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BELEZA
&MODA
R$ 25
Letrux em looks
inspirados no
centenário da
Semana de Arte
Moderna
QUER PEDIR
DEMISSÃO?
O que impulsiona
o movimento
eliana
great resignation
ELIANA
50
2
e os
“Claro que o
{ ano 61 fevereiro de 2022 }
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CAPa 6
EU E VOCÊ
Foto Pedrita Junckes • Beleza Markito Costa • Styling Thidy Alvis
• Direção de arte Lorena Baroni Bósio • Tratamento de imagem Due Retouch
• Na capa, Eliana usa top e calça Vitor Zerbinato; brincos, Rincawesky 94 HORÓSCOPO
20Em entrevista,
Letrux fala sobre
a volta aos palcos e
as complexidades da
mulher aos 40 anos
D
esaprender para reaprender. Quando olho para o
movimento modernista, sinto que Tarsila do Amaral,
Anita Malfatti e Pagu, entre outros artistas, tiveram,
sim, a ousadia de contrariar expectativas alheias,
mas não sem antes digerir o que havia de careta em
si mesmas. Passados 100 anos da Semana de 22, o que
significa ser uma mulher vanguardista hoje? Enxerguei
na postura livre da cantora Letrux, nossa convidada
para um ensaio de moda deslumbrante (na página 20),
uma referência de caminho de saída. “De repente, você faz
40 e se pergunta: ‘É sério que eu não usei shorts com medo dos
meninos me zuarem? É sério que eu fiquei com pudores moralistas
de viver uma experiência?’”, disse ela em entrevista à editora Joana Oliveira.
Dá vontade de fazer um trato: nunca mais vamos nos importar com o que
pensam de nós, que tal? Eu e você temos experiência de vida suficiente
para reconhecer que não é tão simples assim. Mas quer saber? Isso não
significa que seja impossível. Aos quase 50 anos, a apresentadora Eliana
(leia a reportagem de capa na página 38) topou uma virada na sua carreira
ao estrear no streaming sem abandonar sua paixão, a televisão aberta.
Durante as férias em família, com roupa de praia e zero maquiagem, ela me
contou sobre seu desejo de viver com mais leveza. Pegar leve pode ser deixar
os filhos saberem o quanto o seu trabalho é importante e também escolher
parar quando necessário. Assumir a autorresponsabilidade e fazer as pazes
com as decisões que tomamos talvez seja o movimento mais revolucionário.
Principalmente porque ele não precisa mais ser solitário.
Pela primeira vez em 90 anos, por exemplo, cinco mulheres presidem
seccionais da OAB (página 62) – é um recorde, mas queremos mais! Nesta
edição, falamos ainda sobre uma rede de networking femini-
no voltada para o impacto social, a AngelUs (página 52),
sobre quem optou por pedir demissão (página 48) ou
por encarar o esgotamento nos relacionamentos a
dois (página 66) e viver bem. Voltando à Letrux,
ela cita o líder indígena Ailton Krenak: “Ele diz
que se for para sofrer, não quer aprender nada”.
Eu também não quero. Que a gente possa desa-
prender o sofrimento para reaprender a leveza.
Fotos pizza, Tomás Rangel; as demais, acervo pessoal
REDATORA-CHEFE
hgalante@abril.com.br
@helenagalante
Mari Kato
@marikatobeautyartist descobriu
sua paixão pela maquiagem aos
19 anos e, hoje, é um dos talentos
mais promissores do setor.
Trabalha com moda e publicidade,
e assinou editoriais e capas para
diversas publicações. Nesta edição,
produziu a beleza do ensaio
protagonizado pela cantora Letrux.
Casal fashionista
A partir de uma rica pesquisa, Carolina Casarin lança
O Guarda-Roupa Modernista, livro sobre a influência da
moda na vida de Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade
D
TEXTO paula jacob
os versos de Oswald de afundo a relação entre a moda e o Isso me fez querer entender melhor a
Andrade e das cores Tarsiwald – sim, eles tinham um conexão entre Tarsila e a alta-costura.
de Tarsila do Amaral apelido carinhoso, cunhado pelo É algo falado, mas pouco discutido ou
nasceram as criações amigo próximo Mário de Andrade. documentado. À medida que os estudos
que marcaram o mo- O que nasceu de uma curiosidade foram caminhando, percebi o quanto
dernismo no Brasil. O casal, junto sobre a origem do vestido Écossais era importante o investimento de
entre 1923 e 1929, foi um ícone na virou tese de doutorado na UFRJ e, ambos na aparência como forma de
cena cultural brasileira. Exposições agora, o livro O Guarda-Roupa Mo- legitimar o modernismo brasileiro”,
Fotos Ana Alexandrino e divulgação
aqui, eventos ali, jantares acolá, e a dernista (Companhia das Letras, R$ explica. Para montar a sua tese, Caro-
constante era sempre um visual de 109,90), parte dos lançamentos da lina teve acesso a acervos de museus,
tirar o fôlego. Intrigada com as ves- editora para celebrar o centenário da bibliotecas e centros de documentação,
timentas escolhidas pela dupla para Semana de Arte Moderna. tal qual o dépôts de modèles (respon-
circular por aí, a professora de histó- “A peça era de Paul Poiret [cultuado sável pelos registros de patentes de
ria do vestuário e figurinista Caroli- estilista francês, fundamental para a alta-costura nos Arquivos de Paris),
na Casarin resolveu pesquisar mais definição de um alfaiate moderno]. entre Brasil e França.
L
ogo que a pande-
mia estourou no
Brasil, a mãe da
artista plástica
Renata Felinto
fazia uma visita
à filha no sertão
do Ceará, onde é
professora universitária. “Os vôos
foram suspensos e ela não conseguiu
voltar para sua casa, em São Paulo.
Enfrentar os primeiros quatro meses
com ela por perto trouxe muita se-
gurança”, conta Renata. A sensação
de preenchimento foi traduzida numa
aquarela com uma orixá Nanã gigan-
te e forte que segura três pessoas.
“Somos eu e minhas crianças, nos
sentindo acolhidos por minha mãe.”
A peça integra a exposição Birico -
Poéticas Autônomas em Fluxo, em
cartaz no Sesc Bom Retiro, em São
Paulo, até o dia 27.
O coletivo Birico nasceu como uma
iniciativa on-line para dar suporte
para artistas (tanto os que expõem lheres que foram amas de leite no Brasil escravocrata.
em galerias quanto os que vivem em Além de fotografias, há uma reprodução da pintura A
situação de vulnerabilidade social, Negra (1923), de Tarsila do Amaral, cuja modelo foi uma
principalmente na região da Cra- “mãe preta”, uma mulher escravizada na fazenda da fa-
colândia) com a venda de obras de mília da artista modernista no interior paulista.
arte. “Quando recebi o convite, acei- O tema da maternidade aparece em outras produções
tei de imediato. Aqui, no Ceará, já da sua carreira, não só no lugar do afeto, mas também
Fotos Renata, Shay Peled; Obras, divulgação
tinha uma atividade com o objetivo da exaustão. “Trabalho as vivências que me atravessam.
de ajudar mulheres que são mães Acho estranho como a sociedade trata as mães. Todo
solo.” A preocupação de Renata em mundo é filho ou filha e já viu momentos de tensão e
extrapolar os limites do mundo da cansaço. Voltar meu olhar para Nanã é, inclusive, enten-
arte aparece também na escolha dos der que os filhos dos deuses e das deusas são criados por
temas de suas performances. Em todo mundo. Criar é função para uma família, que pode
Axexê da Negra (da foto à esq.), ela ser uma família de amigas.” Acompanhadas, inclusive da
propõe o enterro espiritual de mu- arte, é mais fácil não encarar a função como um peso.
Realidade
ou ficção? Spencer abusa de metáforas e
simbologias para reproduzir o mundo
íntimo de Princesa Diana. Mas o que
TEXTO kalel adolfo é fato (ou fake) nesta cinebiografia?
D
esde que estreou no Festival de Veneza, A Princesa Diana sofria com
em setembro de 2021, Spencer está distúrbios alimentares? Sim. A única biografia
rendendo inúmeros debates. E não é para autorizada por ela – Diana: Sua Verdadeira História, escrita por
menos: o novo filme de Pablo Larraín Andrew Morton – revela que a bulimia da princesa começou logo
aborda um dos períodos mais controversos após o noivado com o Príncipe Charles, que fazia comentários
na vida da Princesa Diana, no mesmo estilo intimista ofensivos sobre o seu corpo. O distúrbio se intensificou
proposto pelo cineasta em Jackie (2016). Ambientado quando ele passou a ter um caso com Camilla Parker.
no tradicional natal da Sandringham House, casa de
campo em Norfolk, na Inglaterra, em meados dos anos A OBSESSÃO POR Ana Bolena era real? Não.
