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HIDROMETALURGIA

A hidrometalurgia é um tipo de metalurgia extrativa, que exerce a extração de metais por meios
aquosos. Esse método envolve vários aspectos e inclui todas as formas de extração de materiais
da crosta terrestre por meio de lixiviação e recuperação de fluidos. Trata-se principalmente de
minerais naturais, sais e outras soluções, mas a teoria e a prática podem se estender aos
contaminantes introduzidos pela atividade humana nos solos ou mesmo processos geológicos
secundários que dão origem a depósitos. Portanto, a hidrometalurgia é um campo
interdisciplinar que envolve geologia, química, hidrologia, metalurgia extrativa, engenharia de
mineração, engenharia de processos e economia.

É apresentado no fluxograma acima três etapas essenciais: lixiviação, extração por solventes e
eletroluição. As junções desses processos podem incluir procedimentos de preparação previa,
como a aglomeração, concentração por flutuação, etc.

DEPÓSITOS DE COBRE

De acordo com a geologia os principais depósitos de cobre se classificam como estratiformes,


de sulfúrico massivo e porfíricos. Os depósitos porfíricos são os mais importantes, já que
constroem a principal fonte de extração de cobre devido a seu grande volume, a extração pode
ser economicamente atrativa mesmo com a concentração de cobre perto dos 0.4%.

Um depósito de cobre pórfiro, em seu estado original de formação, corresponde a um corpo


intrusivo que contém mineralização primária finamente disseminada de calcopirita e pirita, que
está sujeita à ação de níveis de água superficiais carregados de oxigénio por sua proximidade no
meio ambiente, aos sais que nela se dissolve e as ações catalíticas das bactérias. Nessas
condições, ocorre oxidação, dissolução e transporte de cobre, ferro e outros elementos
importantes. Este transporte de soluções mineralizadas através da rocha dá origem a reações de
formação de novas espécies minerais (sulfuretos secundários), que podem acumular-se em
quantidades economicamente importantes, formando o que se denomina zona de
“enriquecimento secundário”. Uma oxidação subsequente desta zona de enriquecimento pode
levar à formação dos chamados minerais oxidados. Em alguns casos, a erosão desempenha um
papel importante, sendo possível que algumas dessas áreas não estejam presentes ou que
existam áreas de composição mista.

A MINERALOGIA

A mineralogia é o parâmetro mais importante que afeta diretamente as condições da operação e


a recuperação do cobre na lixiviação, podendo mudar significativamente de uma área de
deposito a outra. A composição mineralógica de uma amostra específica determinará a taxa de
dissolução e o consumo de ácido.

A BRITAGEM

A britagem é uma etapa que consiste na redução de tamanho de um mineral, até a obtenção de
um produto com a granulação desejada. A redução de tamanho se aplica a materiais de
diferentes tamanhos, que variam de alguns centímetros a um metro. Cada etapa subdivide-se,
em dois ou três sub etapas (britagem primaria, britagem secundaria, etc.) estabelecendo circuitos
completos, cujo objetivo se resume na obtenção de um produto de granulometria uniforme, com
produção mínima de finos.
As espécies mineralógicas estão sempre associadas à ganga, formando misturas que são
chamadas de disseminações. O objetivo da cominuição não é apenas reduzir o tamanho das
partículas, mas também a forma como os valores metálicos são expostos ou liberados da matriz
rochosa. Esses conceitos são muito importantes para o projeto do circuito de britagem, pois irão
indicar o tamanho para o qual a partícula de rocha deve ser levada.

Do ponto de vista da extração hidrometalúrgica de valores metálicos, os grãos minerais não


precisam necessariamente ser liberados como grãos livres; já que uma exposição parcial dos
grãos minerais pode fornecer a superfície necessária para o ataque químico pela solução de
lixiviação.

Os altos custos de moagem são decorrentes do alto consumo de energia necessário para reduzir
o tamanho do minério. Para que a britagem seja eficiente, deve-se evitar que as partículas de
minério sejam reduzidas em tamanho além do necessário. Isso é feito por meio de uma
classificação adequada, que consiste em separar as partículas de acordo com seu tamanho,
entregando um material grosso denominado descarte (que retorna à trituração) e um material
fino denominado transbordamento (que segue para o processo seguinte).

