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CORREIO DA MANH

18.9.2012

FIO DE PRUMO

Paulo de Morais Professor Universitrio

CORRUPO
A corrupo a principal causa da crise em que estamos mergulhados. este fenmeno que est na origem de sucessivos negcios ruinosos, verdadeiros roubos, que conduziram ao descalabro das contas pblicas. Nas ltimas dcadas, assistimos a um regabofe sem limite com os dinheiros pblicos. A Expo 98 transformou um permetro industrial degradado numa zona urbanizvel, gerou mais-valias urbansticas milionrias, atravs da construo de hotis, equipamentos e apartamentos de luxo. E, apesar disso, no final deu prejuzo. As acusaes de corrupo foram tbias e at hoje ningum foi condenado. Mas foi assim tambm o Euro 2004, cujos estdios tiveram derrapagens de custo colossais. Tambm aqui o processo Apito Dourado borregou e a culpa morreu solteira. E foi ainda a compra dos submarinos, com pagamento de luvas a portugueses. A corrupo foi provada na Alemanha, os corruptores foram julgados e presos. Em Portugal, o Ministrio Pblico no sabe de nada. Mas os exemplos no acabam nunca. Nos ltimos anos, os mais criminosos de todos os negcios pblicos so os contratos de parceiras pblico-privadas (PPP), nomeadamente as rodovirias. Atravs deste modelo de negcio, garantem-se aos privados rentabilidades de capital superiores a 17%, haja ou no trnsito. O Estado assume todos os riscos e cede todos os potenciais lucros. A primeira de todas as PPP foi a Ponte Vasco da Gama. Os privados financiaram apenas um quarto do valor da ponte e, com isso, ganharam o direito s receitas com portagens da Ponte Vasco da Gama, da '25 de Abril' e ainda o exclusivo das travessias rodovirias do Tejo por toda uma gerao. O governante que concebeu este calamitoso negcio, Ferreira do Amaral, preside hoje empresa concessionria, a Lusoponte. Os seus sucessores seguiram-lhe o triste exemplo. Jorge Coelho e Valente de Oliveira, ministros das Obras Pblicas de Guterres e Barroso, so administradores na maior concessionria de PPP, a Mota-Engil.

Todos estes negcios ruinosos para o Estado tm responsveis, que a Justia portuguesa jamais pune. E tm como consequncia os sacrifcios por que
hoje passamos. E continuaremos a passar se no for erradicada a causa que est na origem desta situao a que chegmos: a corrupo.

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