1990, o longa explora os dias que foram primordiais Apesar de ambas serem parentes distantes (Diana é bisneta
para que Diana Spencer decidisse se divorciar do Príncipe de 13º grau de Bolena), a princesa nunca declarou que temia
Charles e abandonar o seu status como integrante da ter o mesmo destino da segunda esposa do Rei Henrique VIII
Família Real Britânica. – em 1536, ele orquestrou a execução de Ana Bolena
O período conturbado e cheio de teorias permitiu ao para poder se casar com a amante Jane Seymour.
diretor usar licenças poéticas e criativas para retratar
os fatos de maneira extremamente metafórica, como Diana tinha medo de ser
indica o prólogo: “Uma fábula baseada em uma verdadeira assassinada pela família real?
tragédia”. Tudo dentro de uma estrutura surrealista, Durante o filme, a protagonista reflete sobre a possibilidade
belamente conduzida pela atuação de Kristen Stewart da Família Real encomendar o seu assassinato como vingança
– um dos rostos-chave para a edição do Oscar deste ano. pelo divórcio com o Príncipe Charles. De acordo com
Inevitavelmente, a dúvida surge: o que realmente aconteceu a ABC News, Diana já soltou a seguinte afirmação:
fora das telas? A seguir, desvendamos as curiosidades “Um dia eu subirei em um helicóptero, e ele irá apenas
de Spencer, já nos cinemas. explodir. O MI6 vai sumir comigo”.
3 4
Fotos Princesa Diana, Getty Images; Filme Spencer, divulgação
Invasão criativa e
LUXUOSA na hotelaria
A primeira unidade brasileira da rede seis-estrelas
Rosewood abre ao público em São Paulo com mais de
450 obras de arte em exibição e agenda fully booked
E
TEXTO HELENA GALANTE
Neuras e glórias
DE Letrux
TEXTO joana oliveira fotos julia rodrigues beleza mari kato, com produtos nars
styling yumi kurita direção de arte lorena baroni Bósio
N
o princípio, foi a palavra. católico e batista onde estudou, principalmente sobre
A cantora, escritora e atriz o bullying que sofreu por ser uma menina considerada
Letrux, nome artístico de alta e magra demais. “É a história do patinho feio, fui
L e t íc i a Nov a e s , s empr e xingada de tudo o que você possa imaginar. Eu não era
escreveu e guardou diários. tímida, e acho que isso dava raiva nos meninos que me
Aos 19 anos, nos primórdios chamavam de varapau”, lembra ela, do alto dos seus 1,85
da internet, ela migrou os de altura. Ao olhar os colegas e ver todo mundo igual,
textões, poemas e aforismos se entediava. Decidiu, então, abraçar sua estranheza.
para um blog, mas só em “Eu não conseguia responder aos algozes, chegava em
2015 publicou seu primeiro livro, Zaralha. “Acho que casa e chorava. Daí pensei: se já vão olhar para mim
sou mais escritora que cantora, mas, por algum motivo porque sou alta, então eu vou ser esquisita falando,
misterioso, precisei cantar as coisas que escrevia para escrevendo, colocando algum adereço.” E, assim, ela
chegar no público. Quando passei a fazer música, a roda se tornou representante de turma, atriz com formação
começou a girar mais”, contou ela para CLAUDIA em teatral, performer. Se tinha que apresentar um trabalho
um café no centro de São Paulo. Essa libertação já es- sobre a Revolução Francesa, montava uma cena com
tava evidente em Noite de Climão, seu primeiro álbum, dramaturgia bem cuidada e fazia os implicantes se
lançando em 2017, cujo show teve tamanha entrega que questionarem: “Quem ela pensa que é?”
foi eleito pela crítica especializada o melhor do ano de Hoje em dia, ela ainda não usaria a palavra “bonita”
2018. Ali, ela tornou-se uma das cantoras independentes para se descrever, apesar de posar com desenvoltura
mais bem sucedidas do país. Agora, depois de dois anos pouco comum para este editorial, fazendo caras e bocas,
parada por conta da pandemia de Covid-19, ela retorna sem medo e com grande consciência do próprio corpo
aos palcos com Aos Prantos, no qual troca o f lerte da e de suas possibilidades de movimento. Letrux brinca
noitada pelas lágrimas e desabafos. diante da câmera e ensaia balanços de quadril ao som
“Foi uma volta linda, catártica, de chororô, mas do hip hop dos anos 1990 e 2000, seu gênero musical
ainda vamos demorar um tempo para entender o que favorito para dançar, seguido do reggae. Para ela, é
foram esses dois anos, o que será este ano…”, diz ela, uma oportunidade de “fazer um carinho” na vaidade
que estranhou não ter sentido o “estômago em fogo” que foi tão machucada na adolescência. “Me pergunto
antes da primeira apresentação dessa nova turnê. se meu pensamento não está ultracontaminado pela
“Reclamei com meu analista que não estava nervosa
ou preocupada, aí ele me disse que esse sentimento
mudou na pandemia: ‘Você não está nervosa, Letícia,
agora você é nervosa’.”
Com 40 anos recém-feitos (no dia 5 de janeiro) e o
segundo livro publicado em 2021, Tudo o que Já Nadei,
“Reclamei com meu
uma ode ao mar e um mergulho de riso e sal nos seus
devaneios mais íntimos, Letrux vive um momento de
analista que não estava
loucura, em suas próprias palavras. “Está intenso, nervosa ou preocupada,
estou numa fase muito bowieana, de muita alegria.
Essa coisa do [filósofo alemão Friedrich] Nietzsche aí ele me disse que esse
sentimento mudou na
de ‘Tu te tornas quem tu és’, o David Bowie colocou de
uma forma mais pop e alegre. Ele dizia que o bom de
envelhecer é que a gente se torna quem a gente sempre
deveria ter sido”, diz.
pandemia: ‘Você não
Letrux acredita que a autora daquele blog pós-ado-
lescente já era a Letícia de hoje, “mais boba e com menos
está nervosa,
recurso”, mas a que observava a vida, com a mesma Letícia, agora você
sensibilidade, colocando o mundo em versos. Ela reflete,
no entanto, sobre as experiências vividas nos colégios é nervosa’”
22 claudia.com.br fevereiro 2022
educação da norma, porque, afinal, sou uma mulher astrológica de que, para as pessoas do seu signo, as
alta, magra, branca, com o cabelo pintado de loiro. coisas acontecem na segunda metade da vida – a
De certa forma, eu sou padrão”, pondera. única exceção que ela menciona é Elvis Presley, que
fez sucesso aos 19 anos. “É sobre o que vem depois do
retorno de Saturno”, acredita. “Afinal, meu primeiro
Depois do retorno de Saturno disco estourou quando eu tinha 36 anos.”
Letrux é uma mulher que se arrepende. Sente que É com essa convicção que ela faz sua música. Sua
perdeu colágeno, sanidade e tempo, que, para ela, é mente funciona como a de uma cronista e suas canções
a coisa mais cara do mundo. “Com 16 anos, minha quase sempre têm metade de autobiografia, metade
agenda era ‘quero morrer’. De repente, você faz 40 e do que ela observa no mundo, do que pesca em seu
se pergunta: ‘É sério que eu não usei shorts com medo voyeurismo de palavras. “Quase não saio de fone de
dos meninos me zuarem? É sério que eu fiquei com ouvido na rua. Gosto de estar no avião, alguém falar
pudores moralistas de viver uma experiência?’” Ela uma palavra e ela ficar na minha cabeça. Foi assim
cita o líder indígena e ambientalista Ailton Krenak que nasceu Que Estrago [quiçá o maior sucesso de
para condenar a romantização do sofrimento para a Noite de Climão]: estava andando no Rio de Janeiro
aprendizagem. “Ele diz que se for para sofrer, não quer e ouvi alguém dizer ‘Pô, maluco, fulana fez o maior
aprender nada. E, de fato, essa romantização é uma estrago na casa de ciclano ontem’.” É uma espécie de
coisa ocidental, louca e cristã, que se mescla com a culpa psicografia de gente viva.
e outras paranoias.” Em sua escola de freiras, era bem Ao mesmo tempo, ela diz que sua arte é um pouco
visto que as alunas tirassem dois ou três minutos do egoísta, que ela só pensa no que faz sentido para
recreio para rezar ajoelhadas num saquinho de milho, si própria e não se incomoda se alguém critica seu
algo que ela nunca fez. trabalho. “Quando estou fazendo música, ela tem
Sua piração era outra. Caçula de dois irmãos, sentia que me arrepiar, a canção passa pelo crivo do meu
que tinha que chamar a atenção de alguma maneira, arrepio. Aí é lindo quando atinge as pessoas, mas a
então tornou-se a prima que fazia música, que fingia que minha musa, a música, é para contagiar os outros,
a escova era um microfone para cantar diante dos primos. não para ser servil a eles.”
Quando tinha 10 anos, sua mãe, uma professora de fran- Quem vê toda a intensidade que Letrux derrama
cês que ela descreve como “louca, maravilhosa”, levava-a nos palcos, pode não suspeitar da racionalidade que
para assistir todos os indicados ao Oscar de melhor filme rege toda a sua orquestra pessoal. “Acho bonito quem
estrangeiro. “Eu vi umas coisas esquisitas muito nova”, fala que faz música para as pessoas, mas não é o meu
lembra. Tendo convivido com os bisavós – suas avós ainda caso. Eu faço música para me resolver. Minha vida é
são vivas –, aprendeu vocabulários, expressões e gestos neuras e glórias”, diz. Estoica, ela precisa tomar gotas
antigos, foi uma criança que falava palavras de outrora, de canabidiol (CBD) para dormir e gosta de ver vídeos
no que já era uma pequena performance. bobos de bebês quando está triste.