AGLOMERAÇÃO

A aglomeração consiste na união de partículas de menor granulometria em torno das de maior


tamanho. A aglomeração consiste na coesão de partículas de menor granulometria em torno das
de maior tamanho. Seu principal objetivo é melhorar a permeabilidade do leito, minimizando a
presença de áreas sem acesso à solução de lixiviação. Aqueles minerais que não foram
aglomerados apresentam ausência de forças para manter as partículas no lugar, portanto, os
finos se movem devido ao arrasto da solução de lixiviação, ocupando espaços entre as partículas
maiores e, caso existam argilas, ambos os fatores desempenham um papel de vedação, afetando
negativamente a permeabilidade do leito.

Cura é o tratamento químico anterior à etapa de lixiviação da TL (camada fina), em que ácido
sulfúrico concentrado e água (ou solução pobre) são fornecidos ao mineral triturado, a fim de
iniciar uma série de reações, cujos efeitos favoráveis à operação são o aumento da solubilidade
do mineral, a geração de fraturas que melhoram a difusão dos reagentes na partícula e, por fim,
a acidificação do mineral que impede a precipitação dos sulfatos de ferro durante a lixiviação. A
aglomeração e cura são feitas em equipamentos denominados tambores aglomeradores.

MÉTODOS DE LIXIVIAÇÃO

A lixiviação pode ser definida como o processo de extração de minerais solúveis por meio da
ação química de soluções de lixiviação. Existem seis métodos de lixiviação de minérios de
cobre, lixiviação in situ, lixiviação por despejo, lixiviação em pilha, lixiviação TL, lixiviação
em cuba e lixiviação por agitação.

Os diferentes métodos disponíveis para realizar a operação do processo de lixiviação buscam


obter o máximo benefício econômico com o mínimo de custos e complicações possíveis. O
método selecionado dependerá principalmente de um equilíbrio econômico que deve levar em
consideração os seguintes fatores:

Valor econômico do metal a ser recuperado, teor de carga, tonelagem disponível, preço de
venda e as condições de qualidade do produto impostas pelo mercado.
 A porcentagem de recuperação que pode ser esperada com cada método
 O custo da mineração, o método de iniciar e transportar o mineral para a fabrica
 O custo dos processos anteriores de redução de tamanho, britagem, moagem,
classificação e eventual aglomeração e / ou pré-tratamentos de cura,
 A facilidade relativa de dissolução das espécies desejadas e os custos dos reagentes.

EXTRAÇÃO POR SOLVENTES (SX)

Os circuitos SX (extração por solvente) são usados para purificar as soluções carregadas da
lixiviação. O processo é realizado em unidades denominadas misturadores-decantadores, por
meio de duas etapas:

 Etapa de extração: Durante a etapa de extração, o PLS (pregnant leach solution) ou


solução rica, com valores típicos de 1-10 g/L de Cu+2, 0,5-5 g/L H2SO4, entra em
contato com a fase orgânica, que contém um extratante específico para cobre.
Posteriormente, o extratante forma complexos com Cu+2, resultando na transferência do
metal em estado iônico da fase aquosa para a fase orgânica, deixando a carga de
impurezas presentes no PLS na fase aquosa. A fase orgânica carregada com cobre é
separada por gravidade da fase aquosa, que nesse ponto é chamada de refinado. O
refinado é reciclado de volta para o circuito de lixiviação, onde o ácido gerado pela
extração pode ser usado.
 Etapa de re-extração: No processo de re-extração, o cobre carregado na fase orgânica
é colocado em contato com uma solução carregada com ácido, denominada eletrólito
gasto ou estéril (com 175-190 g/L de H2SO4) do circuito de separação eletrolítica, extrai
cobre da fase orgânica. A fase orgânica reduzida em cobre ou gasta e a fase aquosa
enriquecida com cobre ou eletrólito avançado são separadas por gravidade. A fase
orgânica gasta é devolvida ao circuito de extração e o eletrólito avançado é enviado às
células de separação eletrolítica.

