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8o

ANO

2024_AF_V1
História

A Revolução Liberal do Porto de 1820

2o bimestre – Aula 10
Ensino Fundamental: Anos Finais
Conteúdo Objetivos

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● Revolução Liberal do Porto ● Identificar os motivos, as
de 1820 e suas ações e os desdobramentos
consequências; políticos da Revolução
Liberal do Porto;
● A permanência de Dom
Pedro: o Dia do Fico. ● Compreender o Dia do Fico
como marco histórico para a
Independência do Brasil.
Para começar

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3 MINUTOS Virem e conversem
Quem foi para Portugal,
perdeu o lugar! – Vai o pai,
fica o filho!*
Há 200 anos Dom João VI
retornou a Portugal. Que l
ga
impactos esse retorno gerou ort u
P
para o Brasil? Virem e
conversem sobre suas
hipóteses, pensando na
nomeação de Dom Pedro I
como príncipe regente — da
Partida de Dom João VI, em 21 de abril de 1821.
parte brasileira, evidentemente, In: Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, v. 3,
do Reino Unido de Portugal, 1834-1839
Brasil e Algarves.
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Estudante, você acabou de levantar hipóteses sobre o retorno de Dom
João VI para Portugal e como isso pode ter aberto caminhos para que se
concretizasse a emancipação política de nosso país. Nesta aula, vamos
explorar como isso se deu e como uma importante decisão de Dom
Pedro, à época príncipe regente do então Reino do Brasil, possibilitou a
concretização de condições favoráveis para que o Brasil viesse a se
tornar um país independente e soberano.
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Revolução Liberal do Porto
→ Contexto pré-revolucionário
A permanência da família real portuguesa e sua corte no Brasil, mesmo
depois de as tropas francesas terem deixado Portugal em 1815,
desagradou os portugueses.
A insatisfação era reforçada pela crise econômica que o país vivia em
face à abertura dos portos, não permitindo à burguesia lusa concorrer
com os produtos industrializados dos britânicos.
Diante do entrave, ocorreu na cidade do Porto, em Portugal, a
Revolução do Porto. As motivações, o contexto histórico e suas
consequências podem ser observadas nos próximos slides por meio de
mapas mentais.
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Invasões
napoleônicas
em Portugal
O movimento Revolução Contexto
Liberal do
Porto (1820) Derrota de
Napoleão
em Waterloo
Desejava a volta (1815)
Ocorreu
em 1820, da corte
Transmigraçã
na cidade portuguesa, que
o da corte
do Porto, se encontrava
portuguesa Livre da ameaça
em no Brasil (D.
ao Brasil em francesa, D. João
Portugal João VI, sua
1808 (fuga da poderia voltar
família e a
Família Real) para Portugal, mas
nobreza real)
não o fez. Queria
Exigia a promulgação de uma ficar livre das
Constituição liberal, criando pressões dos
uma monarquia parlamentar e países europeus
limitando o poder real
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Congresso de
Viena (1814-
Insatisfações Revolução 1815)
Liberal do
Porto (1820)

Representantes dos
Ingleses governos europeus
administram Portugueses não queriam acatar
Portugal desejavam que o pedidos dos
enquanto a corte Brasil retornasse à embaixadores
fica no Brasil condição de colônia portugueses, pois
Portugal governava a
partir de uma colônia
(inversão colonial)
Portugueses
D. João VI não perderam o
demonstrava monopólio
interesse em comercial desde D. João VI eleva o
voltar a que o Brasil deixou Brasil à condição de
Portugal de ser colônia. reino (1815)
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D. João VI e parte
As cortes de sua família
legislativas Revolução Liberal voltam a
portuguesas se do Porto (1820): Portugal. Fim do
reuniram e CONSEQUÊNCIAS Estado
elaboraram uma absolutista
Constituição português