A artista sorri ao contar essas lembranças: a infância Ela admite que tem estado “um pouco para baixo”
é a fase da vida humana que mais mexe com ela. Vive nesses últimos dois anos pandêmicos e, apesar de
encantada pelo momento em que as crianças come- desejar ter palavras de otimismo, não vê mudanças
çam a formar palavras para se comunicar, quando vão acontecendo no mundo. Seu maior sonho é ver o
aprendendo a ler e escrever. “Criança se alfabetizando é capitalismo ruir. “As pessoas me perguntam quem
lisergia”, diz. Mas a maternidade é apenas uma ideia, por disse que o comunismo deu certo e eu retruco: ‘Quem
enquanto. “Nunca tive essa pira da gestação. Nunca tive disse que o capitalismo está dando certo?’. Elas não se
boneca bebê, gostava de brincar de playmobil. Nunca quis abalam com foto de gente catando ossos para comer”,
engravidar, mas gosto muito de criança, acho o máximo lamenta. Também reclama do atual Governo brasileiro
você educar uma. Ao mesmo tempo, tenho muito medo que, ela afirma, “é o que mais se lixou para a cultura na
da responsabilidade eterna e de que a criatura pegue história do país” e não permite aos cidadãos sonhar.
todos os meus defeitos, essas paranoias…” Mesmo desiludida, Letrux se diz disposta a continu-
Letrux parece não temer uma possível maternidade ar realizando, no mínimo, o possível. No máximo, a
tardia. Capricorniana convicta, ela tem a sabedoria catarse. Rindo. E depois fazendo careta.
Assistente
de fotografia
Danilo Marroco
• ASSISTENTES DE
BELEZA Carlaxane
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• Produção de moda
Mateus Andrade
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moda Tay Aquino
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XÔ,retenção
Você anda se sentindo mais inchada? Sim, o verão
é responsável pelo quadro, mas especialistas
apontam soluções para evitar o desconforto
TEXTO sarah catherine seles
S
ol, calor, praia, piscina... Impossível (e até damente e não esquecer daquele copo de água junto”,
desnecessário) passar longe dos petiscos diz a médica nutróloga Marcella Garcez.
e drinques refrescantes nas reuniões com Outra reclamação constante é o conhecido “estôma-
amigos e familiares. Depois de tudo, porém, go distendido”, consequência da dificuldade de digestão
você fica com a sensação de inchaço? Calma, ou até mesmo da ingestão de bebidas gaseificadas du-
é normal. “A musculatura dos vasos sanguíneos se altera rante as refeições. “O ideal é que a pessoa tome o míni-
de acordo com as variações de temperatura. No verão, mo de quantidade de líquido na refeição.” Fique de olho
por exemplo, elas dilatam, o que significa mais sangue também no açúcar nas receitas e sobremesas. “Sendo
para a parte arterial, deixando o fluxo mais lento e, con- um alimento muito inflamatório, ele faz com que a pes-
sequentemente, fazendo o corpo reter mais líquido”, ex- soa tenha uma sensação de retenção hídrica generaliza-
plica a médica e cirurgiã vascular Aline Lamaita. da”, afirma a nutróloga.
Apesar de ser comum se sentir assim na época de al- Se você tem pressão alta, hipotireodismo, varizes,
Foto Tara Moore/Getty Images
tas temperaturas, certos comportamentos, como a com- problemas renais ou qualquer inflamação ortopédica, o
binação entre alimentos com alto teor de sódio e a falta inchaço será uma realidade pelo acúmulo maior de lí-
de hidratação adequada, podem contribuir para agra- quidos no corpo. “O fator hormonal, como menopausa,
var o incômodo. “Outro problema é o consumo excessivo período menstrual e gravidez, piora o quadro pela ação
de álcool. Se a pessoa exagera num dia, no outro estará direta na parede das veias”, afirma Aline. Saiba como
com retenção de líquido, é fato. A dica é beber modera- previnir ou tratar a condição e aproveitar o verão.
Tratamento
Segundo a massoterapeuta Gabriella
Evangelista Freitas, a drenagem lin-
fática é uma das melhores técnicas
para ajudar. “Ela é realizada de forma
suave e lenta, sempre em direção
aos grandes grupos de linfonodos,
garantindo alívio”, conta. Outros
tipos de massagens localizadas são
recomendáveis.
Nada mais eficaz, porém, que a
melhora na ingestão de água ao longo
do dia. “Se você bebe água regularmen-
te, seu corpo conclui que não precisa
guardar líquido e o organismo põe a
água para fora. No entanto, se você fica
muitos períodos sem ingerir líquido,
o corpo vai estocar, resultando no
inchaço”, conta Aline Lamaita. Caso o
inchaço permaneça por mais de 3 ou
4 dias, busque atendimento médico.
Haircare já!
Seu cabelo está precisando de cuidados? Com as novidades
a seguir, vai ficar fácil dar um up no cronograma capilar
TEXTO Nathalie Paiva
Saúde em dia
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Da cabeça aos pés cabelo sem dramas. A fórmula do produto foi pensada
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A
LEVEZA
dos 50A apresentadora Eliana estreia
no streaming no comando do
reality de empreendedorismo
Ideias À Venda, na Netflix.
Não tem planos de deixar a TV
aberta (sua paixão), mas decidiu
abandonar a rigidez que se
impunha. Em 2022, completa
50 anos e comemora os ganhos
que a maturidade trouxe
Na página anterior,
costume, Stella
McCartney na
NK Store;
tênis, New Balance
na Sunika.br;
colares, brincos
e anéis, Marisa
Clermann Joias
E
cabelos silencioso, dá dicas de negócios, chora
e dá muita, muita risada. A liberdade de não
ligar para o que os outros vão pensar veio com
a maturidade e os 50 anos que chegam em
novembro. Estranhou o número? Na internet,
você já deve ter visto uma idade diferente.
A estrela explica a confusão de datas que se
alonga há anos e comemora as conquistas de
ser exatamente como é agora. Nem um ano a
mais, nem um ano a menos.
posso escolher e, hoje, a escolha é passar mais preendo. Realmente acredito que se você cuida
tempo com a minha família. O que inclui cuidar daquilo que você tem, sempre fica melhor, mais
de mim e daquilo que me faz feliz e realizada, original, mais com a sua cara, mais verdadeiro.
que é o meu trabalho. Isso me faz bem.
Estamos melhorando?
Meus filhos vão ter mais apoio do que a minha
mãe teve, do que a minha avó teve, do que eu tive.
Isso me conforta de certa maneira. Temos ainda
muito o que percorrer. Eu venho de uma família
empoderada, mas não havia reconhecimento.
Eu lembro da minha avó cuidando dos sete filhos
sozinha porque perdeu o marido cedo. Sempre vi
minha mãe trabalhando fora, cuidando de filhos e
todo o resto, e meu pai lidando mais com a questão
profissional dele. Hoje, o que me acalma e me deixa
esperançosa em relação ao futuro é que as mulheres
estão se apoiando, então essa solidão diminuiu um
pouco. Estamos ajudando mais umas às outras. Nós,
que trabalhamos nos meios de comunicação, temos
a obrigação de fomentar essa rede de apoio e fazer
com que as mulheres não se sintam tão sozinhas.
Entre todos os participantes, a história da mulher não dá para controlar. Na gravidez, de risco, foi
negra, mãe de família que batalha por um espaço a primeira vez que fiquei fora do ar, cinco meses
e por uma causa, me tocou. Todos vieram com em cima de uma cama, sem ter a certeza de como
muita paixão e desejo de transformar não só a seria o dia de amanhã. Minha vida parou e refleti
si, mas a vida do outro. Empreender como uma sobre as coisas que importam. Uma foto roubada
questão social é fundamental. Não vejo como acaba sendo uma consequência do meu trabalho,
fazer um negócio sem se preocupar com o social. sou uma pessoa pública, sei que isso gera curio-
sidade, mas demorei para digerir.
Você já declarou que se sente invadida quando
publicam algo que você não gostaria que Foi por isso que decidiu postar a foto
publicassem. No fim do ano passado, tiraram nas suas próprias redes?
uma foto sua de biquíni sem a sua autorização, Não quero me calar sobre o que senti. É uma transição
mas você transformou completamente a situação... de vida, de imagem. Como é libertador você viver
Foi um baita susto ter me visto daquela maneira. fora das poses, sair numa foto sem maquiagem,
Depois de tantos anos, me surpreendi com uma sem filtro, ser você mesma. Vivo esse momento.
imagem de paparazzi. Por uma vida, tive domínio Hoje, acho que faria a mesma coisa. Usaria o bi-
sobre o que eu queria mostrar. Por outro lado, quíni como eu sempre usei. As pessoas não sabiam
venho experimentando, principalmente depois da que tipo de biquíni eu tinha. Foi curioso algumas
maternidade da Manuela, que a falta de controle manchetes: “Eliana de fio dental”. Primeiro que
nos traz muito aprendizado. A minha filha, como não era um fio dental, e, no final das contas, eu me
uma mulher, já chegou me ensinando que vida senti muito bem. Não vou agradecer ao paparazzi
telespectador. Tenho a mulher como protago- e me achando mais segura do que quando eu
nista e procuro trazer mulheres que inspiram tinha 20 e poucos anos. Claro que o colágeno
outras. Meu desejo, quando estou na TV, é que não é mais o mesmo, porém a segurança que eu
as pessoas possam se encorajar. sinto hoje em relação ao meu corpo, a quem eu
sou, é muito maior do que quando eu era mais
Esse é um desafio maior para as mulheres? jovem. E isso é tão espetacular.
