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Os elementos do atraso
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Os bancos
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o DON
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à cons.
mas como um crédit mobilier, ou seja, um banco dedicado
no país.
trução de ferrovias e à industrialização
Essa conversão das velhas fortunas ao credo da nova riqueza
Empreen.
mostra os efeitos de maior alcance do Crédit Mobilier.
existido na Bélgica, na
dimentos ocasionais dessa natureza haviam
Alemanha e na própria França. Mas, a partir da segunda metade
Pereire que in-
do século XIX, foi o enorme efeito irruptivo dos
de bancária no con-
fluenciou profundamente a história da ativida
de
tinente europeu. Em vários países, foi considerável o número
, mais
bancos criados à imagem do banco dos Pereire. No entanto
cria-
importantes do que essas imitações servis foram a adaptação
a um novo
tiva da ideia básica dos Pereire e a incorporação dela
e na maio-
tipo de banco — o banco universal, que, na Alemanha
nte de ins-
ria dos países do continente, tornou-se à forma domina
crédit mobi-
tituição bancária. A diferença entre os bancos do tipo
avançado da
lier e os bancos comerciais do país industrializado
essencial-
época (a Inglaterra) era completa. Entre o banco inglês,
de curto prazo, e
mente concebido para servir de fonte de capital
de investimen-
um banco projetado para financiar as necessidades
sca. Os bancos ale-
to de longo prazo havia uma diferença gigante
do banco univer-
mães, que podem ser tomados como protótipos
crédit mobilier com
sal, combinaram com sucesso a ideia básica do
as atividades de curto prazo dos bancos comerciais.
ições financeiras inf-
Como resultado, eles se tornaram institu
carteira indus-
nitamente mais sólidas que o Crédit Mobilier, cuja
o que O tor-
trial era inchada e ultrapassava muito o seu capital,
para
nava dependente da evolução favorável da bolsa de valores
austríacos € italia-
prosseguir suas atividades. Os bancos alemães,
industriais.
nos estabeleceram estreitas relações com as empresas
dizia o provérbio, acompanhava uma
Um banco alemão, como
à liquidação,
empresa industrial do berço à sepultura, da fundação
o recur
passando por todas as vicissitudes de sua existência. Com
de curto prazo,
so dos créditos em conta corrente — formalmente
instituição de conse-
mas na realidade de longo prazo — e coma
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ica e outros S ensaj ios
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As gradações do atraso
Voltando ao paradigma russo-germânico básico, o que dissemos
nos parágrafos anteriores não esgota os paralelos entre os dois
países. Permanece a questão dos efeitos dos processos de indus-
trialização bem-sucedidos, isto é, da diminuição gradual do atraso.
Na virada do século, se não um pouco antes, as mudanças na
relação entre os bancos e a indústria ficaram evidentes na Alema-
nha. Na medida em que as jovens indústrias atingiram a idade
adulta, a ascendência original dos bancos sobre as empresas in-
dustriais não mais pôde ser mantida. Esse processo de libertação
da indústria, após décadas de tutela, expressou-se de diversas ma-
neiras. Cada vez mais, as empresas industriais transformaram à
ligação com um único banco numa cooperação com diversas ns-
tituições bancárias. Na medida em que se tornavam economica-
mente soberanos, os ex-protetorados industriais passavam a alte-
rar suas alianças com os bancos. Muitos gigantes industriais, como
a indústria da engenharia elétrica, que não poderiam ter-se desen
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cos comerciais haviam sido criados. Como foi o governo que exer.
ceu a função dos bancos industriais, as instituições bancárias rus-
sas, exatamente por causa do atraso do país, foram Organizadas
como “bancos de depósito”, com isso se assemelhando muito ao
tipo de sistema bancário da Inglaterra. Todavia, na medida em
que o desenvolvimento industrial avançou em ritmo acelerado e
a acumulação de capital aumentou, as normas do comportamento
empresarial ocidentalizaram-se cada vez mais. O paralisante cl;-
ma de desconfiança começou a desaparecer e foram lançadas as
bases de um tipo diferente de banco. Aos poucos, os bancos de
depósito de Moscou foram ofuscados pelo desenvolvimento dos
bancos de São Petersburgo, dirigidos conforme princípios ca-
racterísticos não do sistema bancário inglês, mas do alemão. Em
suma, depois de o atraso econômico da Rússia ter sido reduzido
por processos de industrialização patrocinados pelo Estado, tor-
nou-se viável usar um instrumento de industrialização diferente,
adequado ao novo “estágio de atraso”
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Mais uma vez, parece que a resposta deve ser dada em termo
das condições básicas do atraso. Saint-Simon, amigo de J, B, Say
política do laissez-faire. Chevalie,
nunca foi avesso às ideias da
coautor do tratado de comércio franco-britânico de 1860, que in.
troduziu o grande período do livre-comércio europeu, tinha sido
um ardoroso sansimoniano. Nas condições francesas, no entanto
a ideologia do laissez-faire era totalmente inadequada como veícu.
lo espiritual de um programa de industrialização.
Para romper as barreiras da estagnação num país atrasado, in-
flamar a imaginação dos homens e pôr suas energias a serviço do
desenvolvimento econômico, é necessário um remédio mais forte
que a promessa de uma alocação melhor dos recursos, ou até de
uma redução no preço do pão. Nessas circunstâncias, até o clássico
empresário ousado e inovador, o homem de negócios, precisa de
um estímulo mais poderoso que a perspectiva de lucros altos.
É preciso ter fé para remover as montanhas de rotina e precon-
ceito — fé, nas palavras de Saint-Simon, em que a era dourada não
está no passado, mas no futuro da humanidade. Não foi à toa que
Saint-Simon dedicou os últimos anos de vida à formulação de um
novo credo, o novo cristianismo, e levou Auguste Comte a romper
com ele por causa dessa “traição à verdadeira ciência”. O que havia
bastado na Inglaterra não bastava na França.
Pouco antes de morrer, Saint-Simon exortou Rouget de Lisle,
o idoso autor da Marselhesa, a compor um novo hino, uma “Mar-
selhesa industrial”, Rouget de Lisle o atendeu. No novo hino, 0
homem que antes conclamara os “enfants de la patrie” [filhos da
pátria] a travar uma guerra impiedosa contra os tiranos e suas
coortes mercenárias dirigiu-se aos “enfants de Vindustrie” [filhos
da indústria] — os “verdadeiros nobres” —, que garantiriam à
“felicidade de todos” ao disseminarem as artes industriais e sub-
meterem o mundo às pacíficas “leis da indústria”,
Não se tem notícia de que Ricardo haja inspirado alguém à
transformar o “Deus Salve o Rei” em “Deus Salve a Indústria”
Ninguém gostaria de reduzir a força da eloquência apaixonad a de
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Conclusões
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Notas
da economia polí-
l. Karl Marx, Das Kapital (1º ed.), prefácio [O capital: crítica
tica, livro primeiro: o processo de produção do capital, v. 1, trad. Reginaldo
Sant Anna, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 24º ed., 2006; O capital:
erítica da economia política, livro segundo: o processo de circulação do capital,
v ALII ibid., 9º ed., 2003; O capital: crítica da economia política, livro tercei-
ro: o processo global de produção capitalista, v. IV-VI, ibid., 2008].
“ Teria sido extremamente desejável transcender a experiência europeia, in-
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