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MAGMATISMO E ROCHAS

MAGMÁTICAS
Magmatismo e rochas magmáticas

Magma
O magma é uma substância líquida, que resulta da fusão de rochas e que ocorre a temperaturas muito elevadas (800 - 1500 °C). Por
vezes, os magmas possuem algumas substâncias sólidas, cuja presença é explicada pelas diferentes temperaturas de fusão dos
componentes da mistura.
A componente gasosa é composta, em geral, por vapor de água, dióxido de carbono, dióxido de enxofre, entre outros.

Do ponto de vista químico:

• Componentes maioritários: silício, alumínio, ferro, magnésio, cálcio, sódio e

potássio, que, normalmente, vêm expressos sob a forma de óxidos (SiO2,

Al2O3).

• Componentes minoritários: água, flúor, arsénio, cloro, boro, fósforo, que

desempenham um papel importante na formação dos minerais.


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Magma - classificação
A quantidade de sílica, isto é, do composto químico de fórmula SiO2, é um importante parâmetro de classificação dos magmas, que
permite dividi-los em:

Magmas pobres em sílica Magmas de composição intermédia Magma ricos em sílica

< 52% 52 - 65% > 65%


Ponto de fusão alto: 1300 °C Ponto de fusão intermédio: 1000 °C Ponto de fusão baixo: 800 °C
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Magma – locais da sua formação

Geralmente, os magmas são gerados em locais onde se verifica

uma forte atividade tectónica - limites de placas em movimento

convergente e divergente.

Estes limites correspondem a regiões onde as condições de

pressão e temperatura permitem a fusão parcial das rochas da

crusta e do manto superior, originando magma.

Existe ainda magmatismo que não ocorre nestes limites.


Magmatismo e rochas magmáticas

CRISTALIZAÇÃO FRACIONADA
Magmatismo e rochas magmáticas

Diferenciação magmática
Durante o processo de arrefecimento de um magma, em consequência da diminuição da temperatura, tem início um processo de
cristalização, isto é, de formação de cristais de matéria mineral.

Arrefecimento

À superfície ou perto dela Em profundidade


As elevadas diferenças de temperatura e pressão e a Quando um magma começa a arrefecer em locais

velocidade de arrefecimento elevada, inibe muitas profundos da crusta terrestre, o arrefecimento é lento

substâncias não de cristalizar ou então apenas formam e ocorre a formação sequencial de minerais, bem

cristais de pequenas dimensões. desenvolvidos, normalmente observáveis a olho nú.


A matéria magmática residual, isto é, a parte do
magma que não cristalizou, possui composição
química diferente do magma original.
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Diferenciação magmática: Cristalização fracionada – Séries de Bowen

Bowen observou que os minerais não cristalizam todos ao mesmo tempo. Primeiro, cristalizam os minerais de mais alto ponto de fusão,
seguidos dos restantes, por ordem decrescente dos respetivos pontos de fusão. Este processo designa-se cristalização fracionada.
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Diferenciação magmática: Cristalização fracionada – Séries de Bowen

Os minerais que se situam


na mesma linha horizontal
possuem temperatura de
cristalização semelhante.
Magmatismo e rochas magmáticas

Séries de Bowen: Reação contínua vs Reação descontínua


Magmatismo e rochas magmáticas

Diferenciação magmática: Cristalização fracionada – Séries de Bowen


Com base na Série de Bowen podemos, ainda, concluir que:

• após a cristalização completa dos minerais que constituem os dois ramos, a fração magmática resultante pode apresentar elevadas
concentrações de sílica e de metais leves, tais como o potássio e o alumínio;
• cristalizarão então, sucessivamente, o feldspato potássico, a moscovite e, por fim, o quartzo, até ao esgotamento do magma residual.

