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REVOLUÇÃO

AGRÍCOLA
Professora Allana
• A primeira Revolução Agrícola ocorre a partir do século X, com a
generalização de inovações e técnicas conhecidas desde a
Antiguidade e a Alta Idade Média (séculos V a X). As principais
inovações e técnicas foram:
 ferramentas e equipamentos (alfange, arado reversor charrua,
grade, carretas de transporte);
 atrelagem (coleiras e outros arreios que minimizavam o
estrangulamento dos animais de tração) e ferragem (ferraduras
metálicas) dos animais de tração;
 conservação da forragem (feno) e do esterco (uso de camas na
estabulação dos animais).
Esta situação somente foi possível com a expansão e a liberação do
artesanato (liberdade de comércio e de transporte) e com a Revolução
Artesanal e Industrial da Idade Média (produção de ferro e de
instrumentos e equipamentos agrícolas em larga escala, em especial de
tração pesada, como arados charrua e carroções).
• Num primeiro momento, os novos equipamentos foram feitos
por empregados domésticos especializados dos castelos e dos
estabelecimentos religiosos. Esses equipamentos eram
primeiramente destinados às explorações senhoriais, e, quando a
demanda aumentava, alguns instrumentos eram vendidos aos
camponeses.
• Todavia, com a expansão agrícola, a demanda por novos
equipamentos foi tanta que certos domésticos se instalaram
como artesãos nos vilarejos, com a autorização de seus mestres e
contra o pagamento de uma taxa.
■ Práticas agrícolas (lavração com arado charrua, gradagem e
semeadura a lanço) em sistema de cultivo com alqueive de curta
duração e tração animal pesada, no século XV, na Europa
ocidental (Berry – França).
• O crescimento agrícola e artesanal acarretou um aumento, nos
campos, da demanda de ferro. Os apetrechos metálicos de um
lavrador eram: alfanje, foice, enxadão, pá, machado, relha,
facão, aiveca eventualmente e ferragens diversas.
• Estimulada por essa demanda, a produção siderúrgica
aumentou, condicionando, por outro lado, a expansão agrícola e
artesanal.
• A expansão da siderurgia foi tão forte que, a partir do século
XII, as reservas florestais começaram a se esgotar no entorno
das fábricas de ferro que utilizavam o carvão de madeira como
combustível.
• O uso dos moinhos d’água foi outra evolução e modernidade
para a época. Dos séculos X ao XIV, os moinhos se proliferaram
pela Europa, particularmente na parte noroeste. Acionando
guindastes, rodas, martelos-pilões, serras e foles, os moinhos
serviam nos lagares de óleo, tanoarias, manufaturas de tecidos,
serrarias, confecções de papel, cervejarias, e principalmente nas
fábricas de farinha.
• Carroceiros e ferreiros, altos fornos e moinhos: a revolução
agrícola da Idade Média foi, inseparável de uma verdadeira
revolução artesanal e industrial.
• A revolução agrícola proporcionou um importante desenvolvimento
demográfico, econômico, urbano e cultural na Europa ocidental.
Primeiramente, podemos ressaltar um grande aumento
populacional.
• De fato, a população da Europa ocidental mais que triplicou ao
longo da Idade Média. A revolução agrícola contribuiu igualmente,
em decorrência da demanda elevada de bens e equipamentos,
para a revolução artesanal e industrial da Idade Média.
• Além da emergência de um novo artesanato rural, pôde-se
assistir ao desenvolvimento da siderurgia e dos moinhos e ao
desenvolvimento comercial.
• Os elevados excedentes agrícolas, em especial até o século XIII,
permitiram a construção de uma série de mosteiros, conventos e
grandes catedrais, além do renascimento intelectual e do
surgimento das universidades. Por fim, deve-se situar naquela
época o início do processo de urbanização.
PRIMEIRA REVOLUÇÃO
AGRÍCOLA DOS TEMPOS
MODERNOS
• A prática do alqueive foi substituída pela implantação de
pastagens artificiais temporárias (nabo forrageiro, trevo, aveia,
ervilhaca, tremoço, azevém, alfafa, etc.) ou por cultivos passíveis
de serem capinados (nabo açucareiro, batata, linho, cânhamo,
etc.). A supressão do alqueive permitiu o desenvolvimento de
novas rotações trienais, quadrienais e mesmo sextenais.
• Proporcionando rendimentos agrícolas entre 1.200 e 1.600 kg/ha,
os novos sistemas de cultivo permitiam duplicar a produção
agrícola em relação aos sistemas de cultivo com alqueive.
• Esses novos sistemas demandavam, para sua implantação,
pouco investimento em capital e em força de trabalho e
proporcionavam um grande aumento da produtividade do
trabalho e do excedente agrícola comercializável.
• O desenvolvimento industrial, comercial e urbano decorrente da
revolução industrial foi fundamental para absorver o excedente
agrícola produzido pelos novos sistemas de cultivo.
• Outro impacto da revolução agrícola dos tempos modernos
pode ser mensurado ao se analisarem o crescimento demográfico
e a melhoria da alimentação da população que na Europa passou
de aproximadamente 110 para 300 milhões de pessoas.
A PARTIR DO INÍCIO DO SÉCULO
XIX