O mundo não é maternal. Se o mundo não
concorda com você, ele não vai ser carinho- Existe uma história, porém, que a internet toda
so, ele vai ser cruel. No programa, fazemos a não sabe a sua idade. Teve um bastidor de uma
transformação visual de mulheres que ganham reportagem que mudou a contagem dos anos?
a dignidade de volta, para que possam entrar Aos 28 anos, quando fiz o meu aniversário de
no mercado de trabalho, sorrir novamente, 29, uma grande revista de celebridades registrou
perder a vergonha de fazer foto com os filhos. na manchete que eu faria 28. Ou seja, mantive
Essas mulheres precisam de apoio, desse espa- a mesma idade depois do aniversário. Estava na
ço, e elas têm isso no meu programa. Tem um capa já! Pensei “Meu Deus, se eu falar agora,
formato que trouxe de Cannes de um quadro nesse momento… E é um ano apenas. Como vai
“Lá atrás, me falaram que ia ter a crise dos 30, dos 40. Eu não
tive e estou passando bem pelos quase 50. Essa coisa do etarismo,
Assistentes de fotografia Branco Madkilla e Rafa Rodriguss • Assistente de beleza Carol da Mata • Produtos Dior Makeup
do machismo, da igualdade de gênero, do protagonismo feminino,
e Lowell (Tacla Beauty) • Camareira Deise Gomes • Manicure Camila Alves • Tratamento de Imagem Due Retouch
tudo que a gente vem falando é necessário para eu poder estar
confortável com o momento que eu estou vivendo”
que se chama Minha Mulher Que Manda, é ser?”. Foi uma coisa respeitosa com a edição
muito atual. A mulher por muitos anos ouvia que já estava nas bancas. Ao longo dos anos,
frases como “lugar de mulher é na cozinha” ou foi passando. Não fazia diferença. Acho que
“mulher no volante, perigo constante”. Quebrar a questão da idade tem muito mais a ver com
paradigmas, para mim, é muito importante e como você se sente. Mas desejo comemorar
o público adora! meus 50 anos, de fato, com meu público, com
as pessoas que me acompanham. É uma data
Em 2022, você completa 50 anos. tão linda que eu não quero que passe batida
A casa numérica tem algum peso? para comemorar só o ano que vem por uma
Lá atrás, me falaram que ia ter a crise dos 30, questão cronológica.
depois a dos 40. Eu não tive e estou passando
bem pelos quase 50. Essa coisa do etarismo, do Será um festão, se possível?
machismo, da igualdade de gênero, do protago- Será de muito agradecimento, uma celebração
nismo feminino, tudo o que a gente vem falando com todos. Comemorar essa data como ela é,
é necessário para eu poder estar confortável com como ela deve ser, é algo realmente especial.
o momento que eu estou vivendo. Eu acho que Por isso, quero comemorá-la inteira, nem com
vou gostar de fazer 50 me olhando no espelho um ano a mais, nem com um ano a menos.
A grande
Renúncia
Com raízes nos Estados Unidos, o movimento Great Resignation
está fazendo com que as pessoas (e empresas) despertem
para questionar as atuais condições de trabalho
texto kalel adolfo
A
cordar cedo todos os dias, enfrentar Todas essas perguntas geraram consequências externas,
o trânsito para chegar ao escritório e como mostram os dados do Bureau of Labor Statistics
ser confrontado com condições de (Escritório de Estatísticas de Trabalho): mais de 20 milhões
trabalho exaustivas: se este modelo de americanos pediram as contas até outubro de 2021. E a
de rotina já incomodava em um mun- tendência não se restringe aos Estados Unidos. A empresa
do pré-pandêmico, agora, ele é insus- de RH SD revelou, através de uma pesquisa com 5 000
tentável para uma parcela considerável da população. É participantes, que locais como a Alemanha, Reino Unido,
deste cansaço frente às estruturas corporativas tradicionais Holanda e França estão batendo recordes de pedidos de
que nasce o movimento Great Resignation — ou a “Gran- demissão relacionados à Covid-19. Já na China, um movi-
de Renúncia”, em tradução livre. O psicólogo e professor mento semelhante intitulado “Tang Ping” também vem
americano Anthony Klotz batizou o fenômeno após notar conquistando espaço entre os cidadãos. Claro que, nessa
um assustador crescimento nos pedidos de demissão entre onda, especialistas e pesquisadores sociopolíticos já estudam
os norte-americanos. O mais curioso? Boa parte dos indi- a possibilidade dessa corrente chegar ao Brasil.
víduos que estão abandonando os seus cargos não possuem Será que a “Grande Renúncia” fará as empresas progre-
planos para trabalhar em outras empresas. Ou seja, muitos direm a favor de seus funcionários? É possível que nós,
estão se aventurando no desconhecido. brasileiros, tenhamos o privilégio de abandonar o mercado
Juntando isso ao fato de que agora a Síndrome de Burnout corporativo atual e encontrar alternativas de sustento que
é considerada uma doença ocupacional pela Organização contemplem o nosso bem-estar? É complexo visualizar tais
Mundial da Saúde (OMS), é possível ter um panorama conquistas em um país que, além de lidar com questões
muito claro: as pessoas não aguentam mais viver para tra- primárias como a fome, passa por uma grave crise econô-
balhar. A epifania coletiva veio à tona graças ao período de mica. Mesmo assim, há mulheres que estão participando
Foto ACPerona/Getty Images
quarentena que, ao nos manter isolados, fez com que todos desta revolução global.
experimentassem a introspecção e um questionamento A seguir, você lerá a história de quatro profissionais
constante da realidade. Será que estamos vivendo de forma brasileiras que, ao abrirem mão de cargos vistos como
autêntica e fiel a quem somos ou só somos apenas prisionei- brilhantes, encontraram algo ainda mais valioso: uma co-
ros de um sistema arcaico? nexão verdadeira consigo mesmas.
Mariana Holanda afastar das atividades profissionais por quinze dias –, a pandemia veio
Psicóloga, professora de saúde mental e e potencializou as reflexões acerca da rotina. Para evitar consequências
desenvolvimento humano, e ex-diretora irreversíveis, precisou pedir a demissão de um cargo que, ironicamen-
de saúde mental e diversidade te, visava melhorar a qualidade de vida dos funcionários. “Eu encaro
que me curei emocionalmente no ano passado. E isso só foi possível
Em junho de 2020, uma das maiores produtoras de bebidas do mun- realizando muitas mudanças na minha vida, incluindo aceitar que o
do surpreendeu ao nomear a psicóloga meu ciclo na empresa havia terminado. Eu não estava preparada para
Mariana Holanda como a primeira o palco que recebi como primeira diretora de saúde mental lá”, explica.
Fotos Flores, andrei rusu/Getty Images; Entrevistadas, acervo pessoal
diretora de saúde mental e diver- O que deu forças para ela sustentar a decisão foi conhecer outros
sidade na história da companhia. profissionais que estavam dispostos a mudar a cultura dentro das
“Eu virei uma subcelebridade empresas. “O meu incômodo diante das corporações é a falta de
coorporativa”, brinca. Con- aprofundamento ao tratar pautas urgentes. Cansei de fazer treinamen-
tudo, em meio a um perí- tos e não ver ninguém colocando a mão na massa”, esclarece.
odo de esperança e dese- “No momento em que consegui quebrar o meu ciclo de saúde
jo por mudanças estruturais mental e me transformar na protagonista da minha vida, percebi que
significativas, a profissional a responsabilidade estava comigo e mais meia dúzia. Não há um
já sofria um silencioso es- movimento tão forte em prol da saúde mental como há a favor do
gotamento. Por mais que business. Quer melhorar o psicológico da sua galera? Reveja o workflow.
ela tentasse amenizar os Se cinco pessoas fizerem o trabalho de dez, não há aplicativo, treina-
sintomas – chegando a se mento ou meditação que mude as consequências”, conclui.
Raíra Venturieri lhecemos, tendemos a cair facilmente neste caminho”, explica. Mas,
Estrategista de redes sociais e freelancer quando menos percebeu, ela já estava lidando com os desafios da
maternidade, a exaustão de um emprego CLT e a manutenção de sua
Desde 2013, Raíra Venturieri trabalha de forma autônoma, criando empresa freelancer. “Era muita exigência e, por eu ter um cargo sênior,
conteúdos para marcas. Contudo, após o nascimento de sua filha, tinha uma carga horária alta. Mesmo quando eu chegava em casa
Nina, a profissional viu a necessidade de estabilizar a rotina cor- para cuidar da minha bebê, precisava continuar trabalhando”, disse.
porativa e aumentar a renda. E foi exatamente isso que ela fez: em Em questão de meses, Raíra passou a ficar doente com
outubro do ano passado, passou a frequência, sentir dores e dormir mal. Ao investigar, acabou sendo
trabalhar como estrategista de diagnosticada com lúpus, doença autoimune em que as células de
mídias sociais de uma com- defesa do organismo passam a atacar órgãos e estruturas saudáveis
panhia brasileira que do corpo. “Ela está relacionada ao estilo de vida da pessoa e, quase
realiza publicações sempre, é engatilhada por estresse constante. Para mim, foi um
sobre finanças e in- chacoalhão. Percebi que não estava seguindo o melhor caminho
vestimentos. para mim”, declara. Sobre o movimento de Great Resignation, ela se
“Eu queria tran- declara feliz em saber que existe esse questionamento coletivo. “Não
sicionar para uma sou apenas eu pensando em outras possibilidades de emprego. Se
carreira diferente, tenho a oportunidade de construir uma carreira estando perto da
ganhar mais, ter minha filha, preciso abraçar isso e viver muito por ela. Quando todo
um apartamento mundo que tem esse privilégio levantar e falar o que pode ser dife-
maior. Parece que, rente, talvez vejamos alguma mudança”, conclui. O que não falta é
à medida que enve- conteúdo para reflexão!
