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numa arma"
por Ana Filipe Silveira
http://dn.sapo.pt/revistas/ntv/interior.aspx?content_id=1475680
Deve ter sido num dia de chuva e de frio em que não havia futebol e as pessoas
ficaram em casa (risos). Na realidade sinto-me agradecida ao público português por
ter tido interesse em ver a série.
É uma honra fazer parte desta série que tem ganho reconhecimento mundial desde
que foi para o ar. Estou no princípio da minha carreira internacional e estou
extremamente concentrada em dar o meu melhor. Fico feliz pela imprensa
internacional reparar nisso!
Por falar em Los Angeles, qual é a melhor e a pior coisa de se viver numa
cidade assim tão grande?
A melhor coisa talvez seja o tempo. Para um actor, Los Angeles - tal como Nova
Iorque - é o sítio onde se deve estar para arranjar agente e fazer castings. A pior
coisa talvez seja o trânsito dia e noite, 24 horas por dia!
Apesar de viver aqui há uns meses ainda tive poucas oportunidades de ter uma vida
nocturna, por isso não estou inteiramente a par das discotecas da moda.
A história não sou eu que a faço, são os acontecimentos à volta da minha actuação.
Vou dar uns exemplos, as enormes audiências que a série fez e faz nos EUA, o facto
de termos sido vendidos para reposição, mais tarde, a outra estação ao fim do sétimo
episódio, a grande audiência obtida pela SIC no domingo como a série internacional
mais vista da década e o facto de ser a primeira portuguesa a fazer parte do elenco
permanente numa série norte-americana contribuem para isso.
Sabe que é uma mulher bonita. Sente que isso, a par do seu talento, está a
ser um factor decisivo para o seu sucesso, sendo que a imprensa é sempre
"gulosa" e gosta de stars?
Não se pode negar que a indústria cinematográfica tem o seu grande lado superf icial,
mas não acho que tenha sido decisivo na minha carreira. Há uma lista de nomes de
actores que nunca foram considerados "bonitos" e no entanto os seus filmes fizeram
história, como Dustin Hoffman, Robert DeNiro, Meryl Streep, entre outros.
Vamos lá ser sinceras: depois deste êxito não lhe passa pela cabeça, no
futuro imediato, voltar a fazer novelas ou séries em Portugal, pois não?
Neste momento nem poderia, por causa dos contratos que tenho aqui [em Los
Angeles]... Além disso, as novelas foram uma parte muito útil da minha formação,
mas de momento estou numa fase diferente da minha vida profissional.
Um dos maiores elogios que a crítica lhe tem feito por cá, desde que a série
se estreou, é: "Nem parece portuguesa." Como é que interpreta isso? Ou
seja, como está há dois anos nos EUA, sente que há, de facto, uma forma
especial de "ser português" ou a linguagem das artes é universal?
Falei logo a seguir e gostaram imenso. Ficámos todos positivamente admirados com
as audiências.
E os seus amigos de infância o que é que lhe dizem? Além de estarem muito
orgulhosos, certamente!
Vemo-nos poucas vezes por ano porque vivem entre Inglaterra e Portugal. Mas
quando nos vemos fazem-me perguntas sobre a minha experiência e depois
passamos a comportarmo-nos como se tivéssemos outra vez 16 anos!
Tenho uma dúvida. É tão profissional a pegar numa arma que não posso
deixar de fazer a pergunta: não foi a primeira vez, pois não?
Seria capaz de agarrar numa arma verdadeira da mesma forma que agarra
numa de brincar?
As armas que usamos são mais do que verdadeiras! As balas é que são diferentes,
não são projectadas. A pistola dispara mas só faz barulho. Antes de começarmos a
gravar levaram-nos para uma carreira de tiro, por isso pratiquei com armas e balas
verdadeiras.
Espero que sim! A visibilidade de estar na série tem essa vantagem e espero poder
usufruir disso.
Faço o papel de uma mulher italiana na época da Segunda Guerra Mundial. O filme
conta a história de um grupo de pilotos afro-americanos na altura em que eles
começavam a ser aceites na força aérea norte-americana. Ou seja, há um tema de
racismo, e a minha personagem apaixona-se por um dos pilotos. Estou feliz porque é
um papel muito diferente daquilo que tenho feito e acima de tudo tive o desafio de só
falar italiano...
Nestes dois anos em que está nos EUA, acho que pode dizer-me: que imagem
têm os americanos dos portugueses? Ao menos já sabem onde fica Portugal?
Pelo menos os americanos que me conhecem sabem onde fica Portugal! Mas
conhecem pouco a cultura. Na costa este dos EUA há uma comunidade maior de
portugueses.
Presumo que já tenha amigos norte-americanos e que frequentem a sua
casa. Já fez comida portuguesa ou é melhor a dar tiros do que ao fogão?
Por acaso até cozinho decentemente... (risos). Já fiz uns pratos de peixinho no forno.
Aqui, o bacalhau em sal como nós costumamos comprá-lo em Portugal chama-se
"bacalá" (risos)... Rio-me sempre. Ainda não tive oportunidade de alimentar os meus
amigos americanos.
Los Angeles é cara dependendo da zona... Beverly Hills ou Malibu, por exemplo, são
um pouco mais caras, mas há vários sítios perfeitamente acessíveis, como Hollywood
e West Hollywood. Eu gosto muito de um café chamado Aroma. Ou então é barato ir
ao supermerc ado e cozinhar em casa!
Não digo que sempre tenha sido mulher de combate, mas sempre fui muito activa
com aulas de dança, ginástica, ginásio... E depois também nos habituamos ao ritmo
da acção.
Claro. Deu-me um trabalhão cá chegar! Mas não vou relaxar só por já ter conseguido
alguma coisa. Há sempre espaço para melhorar e para novos projectos.
Obviamente que o que eu disse nesse aspecto não pode ser levado à letra. (risos)
Ganhar um prémio não é a finalidade nem o objectivo da minha carreira.