• No decorrer do século XIX, a indústria passou a produzir novas


máquinas que beneficiaram o setor de transportes e o setor
agrícola.
• No que interessa a agricultura, destaca-se a produção de
equipamentos de tração (como arados charruas, arados brabantes
e grades metálicas, semeadeiras, ceifadeiras e colhedoras,
trilhadeiras a carrossel, etc.), bem como pequenas máquinas para
utilização nas explorações agrícolas (limpadores de grãos,
picadores de palha, moedores, batedores a manivela, etc.).
• O uso de corretivos e adubos externos era conhecido havia
muito pelos agricultores.
• Sua pequena utilização na agricultura foi, em grande parte,
decorrência das limitações e restrições dos meios de
transporte. Sem dúvida, o uso das carroças e das carretas
permitira, desde muito antes, estender a algumas léguas de
distância o abastecimento em corretivos e adubos de origem
externa.
• A disseminação do uso desses insumos somente se pôde
generalizar a partir do final do século XIX, graças aos barcos
a vapor e às estradas de ferro, que possibilitaram difundi-las
na maior parte das regiões da Europa.
REVOLUÇÃO VERDE
• Revolução Verde ampliou progressivamente a utilização de novos meios de
produção agrícola: a motorização (motores a explosão ou elétricos, tratores
e engenhos automotivos cada vez mais potentes); a grande mecanização
(equipamentos e implementos agrícolas cada vez mais complexos e
performantes); a quimificação (adubos minerais e produtos de tratamento
da lavoura); e a seleção de variedades de plantas e de raças de animais
domésticos adaptados a esses novos meios de produção industrial e capazes
de rentabilizá-los.
• Assistiu-se, assim, a um progressivo processo de especialização dos
agricultores nos mais diversos sistemas agrários, processo esse fortemente
induzido pelas particularidades das diferentes regiões agrícolas e do
passado agrário: distância dos mercados, conhecimento local, características
edafo-climáticas e geomorfológicas locais, etc.
• Em muitos sistemas agrários baseados na Revolução Verde, os agricultores
abandonaram a poliprodução vegetal e animal para se consagrarem quase
exclusivamente a algumas produções destinadas à venda.
Principais fundamentos da Revolução
Verde:
• Motorização e mecanização agrícola: Foi utilizada inicialmente nas
plantações de cereais e as outras grandes culturas (colza, girassol,
leguminosas a grãos...) foram as primeiras a utilizar tratores e colhedoras-
trilhadeiras, e sempre deram o tom ao conjunto desse movimento.
 A seguir, foram usadas na ordenha do gado leiteiro, a colheita da forragem,
a alimentação do gado confinado e a evacuação de seus dejetos, a
vinicultura e as culturas leguminosas e frutíferas.
 Fertilização mineral e outros insumos (produtos sanitários, rações e
complementos alimentares, etc.): resultou principalmente do aumento do
uso dos adubos minerais, combinado com a melhoria dos tratamentos
fitossanitários e das operações mecânicas de preparação e de manutenção
dos cultivos. que uma parte crescente desses produtos passou a ser
destinada à alimentação dos animais domésticos.
■ Seleção de animais e plantas: Foi preciso selecionar diversas
variedades de potencial crescente, que constituíram etapas
condicionantes do desenvolvimento do uso de adubos. Para o
trigo, por exemplo, foram selecionadas variedades com palha
cada vez mais curta e rendimento crescente em grãos. O objetivo
da seleção não é somente adaptar as plantas ao uso crescente de
adubos, é também adaptá-las ao uso dos novos meios
mecânicos. Foi preciso selecionar variedades de plantas capazes
de valorizar o acréscimo da nutrição mineral, e animais capazes
de consumir e de rentabilizar as rações alimentares cada vez
mais nutritivas.
 Especialização dos sistemas produtivos: Tiradas do
isolamento pelos meios de transporte rodoviários
motorizados, até as propriedades agrícolas das regiões bem
afastadas das vias aquáticas e das vias férreas puderam ser
abastecidas em todo tipo de bens de consumo e de bens de
produção. Dessa forma, libertaram-se da obrigação de
praticar a poliprodução, que era necessária para satisfazer as
várias necessidades do autoconsumo e do autoabastecimento.
Puderam, assim, consagrar a maior parte de suas forças a um
pequeno número de produções, entre as mais vantajosas,
levando em conta as condições ecológicas, as condições de
escoamento dos produtos.

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