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A criação de um papel

A CRIAÇÃO DE UM PAPEL
 
A miúdo, nem mesmo o ator pode explicar como cria um papel. Por que o processo é
demasiadamente complicado para que possa dar-se conta dele.
O talento não é suficiente para que o ator apareça em cena e faça um papel. Os atores
novos pensam que basta ter talento e vocação para galgarem uma carreira teatral. Não bastam
os impulsos, à vontade e a audácia de aparecer em público para que deles sejam
transformados em atores.
Antes de tudo é necessário que o intérprete possa dominar-se, dominar os seus meios
expressivos como se seu próprio corpo fosse um instrumento. Antes de um concerto um artista
afina seu instrumento. Da mesma forma o corpo e a voz de um ator, necessitam desta afinação
para que possam responder plenamente e prontamente aos impulsos de sua emoção.
A par de uma capacidade congênita, o ator necessita de uma técnica disciplinada, de um
treinamento prolongado.
Possua ou não possua esta capacidade congênita, que chamaremos talento, continuam sendo
seu instrumento de expressão o seu corpo e a sua voz. Cada ator possui uma personalidade
um tipo físico, uma forma de rosto, um porte distinto. Estes são seus meios naturais que
dificilmente poderão ser alterados.
"O ator, como todo artista, deve explorar suas próprias limitações e saber onde deve deter-se".
Cada ator deve dominar com seus meios naturais, ampliar os seus recursos e desenvolvê-los.
A voz e os movimentos corporais exigem treinamento.
A interpretação é uma linguagem teatral que precisa ser aprendida. Sem técnica o ator
desconhecerá os recursos do ritmo, a significação do andamento, a significação da voz para
obtenção de seus objetivos; não poderá reconhecer determinados efeitos quando chega a
alcançá-los, nem preservar os mesmos o que é mais expressivo para repeti-lo quando
necessário - É pelo caminho da técnica que o ator alcança todo o espírito, variedade e
profundidade de estilo. Por intermédio da técnica é que ele estabelece o delineamento firme
que separa sua criação da realidade e a eleva até a arte. Sem técnica, por mais excepcionais
que sejam suas qualidades individuais, o ator não tem uma linguagem com a qual ele possa
falar. Por intermédio da técnica ele aprende a usar seu instrumento de expressão; por
intermédio do trabalho técnico ele desenvolve uma disciplina intelectual que o ajuda a
esclarecer suas idéias que, por sua vez, são desenvolvidas por esta pesquisa no sentido da
forma técnica correta. Se o cultivo da técnica auxilia o ator a usar seu instrumento de
expressão, um cultivo geral, uma cultura de pensamento, arte, e vivência, auxiliará sua idéia
criadora. O conhecimento de outras artes alimenta e propicia as concepções que terá em sua
própria arte; e as qualidades técnicas de uma arte podem ser transferidas para outra.
Concordamos então com Hebert Read quando diz: "Para se compreender inteiramente uma
arte deve-se compreender todas as artes".
Então Bujvalde conclui: "É difícil determinar em última análise onde termina a técnica e onde
começa o talento criador".
O entrelaçamento de ambos é total. Não existe solução de continuidade, um vazio, ou um
limite entre a técnica e o talento. Porém, "se tem confiança em sua técnica, o ator pode
entregar-se inteiro a sua sensibilidade".
O talento e a fantasia caminham lado a lado. A intuição é uma condição real do artista.
Ninguém pode imaginar uma criação artística verdadeira sem a fantasia, sem esta capacidade
de captar o inexistente misterioso e complexo que chamamos por vezes de inspiração - É esta
técnica que permitirá que a inspiração passe a realização sem perda de tempo, sem solução de
continuidade, sem quebra de harmonia. É esta que Grotovski pretende o "o ator como se não
tivesse corpo". Neste processo de criação, o ator quase que se coloca fora de si mesmo, por
assim dizer, e passa a se considerar como que um instrumento e "simultaneamente fazer o
oposto, o que vale dizer: viver o papel". O ator cria, harmoniza sua própria personalidade,
inclinações e hábitos com as condições do personagem que vai interpretar.
Para Tyronne Guthrie, os melhores atores pertencem geralmente ao tipo intuitivo que ao
intelectual.
O Figurino é uma arte dentro das artes cênicas.O figurinista desempenha um papel
fundamental dentro da dramaturgia pois ele irá dar vida ao figurino e o figurino a
apresentação. O figurinista deve criar os figurinos do grupo juntamente para a
personalidade de cada personagem, tipo físico e a época em que será feita a obra.
Além de criar o figurinista também é responsável pela supervisão e conservação
das roupas.

É importante lembrar que o figurino de teatro cristão é limitado , a cautela na


criação pe estritamente necessária evitando a sensualidade no palco.

A criatividade é o principal instrumento de trabalho do figurinista e saiba que toda a


criatividade vem de Deus.

FIGURINO- observar sempre os seguintes critérios:


 Tipo físico de cada ator
 Personalidade do personagem
 Repertório da peça
 Época ( roupa, objetos, maquiagem)

INFLUÊNCIAS

Observar as cores, que sentimentos elas trazem.