REDE DE
IMPACTO
Ilustração master1305/Getty Images • Foto divulgação
N
do programa,
Claudia
Colaferro
a sua área de trabalho, quantas oferece uma
bolsa integral
mulheres ocupam posições de lide-
rança? Com 30 anos de carreira
executiva, Claudia Colaferro chegou
a altos cargos de diretoria, CEO,
presidência... Mas olhou ao redor e
encontrou poucas mulheres exer-
cendo essas funções. “Nas agências, via muitas no
atendimento ao cliente que nem tinham na cabeça a
possibilidade de crescer e ambicionar cargos que esta-
vam à altura da competência delas”, conta. Todos os
desafios e preconceitos etários e de gênero estavam
presentes, claro, mas ela enxergou uma possibilidade
de usar ferramentas de planejamento e networking
para mudar essa situação e ajudar mais mulheres a
traçar e alcançar grandes objetivos profissionais. Foi
quando nasceu a plataforma AngelUs (angelus.network),
voltada exclusivamente para o público feminino.
O projeto, aberto para o mercado no Dia da Mulher
do ano passado, foi batizado em homenagem a um san-
tuário de árvores angelins gigantes com mais de 500 anos
na Amazônia. Podem entrar no programa iniciantes no
mercado de trabalho, quem busca pivotar sua atuação ou
empreender. Depois da inscrição, todas passam por um
teste de personalidade, para ajudar no mapeamento dos
pontos fortes, e recebem feedbacks de cinco colegas com
quem tiveram proximidade. A fase inicial, o sprout, processo é acompanhado por guardians, mulheres de
consiste em exercícios de autoconhecimento para romper todas as idades que são referência em suas especialidades
a casca dessa profissional e fazer brotar novas oportuni- – hoje, 130 já oferecem sessões de treinamento. Na etapa
dades. “Na primeira entrevista, muitas choram, não se final, a mature, quem recebeu orientação pode retribuir
enxergam tão potentes quanto os outros as vêem. Essas e tornar-se uma guardian também.
coisas não mudam em uma hora de mentoria, por isso a A cada dez novas inscritas, a AngelUs oferece uma
necessidade de um processo contínuo”, explica Claudia. bolsa integral para uma mulher que pode fazer a dife-
O segundo passo, o seedling, traça um plano de cresci- rença em sua comunidade. “Não estou preocupada com
mento com ações para realização em um ano. Todo o meu umbigo, quero realmente nutrir o conceito de
impacto social e ver as mulheres na liderança”, diz a
fundadora. Em busca de coerência, ela contrata apenas
mulheres para todas as atividades, do desenvolvimento
da plataforma à contabilidade, passando pela seguran-
ça dos eventos presenciais. O próximo passo da marca
Há uma ausência de mulheres é firmar parcerias com investidoras que estejam dispos-
tas a globalizar a iniciativa. No lugar da solidão, que
na liderança, principalmente Claudia muitas vezes sentiu nos momentos de decisão
na américa latina” como empreendedora, ela espera que o ecossistema
formado por todas as colaboradoras seja uma rede de
Claudia Colaferro, fundadora e CEO da AngelUs
apoio e estímulo para o crescimento. “É o coletivo que
nutre e faz com que todas fiquem gigantes.”
Você já jurou se
lembrar de eventos
que nunca existiram?
Lembranças
Neurocientistas
explicam porque
as memórias
enganosas
falsas acontecem
e como podem ser
implantadas por
outras pessoas
texto Juan Ortiz, Maurício Brum e Mariana Alves Colaborou Valentina Bressan
um questionário que nada disso havia ocorrido. Confor- SÃO ABSOLUTAS, PORQUE SE
me escutavam o parecer do psicólogo, se convenceram RECONSTROEM TODA VEZ”
de ter passado por alguma experiência de abandono
parental ou sumiço na infância, adicionando outros Martín Cammarota, biólogo
detalhes fictícios à história.
do kaiser Guilherme II, duas décadas mais cedo, na Pri- falsa: quando a história ganhou pernas, os arquivos da TV
meira Guerra. Ainda assim, a memória da invasão original, vieram à tona e se descobriu que o anime só entraria no ar
contada e recontada pelos pais, acabaria por se misturar naquele dia mais de uma hora após a programação ser in-
com aquilo que os filhos viveram anos depois. terrompida com o noticiário ao vivo. Provavelmente, a
Mais recentemente, a ideia de falsas memórias mantidas memória de outras manhãs assistindo a desenhos se mis-
por um grande grupo ganhou um apelido: o Efeito Mande- turou com o que de fato aconteceu naquele dia e foi retro-
la. O nome se deve ao fato de que muitas pessoas tinham alimentada pelo relato de outras pessoas na internet. A
certeza da morte do lendário ativista sul-africano nos anos confusão era tão poderosa que tinha gente que “sabia”
1980. Na verdade, Nelson Mandela viveu para ver o fim do exatamente até qual era o tal episódio que foi interrompido,
Apartheid, tornou-se o primeiro homem negro a presidir o mas, na verdade, não foi.
seu país imediatamente após isso e só faleceu em 2013, aos As memórias, sejam coletivas ou individuais, vivem
95 anos. E é possível que você já tenha sentido um efeito carregadas de emoções e lacunas que alteram nossa per-
parecido em sua própria cabeça, porque há um caso brasi- cepção sobre a realidade. Mas isso não faz delas menos
leiro bastante notório: ao relembrar o 11 de setembro de importantes: mesmo aquelas factualmente inverídicas
2001, dia do atentado às Torres Gêmeas, muitas pessoas estão contempladas pelo funcionamento normal do nosso
que eram crianças na época acreditavam ter visto a inter- cérebro, assim como o esquecimento. “Mais do que nossos
rupção de um episódio de Dragon Ball Z pelo plantão da genes, somos nossas memórias. É por isso que duas pesso-
Rede Globo, anunciando o choque do primeiro avião em as geneticamente iguais ainda são indivíduos diferentes”,
Nova York. Era uma lembrança vívida, afinal, tratava-se de reflete Cammarota. E assim como em qualquer biografia,
uma das manhãs mais marcantes da infância. Mas era nossos erros também fazem parte da nossa história.
Já pode
SAIR?
Após dois anos convivendo com as consequências
sociais e individuais da Covid-19, é hora de
finalmente aceitar que a imprevisibilidade da
existência é a única certeza que temos na vida
TEXTO KALEL ADOLFO
Legalmente
líderes
Num cenário inédito em 90 anos da instituição, cinco mulheres presidem
seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil e priorizam projetos
de igualdade de oportunidades e combate à violência de gênero
TEXTO joana oliveira
“N
ão se pode sustentar que o casamento e a maternidade No Paraná, Marilena Winter não
constituam a única aspiração da mulher ou que só é apenas a primeira a ocupar o car-
os cuidados domésticos devem absorver-lhe toda go, mas também a primeira a ousar
atividade.” Foi com essas palavras que o Instituto candidatar-se a ele, enfrentando o
dos Advogados do Brasil acatou, em 1899, a entrada conservadorismo de colegas de todos
de Myrthes Gomes de Campos (Macaé, 1895 - Rio os gêneros. Ela já havia sido vice-
de Janeiro, 1965) na instituição. Mais de um século -presidente no Estado, mas confessa
depois, continuam a abrir-se os caminhos iniciados que tem sido difícil desmistificar o
pela primeira advogada do país. Em uma coinci- papel de uma mulher em um posto
dência histórica, as seccionais da OAB em São Paulo, Bahia, Mato Grosso, de liderança. “Acredito que as pes-
Paraná e Santa Catarina serão presididas por mulheres. soas precisam se acostumar com
“A OAB deve ser farol da sociedade, dar exemplo”, diz a professora e advogada minha figura à frente da instituição
Patricia Vanzolini, que comandará a OAB-SP (e será a primeira mulher a fazê-lo) para naturalizar isso. A presença de
até 2024. Durante as nove décadas de existência da Ordem, apenas dez mulheres mulheres em lugares tão arraigada-
ocuparam as cúpulas da instituição. No triênio de 2018 a 2021, nenhuma delas mente masculinos traz a esperança
Ilustração kupritz/Getty Images
fez parte das equipes eleitas, o que levou a uma intensa mobilização da advoca- de mudanças e aberturas de novas
cia feminina e negra para a aprovação das regras de paridade de gênero e cotas possibilidades”, afirma.
raciais de 30%. “Que estados como São Paulo tenham eleito a primeira mulher Entre os jovens profissionais da
à frente da OAB é muito significativo, mas ainda é pouco. Não devemos atuar advocacia – aqueles que têm até
apenas para que os direitos dos homens brancos, heterossexuais e cisgêneros cinco anos de inscrição na Ordem
sejam garantidos, porque isso não é democracia”, completa Patricia. –, 64% são mulheres, de acordo com
Depois de
Maria Helena
Póvoas, Gisela
Cardoso
foi eleita para
a OAB-BA
Direito que pratique violência contra uma mulher tenha até o momento, não existem pautas
sua carteira da Ordem cassada ou sua inscrição negada. sobre mulheres no debate eleitoral”.