As Séries de Bowen permitem compreender:


• quais os minerais que tipicamente estão associados às diferentes rochas magmáticas;
• a associação, numa mesma rocha, de olivina e de quartzo é altamente improvável, ou a sua ocorrência simultânea é muito limitada;
• os minerais formados a altas temperaturas são menos estáveis quando submetidos às condições de meteorização da superfície
terrestre. As olivinas e as piroxenas alteram-se mais rapidamente, ao contrário do quartzo, que é mais estável;
• que a cristalização ocorre a temperaturas diferentes, de forma sequencial, formando-se diferentes associações de minerais. Pode-se
afirmar que existe uma diferenciação magmática por cristalização fracionada.
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Diferenciação magmática: Diferenciação gravítica


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Diferenciação magmática: Assimilação magmática


O magma pode reagir com as massas rochosas onde se instruí e com as quais fica em contacto. Se um magma se encontra a uma
temperatura superior à do ponto de fusão dos minerais do encaixante, funde-os e esta assimilação de novo material irá alterar a sua
composição.

No entanto, se não ocorrer esta fusão, o magma pode preservar restos das rochas do encaixante que se designam xenólitos.

Diferenciação magmática: Mistura de magmas


Admite-se que, por vezes, possa ocorrer a mistura entre dois magmas de composição química diferente.

Alguns investigadores sugerem que a mistura de um magma


basáltico com um magma granítico poderá originar rochas de
composição intermédia.
Caso os dois magmas não se misturem – imiscibilidade de
magmas – podem formar-se encraves.
Encrave (Lavadores).
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OS MINERAIS
EA
MATÉRIA CRISTALINA
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Isomorfismo
As olivinas são minerais cuja composição química pode ser expressa pela fórmula (Fe,Mg) 2SiO4. Dada a semelhança de tamanho entre
os átomos de ferro (Fe) e os de magnésio (Mg), eles podem substituir-se entre si na estrutura cristalina, de forma parcial ou total,
sem que, ocorram transformações a nível do arranjo e disposição da estrutura cristalina.

Quando se substituem totalmente, formam-se olivinas puras:


• uma constituída apenas por ferro e sílica – a faialite, Fe2SiO4
• outra constituída apenas por magnésio e sílica – a forsterite, Mg2SiO4
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Polimorfismo
Noutros casos, porém, existem minerais que apresentam a mesma composição química, mas estruturas cristalinas diferentes.

Exemplo: minerais diamante e grafite, ambos constituídos exclusivamente por carbono.


Devido às diferentes condições físico-químicas que presidem à formação destes dois minerais, as estruturas cristalinas que
apresentam são totalmente distintas, o que se reflete numa das suas propriedades físicas – a dureza.

Estrutura cristalina da grafite (A) e do diamante (B). As linhas a cheio representam ligações covalentes e as linhas a tracejado
representam ligações de Van Der Waals.
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CARACTERÍSTICAS E
DIVERSIDADE DAS ROCHAS
MAGMÁTICAS
Magmatismo e rochas magmáticas

Cor
A cor da rocha está intimamente relacionada com a existência dos minerais mais abundantes na sua composição. Os minerais
félsicos, ricos em sílica e alumínio, conferem cor clara à rocha e os minerais máficos, ricos em ferro e magnésio, atribuem uma cor
escura às rochas.

Rochas leucocratas Rochas mesocratas Rochas melanocratas


Rochas claras, ricas em minerais Rochas de cor intermédia, nas quais Rochas escuras, ricas em minerais
félsicos (Si, Aℓ) os minerais félsicos e máficos máficos (Fe, Mg)
ocorrem em proporções idênticas

Granito Diorito Gabro


Magmatismo e rochas magmáticas

Cor
A cor da rocha está intimamente relacionada com a existência dos minerais mais abundantes na sua composição. Os minerais
félsicos, ricos em sílica e alumínio, conferem cor clara à rocha e os minerais máficos, ricos em ferro e magnésio, atribuem uma cor
escura às rochas.

Quando são constituídas maioritariamente por minerais félsicos ou por minerais máficos, as rochas designam-se hololeucocratas e
holomelanocratas, respetivamente.

