diversidade
• Precisamos, urgentemente, de um
debate (diálogo) eficaz na
convivência entre os diferentes e
não entre desiguais.
• Ressignificar os termos como:
“direitos humanos”, “paz”,
“cidadania” e “democracia”, que
são essenciais para a convivência
humana.
• O tema da tolerância vem a tona:
“Tolerância consiste em permitir
indulgentemente aos outros amar
o que não ama, pensar o que você
não pensa, fazer o que você não
faz” (Guyon, 1930).
• Vivemos em um mundo “multi”,
“macro” e “inter”. No campo
religioso, “ecumenismo”,
centrando a semelhança entre as
religiões no amor, na solidariedade
Diversidade cultural
• O avanço econômico, o
intercambio de mercadorias, e o
avanço tecnológico facilitaram o
transporte e a comunicação, pois
as distâncias se estreitaram.
• Os dias atuais reclama uma
educação em que seja dada uma
atenção especial aos valores
éticos que facilitam uma real
convivência democrática, em que
a diversidade de posições seja
respeitada, sabendo que cada
uma delas apreende apenas
fragmentos da verdade e que dela
só podemos aproximar
coletivamente. Esse respeito
começa pela tolerância.
Ser tolerante...
• Não se trata de deixar de ser o
que sou, minhas convicções, e
muito menos, aceitar tudo de
forma passiva.
• Ser tolerante é ter a consciência
da alteridade, é dialogar com o
outro enquanto outro; este é o
primeiro passo para a
solidariedade.
• Aristóteles pensou o conceito
metafísico de identidade: A=A.
Heidegger corrige a formula: “A é
A” no sentido originário de “união
numa unidade”.
• Passamos por um contexto
histórico em que educar se
traduzia em “controlar”, “superar” e
até mesmo “anular” as diferenças.
Isso pode ser enquadrado como
violência e não tolerância.
Como pensar a tolerância?
• “Quando se falou em liberdade, o
que se viu foi servidão... Quando
se falou em igualdade, o que se
viu foi o aumento da disparidade
em escala mundial nunca
experimentada... Quando se falou
em fraternidade, o que se viu foi o
aumento da rivalidade” (Rinaldi,
1996, p.128).
• A cultura existe no plural, e por
isso, só podemos conceber a
tolerância na ética da diversidade.
Antes de entender ou de alcançá-
la pela consciência, é necessário a
sensibilidade entre as nossas
diferenças.
• Temos que pensar a tolerância
tendo por base a identidade e a
diversidade cultural, que não deixa
de ser histórica.
O conceito de tolerância na
modernidade
• A tolerância no pensamento
iluminista, representado por
Voltaire e Stuart Mill, desenham o
papel da tolerância na
modernidade. Porém, esta ficou
apenas no campo teórico, com
uma ambigüidade interna de
emancipação e dominação, que
fez da tolerância uma intolerância.
• Já no século XX, a questão se
torna inadiável: Em 1995,
declarou-se o ano internacional da
tolerância, sobre um enfoque
culturalista.
• Deu-se ênfase à valorização da
pluralidade cultural da humanidade
como realização concreta da
liberdade de pensamento,
expressão e do modo de ser de
cada grupo étnico e religioso.
• Nenhuma cultura pode ser
marginalizada;
• Pensar a tolerância levando em
conta a dimensão social e
econômica de cada grupo.
• Destacamos que na América
Latina existem muitos casos de
desigualdade socioeconômicas, e
isso tem gerado atitudes de
intolerância e violência.
• Precisamos satisfazer as
necessidades mais fundamentais
dos seres humanos, com a
possibilidade de uma política que
cultive a tolerância, oferecendo
aos mais excluídos os bens
necessários, materiais e
espirituais.
• Logo, na desigualdade não
haverá tolerância: Para existir
tolerância temos que supor uma
igualdade social.
A tolerância para a ética cristã
• A prática da ética cristã, baseada nos
Evangelhos, está acerca da liberdade
e da tolerância. Porém, contrapõe-se a
ela, a pratica do cristianismo medieval
que era intolerante e opressivo.
• Mais tarde, Locke percebe que a
doutrina cristã e a intolerância são
incompatíveis, uma vez que a
mensagem cristã ultrapassa o conceito
de amor philia dos gregos, propondo
o contrário a “lei de Talião”.
• Locke também afirma que a ética
cristã propõe a liberdade, de modo
externo e de modo interno. Voltaire
aponta que os sinais de intolerância
sofrido pelos primeiros cristãos recebe
o mesmo motivo no período medieval:
por rebeldia civil ou em razões
contrárias ao culto.
A contribuição de Locke
• Para Locke, a comunidade civil é:
“uma sociedade de homens
constituída apenas para a
preservação e melhorias dos bens
civis de seus membros: a vida, a
liberdade, a saúde física e a
libertação da dor, e a posse de
coisas externas, como a posse da
terra, dinheiro, móveis...”
• Locke rejeita a intolerância das
assembléias religiosas pelo
magistrado, sob o argumento de
que elas são focos de insurreição
contra a ordem social e contra o
magistrado.
• Sobre a tolerância religiosa, não
podemos ser intolerantes com o
extremismo e o fanatismo
religioso. ( Carta acerca da
tolerância – 1983).
A contribuição de Voltaire
• Ser tolerante, em matéria de
pensamento, é necessariamente ter
um espírito aberto às críticas de suas
opiniões e de sua conduta, para poder,
a partir delas, reconhecer
ocasionalmente uma opinião falaciosa.
• A intolerância está na “ousadia de
decidir a questão pelos outros, sem
lhes conceder que ouçam o que possa
ser dito em contrário”
• Voltaire afirma: “A natureza diz a todos
os homens: fiz todos vós nascerem
fracos e ignorantes, para vegetarem
alguns minutos na terra e edubarem-
na com vossos cadáveres. Já que sois
fracos, auxiliai-vos; já que sois
ignorantes, instruí-vos e tolerai-vos”
(Voltaire, 1993, p.142).
• Para ele, a tolerância se realiza na
ética da diversidade, e a diversidade
se justifica na “ética da identidade”.
A contribuição de Mill
• Segundo Mill, a liberdade
de pensamento e
expressão é a condição
fundamental para todo
bem-estar humano. Para
isso acontecer, o filósofo
pressupõe a boa fé dos
interlocutores e a
tolerância de sentimento.
Todos são importantes
na formação da verdade.
Iniciativas pela tolerância
• Não deve ser e nem pode ser uma
busca isolada, mas o
compromisso com a “cultura de
paz”.
• “A tolerância não é um fim em si
mesma e sim um meio. É a
qualidade essencial mínima das
relações sociais que permite
descartar a violência e a coerção.
Sem a tolerância a paz não é
possível.” (Unesco, 1994).
• O objetivo principal da educação
para a tolerância, portanto, é o
apreço e o respeito à dignidade e
à integridade de todas as pessoas.
• A noção de tolerância deve ser
constituída no confronto não
violento, pelo diálogo, entre
indivíduos ou grupos com
posições e culturas diferentes.
A critica de Dussel
• “A história da América Latina é
uma história de intolerâncias, de
negação do outro com base nos
sistemas de dominação
econômica e cultural, num primeiro
momento do europeu e depois do
norte-americano”
• Aponta para um fenômeno
mundial, e não apenas europeu:
“A Europa moderna tem sido – por
seu processo de conquista na
América Latina, no escravismo
africano, nas guerras da Europa e
muitas outras na Ásia – intolerante
por ser a primeira grande cultura
mundial, porque impacta todas as
demais, de uma intolerância nunca
vista.” (Dussel, 1994, p.3).

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