“Outra coisa importante é o combate à violência Tanto ela quanto as demais en-
institucional: evitar que mulheres sejam revitimizadas trevistadas concordam que o papel
ao fazer uma denúncia. Todas acompanhamos o caso fundamental da OAB é a defesa do
Mariana Ferrer e ninguém pode ser tratada daquele jeito Estado Democrático de Direito no
em um processo, independente da sentença judicial”, País. “Democracia e direitos hu-
diz ela, referindo-se à modelo que acusou o empresário manos não são temas de direita ou
André de Camargo Aranha de tê-la drogado e estuprado esquerda, são pautas civilizatórias.
em 2018. Ele foi absolvido, mas o processo gerou indig- O Direito invadiu nosso cotidiano e
nação social e na comunidade jurídica, porque a defesa é trabalho da instituição explicar o
do réu usou fotos sensuais da jovem para questionar a que pode e o que não pode, quais são
acusação e o promotor responsável pelo caso alegou que o os limites da liberdade de expressão,
empresário não tinha como saber que Mariana não estava por exemplo, e até os modelos jurí-
Fotos Patricia Vanzolini, OAB-SP/divulgação; Daniela Borges, Angelino de Jesus/divulgação;
em condições de consentir ao ato sexual, não existindo, dicos do Supremo Tribunal Federal
então, a intenção de estuprar. “Para além de defender (STF), principalmente quando virou
Gisela Cardoso, Uyara Wuerges/divulgação; Marilena Winter, OAB-PR/divulgação
e aprimorar o exercício da advocacia, nossa obrigação moda falar das ‘quatro linhas da
também é denunciar esses absurdos jurídicos e evitar Constituição’”, diz Patricia.
que se repitam”, diz Daniela. Ela e suas colegas ressaltam que, a
partir do momento em que homens e
mulheres decidem juntos, tudo é mais
Machismo e democracia democrático. “Mas é importante ter
As cinco mulheres à frente da OAB assumem a presidên- mulheres decidindo por elas”, pondera
cia da entidade em um ano especialmente desafiador, Gisela Cardoso, que considera que
com eleições tão ou mais polarizadas que as de 2018. a OAB dá um “recado de igualdade
Questionada sobre como a Ordem, uma instituição apar- para a sociedade” e incentiva outras
tidária, pode ser mediadora entre os poderes públicos como elas, que muitas vezes se sentem
e a sociedade nessas circunstâncias, Patricia Vanzolini tímidas ou desencorajadas a sequer
faz, primeiro, uma denúncia: “O machismo estrutural é se candidatar a cargos de liderança,
muito difícil de ser visto. Prova disso é o retrocesso que a dar esse passo. Uma revolução que,
vemos no cenário político, em que faltam candidatas e, esperamos, não pare por aqui.
Couple
burnout Os dois anos de confinamento por causa da pandemia
abalaram as estruturas dos relacionamentos a dois –
e levaram os números de separações e divórcios a patamares
nunca antes vistos. Como sair ilesa dessa zona de turbulência?
texto Karina Hollo
O FIM ACONTECE –
suas rotinas diárias, das suas necessidades individuais,
o que as levou a perderem a sensibilidade do encontro”,
E TUDO BEM
diz Mariana Nahas, coach positiva e terapeuta inte-
grativa. De verdade, tal sensibilidade é baseada na
presença e na percepção que brota da conexão. “O que
saliento aqui é ficar atenta a sinais como agressivida- Roberta Carletti,
de exagerada e desrespeito. Aí sim, isto pode ser mais 43 anos, pedagoga
que o efeito da pandemia e indicar o fim do relaciona- “Nunca fui uma pessoa de me posicionar politicamente, mas
mento”, ressalta Flavia. quando comecei a dizer ‘Fora Bolsonaro’, passei a ser atacada
pela família do meu ex-marido nas redes sociais. A gente ficou
18 anos juntos, tem três filhos. E aí, na pandemia, todo mundo
Fale com o @ trancado junto em casa... Um mês e meio e várias conversas
Pode parecer clichê, mas a comunicação é fundamental depois, entendemos que estávamos em caminhos diferentes
para lidar com a situação. “Sugiro começar pelo que in- que já não dialogavam mais. Ninguém muda ninguém. Não foi
comoda no outro (que pode ser a falta de divisão das só política, mas, sim, os valores. Já saiu o divórcio, ele já está
tarefas com a casa; a forma grosseira de falar; constantes namorando e eu estou feliz assim.”
críticas; a falta ou pressão para vida sexual; as discor-
dâncias sobre distanciamento da Covid-19”, enumera Ana Homem,
Daniela. A dois, é importante saber pedir e falar as ne- 38 anos, consultora de marketing digital
cessidades objetivas e subjetivas, que vão desde as ques- “Nós já não tínhamos uma relação tão alinhada quando a pan-
tões rotineiras até um “preciso de colo”. O segundo passo demia começou, mas mantínhamos tudo sob controle porque
é olhar para dentro e resgatar o próprio bem-estar. Caso passávamos a maior parte do tempo tomando conta de nossas
contrário, algumas questões vão se misturando e se so- vidas. Com todos dentro de casa, nós e as três crianças, o rela-
brepondo com as de casal. Finalmente, é preciso entender cionamento passou a gritar. Não tínhamos espaço físico sufi-
se a separação já rondava antes mesmo da pandemia. “E ciente (trabalhávamos na cozinha), tudo ficou mais estressante.
daí as questões geradoras desse burnout, que são reais, A gente dava um jeito de esconder as dificuldades para o bem
se tornam o estopim que faltava para dar esse difícil maior, dos filhos, para evitar a separação. Outro agravante é
passo que é decidir romper”, analisa Daniela. Mesmo que que eu tinha muito medo da doença e ele era totalmente ne-
muitas vezes o burnout da relação venha de uma das gacionista e pró-Bolsonaro. Ficou impossível não se indignar. A
partes, ambas vão precisar estar engajadas em resolver super convivência mostrou o que um não suportava no outro.”
o conflito. Mas, sim, é possível usar desentendimentos e
desencontros para exercitar o diálogo e viabilizar nego- Ana Karina Falcão de Assis,
ciações, revendo certas atitudes, assumindo as próprias 52 anos, terapeuta especialista em medicina chinesa
falhas e, principalmente, amadurecendo como casal. “Em 2019, comecei a namorar um homem com a guarda dos
três filhos: um especial, uma adolescente e uma jovem adulta.
Eu ia para casa dele no sábado e voltava segunda de manhã
para o meu silêncio, para a minha casa, para o meu trabalho.
Em março de 2020, acontece a pandemia. Meu filho único, já
adulto, decide cuidar dos meus pais. Eu, sem saber quando
Toda relação está em voltaria a trabalhar, recebo o convite do namorado para ficarmos
juntos (teríamos menos riscos e cuidaríamos um do outro).
movimento. É preciso observar Aprendi a fazer comida para uma tropa, organizei, limpei, lavei…
se o relacionamento não Mas, aos poucos, fui percebendo que eu não queria a minha
faz mais sentido e entender vida daquele jeito. Quando voltei a trabalhar, passamos a brigar.
Até que disse que ia dormir na minha casa (porque havia mar-
que nem tudo é para sempre” cado um paciente no fim da manhã) e tudo desmoronou. Ele fez
Ana Volpe, psicóloga um escândalo, jogou minha bolsa longe, minhas roupas no chão
e me expulsou da casa dele. Fiquei triste, mas aliviada. Com a
pandemia, aprendi a me cuidar e me amar em primeiro lugar.”
Trio de sucos
Receita na
página 81
Pitada
de VERÃO
O clima agitado e o
cenário paradisíaco da
Barra da Tijuca inspiram
Tati Lund a criar pratos
que cativam pelo visual.
A convite de CLAUDIA,
a chef do .Org Bistrô
prepara um menu vegano
que reflete sua sua alegria
de viver e motivação para
criar um mundo melhor
C
Baião de dois
vegano
Receita na
oloridos e leves, os pratos página 80
preparados pelas mãos
da Tati Lund escondem
uma força que é reve-
lada a cada garfada. O
empratamento pensado
em detalhes é resultado de uma preo-
cupação estética da chef, aprimorada
ao longo dos dez anos à frente do .Org
Bistrô. Essa delicadeza emoldura uma
consistência que rendeu à cozinheira
não só premiações, mas um posto de
pioneirismo quando se trata de culinária
vegana. “Os pratos aqui são fartos, não
é aquela coisa pequenininha. A comida
não é só linda e delicada, é também
reconfortante”, explica a carioca sobre
o menu do seu restaurante, inaugurado
em 2011, na Barra da Tijuca. Como em
todo cardápio sazonal, o .Org não tem
pratos fixos e está sempre ao dispor
da natureza. Para essas páginas, Tati
selecionou seus favoritos da estação,
com ingredientes que vão bem para os nas três temporadas do Comida.Org, mostra os impactos do consumo de
dias quentes e cabem na gastronomia do GNT. Recentemente, no mesmo carne para o meio ambiente. Nesse
do dia a dia. O baião de dois, por exem- canal, expandiu os horizontes e abor- dia, cheguei em casa e falei para a
plo, a chef indica para uma “segunda dou pautas sustentáveis no Conversas minha mãe que nunca mais iria comer
sem carne”, já que o preparo se dá com para o Planeta. carne.” Foi a partir de então que sua
ingredientes facilmente disponíveis na Diferentemente da história comum vida passou a ser inteiramente voltada
geladeira. A “carne” de jaca, um clássico entre tantos cozinheiros, não foi em para a missão de levantar a bandeira da
vegano, é utilizada na cobertura da casa que sua relação com a comida alimentação consciente. “Eu precisava
pizza, que resulta num ótimo petisco começou. “Eu não tenho isso de cozi- traduzir o que pensava de uma maneira
para os finais de semana. nhar na ‘barra da avó’. Aliás, a minha mais simples, porque eu não sou muito
Considerada a melhor chef do ano não fazia nada. A especialidade dela de falar. É na cozinha que consigo fazer
em 2020 pela VEJA RIO COMER & era gelatina”, se diverte. “Mas sempre a pessoa absorver aquilo que acredito,
BEBER – publicação que também deu amei a celebração à mesa e queria isso é onde está minha filosofia.” E assim
ao seu restaurante o título de melhor para a minha vida. Desejo ser essa avó, surgiu o .Org Bistrô, inaugurado pela
vegetariano da cidade –, Tati Lund essa mãe que reúne todos em torno da chef aos 23 anos. “Tenho sentimentos
fez história ao ter um programa com comida”, revela. Sua jornada teve início de família muito fortes aqui dentro
receitas sem carne. Superando a timi- na faculdade de nutrição, aos 17 anos. do restaurante. Tem gente que chega
dez, ela apresentou, em 2014, o Tati “Tudo mudou quando, durante uma e fala: ‘Ué, mas você tá aqui?’. Sim,
Com Limão, no canal Woohoo. Um aula, assisti ao documentário A Carne aqui é minha casa. Todos os dias abro
ano depois, ensinou receitas práticas é Fraca, do Instituto Nina Rosa, que essa porta e entro muito feliz”, finaliza.