Ao retornar para
D. João VI declara Portugal, deixa D.
o movimento ilegal, Pedro como
mas faz príncipe regente do
concessões então Reino do
Brasil
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Características: ➔ Caráter liberal:
A Revolução do Porto foi
fortemente influenciada A denominada Revolução
Liberal do Porto foi
pelo liberalismo influenciada pelo
disseminado pela Europa pensamento iluminista. Os
revolucionários opunham-
na época. Os
-se ao absolutismo, aos
revolucionários privilégios da nobreza e do
portugueses exigiam a clero, à intolerância
religiosa e à falta de
criação de uma
liberdade. A burguesia
Constituição que limitasse portuguesa, com o apoio
o poder absoluto do rei, popular, reuniu as cortes
de todo o Império,
garantisse a liberdade
Retrato de João VI, de exigindo a criação de uma
Portugal. Jean- individual e a igualdade Constituição a fim de
Baptiste Debret, 1817 perante a lei. Continua... limitar o poder do Rei.
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➔ Militarismo: a Revolução do
Porto foi liderada por oficiais do
exército português, que se
uniram em torno de um
manifesto conhecido como
“Proclamação do Porto”. Esse
manifesto exigia a convocação
de cortes (assembleias
legislativas) para elaborar uma
Alegoria à Revolução de 24 de agosto de 1820 no
nova Constituição e afirmava Porto, gravura de António Maria da Fonseca,
que o exército defenderia a 1820, Sociedade Martins Sarmento
soberania nacional e a liberdade
dos cidadãos.
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➔ Nacionalismo: o movimento também foi
marcado pelo nacionalismo, com os
revolucionários defendendo a ideia de
que Portugal deveria ser governado por
portugueses, e não por estrangeiros,
como era o caso do rei João VI, que
estava vivendo no Brasil desde 1808.
➔ Mudança de regime: a Revolução do
Porto marcou o fim do Antigo Regime em
Portugal e o início de uma nova era
Documento em que as cortes
política. Em 1822, foi promulgada a
gerais e extraordinárias da Nação
primeira Constituição portuguesa, que Portuguesa efetivam o fim da
estabeleceu uma monarquia regência em 1821 devido ao
retorno de D. João VI de Portugal
constitucional e limitou os poderes do rei.
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Enquanto isso aqui no Brasil…
Em fevereiro de 1821, as tropas
portuguesas no Rio de Janeiro se
rebelaram contra decretos que
adaptavam a Constituição portuguesa
ao Brasil, emitidos em resposta à
Revolução Liberal do Porto. O motim
Aceitação provisória da Constituição de
foi resolvido pacificamente quando Lisboa, litografia de Jean-Baptiste Debret
Dom Pedro, no Largo do Rossito, jurou (1839) que representa o momento após o
motim das tropas portuguesas no Largo
as bases da Constituição lisboeta, do Rossio (atual Praça Tiradentes no Rio
revogando os decretos anteriores. de Janeiro) e juramento de D. Pedro I, em
nome de seu pai, D. João VI, de obedecer
Para saber mais, acesse: à Constituição em elaboração em
https://encurtador.com.br/ei248 Portugal
Na prática

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10 MINUTOS Todo mundo escreve

Vamos agora, com a ajuda de historiadores, identificar os pontos de vista


de Portugal e Brasil sobre a Revolução do Porto. Para tanto, analise
atentamente as fontes e, em sequência, complete a tabela abaixo:
Pontos de REVOLUÇÃO DO PORTO – 1820
vista:
Portugal

Brasil

Vá para os próximos slides para consultar a fonte e depois completar a tabela.


Na prática

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Revolução do Porto: liberal para Portugal, restauradora para o Brasil.
[...] as antigas demonstrações de fidelidade irrestrita ao monarca por parte da
população portuguesa deram lugar à indignação geral. Para piorar a situação,
uma grande crise se abateu sobre o Estado português. A produção agrícola
escasseava, o numerário esgotava-se, o papel-moeda perdia seu valor, assim
como sumia o crédito conferido pelos demais países europeus. Segundo as
elites locais, para reerguer Portugal seria preciso deter o processo de
autonomia do Brasil, ao qual atribuíam a responsabilidade pelo estado
lamentável das finanças e do comércio no reino. [...]
O fato é que, privado dos recursos de suas possessões ultramarinas, sem os
lucros do comércio colonial e humilhado pela dependência em relação à
Inglaterra, Portugal se descobriu ocupando um lugar periférico dentro do seu
próprio sistema imperial. E até mesmo o rei parecia desapegado. A crise era,
pois, econômica, política e simbólica.
Na prática

