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Há uns anos, poucos tinham Já demos ao BPN o suficiente para evitar as medidas de aus-

ouvido falar do BPN. Porque teridade anunciadas: cortes de 450 milhões de euros na rede
poucos recorriam aos seus escolar, de 60 milhões na justiça e de 900 milhões em sa-
serviços bancários, pensa- lários, aumento do IVA, do preço dos transportes públicos.
dos sobretudo para a elite O dinheiro enterrado em benefícios fiscais, subsídios e be-
política e financeira. Mas nesses diversas a empresas milionárias seria suficiente para
hoje, quem não está pelo eliminar o défice e só o buraco do BPN cobre grande parte do
menos ciente de que o "bu- ganho esperado com o PEC 4 (4,4 mil milhões de euros).
raco" do BPN está intimam- Dizem-nos que é inevitável, que se evitou o "risco sistémico."
ente ligado ao défice nacio- E entretanto, o BPN, falido desde 2008, continuou e continua a
nal e, consequentemente, funcionar, os lucros que possibilitou continuam nas mesmas
à intervenção do FMI? contas (quantas em paraísos fiscais?), e já se sabe que Dias Lou-
O “buraco” já vai pelo me- reiro e Oliveira e Costa nem sequer têm bens para penhorar…
nos em 3 mil milhões de euros, e é possível que cresça e temos o FMI às costas, a dizer-nos que trabalhamos poucas
até aos 5,5 mil milhões; é um buraco negro que suga horas, recebemos muito dinheiro, pagamos rendas baixas e te-
o dinheiro do Estado — que é como quem diz, o din- mos direitos sociais a mais. Tudo para que a banca não entre em
heiro de todos nós, os tais muitos e muitas que nem "stress." Mas temos à perna cortes no abono de família, mater-
sabiam que havia um banco que não era para eles. nidades a pedir ajuda aos utentes, escolas sem funcionários,
E estes buracos não surgem do nada, e muito menos de IVA mais alto, e menos bolsas de ensino. Para cúmulo, ouve-se
vivermos "acima das nossas possibilidades." Surgem agora dizer que o Estado português e a "troika" [Comissão Eu-
porque um grupo de pessoas levou a cabo uma série ropeia; BCE e FMI] preparam um fundo de contingência.
de práticas (algumas ilegais, incluindo ligações a em- Ninguém se preocupou em evitar este risco sistémico so-
presas offshore envolvidas em tráfico de armas), que bre as nossas vidas. Nós estamos preocupados, e vamos
lhes permitiram fazer muito dinheiro, sem que por tal mostrar-lhes que o nosso silêncio não é “inevitável.” Va-
fossem chamadas a contribuir para o bem comum na mos explicar-lhes que não somos nós que vivemos aci-
mesma medida em que todos contribuímos com uma ma das nossas possibilidades, são eles é que não sa-
percentagem dos nossos rendimentos. O banco de- bem viver sem ser à custa das nossas possibilidades. Vais
les, o lucro deles, os negócios deles. O risco deles? continuar a deixar que especulem com a tua vida?
Nem por isso. Quando o casino começou a correr mal a factu-
ra dos prejuízos entrou directamente para o erário público. http://portugaluncut.blogspot.com
Passámos a ser os fiadores da elite política e financeira. Se quiseres organizar um protesto na
tua cidade, fá-lo!Lá nos encontraremos!

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