Anfíbola
Quartzo
Ortóclase

Olivina
Piroxena
Moscovite

Hololeucocratas Holomelanocratas
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Textura
A textura é o aspeto geral, microscópico ou macroscópico (em afloramento ou em amostra de mão), de uma rocha, resultante da
forma, da dimensão, da disposição e do grau de cristalização dos minerais que a constituem.

Afanítica ou agranular Fanerítica ou granular Vítrea

Minerais muito pequenos Minerais distinguem-se uns dos


que não se distinguem outros e, na maioria dos casos,
uns dos outros, mesmo podem identificar-se à “vista
Obsidiana
com a ajuda de uma lupa. desarmada”.
As rochas magmáticas plutónicas, que consolidam
em profundidade, possuem uma textura fanerítica
e as rochas magmáticas vulcânicas, que consolidam
muito perto ou, inclusive, na superfície, possuem

Basalto Gabro uma textura afanítica ou até mesmo vítrea.


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Composição química e mineralógica


O elemento químico que predomina nas rochas magmáticas é o silício, que, normalmente, vem expresso em percentagem do respetivo
óxido (SiO2). É com base na percentagem relativa de SiO2 que se classificam as rochas magmáticas em:

Ácidas Intermédias Básicas Ultrabásicas


Magmatismo e rochas magmáticas

Composição química e mineralógica


Dos minerais que constituem as rochas magmáticas, fazem parte dois grandes grupos:

Minerais essenciais Minerais acessórios

Minerais cuja presença permite caracterizar a rocha e Minerais que não são importantes para designar a rocha e que
determina a sua designação. ocorrem em quantidades diminutas, só visíveis, por vezes, ao
Exemplos: quartzo, o feldspato (potássico – ortóclase e microscópio. Podem, no entanto, ser importantes na
microclina; calcossódico – plagióclases), a moscovite, a biotite, caracterização e descrição mais aprofundada da rocha.
as piroxenas, as anfíbolas e as olivinas. Em suma, os minerais Exemplo: magnetite, o zircão, a apatite, o rútilo e a turmalina.
das séries de Bowen.
Magmatismo e rochas magmáticas

Esquema síntese
Magmatismo e rochas magmáticas

Alguns exemplos de rochas magmáticas


Tendo em consideração a composição mineralógica, a composição química e a cor das rochas magmáticas, podem formar-se agrupamentos destas
rochas chamados famílias.

• Família do granito
A água libertada, quer por minerais das rochas de placas
litosféricas oceânicas em subducção sob placas
continentais, quer pelos sedimentos que transportam,
provoca a diminuição do ponto de fusão de rochas da
crusta suprajacente, formando-se magmas ricos em sílica.
A fusão de crusta continental com formação de magmas
também pode ser devida a fenómenos de descompressão
de cadeias orogénicas, nas fases finais de colisão entre
duas placas continentais.
Magmatismo e rochas magmáticas

Alguns exemplos de rochas magmáticas


Tendo em consideração a composição mineralógica, a composição química e a cor das rochas magmáticas, podem formar-se
agrupamentos destas rochas chamados famílias.

• Família do granito
O arrefecimento destes magmas origina rochas ácidas, como o granito e o riolito.

Granito: rocha plutónica com textura fanerítica, leucocrata, com Riolito: é uma rocha vulcânica de textura
menos de 25% de minerais máficos, e podendo atingir os 30% afanítica com composição semelhante à do
de quartzo. Os minerais mais abundantes são os feldspatos, granito.
como a ortóclase, dominantes relativamente às plagióclases.
Magmatismo e rochas magmáticas

Alguns exemplos de rochas magmáticas


Tendo em consideração a composição mineralógica, a composição química e a cor das rochas magmáticas, podem formar-se agrupamentos destas
rochas chamados famílias.