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[...] E somente um gesto de grande poder simbólico - a volta do rei por tantos
anos ausente - seria capaz, acreditavam as elites locais, de impedir uma
radicalização de grandes proporções. Foi animada por esse espírito que
estourou a Revolução Liberal do Porto, em 1820, erguendo duas grandes
bandeiras de luta. De um lado, o constitucionalismo, a proposta de criação do
conjunto de leis fundamentais do Estado, incluindo a definição do sistema
geral de governo e a regulação dos direitos e deveres dos cidadãos - “cortes
e Constituição” era a palavra de ordem que reunia politicamente os
portugueses, em 1820. De outro, a defesa da soberania nacional monárquica
que, nesse caso, significava o retorno imediato de D. João VI, ou, ainda
melhor, de toda a família real.
Na prática

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Correção
Pontos REVOLUÇÃO DO PORTO – 1820
de vista:
Portugal Caráter liberal com convocação das cortes (Assembleia bicameral formada pela câmara
de deputados – eleitos por sufrágio – e pela câmara dos pares do reino – nomeados pelo
monarca. As cortes detinham o poder legislativo e eram o órgão máximo da estrutura
política, detendo a supremacia sobre todos os demais órgãos) e elaboração de uma
Constituição que estabelecesse os limites do poder do rei, rompendo com o Antigo
Regime, tendo como objetivo a reorganização administrativa do Estado português. Para
o Brasil, haveria a necessidade da manutenção dos laços coloniais, detendo o processo
de autonomia. D. João VI contrariou as determinações das cortes, deixando D. Pedro
como príncipe regente, o que permitiu uma continuidade no Brasil, ainda que não
necessariamente tenha auxiliado no processo de Independência

Brasil Considerou a ação conservadora e recolonizadora, já que pretendia anular medidas


concedidas por D. João, exigindo a subordinação da economia e da administração
brasileiras a Portugal.
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D. João vai, a crise fica
• Crise econômica: D. João levou
consigo as reservas financeiras
do Banco do Brasil.
• Crise institucional: em todas as
províncias do reino e
principalmente no Norte e no
Nordeste, havia pessoas de
todos os grupos sociais que não
aceitavam a autoridade de D.
Representação do regresso de Pedro.
D. João VI a Portugal
Continua...
Foco no conteúdo

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• Nesse contexto de crise, as cortes em Portugal exigiram que D. Pedro
também regressasse;
• As elites brasileiras encontravam-se contentes com as transformações
introduzidas pela família real no Brasil. A elevação a Reino Unido
proporcionou certa autonomia, ao passo que a economia da colônia
floresceu com o comércio de mercadorias britânicas;
• A elite do reino estava incomodada com a presença de portugueses
ocupando cargos importantes na administração política, pois desejava
assumir essas posições;
• Diante desse quadro, em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro recebeu
um requerimento de 8 mil assinaturas, solicitando sua permanência no
Brasil.
Qual foi a decisão de D. Pedro? O mapa mental do próximo slide explica.
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Decisão de As elites brasileiras
Lisboa de temiam a possibilidade
rebaixar o de o país ter uma
Brasil à experiência
condição de emancipacionista similar
colônia às que vinham
ocorrendo na América
do Sul, com guerras
sangrentas e
fragmentação territorial
As províncias
passariam a
responder diretamente
a Lisboa até que uma
junta escolhida por
Portugal fosse Acreditavam que, com
designada para a preservação da
Preocupação
governar o país monarquia, a ordem e
das elites em
a unidade interna se
preservar seus
manteriam e isso
privilégios
afastaria o “perigo”
de uma revolução de
escravos, como a que
ocorria no Haiti
Aplicando

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15 MINUTOS Faça agora

Acabamos de estudar como a Revolução do Porto ocasionou a volta de


D. João VI para Portugal e deixou D. Pedro como regente do então
Reino do Brasil. Diante de uma crise, as cortes portuguesas exigiram
que D. Pedro retornasse a Portugal. Pressionado pelas elites
brasileiras, em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro recebeu um
requerimento com cerca de 8 mil assinaturas solicitando que ficasse no
Brasil. Diante disso, tomou a decisão de ficar, tendo dito a seguinte
frase: “Como é para o bem de todos e a felicidade geral da nação,
estou pronto; diga ao povo que fico”.
Acerca disso e, de acordo com o que você estudou nesta aula, em
grupos, você e seus colegas farão uma encenação deste momento.
Para tanto, siga o passo a passo em sequência:
Continua...
Aplicando