 PRETA : cor enriquecida porém, pesada. Boa para representar pecado,
tristeza,solidão...Reduz a silhueta.
 BRANCA: anima o ambiente mas, deve-se ter cuidado ao usa-la pois engorda,
alonga a silhueta.
 CINZA: entristece.
 AZUL: serenidade paz porque lembra o céu mas ao mesmo tempo pode
representar a tristeza, aquela que Jesus sentiu ao morrer por nós.
 VERMELHA: cor quente, ideal para impactar mas, CUIDADE ao usa-la pois, ela
tende o lado sensual.
 AMARELA: cor que representa alegria, luz, vivacidade... também pode
representar uma certa apatia quando essa cor é usada em um tom mais claro.

IMPORTANTE:

 Observar o tipo físico de cada ator/ dançarino ( baixo,alto,gorda,magro....),


para ver que cor e modelo de figurino lhe vestem melhor.
 Branco AUMENTA, preto diminui;
 Não coloque cores demais no palco, tira a concentração de quem está assistindo
e também interfere na performance (há exceções);
 Ter bastante CUIDADO com decotes, transparências, comprimento afim de não
mostrar partes do corpo, evitando a sensualidade.
"Todas as coisas me são lícitas mas nem todas convém..." Ao criarmos um figurino
para uma determinada peça ou coreografia devemos pedir a orientação de Deus
para criarmos algo criativo e descente aos olhos do Senhor.

seleção do elenco é importante.