Pizza vrango
Receita na
página 80
Salada proteica
Receita na
página 80
Poke havaiano
Receita na
página 80
Ostras veganas
Receita na
página 81
Chamada de “levinha”
pelo seu frescor, a
sobremesa fecha o menu
com elegância. Apesar
do visual rebuscado,
seus preparos são
extremamente práticos
A casa
é DELES
Os cães e gatos ganharam Diversão segura
espaço não só em nossas vidas, Com entradas escondidas, caminhos a serem explorados
e integração de espaços, essa estante com nichos e
mas também na casa – e põe prateleiras comprova que o tempo transformou os
espaço nisso! Com adaptações pets nos verdadeiros donos da casa (e alguém aí tinha
dúvidas?). Mais que um playground para os felinos,
inteligentes, mas sem deixar o o móvel da foto veio de uma iniciativa dos moradores
design de lado, esses projetos por uma mudança que trouxesse mais segurança para
as três gatas – no apartamento anterior do casal, uma
mostram como deixar os pets delas sofreu um acidente no fogão. No novo lar de
à vontade por todo o lar 80 metros quadrados, o grande desafio, então, seria
mantê-las longe da cozinha. O primeiro passo do
TEXTO MARINA MARQUES escritório @studio_92arquitetura foi criar uma barreira
física com a porta de correr em serralheria e vidro
para fechar o cômodo e, ao mesmo tempo, integrá-lo
com os outros ambientes da casa. Uma vez com a
circulação limitada, o desenho da estante veio para
entreter. “Nela, os gatos conseguem caminhar por
boa parte da parede, com o acesso a apenas alguns
nichos e prateleiras. Assim, as brincadeiras não afetam
as partes que têm objetos de decoração”, explicam
as arquitetas Debora Terra e Jessica Pereira. A peça
em MDF e ferro traz aberturas circulares e inclui até
Foto Mariana Orsi
Conexões
Estudante de veterinária e mãe de três gatos, a
habitante deste quarto de 10 metros quadrados
fez somente dois pedidos às profissionais da
@mab3arquitetura: pincelar tons de rosa e fazer
com que os animais se sentissem à vontade no
cômodo. “O desejo era por um espaço para os
gatos circularem, se acomodarem e também terem
passagem livre pela porta, para entrarem e saírem
Fotos Mariana Orsi e Gisele Rampazzo (lavanderia)
companhia perfeita
Quando começou a fazer o projeto deste apartamento, a arquiteta
@cristianeschiavoni só foi descobrir a existência dos moradores felinos
quando viu os potinhos de ração pela casa. O pedido da cliente pela
“decoração zero” fez todo o sentido. Foi aí que Cristiane passou a
sugerir escolhas espertas pensando no comportamento dos animais,
o que norteou de forma natural os materiais dos acabamentos,
principalmente na varanda de quase 8 metros quadrados. “Temos
que entender como cada pet precisa se relacionar com a casa, para
então desenvolvermos o projeto. Os gatos, por exemplo, amam afiar
as unhas”, comenta. A solução da especialista foi inserir um arranhador
fixo na parede – discreto e em harmonia com a decoração –, evitando
que os gatos recorressem aos móveis. Já os nichos com escadinhas
os ajudam a gastar energia e praticar exercícios, evitando que usem
armários e prateleiras. Mas, claro, o espaço não é exclusivo dos gatos,
ele também foi pensado para a família aproveitar para momentos
de lazer e receber amigos. O grande futon com almofadas é um
cantinho de relaxamento – foi acoplado a uma caixa que esconde o
ar condicionado. “Criamos assim um ambiente útil, harmônico e
visualmente bonito, já que o apartamento é todo integrado.”
DOSE DUPLA
Quem visitar este apartamento paulistano vai perceber, logo
de cara, que ele pertence a duas moradoras de quatro patas:
Charlotte e Catherine. “O projeto foi feito para a cliente e suas
duas cachorrinhas. Partindo disso, investigamos os hábitos
dos pets, onde mais gostavam de ficar, para criarmos espaços
especiais para elas”, explica Mariana Luccisano, do
@studioconceptus. Tudo começou por casinhas de marcenaria
embutidas no móvel da TV, já que a sala era o cômodo preferido
delas. Na foto acima, no terraço, foram criados futons com
rodízios para que elas possam tomar sol na companhia de sua
tutora. A arquiteta teve o cuidado com as medidas para atendê-
las confortavelmente, além de usar capas com tecidos mais
encorpados que facilitam a lavagem e a vida útil das almofadas.
Com um espaço de 110 metros quadrados, o apartamento
permitiu criatividade, sempre considerando o bem-estar das
moradoras. “Utilizamos piso de porcelanato pensando na
resistência e facilidade de limpeza. O modelo com aparência
de madeira reveste todo o apartamento (exceto o terraço),
garantindo unidade visual e aconchego”, garante Mariana.
Manta de lona e
detalhes em couro,
Carbono Design,
R$ 1 283,63
Mesa lateral
toca para
pet, Mobly, Niddus casinha
R$ 599,99 para gatos,
Tok&Stok,
R$ 382,90
Petboo
comedouro,
Tok&Stok,
R$ 35,90
Estante pet
siamês, Mobly,
R$ 899,99
Comedouro Animóvel,
Rack Angora, Mobly, obj estúdio, R$ 699
R$ 799,99 (na Boobam)
Confeitaria
Há séculos, o bolo é um dos pontos altos da
festa de casamento. As técnicas evoluíram e a
“F
aparência, agora, rompe as barreiras da culinária
ica , vai ter bolo”
é uma fra se com
g ra nde poder de
convencimento. Não
há quem resista a
uma fatia! De fato,
o bolo se mantém
protagonista da festa de casamento há
séculos: na Roma Antiga, quebrava-se
uma espécie de pão doce confeccionado
com trigo, frutas, cereais, amêndoas e
mel por cima da cabeça da noiva, para
lhe desejar boa sorte. Já na Idade Média,
surgiu o costume dos convidados levarem
Foto Nicole Gomes (@nicolegomesy) • Beleza Jo Castro/Capa MGT • Bolo Mariana Junqueira (@marianafrancojunqueira)
pequenas tortas (salgadas!) que eram
empilhadas no centro de uma mesa. Os
noivos, então, se beijavam por cima da
torre para garantir prosperidade.
Foi o casamento da Rainha Victoria,
em 1840, que popularizou o bolo como
o conhecemos hoje. Historiadores acre-
ditam que a rainha queria que o doce
de três andares que encomendou refle-
tisse uma influência francesa. O acaba-
camento de glacê branco, feito com
açúcar refinado (ingrediente raro e
muito caro na época), causou um frene-
si entre os plebeus, que puderam parti-
cipar do casamento real através das
fotos veiculadas nos jornais. Foi o pri-
meiro casamento da realeza a se tornar
um evento público e cobiçado pelas
massas. Victoria e Albert também foram
os primeiros a usar pequenas estatuetas Pela nossa diretora de arte @LORIBARONIBOSIO,
como topo de bolo, tradição que vemos stylist de casamentos e criadora do blog
perdurar na maioria dos casamentos. @500diaspracasar
ipsu
co
Meu tempo
Tania Khalill deu uma chance para si mesma.
B
Mudou-se para os EUA com a família, provou
outro ritmo e, aos 44, quer desfrutar o momento
em na nossa frente,
abre-se uma tela bran-
ca, límpida, prontinha
para pincelar aquele
esboço por tanto tem-
po matutado. Afinal,
o ano é novo, convida-
tivo para colocarmos em jogo zilhões de
sonhos e desejos. Mas, espera! Algo só
vai rolar mesmo depois do Carnaval,
nada acontece antes disso, né... Talvez
na segunda-feira seguinte, assim tenho
o final de semana para um detox... Hmm,
pensando bem, na outra semana fica
melhor, vou chegar chegando e arreba-
tar aquela vaga sonhada e, de lambuja,
engatar naquele romance... Pensando
bem, quando eu ganhar aquele papel
em Hollywood, aí sim a vida se encaixa...