ELECTRO OBTENÇÃO (EW)

O processo de separação eletrolítica EW (electrowinning) consiste em cátodos metálicos e


ânodos inertes (mas condutores) imersos em soluções eletrolíticas previamente carregadas com
Cu+2 e H2SO4 provenientes do circuito SX. Por meio da aplicação de corrente elétrica direta de
uma fonte externa (como um retificador), um fluxo de elétrons é produzido entre o ânodo e o
cátodo, o que permite a redução de Cu+2 para Cu0, que é depositado na superfície do cátodo. O
material do cátodo é geralmente de aço inoxidável. Os ânodos são geralmente feitos de ligas de
chumbo. O processo é realizado em um período de 6 a 7 dias, o cobre, após ser separado dos
cátodos, é lavado e armazenado para comercialização. Cerca de 5 milhões de toneladas de cobre
são eletro-depositadas por ano em todo o mundo.

Informações que podem ser extraídas do diagrama de Ellingham


1-Valor de energia livre de Gibbs de uma reação a uma dada temperatura
2-Análise da estabilidade relativa dos óxidos deltaGo = RT.ln(pO2) . Quanto menor o valor de
DeltaGo, menor é pO2; • reflete o poder que o sistema tem para diminuir a pressão de oxigênio;
em outras palavras, a afinidade do metal pelo oxigênio; •A 1000K a magnitude do abaixamento
de pO2 do sistema <Si> /<SiO2> é maior do que a do sistema 2 <Ni> / 2 <NiO> SiO2 é mais
estável que NiO;
3- Capacidade redutora dos metais. DGo = RT.ln(pO2) • numa dada temperatura, um elemento
metálico opera como redutor de qualquer óxido cuja linha representativa se encontra acima dele
• Alumínio pode ser (e é) utilizado como redutor de <MnO> para obtenção de <Mn> metálico
4-Equilíbrio entre compostos. • quando duas linhas se interceptam, a temperatura corresponde à
igualdade de DGo e portanto de equilíbrio na formação dos compostos • a 850K, DGo dos
sistemas 4 {Na} / 2 <Na2O> e 4/3 <Cr> / 2/3 <Cr2O3> são iguais • a 850K existe o equilíbrio 4
{Na} + 2/3 <Cr2O3> = 2 <Na2O> + 4/3 <Cr> • abaixo de 850K, o <Na2O> é mais estável que
<Cr2O3>; • a 850K, <Na2O> e <Cr2O3> encontram-se em equilíbrio • acima de 850K,
<Cr2O3> é mais estável que <Na2O>
5- Oxidação e redução seletivas. Considere-se um minério de Cu hipotético contendo NiO,
MnO, MgO, CaO e Cu2O como principal constituinte. • Se Alumínio for utilizado como redutor
deste minério, o cobre resultante da redução estará contaminado com Ni e Mn porque Al é
redutor em relação aos óxidos Cu2O, NiO e MnO; • CaO e MgO não serão reduzidos porque
estes óxidos são mais estáveis que Al2O3. Assim, CaO e MgO resultarão como componentes da
escória do processo de redução.
6-DSo da reação. DG° = DH° –T. DS°• Os valores de DS° são semelhantes, independentemente
da reação considerada. • Somente há grandes variações nas transformações L=G DG° de
formação dos óxidos é tanto mais negativa quanto mais baixa a T. Qual a implicação disto?
Van’t Hoff
7- DHo da reação. DG° = DH° –T. DSº. Para T = Zero absoluto
DGo = DHo Determinar o valor de DHo da reação <Ti> + (O2) +
<TiO2>
8-Relação CO/CO2 de equilíbrio. Pode-se calcular o potencial de
oxigênio através da reação
• utilizar a escala CO/CO2 à direita
• utilizar o ponto “C” na ordenada à
esquerda como referência

9-Relação H2/H2O de equilíbrio. Pode-se calcular o potencial de


oxigênio através da reação
• utilizar a escala H2/H2O à direita
• utilizar o ponto “H” na ordenada à
esquerda como referência

10-Zonas de estabilidade do metal e do óxido. Considere a linha representativa do


equilíbrio genérico.
• na zona acima da linha pO2 é maior.Consequentemente o óxido é estável
• na zona abaixo da linha de equilíbrio,o metal é mais estável
11-Controle de atmosfera. Para a temperatura de 1000°C: •O ponto P tem: •Uma pCO/pCO2 de
10 (A). •Uma pO2 igual a 10-16 (B). •na zona acima da linha pO2
Consequência: a atmosfera CO-CO2 tem uma pO2=10-16 •Aumentando a relação CO/CO2 a
pO2 diminui. •O mesmo acontece para as atmosfera contendo H2-H2O.

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