• Família do diorito
Locais de convergência de uma placa continental com
uma placa oceânica, com subducção desta última. O
magma resultante provinha da fusão parcial de partes do
manto e da crusta sob condições especiais de temperatura
e pressão.
A água contida nos sedimentos transportados pela placa
oceânica diminui o ponto de fusão dos materiais. Deste
modo, o magma tem tendência para adquirir uma
composição química intermédia, designando-se por
magma andesítico.
Magmatismo e rochas magmáticas

Alguns exemplos de rochas magmáticas


Tendo em consideração a composição mineralógica, a composição química e a cor das rochas magmáticas, podem formar-se
agrupamentos destas rochas chamados famílias.

• Família do diorito
As rochas que, geralmente, se formam a partir deste magma são o andesito e o diorito.

Andesito: O andesito é uma rocha Diorito: rocha plutónica com textura fanerítica, mesocrata, com
vulcânica de textura afanítica, mesocrata, 35 a 55% de minerais máficos, com ou sem quartzo. Os feldspatos
com composição semelhante à do diorito. constituem quase metade da composição da rocha, com as
plagióclases dominantes relativamente à ortóclase.
Magmatismo e rochas magmáticas

Alguns exemplos de rochas magmáticas


Tendo em consideração a composição mineralógica, a composição química e a cor das rochas magmáticas, podem formar-se agrupamentos destas
rochas chamados famílias.

• Família do basalto
Uma grande parte do manto superior é constituída,
essencialmente, por peridotito, uma rocha
holomelanocrata, rica em minerais máficos, como as
olivinas e as piroxenas. Quando uma porção de peridotito
se desloca na astenosfera, em sentido ascendente, a
diminuição de pressão provoca a fusão dos minerais
ferromagnesianos, possibilitando assim a formação de um
magma de composição basáltica.
Magmatismo e rochas magmáticas

Alguns exemplos de rochas magmáticas


Tendo em consideração a composição mineralógica, a composição química e a cor das rochas magmáticas, podem formar-se
agrupamentos destas rochas chamados famílias.

• Família do basalto
As duas principais rochas geradas a partir deste tipo de magma são os basaltos e os gabros.

Basalto: O basalto é uma rocha vulcânica, Gabro: O gabro é uma rocha plutónica com textura fanerítica,
afanítica, melanocrata, com composição melanocrata, com 50 a 85% de minerais máficos e sem quartzo.
semelhante à do gabro. As plagióclases são os únicos feldspatos dominando as cálcicas
sobre as sódicas.
Magmatismo e rochas magmáticas

Verificação das aprendizagens


Os magmas basálticos possuem Uma rocha magmática com textura fanerítica, ácida e leucocrata resulta de
(A) menos que 52% de SiO2. (A) baixo teor em SiO2.
(B) mais que 52% de SiO2. (B) lento arrefecimento do magma.
(C) menos que 65% de SiO2. (C) rápida ascensão até à superfície.
(D) mais que 65% de SiO2. (D) enriquecimento em minerais máficos

A biotite possui um ponto de fusão A ordem de cristalização dos minerais biotite, anfíbola e olivina é
(A) inferior ao da olivina. (A) olivina, anfíbola e biotite.
(B) inferior ao da moscovite. (B) olivina, biotite e anfíbola.
(C) inferior ao do quartzo. (C) biotite, olivina e anfíbola.
(D) inferior ao do feldspato potássico. (D) biotite, anfíbola e olivina
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Verificação das aprendizagens


O ponto de fusão de um magma numa
(A) zona de subducção é menor do que numa zona de rifte.
(B) zona de rifte é menor do que numa zona de subducção.
(C) zona de subducção é maior do que num ponto quente.
(D) zona de baixa atividade tectónica é menor do que numa zona de subducção

O riolito é
(A) uma rocha magmática ácida com textura fanerítica e rica em minerais máficos.
(B) uma rocha magmática ácida com textura afanítica e rica em minerais félsicos.
(C) uma rocha magmática ácida com textura fanerítica e rica em minerais félsicos.
(D) uma rocha magmática ácida com textura fanerítica e rica em minerais félsicos.
FIM

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