O ano mal começou e haja reticências...
Até cansa!
A boa e a má notícia é que essa lista
nunca vai acabar. Má pois, na maioria das
vezes, ela é a repetição da historinha que
contamos para nós mesmas dia após dia,
ano após ano e, em 80% das vezes, é tudo
Foto Márcio Amaral; colagem, Tara Moore/Getty Images
Este pode ser o melhor mês de aniversário que você já viveu. Grandes recompensas estão a
caminho e você está prestes a viver uma experiência com a qual sonha há muito tempo. Se
você está solteira, poderá encontrar um dos grandes amores da sua vida. Conte com os ami-
gos para te apresentar pessoas ou mesmo arranjar um encontro às cegas. Para quem está na-
morando, o momento pode ser de maior dedicação à pessoa amada e um compromisso mais
sério, como um noivado, pode acontecer. Mas se não é um romance o que você busca, as boas
novas podem envolver laços familiares com um pequeno bebê ou os filhos que você já tem.
Gêmeos Câncer
21/5 a 20/6 21/6 a 21/7
Muito do que 2022 promete para você começará a acontecer Este mês indica muitas interações com pessoas estrangei-
este mês, um dos melhores deste ano para as recompensas ras, seja no trabalho ou na vida pessoal, e isso pode te
profissionais. Tudo indica que se você receber uma propos- deixar com vontade de fazer as malas e viajar. No entanto,
ta de trabalho, ela virá acompanhada de uma remuneração com a pandemia de Covid-19 ainda desafiando o mundo,
generosa. A Lua Nova, no dia 2, abre caminhos e você deve é recomendável cuidar da saúde e ficar em casa. Se você
aproveitar os 10 dias seguintes a ela se deseja mudar de em- estuda, sua concentração estará aguçada; se trabalha,
prego ou se busca uma promoção. A chegada de um bebê seu talento e conquistas estarão mais evidentes. No dia
(não necessariamente seu) deve animar sua vida familiar. 2, a Lua Nova abrirá oportunidades que durarão semanas
Os astros também mostram possibilidades de mudança ou e, no final deste período, você pode receber uma notícia
reforma de imóveis, principalmente na Lua Cheia do dia 18: que lhe tirará o fôlego. No amor, o romance entre você e
a energia dela é propícia para encontrar o lugar ideal ou, se a pessoa amada está em alta. Curta a vibe para planejar
estiver vendendo, para fechar negócio. uma atividade especial a dois.
Leão Virgem
22/7 a 22/8 23/8 a 22/9
Este mês te traz uma grande recompensa financeira, para A pessoa que você ama te dará a motivação necessária para
além do salário. O dinheiro extra pode vir através da aprova- organizar e prosperar em sua vida nos próximos meses (e nos
ção de um empréstimo no banco, um patrocínio, bons resul- próximos anos!). Se você namora e está realmente apaixona-
Ilustração Paula de Aguiar (@pauladiaguiar)
tados de aplicações bancárias, uma herança ou até mesmo da, esta pode ser a hora de ficar noiva e começar a planejar
um presente generoso. No trabalho, você será reconhecida um casamento. Se já é casada, verá a pessoa amada se reali-
por sua criatividade e capacidade de pensar fora da caixa, au- zar no trabalho e prosperar financeiramente, o que trará um
mentando a sua reputação. As possibilidades de empreende- senso de otimismo na relação. Sua própria vida profissional
dorismo também são promissoras, principalmente em negó- estará mais agitada: para as autônomas, bons ares para no-
cios que envolvem empresas estrangeiras. Se estiver casada vos clientes surgem e, consequentemente, mais lucros. Caso
ou em um relacionamento sério, aproximação e cumplicidade trabalhe para terceiros, rapidamente provará aos chefes que
com a pessoa amada serão uma realidade. Aproveite os dias é indispensável e seu esforço pode ser recompensado com
5 e 6 para planejar um jantar ou uma viagem romântica. uma promoção no final de maio.
Libra Escorpião
23/9 a 22/10 23/10 a 21/11
Há muitas coisas acontecendo na sua vida profissional: fi- A Lua Nova do dia 2 de março abrirá portas para o
que atenta ao seu refinado senso de criatividade, ele pode amor. Ou seja: se você está solteira e quer conhe-
ser a peça-chave para os empregadores te valorizarem. A cer alguém, circule por aí e seja otimista. Caso esteja
oferta para trabalhar em algo novo chegará rapidamente, apaixonada e namorando alguém especial, vocês se
nas primeiras duas semanas de março, trazendo não só a aproximarão de uma maneira mais calorosa (cultive a
possibilidade de maiores ganhos financeiros, como também intimidade, hein?!). Agora, se o cenário é casamento ou
a oportunidade de usar melhor os seus talentos. Assim, um relacionamento de longo prazo, um bebê pode estar
você mergulha com entusiasmo no novo. O mês também a caminho. Se viver um romance amoroso e genuíno é
traz motivação para cuidar da saúde, mudando pequenos algo importante para você, março é o mês para fazer
hábitos. No amor, um novo interesse pode surgir de forma isso acontecer. Na esfera profissional, a ênfase fica nos
inesperada. Para quem está casada ou comprometida, mar- projetos de trabalho que se alinham com seus talentos
ço vem com mais alegria na vida privada e emocional. e que você pode realizar com excelência.
Sagitário Capricórnio
22/11 a 21/12 22/12 a 20/01
Seu coração estará focado em sua casa e família. Por Março será ótimo para iniciar um projeto de comunicação
isso, não deixe a explosão de energia da Lua Nova em ou apresentá-lo ao mundo. Você pode começar a trabalhar
Peixes, no dia 2, passar batida: ela será ideal para as em um roteiro, um livro, um documentário, um podcast, um
sagitarianas que procuram um novo lar ou querem in- novo aplicativo ou mesmo um software. No trabalho, talvez
vestir em uma reforma. Já a Lua Cheia em Virgem, no você receba a autorização que faltava para desenvolver um
dia 18, trará excelentes notícias no trabalho. Esse é um projeto relevante ou colocar alguma iniciativa no mercado.
dos momentos mais auspiciosos de 2022 para focar nos O elemento surpresa estará presente durante todo o mês,
seus interesses de crescimento na carreira e na vida fi- então, se algo não sair como você esperava, não se preo-
nanceira. Aliás, parece que você está gastando demais, cupe, pois o resultado final pode ser muito melhor daquele
então, convém mais cautela com o seu dinheiro. Evite imaginado. Março também indica viagens, tanto para perto
compras e gastos desnecessários, e faça um planeja- quanto para longe. Não esqueça, porém, de controlar as
mento para conseguir se organizar melhor sem se preo- finanças e guardar dinheiro. Isso pode ser útil num futuro
cupar com futuros problemas nessa área. próximo para reformar ou implementar melhorias na casa.
Aquário
21/1 a 19/2
No dia 6 de março, Marte entrará em Aquário pela pri-
meira vez em dois anos, o que lhe colocará na frente e no
centro de tudo, pronta para liderar os demais. Sua presen-
ça será brilhante e contagiante, inclusive no trabalho, e
todos estarão mais propensos a apoiar suas ideias. Este
período também inicia um novo ciclo energético para você:
as ações que você toma e os relacionamentos que você
inicia ou com os quais se compromete serão favorecidos.
Se você está solteira, o mês é favorável para desencadear Susan miller
Foto divulgação
a química certa entre você e alguém novo. Se você quer um (@astrologyzone ou astrologyzone.com)
relacionamento real, não apenas uma aventura, os astros vive em Nova York e escreve previsões em seu site
irão se alinhar para isso. Fique esperta! desde 1995. Em CLAUDIA, ela publica desde 2013.
Sobre (re)começos
Em busca das origens da arte, da vida, de si, a seleção do mês fará
você refletir sobre as relações que escolhemos ter com o mundo
texto paula jacob
Biomas
Não tem como visitar Inhotim
e não ficar boquiaberta. E
mesmo que você já conheça,
se decidir voltar mais uma vez
(duas, três…), sempre terá algo
para te surpreender. Pensando
nesse ecossistema que se liga
entre si e com o mundo exte-
rior, o Instituto lança o podcast
Território Específico. Feito em
parceria com a Rádio Novelo e
apresentado pela atriz Bárbara
Colen, o programa percorre, em
seis episódios temáticos, o rico
encontro do universo artístico
com o botânico. spotify.com.br
into the wild
Imagine você ser uma conceituada
antropóloga francesa que, durante
um trabalho de campo, é atacada
por um urso e tem boa parte do rosto
desfigurado. Parece ficção, mas isso
aconteceu com a autora de Escute as Feras
(Editora 34, R$ 46), Nastassja Martin.
Neste livro, ela traz uma espécie de diário
dividido em estações, com elaborações
mentais sinceras-filosóficas-psicanalíticas
sobre esse encontro e o que veio depois
dele. Tudo isso traçando conexões com
os conhecimentos propagados pelas
Passado presente
gerações dos even, famílias que decidem
morar no coração das florestas siberianas
na Rússia pós-soviética – seu objeto Pedro Almodóvar volta às telas com suas cores e drama
de estudo. Uma leitura certamente característicos no novo longa Mães Paralelas. Nele, Janis (Penélope
transformadora. editora34.com.br Cruz) e Ana (Milena Smit) são duas mulheres que experienciam a
maternidade de formas diferentes, mas têm os destinos conectados
na sala de parto. Apesar de entoar temáticas sobre mães solo,
Fotos divulgação