Nenhum diretor estará apto para selecionar o elenco de uma peça se não conhecer
muito bem o texto que tenciona montar. Antes de fazer o reparto, deverá
concentrar seus estudos na obra e seu conjunto.
Uma vez que as peças são escritas para serem representadas, o ator pode ser
considerado como figura indispensável e de maior importância no teatro. É ele o
responsável pela comunicação das idéias do espetáculo ao público consumidor. A
função do ator é representar o que foi escrito, e por isso a sua escolha é um
momento decisivo da encenação. O ator em pouco tempo passará a ser o
personagem que um autor idealizou e esboçou suas paixões, reações e
personalidade.
A escolha dos atores é um processo vagaroso e difícil, porque é necessário um tipo
especial de percepção para relacionar a personalidade e habilitação do candidato ao
papel que lhe é destinado na peça. O diretor terá que ter muito cuidado para não se
envolver em um processo de simpatia pessoal, de amizade ou outro qualquer
processo a fim de que não cometa um erro de seleção.
Muitos diretores fazem a escolha de seus atores através de certas características
que parecem enquadrar-se bem no papel, ou porque o personagem exige certo
aspecto físico, tais como altura, cor da pele ou dos cabelos, peso, idade, qualidade
de voz etc.
Certos papéis praticamente exigem um tipo especial de ator. Um D. Quixote exigiria
um ator alto e magro. Jamais deveria ser interpretado por um ator gordo e baixo. A
qualidade de voz e timbre também é importante. Em certas obras, o diretor poderia
escolher o elenco pelos registros vocais. Em certas tragédias de Shakespeare, os
papéis foram escritos para um certo registro vocal, como numa página de música.
O diretor poderia pegar uma batuta e reger. Os versos exigem uma certa melodia
que as vozes deveriam acompanhar.
A capacidade emocional de cada ator também deve ser levada em conta.
Alguns atores desenvolvem bem em cenas violentas e dão pouco rendimento aos
momentos românticos ou psicológicos. Certos atores têm uma natural veia cômica,
como se costumam dizer, a estes seria mais acertado dar uma participação num
personagem cômico do que num personagem trágico. Devemos esclarecer, porém,
que nenhuma regra é fixada. Um ator que até o momento só tenha feito papéis
leves e cômicos poderá vir a se revelar como excelente ator dramático.
Uma boa maneira de se fazer um reparto, seria o de responder a um
questionário simples: Estaria o nosso candidato:
1)     Apto fisicamente para o papel?
2)     Sua complexão física corresponde à complexão física exigida pelo persona-
gem em questão?
3)     Estará seu físico harmoniosamente proporcional aos demais do elenco?
4)     No caso do papel ser o do amante, por exemplo, estaria sua altura
proporcional a altura da heroína? — muitas vezes uma desproporção física
pode destruir totalmente uma situação dramática —
5)     Tem o candidato à voz adequada ao papel?
6)     O metal de sua voz corresponde ao metal da voz que o personagem deve-
ria ter?
7)     Sua voz é forte? Agradável?
8)     Sua voz terá volume e capacidade para chegar as últimas filas e envolver a
todos os espectadores?
9)     O ator terá que despender enorme esforço para conseguir que sua voz
ocupe inteiramente o teatro?
10) Já tem voz impostada e trabalhada?
11) Sua voz entra em harmonia com as vozes dos demais no elenco? (Já
escolhidos).
12) Sua voz harmoniza particularmente com o seu principal antagonista?
13) Pode o ator andar, locomover-se e gesticular conforme o personagem
exige?
14) Terá o ator o ritmo exigido pelo personagem? E pelo andamento que se
pretende dar a peça?
15) Terá o candidato capacidade de (se não souber pelo menos aprender) a
dançar ou cantar (se esse for o caso)?
16) Poderá o candidato falar com um sotaque ou em um idioma estrangeiro?
17) Terá o candidato capacidade para entender e desenvolver o seu papel?
18) Nosso candidato terá capacidade para criar e desenvolver seu papel
sozinho ou espera que todas as idéias e sugestões para a valorização do
seu personagem?
19) É disciplinado? Pontual? Qual a informação que tem do candidato em rela-
ção ao trabalho de grupo? (Um ator indisciplinado, que não cumpre
horários e que não se relaciona bem com o grupo, mesmo que seja um
bom ator, poderá causar muitos aborrecimentos à direção e só servirá para
retardar e dificultar o trabalho).
20) Que outro trabalho fez antes do nosso? Quais as peças, quais os
personagens?
Muitos diretores contratam atores pelos seus dizimeinhos em outras peças.
Conhecem as atuações anteriores de cada ator é um bom elemento para a seleção
de elenco, contudo não deverá ser o elemento decisivo ou elemento único para a
escolha, porque o ator poderá ser melhor ou pior do que aparecer em determinado
papel. Além disso, um mesmo tipo não significa que ele seja o mesmo personagem.
Nem sempre é bom confiar papéis de grande fôlego a atores principiantes,
principalmente quando temos um elenco amadurecido e bem treinado. Ao
distribuirmos um papel para um ator principiante, teremos antes que verificar se o
nosso tempo de ensaios será suficiente bom para darmos ao jovem ator maior
dedicação e maior treinamento particular. Por maiores que sejam os dotes do nosso
ator principiante, devemos contar com um maior período de ensaios.
A não ser que o diretor já esteja absolutamente convicto da capacidade do
candidato, é quase essencial uma ou várias leituras do papel para formar um juízo
do candidato.
Pode também o diretor pedir um teste, uma prova, uma improvisação. Barrault
não acredita muito em provas: Uma prova jamais dá elementos suficientes para
formar-se um juízo exato, senão uma impressão. Se a impressão é boa, e
freqüentemente é demasiadamente boa. Pelo contrário, se é má, corre-se o risco
de que seja ainda pior. Porém a respeito da prova em si, o que importa são as
possibilidades de conhecimento. Certo fator de simpatia indefinível, mas que vem
do mais profundo ser, faz mais do que a prova em si. Podemos julgar o timbre, a
respiração, a proporção da cabeça em relação ao corpo, a linha, a silhueta, o tipo
de instrumento que se apresenta. Os menores defeitos se tornam visíveis: dentes
salientes que não se notavam antes na vida corrente, uma deformação da boca,
mãos grandes, etc. Algumas pessoas crescem no cenário, outras diminuem.
Algumas já são personagens, outras permanecem encerradas em si mesmo e não
podem transformar-se em material teatral. Enfim, a presença aparece ou não. Em
duas palavras, simplesmente subir à cena aparece uma nova pessoa. O cenário
parece revelar o que se esconde no interior. No cenário as pessoas se mostram
despidas. A cena revela o homem e seu duplo.
Resumindo, ao escolher o elenco de uma peça, o diretor deve fazer mais que
selecionar o ator adequado para cada papel. Ele deve considerar os personagens da
peça em relação umas com as outras, e reunir um grupo de pessoas que possa
interpretar dentro da mesma linha, e parecer que pertencem ao mesmo meio. A
interpretação em estilos diferentes dentro da mesma peça, causa ao público um
certo mal-estar. Escolher um elenco é a parte mais difícil de um diretor, e o próprio
Barrault concorda quando diz: O mais difícil de uma “mise-en-scéne” e o reparto. É
o mais importante. Um ator ganha 100% de seu valor quando interpreta um papel
adequado.
Uma boa companhia e um mal reparto fazem uma má companhia. Com um
bom reparto, a companhia é excelente. Já na primeira leitura, ao redor da mesa,
enquanto os atores decifram seus papéis, vemos se o texto harmoniza com suas
vozes, quer dizer, se o personagem poderá ‘penetrar’ nos seus corpos. E da mesma
maneira que a obra harmoniza com os personagens, paralelamente é preciso que
na companhia os atores estejam harmonizados. Às vezes, dois atores concordam
respectivamente com seus papéis, porém não concordam entre eles, para fazer
estes papéis. Então é necessário sacrificar a um dos dois. Começa então a tarefa
profundamente árdua do homem de teatro. Um homem de teatro jamais deveria
fazer uma injustiça. Podemos dizer que este é o primeiro mandamento que deverá
obedecer.
Então temos que agir com uma certa dose de intuição “a eleição de um intérprete
é, pois, antes de tudo, uma questão de intuição. Os melhores diretores têm por
instinto o sentido de correspondência entre um personagem e um artista”.

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