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a) A sua encenação deve contemplar a volta de D. João VI para
Portugal, a exigência para que D. Pedro retornasse e seu ato de
desobediência para com a corte, tomando a decisão de ficar.
b) Reúnam-se nos grupos para elaborar as falas e estabelecer quem
serão os personagens.
c) Deve ser breve: não passar de dois minutos, para que todos os
grupos possam se apresentar.
d) Para se inspirar, assistam aos vídeos:

1. Dia do Fico foi passo importante para a independência do Brasil (youtube.com)


2. Dia do Fico e a Revolução Liberal do Porto | Nerdologia (youtube.com)
Aplicando

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d) Para se inspirar, assistam aos vídeos:

1. Dia do Fico foi passo importante para a independência do Brasil (youtube.com)

2. Dia do Fico e a Revolução Liberal do Porto | Nerdologia (youtube.com)


O que aprendemos hoje?

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• Identificamos os motivos, as ações e os
desdobramentos políticos da Revolução
Liberal do Porto;
• Compreendemos o dia do Fico como
marco histórico para a Independência
do Brasil.
Referências

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CÂMARA DOS DEPUTADOS. Secretaria de Comunicação. Comissão Curadora do Bicentenário da
Independência. Memória da Exposição: Revolução do Porto, 1820. Disponível em:
www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/arquivos/revolucao-do-porto. Acesso
em: 29 fev. 2024.
DIAS, Maria Odila Leite da Silva. A interiorização da metrópole e outros estudos. São Paulo: Alameda,
2005.
LEMOV, Doug. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre:
Penso, 2023.
LIMA, Oliveira. O movimento da independência (1821-1822). Brasília: FUNAG, 2019 (edição fac-
similar). Disponível em: https://cutt.ly/24c5J9Y. Acesso em: 21 mar. 2023.
NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das. Dia do Fico. In: VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil
Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo Paulista: etapas Educação Infantil e Ensino
Fundamental, 2019.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo em Ação, 2023.
Referências

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SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras,
2015.
SILVA, Alberto. Crise colonial e independência: 1808-1830. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
Referências

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Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – Dom João VI, em 21 de abril de 1821. In: Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, v. 3, 1834-
1839. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/um-corte-na-historia-do-brasil/. Acesso em: 29
fev. 2024.
Slides 6, 7, 8 – Ao fundo: Revolução liberal no Porto em 1820. Disponível em:
A Revolução Liberal do Porto - (capeiaarraiana.pt). Acesso em: 5 mar. 2024.
Slide 9 – Retrato de João VI de Portugal. Jean-Baptiste Debret, 1817. Disponível em:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/90/Jean-Baptiste_Debret_-_Retrato_de_Dom_Jo%C3
%A3o_VI_%28MNBA%29_-_cores_compensadas.jpg
. Acesso em: 29 fev. 2024.
Slide 10 – Alegoria à Revolução de 24 de agosto de 1820 no Porto, gravura de António Maria da
Fonseca, 1820, Sociedade Martins Sarmento. Disponível em:
https://www.parlamento.pt/Parlamento/PublishingImages/200A-revolucao-liberal/crono/grav_0002.jpg.
Acesso em: 29 fev. 2024.
Slide 11 – Documento em que as Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa efetivam o fim
da regência em 1821 devido ao retorno de D. João VI de Portugal. Disponível em:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/09/Cortes_Gerais_e_Extraordin%C3%A1rias_da_Na
%C3%A7%C3%A3o_Portuguesa_1821.jpg
. Acesso em 29 fev. 2024.
Referências

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Slide 12 – "Aceitação provisória da Constituição de Lisboa", litografia de Jean-Baptiste Debret
(1839). Disponível em:
Ficheiro:RealTeatroSJoao-Debret-1834.jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org). Acesso
em: 29 fev. 2024.

Slide 17 – Representação do regresso de D. João VI a Portugal. Disponível em:


https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ac/DomJo%C3%A3oVIemPortugal.jpg. Acesso
em: 29 fev. 2024.

Slide 19 – Charge representando o dia do fico. Disponível em:


CANAL KIDS - Cultura - História - Independência do Brasil - O Dia do Fico. Acesso em: 29 fev.
2024.
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